quarta-feira, 27 de junho de 2012

A mania de perseguição que me persegue parte 2


    Após uma longa e intensa batalha contra a balança, finalmente consegui chegar ao meu peso ideal, que é em torno de 82 quilos. Pode até parecer bichice isso, coisa de mulher e tal, mas ter tirado um excesso de oito quilos de minhas  costas me deixou mais ágil e bem disposto, sem contar que os triglicérides voltaram a uma taxa que é considerado aceitável. 
    Deveria ser motivo de total alegria para mim essa pequena conquista, pois não foi fácil diminuir o delicioso pudim de leite e outros quitutes da culinária mineira. Sem contar que sou um chocólatra assumido, coisa que geralmente é de mulheres também, mas o fato é que o chocolate contém uma substância que ajuda na captação da serotonina (olha eu falando que nem médico de novo), e que dá a famosa sensação de bem estar, e por isso as mulheres recorrem a essa gostosura, principalmente quando estão com tpm
    No meu caso, fico bem humorado, alegre, disposto, tudo fica mais colorido em minha vida quando como chocolate. Cheguei a pesquisar no google outros alimentos que poderiam ajudar na produção da serotonina, mas, infelizmente, só o chocolate e os carboidratos é que conseguem fazer isso. Algumas frutas, como a banana, até cheguei a ler que ajudam um pouco nessa questão, mas o efeito não é tão imediato e intenso como o dos achocolatados, massas e açúcar em geral.  Gostaria de deixar bem claro que essa substância é fabricada naturalmente pelo organismo da pessoa, não precisando de nenhum alimento para tê-la em nosso corpo. Mas, em algumas pessoas, parece que o cérebro não consegue fabricar ou captar essa substância, o que pode gerar uma depressão. 
    O chocolate é como se fosse uma droga para mim. Aliás, acho que é uma droga, pois considero droga qualquer substância que altere o estado de ânimo natural da pessoa. Em poucos segundos depois de ingerir, meu cérebro parece que diz: obrigado! O problema é que o meu corpo não pode dizer o mesmo, pois, além de engordar muito, os triglicérides estavam em 420mg, quando o limite é de 200mg, ou seja, mais do que o dobro. 
    A necessidade de comer chocolate e carboidratos, aliado ao fato de me preocupar com a minha saúde, me fizeram engordar e emagrecer várias vezes. Isso fez com que aparecessem boatos de que eu estava com aids, há uns dez anos atrás. Começou aos poucos como um bochicho, apenas no bairro, mas acabou virando uma bola de neve e, em pouco tempo, o boato se espalhou rapidamente pela cidade onde eu morava naquela época. 
    Para piorar, nessa época tive dengue e fiquei muito mal. O boato acabou "virando realidade' e o zun zun zun foi geral. E, para piorar mais ainda, depois de me recuperar da dengue, peguei uma virose braba. Nesse momento, os moradores da cidade, que prefiro preservar o nome, já haviam decretado o meu fim. Prefiro preservar o nome do município, pois pode ficar parecendo que guardo rancor dos moradores dessa localidade. Procuro nunca alimentar esses sentimentos negativos e também sei que existem pessoas boas por lá e que não gostam de ficar comentando a vida alheia. Já morei em diversas cidades do interior de Minas Gerais, rodei boa parte do Brasil, e não me lembro de ter tantas inimizades como tive nessa cidade, pois sempre fui um cara bem retraído mesmo. 

    Então, de tanto ouvir que estava com aids, que eu mesmo acabei acreditando naquilo, apesar de sempre usar preservativos em minhas relações sexuais. Como diz o velho ditado: " Uma mentira dita várias vezes acaba virando verdade". Fiquei muito deprimido, e pensei em me matar assim que os primeiros sintomas da aids aparecessem, pois não queria sofrer morrendo aos poucos, apesar de saber que já naquela época os remédios para a aids davam uma boa perspectiva de vida ao indivíduo. 
    Por onde eu andava na cidade, reparava que as pessoas olhavam para mim de uma maneira diferente, algumas com pena, outras com um ar de discriminação e preconceito, chegando ao cúmulo de um dono de restaurante não ter gostado da minha presença em seu estabelecimento. Talvez ele pense que o vírus da aids possa ser transmitido pela saliva através dos talheres, ou então por simples preconceito mesmo. Também senti na pele o preconceito que os portadores do vírus hiv sofrem, ao fazer uma manutenção no sistema de som em um clube da cidade. Uma mulher que estava se bronzeando na beira da piscina, ao me ver, perguntou para um funcionário com um ar de repugnância:
    - Esse cara está frequentando o clube agora?
    Um fato que  me deixou para baixo nessa onda de boatos ocorreu quando reencontrei  uma garota que tinha conhecido anos atrás. Fiquei feliz ao vê-la e pensei em ir conversar com ela, mas logo desisti quando reparei em seu olhar um misto de raiva e reprovação. Depois fiquei sabendo que ela ficou desesperada pensando que poderia ter contraído o vírus da aids, sendo que ficamos apenas nos beijos e abraços e nunca chegamos "aos finalmente". 
    Com tudo aquilo acontecendo fui cada vez mais ficando deprimido. Já não saia mais de casa e conversava o mínimo possível. Depois de algum tempo, resolvi fazer o teste do hiv para pegar os medicamentos e começar a fazer o tratamento. Mas, para a minha surpresa, o teste deu negativo. Já estava tão paranoico que imaginei que o laboratório havia falsificado o resultado, para que assim eu não pudesse pegar os remédios e sofresse mais e morresse mais rápido. 
    Pensei em fazer o teste em outra cidade, mas a mania de perseguição era tão grande que cheguei a imaginar que todos os laboratórios do Brasil tinham o meu nome e a minha foto, e que havia uma conspiração para não darem o "suposto verdadeiro" resultado do exame. Cogitei em fazer o exame no Paraguai, mas naquela época estava sem grana, pois ganhava por serviços prestados e, como estava muito pra baixo, já não estava conseguindo trabalhar bem. 
    Certo dia, tive um flash back e em minha mente veio a cena de uma relação em que o preservativo se rompeu. No mesmo instante, imaginei que havia transmitido o vírus da aids para a mulher com quem estava e me senti um verdadeiro assassino. Um filme começou a passar em minha cabeça e me lembrei de duas relações em que não usei o preservativo. Então, o número das supostas vítimas havia subido para três, em minha mente. Um enorme sentimento de culpa se alojou em minha cabeça, sendo que, quando estava surtado, em duas ocasiões pedi  para que policiais me prendessem, chegando a dizer que era um réu confesso. Na primeira vez, o policial achou engraçada a situação, pois me apresentei à ele com as mãos juntas na posição para serem algemadas e repetindo que era um réu confesso. O policial, sorrindo, falou de Deus para mim e me ofereceu um marmitex, que, apesar da fome em que estava, acabei jogando fora, imaginando que a comida poderia estar envenenada. Na segunda vez, os policiais não foram tão amistosos assim, pois eu havia telefonado de um orelhão dizendo que era um réu confesso. Em poucos minutos, a viatura chegou ao local e me abordaram com uma arma. Após me revistarem, me deixaram na br. 
    Demorou alguns anos para que essa ideia de que estava com aids saísse de minha cabeça. Mudei de cidade e o tratamento na área de saúde mental aqui é bom, muito melhor do que  onde ocorreram os boatos. Sem contar o fato de que aqui as pessoas não ficam falando sobre mim como acontecia na outra cidade, acho que pelo fato de ser bem maior. Com o tempo e o tratamento fui melhorando aos poucos e, depois de quatro testes negativos, finalmente acreditei que não tinha nenhum vírus da aids. Um peso enorme saiu de minhas costas, não era mais um assassino e poderia voltar a beijar na boca de novo!
    Mas, nem tudo está bem. Ainda hoje, aqueles comentários ecoam em minha mente, principalmente quando consigo voltar ao peso normal. Fico feliz e triste ao mesmo tempo por ter conseguido emagrecer, pois, imagino que as pessoas estão comentando que estou com aids. Cheguei a ter uma pequena alucinação auditiva, quando fui conferir o meu peso em uma farmácia. A voz dizia que eu estava com aids. Na hora, acreditei realmente que algum funcionário da farmácia havia dito isso, e sai rapidamente do local. Mas, depois de alguns dias, analisando a situação, cheguei à conclusão que foi paranoia minha mesmo. 
    Caminhando pela cidade a sensação que tenho é que todos estão olhando para mim, observando minhas roupas que ficaram largas e falando que tenho aids. E quando por algum motivo tenho que ir em uma unidade de saúde, essa sensação aumenta e muito. Mas hoje em dia a situação é bem diferente. Tenho consciência das minhas paranoias, o que, apesar de não resolver o problema, ajuda e muito a conviver melhor com as pessoas. 
    Hoje não me importaria tanto se uma pessoa fizesse um comentário de que estou com aids. Aprendi a acreditar mais em mim mesmo do que em outras pessoas. Claro que é uma situação chata, mas, pessoas que precisam de falar da vida alheia por simples falta de assunto não merecem um pingo de nossa preocupação. Portanto, se você é alvo de pessoas desse tipo, simplesmente ignorem e as deletem de suas cabeças. 
    
    
"As coisas mais belas são ditadas pela loucura e escritas pela razão."
André Gide




sexta-feira, 22 de junho de 2012

Traficantes decidem parar a venda de crack

     Ontem, ao assistir o jornal hoje, na globo, me deparei com uma notícia no mínimo curiosa: "Traficantes de duas favelas do Rio de Janeiro decidem encerrar a venda de crack." É estranha essa notícia, já que essa substância representa uma boa porcentagem nos lucros dos traficantes.
    Mas as brigas, os roubos e as confusões geradas pelos usuários do crack fizeram com que até os traficantes desistissem de trabalhar com essa droga. Isso estava chamando a atenção da polícia, e, como a copa do mundo está chegando, a intenção é de mostrar uma cidade mais condizente com o que os estrangeiros tem da cidade que não é totalmente maravilhosa. A maioria dos estrangeiros imaginam uma cidade repleta de praias e belas mulheres, e a prefeitura não quer fazer feio na copa das confederações e nem na copa do mundo. Então uma "limpa" na cidade foi a solução encontrada pelos governantes, e os traficantes tiveram que desistir de vender o crack. Usuários de outras drogas são mais comportados e são de classe social mais alta. Não estou aqui querendo ser moralista, dizendo o que é certo ou o que é errado. Acho que cada um sabe o que faz, e tem o direito de fazer o que quiser de sua vida, desde que não prejudique ou desrespeite o próximo.
    Moro em uma cidade de porte médio para grande no interior de Minas Gerais e o crack está fazendo seus estragos por aqui também. No centro da cidade, garotas super magras perambulam pelas ruas atrás de clientes para fazer um programa,  e conseguir o dinheiro para manter o vício. O número de roubos aumentaram, as pessoas já andam meio paranoicas nas ruas, principalmente as mulheres, apertando suas bolsas ao corpo com o braço. O número de policiais nas ruas também aumentou,  principalmente na época de pagamentos.

    Como o crack é uma droga altamente destrutiva, as pessoas rapidamente ficam debilitadas, ou seja, um usuário de crack não é um bom cliente para os traficantes. Os homens, geralmente perdem seus empregos, vendem o que tem, roubam a família e depois começam a roubar outras pessoas. Mas, com o tempo ficam debilitados e quase nem conseguem correr ao praticar um furto. Já as mulheres, além de roubarem, se tornam garotas de programa para sustentarem o vício, mas, com o tempo, acabam emagrecendo muito, e não são tão procuradas pelos clientes.
     Resumindo, o crack não é um negócio tão lucrativo assim, pois, além de geram muita confusão, os clientes não "duram" muito tempo, pois rapidamente estão destruídos por essa droga. Infelizmente essa é a verdade. Internar à força esses dependentes seria a solução?
    Para falar a verdade, não vejo uma solução a curto prazo para esse problema.
    Vale lembrar que esse assunto não foge muito aos temas que proponho aqui no blog, já que as drogas causam alucinações e transtornos mentais, como a esquizofrenia. No meu caso, a causa foi genética mesmo, somada a fatores externos, como o stress. Volto a dizer que não sou moralista, mas acho que as pessoas deveriam pensar e muito antes de entrarem para esse mundo.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ozzy Osbourne: de comedor de morcegos a um sonhador?


    Essa manhã, ao dar uma passada na página inicial do youtube, fiquei encantado e surpreso com o que vi: Uma música do Ozzy Osbourne, chamada dreamer, que quer dizer sonhador. Mas, ai vocês devem estar se perguntando: O que tem demais um simples vídeo de uma música?
    Bem, para quem não conhece Ozzy Osbourne, ele é considerado o pai de heavy metal, ou como o "príncipe das trevas", por abordar temas relacionados ao  terror em suas músicas. 
    De família pobre, começou a trabalhar aos 15 anos, entrando para o mundo do crime logo depois, cometendo pequenos assaltos. Mas, após passar um período preso, resolve se dedicar a  música. Fez parte de algumas bandas, mas o sucesso mesmo veio com o Black Sabbath, no início da década de 70. Os integrantes da banda, ao passarem em frente a um cinema em que predominavam os filmes de terror, imaginaram se esse tema não chamaria atenção também nas músicas. A partir daí, o Black Sabbath e Ozzy Osbourne se tornaram ícones nesse gênero musical, servindo de influência para outras bandas que também usaram e ainda usam o mesmo tema em suas letras. 
    Um dos fatos mais marcantes em sua carreira ocorreu em um show em que ele simplesmente arrancou a cabeça de um morcego. Após o show, ele chegou a passar mal e teve que tomar algumas injeções. Não estou aqui para defendê-lo, mas a verdade é que ele pensou que se tratava de um morcego de borracha, já que os fãs sempre atiravam objetos para ele nos palcos. Ele só ficou sabendo que se tratava de um morcego de verdade quando o sangue do bichinho começou a escorrer por sua boca. 
   
     Ozzy ficou dependente de álcool e drogas, e chegou a ser mandado embora do Black Sabbath, pois o vício estava atrapalhando a convivência entre os membros da banda e as apresentações. 
    Depois de uma discussão com sua mulher, em que tentou enforcá-la, Ozzy é internado em uma clínica de recuperação para viciados em drogas e álcool. Chegou a voltar aos palcos e mostrou uma postura diferente, com músicas voltadas para outros temas sem ser o terror e coisas macabras. Hoje, livre do vício, aos 64 anos, Ozzy está casado e pai de três filhos, e tornou-se vegetariano.(acho que foi trauma de carne de morcego rsrsrs).
    Ai vem a pergunta: as pessoas podem mudar? Ou pau que nasce torto nunca se endireita? Eu, acho que as duas coisas podem acontecer. Assim como no amor não existe regras, acho que para esse tema também não existe um único caminho. Existem pessoas que mudam realmente, devido aos fatos e experiências que passaram em suas vidas, tornando-se pessoas melhores. Já outras pessoas, as de cabeça dura, não mudam de nenhuma forma, mesmo com a vida lhe trazendo lições. Outras, já não mudam, apenas fingem para tirarem proveito de uma suposta mudança, como obter o perdão das pessoas e ter novas chances na vida. 
    Essa música ele relata o sonho  que ele tem de ver um mundo melhor para as gerações futuras. 



                          Sonhador

Contemplando pela janela o mundo afora
Desejando saber se a mãe terra sobreviverá
Esperando que a humanidade parasse de abusar dela alguma vez

Afinal só existem dois de nós
E aqui estamos, ainda lutando por nossas vidas
Vendo toda história se repetir, vez por vez

Sou apenas um sonhador
Eu sonho minha vida
Sou apenas um sonhador
Que sonha com dias melhores

Vejo o sol descer como todos nós
Estou aguardando que o amanhã traga bons sinais
Dessa vez, um lugar melhor para aqueles que virão depois de nós

Sou apenas um sonhador
Eu sonho minha vida
Sou apenas um sonhador
Que sonha com dias melhores

Sua força maior talvez seja Deus ou Jesus Cristo
Isso não tem muita importância para mim mesmo
Sem ajudar uns aos outros não haverá esperança para nós
Vivo num sonho de fantasia

Se ao menos pudéssemos encontrar serenidade
Seria ótimo se pudéssemos viver como um só
Quando acabará toda essa raiva e fanatismo?

Sou apenas um sonhador
Eu sonho minha vida
Sou apenas um sonhador
Que sonha com dias melhores

Sou apenas um sonhador
Que hoje está procurando o caminho
Sou apenas um sonhador
Sonhando minha vida

"Assim que nascemos, choramos por nos vermos neste imenso palco de loucos."
William Shakespeare

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Esquizofrenia: mitos e verdades

Mitos e verdades sobre a esquizofrenia

   
   Vamos começar com uma piada, para nos divertirmos um pouco, apesar de ser um assunto delicado:
  "Certo dia, um empresário ia dirigindo confortavelmente sua bmw, quando, de repente, uma das rodas se soltou, e então ele teve que parar o carro. Constatou que o motivo eram as porcas que não foram bem apertadas e se soltaram, sumindo no caminho. Quando ia chamar o reboque pelo celular, um cara que estava sentado no muro do hospício deu a dica:
  - É só você pegar uma porca de cada roda e assim vai dar para colocar o pneu de volta!
    O empresário, surpreso com a astúcia do cara, perguntou:
    - Ué, mas você não é doido?
    - Posso até ser doido, mas não sou burro!- respondeu prontamente o cara do muro do hospício. 
    Vou relatar um pouco sobre os mitos e verdades sobre a esquizofrenia baseado em minhas vivências como portador dessa patologia. Como sempre gosto de frisar, a minha intenção é de falar de uma maneira simples sobre a esquizofrenia, pois sites feitos por psiquiatras e psicólogos não faltam na internet, o que é bom também pesquisar, e faço isso sempre, para tentar entender melhor esse transtorno e, consequentemente, a  mim mesmo. Minhas ideias e opiniões são sobre a esquizofrenia paranoide, que é a mais comum e é a que eu tenho, segundo o CID, que é o código internacional de doenças. Ela é classificada com F-20. Costumo pregar uma peça nas pessoas:
    -Eu tenho F-20.
    -Você comprou uma caminhonete?
    -Não, é só esquizofrenia mesmo.
    Depois de algum tempo tentando negar o transtorno, enganando as pessoas e principalmente a mim mesmo, resolvi admitir que tinha esquizofrenia, mesmo não gostando muito desse nome. Bem que poderiam mudar o nome né? Já repararam que, de uma hora para outra, apareceram um monte de bipolares, e que até virou modelo de perfil para o orkut? É que antes o portador desse transtorno era chamado de maníaco depressivo, mas, agora hoje em dia, bipolar virou doença chique, coisa de artista. Até a chata da Rita Lee virou bipolar. rsrsrs
    Voltando ao assunto, não dava para ficar mentindo o tempo todo para todo mundo, tanto no mundo real como no virtual( pois faço da internet uma extensão da vida real). Então, quando falava a verdade para as pessoas, sempre surgiam aquelas perguntas inoportunas. As respostas abaixo eu não dei, só ficaram entaladas em minha na garganta mesmo:
    - Se você é doido, como é que você tá falando?
    - R: Eu tenho esquizofrenia, não sou mudo e nem cortaram minha língua!
    -Se você é doido, então como se lembra das coisas?
    -R; Tive surtos psicóticos, não sofri de amnésia!
    - Se você é doido, então como consegue mexer no pc?
    -R: Sou esquizofrênico, não sou desprovido de inteligência.
    Mas, brincadeiras à parte, essas e outras perguntas me foram feitas realmente. e tentei esclarecer da melhor maneira possível o que é esquizofrenia. A partir dai, senti que poderia ajudar um pouco a desmitificar  um pouco esse transtorno tão cercado de mistérios.
  Um dos principais estigmas é em relação à inteligência mesmo. Muitos ainda confundem esquizofrenia com retardo mental. Um estudo feito por franceses indica que o autismo, o retardo mental e a esquizofrenia possuem as mesmas bases genéticas. Mas isso ainda não passou da fase de estudos e nada foi comprovado ainda.
http://www.bancodesaude.com.br/guia-saude/243908102009-autismo-retardo-mental-esquizofrenia-tem-bases-geneticas-iguais
   Mas, falando por mim, acho que a esquizofrenia não atrapalhou em nada a minha capacidade de raciocínio. Não cheguei a ser um aluno brilhante, pois não gostava de estudar e ficar decorando as matérias. Porém, quando queria, tirava excelentes notas e nunca tomei bomba na escola, enfim, estudava o suficiente para passar de ano. Mesmo após os surtos, não cheguei a sentir nenhuma alteração em relação ao meu raciocínio. Cheguei a fazer um curso de informática mais para checar isso. A única coisa que senti e que talvez atrapalhe um pouco o raciocínio, é que, depois dos surtos, diante de uma questão ou uma decisão a ser tomada, inúmeras informações circulam em minha mente em uma velocidade incrível. Isto chega a me atrapalhar, às vezes, principalmente quando tenho que explicar algo, como foi o que aconteceu nos vídeos do youtube, pois, enquanto falava, inúmeros pensamentos tomavam conta de minha mente. Então tenho que me policiar para saber se o meu discurso não está sendo um pouco confuso. Dai a minha decisão de escrever este blog do que ficar gravando vídeos para o meu canal no youtube.
    Em relação aos meus amigos portadores de esquizofrenia, sinto que, como nas pessoas ditas normais, existam pessoas de todos os níveis intelectuais. O que acho que ocorre, ás vezes, é que o medicamento pode deixar a pessoa lenta, tanto fisicamente como mentalmente. Se ela não achar uma dose ou um outro medicamento que se sinta melhor, acho que pode correr o risco de sofrer alguma sequela.(isso é uma opinião minha, gostaria de deixar bem claro).
    No meu primeiro post, coloquei um vídeo em que o Jô Soares entrevista o especialista em esquizofrenia Rodrigo Bressan, e ele diz que na média os esquizofrênicos tem uma inteligência um pouco abaixo da média. Quem sou eu para questioná-lo, pois ele convive e trata pacientes todos os dias e deve saber bem o que está falando. Mas, e os esquizofrênicos que não se tratam e que conseguem levar a vida sem se medicarem, com medo de serem rotuladas como loucas e perderem seus empregos? Não vou me estender mais sobre o estigma da inteligência, se puderem deem uma olhada sobre esquizofrênicos famosos e inteligentes. Um dos mais conhecidos é o matemático John Nash, que chegou a ganhar o prêmio nobel de ciências contábeis.
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Forbes_Nash
    Um outro mito que cerca a esquizofrenia é de que todos os esquizofrênicos são agressivos e perigosos. Alguns até são, quando estão ensurtados e em crises. Quando estão estabilizados, não representam nenhum perigo à sociedade. As aparências enganam e muito.
Alguém poderia dizer que a dona desse rostinho angelical, que é a Elize matsunaga, seria capaz de matar e esquartejar o próprio marido, por motivo de traição? A solução mais simples não seria a separação? Olhando de perto, parece uma boneca de porcelana, quem diria que seria capaz de um crime tão frio?
Na verdade, os esquizofrênicos fazem mais mal a si próprios do que aos outros. Segundo pesquisas, cerca de 2% a 13% dos esquizofrênicos cometem suicídio, e que os mesmos tem um risco de 10% a 20% maior de que a população em geral de cometerem suicídio.
    Vale a pena também lembrar que grande parte de moradores de rua que vivem isolados são esquizofrênicos. A maioria sai de casa sem avisar nada e muitas vezes não voltam mais, como foi o meu caso. Basta olhar alguns cartazes de pessoas desaparecidas. Se não foram sequestradas, com certeza foi algo relacionado a problemas mentais, basta olhar embaixo no cartaz, geralmente tem escrito: "Tem problemas mentais".
    Um outro mito complicado que cerca a esquizofrenia é em relação a questão espiritual. Infelizmente, por falta de conhecimento e ignorância, muitos pastores confundem surtos psicóticos com possessão demoníaca.
    Então levam o esquizofrênico para a igreja, lhe dizem um monte de coisas e ai tentam expulsar o "amornado" do indivíduo. A pessoa não melhora do surto psicótico, pelo contrário, só piora. Então, o portador chega a pensar que seu caso não tem solução e a igreja acaba lhe vendendo a solução:
    Eu mesmo, durante os momentos difíceis, cheguei a frequentar algumas igrejas para me livrar do "amornado", que, supostamente estava em meu corpo. Em alguns cultos, as pessoas ao meu lado caiam, mas eu continuava em pé. Fiquei pensando que meu caso não tinha solução e que o único caminho seria me matar. Nas, igrejas não recebi nenhum conselho sobre transtornos mentais ou para procurar um tratamento. A única coisa que me diziam que aquilo era coisa do demônio e que deveria insistir mais. Acho que os pastores em geral deveriam estudar um pouco sobre psicologia e comportamento humano também. Acho que até que fazem isso, mas com a intenção de conseguir dinheiro explorando a fé do povo, como no caso do vídeo acima. Espero que os evangélicos não se sintam ofendidos, tenho muita gratidão á eles, pois me ajudaram em muitas ocasiões. Estou falando dos maus pastores, que, felizmente são minoria, mas que causam um dano terrível, devido ao poder econômico que algumas igrejas têm.
    Nesse exato momento, me lembrei do pastor Márcio, de Belo Horizonte, que também é psicólogo. Ele me atendeu gratuitamente e com a maior boa vontade durante o período em que estava nas ruas. Eu chegava sujo e meio fedendo no consultório dele, mas ele me atendia com muita alegria e me ajudou muito. Eu não gosto de ficar só criticando, quando é para se elogiar e falar bem, eu também falo, só não vou dizer o nome da igreja dele, pois a minha intenção aqui não é de discutir religião.
Uma coisa interessante e até engraçada é sobre o número 22. Não sei se isso acontece em todas as regiões do Brasil, mas aqui onde moro esse número é relacionado à loucura. A origem disso não sei exatamente, mas o "Dr. Google" me disse que a carta 22 do tarô é a do louco e significa busca, desapego, impulso e excitação. Talvez a relação com o número 22, venha das cartas de tarô mesmo, pois no jogo do bicho são só bichos mesmo.
  Bem, pra finalizar, a esquizofrenia é uma patologia mais ou menos parecida com a diabetes ou com a hipertensão que, se for controlada, dá para se viver normalmente, realizando todas as atividades que uma pessoa qualquer faz. Digo mais ou menos parecida, por que já ouvi dizer que é a mesma coisa, mas não é bem assim, por que o cérebro humano é bem mais complexo do que um fígado ou um rim, que hoje em dia podem ser transplantados.
   É isso ai, me desculpem se o post foi um pouco extenso, mas falar sobre esquizofrenia é uma tarefa um tanto o quanto complicada, ainda mais para um esquizofrênico como eu, que ás vezes se perde um pouco no meio de tantas informações. Obrigado a todos e até o próximo post.


             "A única diferença entre a loucura e a saúde mental é que a primeira é muito mais comum."
              Millôr Fernandes

terça-feira, 12 de junho de 2012

Post especial do dia dos namorados

    Em primeiro lugar, um parabéns todo especial aos namorados, até os que já são casados também, mas que continuam a namorar, mesmo depois do enlace matrimonial. 
    Eu, como sempre, passo esse dia sem alguém para comemorar, na fossa, na maior deprê, e pra piorar ouvindo músicas românticas. Mas não adianta tentar fugir, em qualquer lugar que você for, o assunto é o dia dos namorados. Pode ir ao centro da cidade, que não vai faltar anúncio nas lojas com promoções de presentes para o dia dos namorados. Ir ao shopping é pior ainda, pois na lanchonete você irá encontrar um monte de casais felizes tomando um sorvete ou comendo uma pizza. O jeito é ir para o bom e velho companheiro pc. Mas o que eu encontro na página inicial? Dicas de filmes românticos para o dia dos namorados. Como gosto de filmes românticos, anotei no bloco de notas para assistir depois. 
    Depois dos surtos que tive, ficou complicado arrumar alguma companhia, talvez pelo fato de eu me tornar um cara mais complicado do que era antes, até cheguei a comentar que minhas camisinhas já estão com o prazo de validade vencida faz tempo. Fico idealizando uma mulher exatamente igual a mim, para que assim possa me entender completamente e não me fazer tantos questionamentos. Mas ai vem a questão: se ela for exatamente como eu, então nunca iríamos ter  uma chance de nos encontrarmos, pois sou um cara super calado, um pacato cidadão mesmo, e então seria difícil de encontrar minha alma gêmea, já que ela seria então uma pacata cidadã. Tem alguma pacata cidadã lendo o meu post? Pode mandar o email nos comentários.. rsrsrsrs
    Então, será que os opostos é que se atraem e que se dão bem nos relacionamentos? Ou tem que haver uma afinidade entre o casal para a relação e a ralação funcionar? Sinceramente, acho que não existe regras para o amor(tô tão romântico hoje!), as duas situações podem darem certo. Uma mulher tímida pode se sentir a vontade com um cara extrovertido, e esse cara extrovertido pode achar a timidez dessa mulher um charme. 
    E em relação aos que possuem afinidades? Nada melhor do que compartilhar as coisas, ideias e sentimentos e desejos parecidos. Por exemplo, os artistas em geral, são pessoas dotadas de mais sensibilidade, e provavelmente as chances de se darem bem com pessoas pouco emotivas, em que a razão fala muito mais alto do que a emoção, são quase nulas. Claro que em toda regra existe exceções, mas o que quero dizer com isso é que realmente não existe regra para que as pessoas se deem bem nas relações. Não adianta idealizar a pessoa, que a decepção provavelmente aparecerá, não existe a pessoa dos nossos sonhos. 
    Não poderia aqui deixar também de comentar uma relação que não acho muito legal, mas que é a minoria dos casos, espero que as mulheres não se sintam ofendidas com o que vou escrever. É sobre as mulheres que gostam dos chamados cafajestes, que batem nas suas companheiras e as humilham. O engraçado é, quanto mais eles batem nelas, mais elas gostam e se arrastam atrás deles. Aqui onde moro já apareceram dois casais desse tipo, mas ainda bem que são minoria.
    Então, feliz dia nos namorados a todos, e que todos os dias sejam para se comemorar o amor, e que o 12 de junho seja apenas uma data inventada pelo comércio para aumentarem suas vendas. 
    Não poderia também de dar um bom dia aqueles, que, como eu, não ligam muito para datas, não quero precisar delas para me sentir feliz(natal, por exemplo), ou então para me lembrar de alguém que já se foi e que ainda guardo em meu coração(dia de finados). 
    E viva o amor!


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Esquizofrenia: Um sentido para a vida pós surto

   Creio que a maioria das pessoas que visitam o blog já ouviram falar de depressão pós parto. Mas acredito que não saibam que pode bater uma depressão pós surto. A sensação de que se é uma pessoa diferente talvez possa ser uma das causas, sem contar os questionamentos que temos, como "O que que eu fiz para merecer isso?", "por que logo eu?", etc.
     Depois de nos recuperarmos de um surto psicótico, pensamos qual rumo seguir, a procurar um sentido para a nossa vida, depois de conhecer e sentir a realidade de uma patologia que nos leva ao que não é real. Vou relatar o que aconteceu comigo, e que talvez possa ajudar pessoas que, como eu,  passaram pelo vale sombrio de um surto psicótico. 
    Após cinco exaustivos anos de perícias no INSS finalmente tinha conseguido me aposentar. Estava feliz, não teria mais que dormir na fila para marcar perícia (hoje se faz isso pelo telefone). Estava mais aliviado ainda por não ter mais que falar sobre o que eu tinha para os peritos. Era um pouco constrangedor e triste ter que responder a pergunta: "O que você tem?" para um desconhecido. Sem contar que era extremamente difícil contar em alguns minutos tudo aquilo que estava se passando comigo. Confesso que aquela pergunta me tocava muito e cheguei a chorar algumas vezes. 
    Com o primeiro pagamento aluguei um quarto, após morar cerca de um ano e meio em um albergue para moradores de rua e ex detentos. Os primeiros meses foram de uma alegria que há tempos não sentia, finalmente tinha um cantinho só para mim, eu que, no primeiro surto psicótico, cheguei a morar na rua por um período de cinco meses e por pouco não morri devido à falta de alimentação e o esforço que havia feito para escapar das pessoas que, em minha imaginação, me perseguiam. A sensação de liberdade também me deixava quase em êxtase, estava me sentindo como um menino novamente. 
    Mas o tempo se encarregou de fazer com que eu voltasse à realidade e o tédio se instalou em minha vida. Os meus dias se resumiam em assistir TV e ouvir música, saindo de casa apenas para almoçar. 
    Para me distrair, resolvi voltar a jogar bola em um parque próximo de onde morava. Um dos poucos momentos em que eu conseguia esquecer de tudo era quando estava jogando bola. A alegria havia voltado, apesar de quase sempre me escalarem no gol. Não era ruim de bola, mas era um dos mais velhos da pelada e já não tinha pique para ficar correndo atrás de caras quinze anos mais novos do que eu. Mas não me importava com isso, jogava no gol com a maior disposição, me arranhando todo no campinho de terra batida. Fui considerado o melhor goleiro da pelada, e todos me tratavam bem, e fiquei conhecido como o goleiro. Quando estava jogando, a sensação de que estava sendo observado era tanta que me sentia em pleno maracanã lotado em uma decisão de campeonato e não pensava duas vezes em me esfolar na terra para salvar um gol. 
    Mas o tempo (sempre ele) se encarregou de deixar essa alegria para trás e o vazio preencheu minha mente novamente. Resolvi fazer um curso de informática. Até então o mundo virtual  era um mistério para mim e motivo de medo, pois pensava que, se encostasse um dedo em uma tecla errada, poderia estragar um computador. Ficava olhando admirado as pessoas digitarem textos com enorme rapidez e sem olhar para as teclas. Pensava que nunca iria conseguir fazer aquilo, e que já estava velho para aprender essas coisas. Mas, com muito esforço consegui fazer o curso de digitação(tinha dias em que chegava a ver estrelinhas), pois ficava de manhã e a tarde fazendo os exercícios, já que havia entrado bem depois que o resto da turma. Depois fiz o curso de informática e, para minha surpresa, fui um dos melhores da turma, sendo que em dias de prova, os alunos quase brigavam para sentarem ao meu lado para pegar uma colinha. 
    Conhecer o mundo da informática foi bastante útil para mim. Através de pesquisas na internet, conheci melhor a esquizofrenia. Fiz vários amigos virtuais que também tinham o mesmo transtorno, e isso me ajudou muito, pois só o fato de saber que não era a única pessoa do mundo a passar por aquilo me deu forças para continuar o caminho. 
    Mas com o passar do tempo o entusiasmo inicial pela informática também foi embora. O tédio se instalou de vez em minha vida que voltou a ficar sem sentido e passei a pesquisar na internet sobre métodos indolores de suicídio. Cheguei a pagar duzentos reais para uma pessoa que dizia vender um produto que fazia isso, não vou falar o nome por questões de ética. Mas, após efetuar o pagamento, não recebi o produto em casa. Essa música do Biquine Cavadão nunca foi tão condizente com a minha realidade como nesse período. 



    Fiquei um bom período muito mal, participando de um site de suicidas em potencial. Tentei ocupar o meu tempo, procurando trabalhar como voluntário na associação protetora de animais, mas, infelizmente não existe um canil aqui na cidade onde moro atualmente. Também fui atrás de uma associação que dava apoio à moradores de rua, como uma forma de retribuir toda ajuda que recebi durante o tempo que morei nas ruas. Mas o fato de lidar diariamente com muitas pessoas ainda era um fator estressante para mim, e então deixei esse projeto para depois. Não estava 100% curado(aliás, ainda nem existe cura para isso) e também não estava totalmente estabilizado, pois não me dava bem com nenhum tipo de medicamento, chegando a ficar muitos dias sem tomar um antipsicótico. A solução que encontrei foi andar sempre com uma cartela de diazepan no bolso, em caso de uma emergência. 
    Resolvi então postar vídeos no youtube falando sobre a minha visão sobre a esquizofrenia. Não foi e nem está sendo um sucesso de visualizações(cerca de 3500 em oito meses), mas recebi o apoio e o incentivo de muitas pessoas, algumas até me enviando dúvidas. Isso me ajudou muito, o fato de ajudar algumas pessoas com o que eu havia passado me fez sentir um pouco mais útil. 
    Mas, como disse no primeiro post, me sinto melhor escrevendo do que gravando vídeos e criei este blog. Também pessoas começaram a postar comentários positivos sobre os temas e a forma  como escrevo,  dizendo que minhas palavras ajudaram-nas a entenderem um pouco melhor a esquizofrenia. Gosto muito de escrever, faço isso acho que desde os 22 anos de idade, e então esse blog começou a dar um pouco de sentido a minha vida. 
    Aos poucos, os pensamentos negativos foram indo embora e novas ideias foram surgindo em minha mente. Tive a sorte de adquirir um bom violão usado praticamente novo e pretendo estudar música. Gosto de criar desafios para mim, e acho esse de aprender a ler e tocar uma música através de uma partitura um desafio e tanto. Me fascina o fato de que, com apenas alguns símbolos, uma pessoa possa tocar uma música, sem ao menos tê-la ouvido uma única vez. É a linguagem universal, aquela partitura tem o mesmo significado em qualquer lugar do mundo. As notas musicais, a duração das mesmas, o ritmo, está tudo ali naquela folha. Sei que é algo difícil, ainda mais para quem já passou dos quarenta, mas vou tentar. 
    Bem, essa foi a forma que encontrei de dar um sentido para a minha vida. Cabe a cada um descobrir o que lhe agrada e interessa, mesmo nos momentos mais difíceis, deve haver algo que lhe dê prazer e vontade de viver. 
    Espero ter ajudado de alguma forma com essa experiência que tive e com o tempo, contarei mais sobre como foram os dias difíceis que passei durante os surtos.