sábado, 28 de julho de 2012

O tédio

   Minha vida anda tão monótona e sem graça depois da aposentadoria que estou pensando em fazer algo que me faz pensar se não estou tendo um pequeno princípio de um surto, sei lá. Ultimamente ando muito estressado com os vizinhos barulhentos que tenho. São vários noites mal dormidas, sem contar a apreensão, a incerteza se poderei ter o direito de ter uma boa noite de sono ou não.
    O vizinho costuma trocar a noite pelo dia. Não sou moralista, querendo dizer o que é certo ou errado, acho que cada um pode fazer o que quiser de sua vida, desde que não prejudique a dos outros. Essas noites mal dormidas me fizeram lembrar dos dias que dormi nas ruas durante o meu primeiro surto. Apesar de ser perigoso dormir na rua em Belo Horizonte, confesso que tive mais paz naqueles quatro meses em que estive na rua do que estou tendo agora. Lembro-me que só fui roubado uma vez enquanto estava dormindo, levaram todas as minhas latinhas de cerveja que tinha pegado nas ruas pra vender. Hoje, estou pagando aluguel e muitas noites não posso dormir direito. Confesso que sinto falta das amizades que fiz durante o meu primeiro surto. Claro que as amizades foram feitas depois que sai do surto, mas ainda estava tentando achar um lugar para trabalhar novamente, e contei com a ajuda de muitas pessoas. Me lembro que engordei vinte quilos em um mês. Não sei precisar com certeza quanto tempo fiquei sem me alimentar durante o surto, mas perdi 25 quilos, no mínimo, pois, no dia em que resolvi me pesar, já estava voltando a me alimentar normalmente, quer dizer, do jeito que dava, revirando o lixo de alguns restaurantes e padarias, e contando com a boa vontade das pessoas. A noite era mais fácil se alimentar, pois espíritas, evangélicos e católicos costumam sair em grupos para distribuírem sopa, pão, café e leite durante as noites e madrugadas para os moradores de rua. 
    Isso me fez pensar em reviver tudo o que passei no primeiro surto. Estou pensando em voltar para as ruas. Mas, acalmem-se, é só por uns vinte dias, para registrar com uma câmera tudo o que passei e também para mostrar como é a vida de um morador de rua. Eu vi isso em um blog chamado paz na pista e estou pensando em fazer isso. Levarei apenas uma câmera fotográfica, um chinelo, algumas roupas, um cobertor, e outras pequenas coisas. Chego a me questionar se estou tendo um principio de surto por causa do stress causado pelas noites mal dormidas ou se é uma tentativa de escapar do tédio que domina minha vida atual. Sei que seria interessante registar e relembrar todos os lugares em que passei em Belo Horizonte e reviver essa aventura, só que agora estarei consciente, e talvez, com medo de estar nas ruas e ser assaltado, agredido, etc. Infelizmente, muitos casos de agressão a moradores de rua são registrados em Belo Horizonte, sendo que muitas vezes são brigas entre os próprios moradores de rua. 
    Creio que não conseguirei dormir com tanta tranquilidade nas ruas estando estabilizado. Acho que estar fora da realidade nos faz deixar de pensar em um monte de coisas. Se eu voltar a dormir nas ruas por vinte dias, terei que me preocupar em não ser roubado, terei que esconder bem o meu dinheiro e a câmera fotográfica durante a noite, mas esse perigo de alguma forma me fascina. Acho que esses anos entediantes estão me deixando mais maluco ainda, sei lá. 
     Penso em frequentar todos os lugares que fui durante o período em que estive nas ruas de Belo Horizonte, e não sei como será a reação dos moradores de rua ao saberem que estou apenas registrando e relembrando os momentos que tive durante meu primeiro surto. Não sei se irão gostar de serem filmados. Pensei em ir sem dinheiro algum, para tornar a experiência mais verdadeira ainda. Mas, pensando bem, não seria uma boa ideia, pois com certeza os outros moradores de rua iriam achar estranho um morador de rua com uma câmera fotográfica. 
    Também não sei como será a reação dos catadores de material de lixo reciclável. Eles não gostam de moradores de rua que não trabalham. Enfim, não sei o que espera por mim. Pretendo esperar o inverno passar para voltar de novo essa aventura, só que agora, de uma forma consciente. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

É justo isso?


    Alguns atores estão fazendo campanha para descriminalizar as drogas. Mas ai pergunto? Quem vai comercializar as drogas? Os traficantes irão continuar ganhando com isso? Se for para comercializar, antes decidam essa questão também. Não estou querendo dar uma de moralista, não estou condenando quem usa a maconha, mas é fato que os usuários é que fortalecem e enriquecem os traficantes. Então, antes de discutirem se devem ou não descriminalizarem as drogas, pensem em quem vai comercializar esse produto. 
Essa pm morreu por que traficantes conseguem comprar armas poderosas, e com dinheiro de quem eles compram esses armamentos? Acho que deveriam ensinar as pessoas a plantarem isso, acho que talvez isso enfraqueceria os traficantes e diminuiria a violência.



sexta-feira, 20 de julho de 2012

Eu que sou doido?

  
tenho minhas maluquices, mas não prejudico ninguém... 


  A cada dia que passa, ao ler os noticiários, me sinto cada vez mais uma pessoa normal. Desta vez foi o ator Marcelo Faria que me surpreendeu. Sinceramente nunca pensei que o Marcelo "faria" uma coisa dessas. 
    Ele, ao não conseguir entrar na área vip em um show, simplesmente ficou nervosinho e quebrou uma garrafa no segurança, que levou seis pontos na cabeça. Olhem na integra a matéria.

Testemunha afirma que ator Marcelo Faria agrediu segurança no Rio de Janeiro

  " Tudo aconteceu na noite de quarta-feira (18), no lançamento do CD do cantor Rogê, porque o segurança Luciano Serafim não permitiu que Marcelo entrasse na área VIP sem autorização.
"O ator insistiu, nitidamente alterado, e passou a ofender o segurança e dar aquelas carteiradas típicas de um comportamento que nos envergonha e lembra que o Brasil é ainda um país escroto e de escrotos", disse a testemunha.
Como nada mudou, Marcelo se irritou, começou a brigar com o segurança e deu uma garrafada na testa de Luciano. O segurança precisou levar seis pontos e está em repouso em casa, sem poder trabalhar.
Acha que acabou? A testemunha ainda conta que Marcelo tentou abafar o caso. "O ator fugiu da casa de shows, esgueirando-se como um ratinho. E depois ficou mandando mensagens pro amigo dele, o cantor do show, e pra sua produtora, pedindo pelo amor de deus que abafassem o caso", disse.
O incidente foi parar na Polícia Civil do Rio. Procurada pela coluna "Retratos da Vida" do "Extra", a assessoria do ator confirmou a agressão e informou que Marcelo prestará toda a assistência necessária ao segurança."

A casa de shows divulgou um comunicado oficial sobre o ocorrido, em apoio ao segurança:
"Ontem, durante o show do cantor Rogê, na Miranda, espaço multicultural localizado dentro do Complexo Lagoon, no Rio de Janeiro, o ator Marcelo Faria agrediu um segurança da casa porque foi impedido de entrar na área reservada às pessoas que compraram ingressos de mesa. O espaço permite uma configuração mista onde pessoas podem comprar ingressos para mesa ou pista. O ingresso de Marcelo Faria era de pista e ele insistiu em entrar na área reservada às mesas. O segurança, cumprindo sua obrigação, impediu a entrada do mesmo gerando a agressão. A empresa RIO MAIOR atende a Miranda e presta serviços de segurança terceirizados. A direção da RIO MAIOR SEGURANÇA já está tomando as medidas cabíveis e de praxe e a Miranda apoiará a empresa com todas as informações que forem necessárias."
    O próprio segurança afirma que o Marcelo Faria não é gente:
  
Agora imaginem se fosse eu ou um outro portador de esquizofrenia que tivesse agredido o segurança? Aonde estaríamos neste momento? Na cadeia ou em um manicômio? Provavelmente iriam dizer que não podemos conviver com a sociedade, que representamos algum tipo de perigo para outras pessoas. A imprensa adora quando alguma pessoa com transtorno mental comete um deslize. Já no caso dos famosos a imprensa também adora, mas nada acontece, tudo fica como está. 
        E o que irá acontecer com o Marcelo Faria? Provavelmente nada, pelo simples fato de ser famoso e ter uma boa condição financeira. Se ele pagar uma multa ou ir à delegacia prestar depoimento já vai ser muito nesse país em que vivemos. Algumas vezes admiro os Estados Unidos que punem os famosos. O cara pode ser o que for lá, mas, se dirigir bêbado, por exemplo, pode até ser preso e prestar serviços comunitários. 
a socialite Paris Hilton prestando serviços comunitários....

     Queria deixar bem claro que não sou um santo, algumas coisas me tiram do sério. O desrespeito é uma delas. Acho uma total falta de respeito uma pessoa que atrapalha o sono de outra pessoa. Moro em uma quitinete, os quartos são bem próximos uns dos outros. O vizinho costuma trocar o dia pela noite, e ele acha que eu também tenho que ficar acordado, fazendo churrascos e bebendo durante a madrugada com os amigos. Mas sempre procurei resolver essa e outras situações na base do diálogo. Nunca cheguei a alterar minha voz para resolver esses problemas que são comuns em "apertamentos". 
    Uma outra situação que me tira do sério é o atendimento dos serviços que contratamos, como internet, tv a cabo, telefonia, etc. Na hora de contratar o serviço somos atendidos rapidamente e com total cordialidade. Mas, quando tentamos reclamar ou conversar com o setor técnico para resolver algum problema... Haja paciência para escutar aquelas musiquinhas irritantes. Até que essa semana o pessoal da internet teve bom gosto ao colocar algumas músicas da Enya, enquanto eu esperava para tentar solucionar o problema. 
     Mas, nem mesmo a música da Enya conseguiu me acalmar naquele momento. Haviam me prometido uma melhora na velocidade para que eu não cancelasse o serviço, mas o que ocorreu foi justamente o contrário. Agora estou preso por um ano por ter feito um novo plano. Confesso que perdi a paciência por não ser bem atendido e cheguei a xingar as atendentes, mas hoje estou totalmente arrependido disso. Sei que elas não têm nada a haver com a situação. Nada justifica uma ofensa verbal a quem quer que seja. 
   Essa é uma das poucas situações que me conseguem tirar do sério. No geral, sou uma pessoa supertranquila e, a cada dia que passa, ao ler os noticiários, vou me sentindo cada vez mais uma pessoa normal, um pacato cidadão. 


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sons: do inferno ao paraíso

    Ontem estava tranquilamente no posto de saúde, tentando conversar com a assistente social, para conseguir uma pomada não muito barata para tirar a mancha roxa que teima em não sair da região dos meus olhos. Acho que ela apareceu por que inventei de passar o prestobarba nas pálpebras na hora de fazer a barba, pois tenho alguns pelos nessa região. Essa área já é um pouco sensível e ficou ainda mais irritadiça quando fui usar a água sanitária para lavar o banheiro. 
    Estava tudo calmo e tranquilo no posto, até dava para ouvir o cantar dos pássaros no telhado. Aliás, pardal canta ou pia? Então, aos poucos mais pessoas foram chegando e logo o posto ficou praticamente lotado. O burburinho das pessoas conversando ia aumentando gradativamente. Uma mulher sentou-se ao meu lado esquerdo e imediatamente começou a conversar com a que estava do meu lado direito, como se eu não existisse. Eu, no meio, já estava ficando irritado ao ficar no meio daquela conversa, e o assunto era o mais discutido em um posto de saúde: doença. Será por que as pessoas não encontram outro assunto para se falar em um posto de saúde sem ser doença? Não estava me sentindo nada confortável com aquela situação e, tentando mostrar educação e cordialidade, pedi  para que as duas se sentassem uma ao lado da outra, antes que eu ficasse doente de tanto ouvir falar em moléstias... 
    Coloquei o meu fone de ouvido, não com intenção de escutar música, pois a assistente social poderia me chamar a qualquer momento. Era mais uma tentativa de proteger o meu ouvido e a minha mente de toda aquela confusão. O burburinho rapidamente tinha se transformado em uma torre de babel. A acústica do local ajuda na multiplicação das vozes e a sensação era de que havia milhares de pessoas conversando ao mesmo tempo em línguas diferentes. Pensei em ir embora, mas desisti da ideia, queria resolver a "rouxidão" dos olhos  mais dia menos dia, pois estou parecendo um urso panda com insônia. 
    Olhei para a direita, e não havia mais do que trinta pessoas conversando, a maioria mulheres, à espera da consulta com o médico. Na recepção, apenas a secretária e mais duas atendentes. Na esquerda, cerca de dez pessoas esperavam sentadas o atendimento. Cheguei a  observar os lábios de quase todas as pessoas que estavam no posto, para ver o movimento da fala, e pude perceber que a maioria estava calada. Cheguei a me perguntar de onde vinham tantas vozes, se estava enlouquecendo. Fui ficando um pouco irritado e, para o meu desespero, o sistema estava fora do ar. Para desabafar, disse, em tom de brincadeira:
    - Tem um tempão que "tô" tentando resolver essa mancha no meu rosto e não consigo. Se demorar muito e eu ficar com essa mancha roxa para sempre, o prefeito também vai ficar com umas manchinhas no olho também. A diferença é que ele vai saber o motivo das manchas, e eu, até hoje não sei. 
    As pessoas que estavam na fila riram. Aquilo também funcionou como um desabafo, uma forma de protesto contra o atual prefeito da cidade onde moro, pois o atendimento na área da saúde piorou de uma forma drástica, sem contar outros serviços que foram fechados. A associação que frequento para portadores de transtornos mentais está prestes a ser despejada, pois a prefeitura não disponibiliza o auxílio mensal a um bom tempo e o aluguel está atrasado. 
    A cada minuto que se passava ficava cada vez mais confuso e cheguei a me perguntar se aquilo era uma alucinação auditiva. Pensei em tomar um diazepan, mas logo a irritação deu lugar a uma tonteira e um cansaço mental, os músculos de minha face e testa estavam tensos e rígidos. Resolvi dar uma saída, para dar uma respirada e ouvir um pouco o som do silêncio, aproveitando que o sistema ainda estava fora do ar. 
    Até então estava bem disposto naquele dia, mas o cansaço mental provocado por aquela situação me deixou um pouco sem energia. Com o cérebro mais oxigenado, percebi que não foi uma alucinação. Como já disse, a acústica do local reverbera um pouco as vozes e as multiplicam, causando toda aquela confusão. Ou então é o pessoal que frequenta o posto de saúde que gosta de prosear mesmo. 
    Não sei se é por causa da idade ou do transtorno, mas estou mais sensível aos sons. A sensação é de que, ao invés de perder a audição com o tempo, estou ouvindo cada vez melhor, como se fosse um cachorro. Os sons agudos, em especial, me irritam profundamente. Sempre quando me irrito com algum som, observo a reação das pessoas ao meu redor para notar se elas também tiveram a mesma reação. E geralmente elas estão com um semblante sereno, sinal de o som não está tão irritante assim. Lembro-me que, na época em que trabalhava como operador de som, quase nunca colocava microfone nos pratos da bateria, simplesmente por detestar o som que eles produziam. Ficava com a sensação de aquele som entrava direto no meu cérebro. Também ficava receoso quando a banda tinha instrumentos de sopro. Sempre deixava sax, trombones e outros com o volume mais baixo. E também diminui as frequências médias e agudas no equalizador. Enfim, essa alta sensibilidade atrapalhava um pouco a minha mixagem do som. Vozes femininas muito agudas também me incomodava um pouco. 
frequências médias e altas(agudas)

      Mas, da mesma maneira que me deixam irritado, os sons possuem  a capacidade de me fazer relaxar profundamente e sonhar acordado também. A música consegue fazer coisas maravilhosas, alterando o estado de ânimo das pessoas. Algumas pessoas chegam a usar a música para fazer em suas caminhadas, sentindo-se impulsionadas a correrem, de acordo com o ritmo do som que estão ouvido. No meu caso particular prefiro o rock pesado, o som visceral das guitarras elétricos me deixa um pouco "energizado". 
    Algumas músicas, dependendo do meu estado de espírito, me fazem sonhar acordado. É só fechar os olhos, me deitar e deixar que meus pensamentos façam o resto. Afinal, sonhar não custa nada, e o sonho pode ser tão real. Como diz a música da escola de samba Mocidade Independente:

"Deixe sua mente vagar

não custa nada sonhar

viajar nos braços do infinito

onde tudo é mais bonito

nesse mundo de ilusão."
        Não gosto muito de samba, mas essa música é daquelas que ficam gravadas na cabeça da gente.
     Já outras músicas me ajudam muito na questão da esquizofrenia. São as músicas tranquilas, calmas, que tem o dom de nos relaxar. Particularmente ouço muito Yanni, música clássica, piano, etc.
    Já as músicas românticas me fazem pensar em mulheres Sonho com uma mulher que costumo idealizar, mesmo sabendo que ela não existe e que nunca vai aparecer em minha vida. Eu sei que isso é coisa de mulher mesmo, mas os homens também pensam nisso, mas gostamos de dar uma de durões mesmo e não falamos nada a respeito. Sou apaixonado por essa mulher que não conheço e que sei que não vou conhecer, simplesmente por que ela não existe. Já quebrei a cara algumas vezes por projetá-la em algumas mulheres. Sonho com mulheres, mas não são sonhos eróticos. Na maioria das vezes, estamos em meio a natureza, na praia, ou em algum outro lugar além do horizonte, sempre sorrindo e rindo de tudo. (hoje tô romântico!)
     Quando estou meio cansado deste mundo ouço outros sons, e geralmente viajo para mundos bem melhores do que esse que estamos vivendo. Um mundo sem violência, sem inveja, sem neuroses, paranoias... 
    A música também me ajuda na questão das vozes, que ainda teimam em me incomodar. Elas aparecem com mais intensidade quando estou surtado, no restante uma vez ou outra ela dá ao ar de sua graça. Mas, para evitar que ela me incomode tanto quando sai nas ruas, uso o fone de ouvido e ouço as músicas no celular com o volume no máximo. Quando estou na bike procuro achar um volume que dê para ouvir o som dos veículos mas que dê para me desligar um pouco desse mundo. 
                                        
    Voltando ao assunto, não posso dizer com certeza se isso é um sintoma ou característica da esquizofrenia, mas, após os surtos, cheguei a conclusão de que os sons tiveram uma dimensão maior em minha vida, tanto para o lado positivo(música, sons da natureza), como para o lado negativo(sons irritantes).
    Gostaria de saber se quem tem esquizofrenia também tem essa aversão à sons irritantes e agudos. Não achei nada sobre esse assunto em minhas pesquisas. Claro que isso pode ocorrer com qualquer pessoa, ainda mais se forem de uma certa idade, mas sinto que as coisas para mim pioraram nesse sentido depois dos surtos.
    Vocês, portadores, tem problemas em relação aos sons?
    E, vocês, profissionais da área de saúde mental, notaram se os pacientes se queixam muito sobre os sons?


    
    
    

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Transtornos psiquiátricos- Programa A liga, da Band

    Resolvi postar esse vídeo, pois fiquei surpreso ao ver que existem hospitais que tratam de uma forma mais humanizada e com respeito os portadores de transtornos mentais. Infelizmente ficam gravadas na mente aquelas imagens da maioria dos hospitais psiquiátricos que vemos por ai em alguns documentários: pacientes mal tratados, nus, magros e abandonados à própria sorte.
 Achei legal também a participação do músico Lobão, que também se divertiu bastante com a entrevista, tocando até bateria no baile em um hospital psiquiátrico.
    Não estou afirmando que sou a favor ou não de hospitais psiquiátricos, mas, acho que, em algumas situações é a única solução possível, já que, infelizmente, muitos familiares abandonam os portadores por não saberem lidar com o transtorno. Também devemos nos colocar no lugar dos familiares, deve ser muito difícil e doloroso de se lidar com um parente em crise e que esteja apresentando sinais de agressividade.


    Também achei interessante postar sobre esse programa da Band, A liga, afinal devemos também dizer que existem bons programas na tv aberta. Hoje em dia as pessoas estão criticando demais à tudo e a todos, mas esquecem que ainda existem coisas boas para se fazer e ver.
    Não posso opinar muito sobre hospitais psiquiátricos, pois, apesar de ter surtado algumas vezes, não cheguei a ser internado, talvez por não ser agressivo ou demonstrar através da fala ou gestos que que estava fora da realidade naqueles momentos.  Nessas situações, a minha principal reação era apenas fugir dos meus inimigos imaginários. Claro que algumas pessoas souberam que eu não estava bem, mas não chegaram a me internar. E, pelo que ouço dizer da maioria dos hospitais psiquiátricos, fico me perguntando se talvez seria melhor ter sido internado do que ficar alguns meses nas ruas de Belo Horizonte até conseguir me recuperar, com a ajuda de muitas pessoas que encontrei pelo caminho. Acredito que o principal remédio contra a esquizofrenia para mim no primeiro surto foi a solidariedade das pessoas. Claro que cheguei a ser hostilizado, mas, na maioria das vezes, fui muito bem recebido e devo minha recuperação, em grande parte, as pessoas que me ajudaram em Belo Horizonte e em Ipatinga. Não irei dizer o nome dessas pessoas, pois, além de serem muitas, não quero correr o risco de cometer alguma injustiça.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Esquizofrenia: Falar ou não falar?

    Não me recordo exatamente a data, mas deveria ser final do ano de 2004 ou então início de 2005, quando minhas dúvidas sobre o que eu tinha foram finalmente desvendadas. Meu primeiro surto ocorreu em 2002 e, durante esse período, apesar das inúmeras visitas aos psiquiatras e psicólogas, não tinha a menor ideia da causa de minhas paranoias e alucinações. Aliás, ainda nem sabia se eram paranoias e alucinações mesmo,  pois na época  para mim tudo aquilo era verdadeiro e cheguei a pensar que meu problema poderia ser espiritual, chegando a conversar com alguns pastores e a frequentar igrejas evangélicas. 
    Fico me perguntando se os psicólogos ou psiquiatras têm algum receio de contar o diagnóstico para certos pacientes, com medo de que estes não o aceitem e que a situação piore. O nome esquizofrenia carrega um estigma muito forte e acredito que pode sim piorar as coisas na cabeça de algumas pessoas. Mas, sinceramente, acho pior ainda a falta de informação. Os médicos não informam que uma pessoa está com um câncer incurável? Acho que os profissionais da área de saúde mental devem repensar o assunto, formulando algo parecido como uma cartilha para esquizofrênicos e estudar uma forma de como abordar o assunto com o portador. As dúvidas e medos podem fazem sofrer muito mais do que um simples diagnóstico, por pior que ele possa parecer. Se a pessoa tem um problema do coração ela não é informada sobre isso pelo médico? O mesmo não lhe dá recomendações de como se lidar com o problema, como evitar  frituras, e ter hábitos mais saudáveis? Por que não se pode aplicar isso na esquizofrenia?
    No meu caso foram três anos entre o primeiro surto até descobrir que o que eu tinha era esquizofrenia. Foram anos de muitos questionamentos, dúvidas, sofrimento e medo. E o pior medo que a pessoa pode ter é o do desconhecido. Além de pensar que pudesse ser um problema de ordem espiritual, cheguei a me questionar se não tinha um caso grave de retardo mental, mas logo descartei essa hipótese, ao rever minha vida escolar e chegar a conclusão que sempre fui um bom aluno, apesar de não gostar de estudar e nem sempre tirar boas notas. Lembro-me que, nas inúmeras conversas com os psicólogos, nunca ouvira a palavra esquizofrenia. Elas apenas perguntavam se eu estava bem. Também anotavam algumas coisas durante a entrevista, talvez para passarem para o psiquiatra. Mas, esclarecimento sobre a patologia, nunca ouvi de um profissional da área de saúde até o ano de 2005. 
   Na verdade, a única ocasião em que tive contato com a palavra esquizofrenia ocorreu por volta dos 16 anos, ao ver a capa do disco da banda Sepultura. O disco se chamava schizophrenia e trazia na capa uma pessoa amarrada com uma camisa de força. 
    Desde então associei esquizofrenia com loucura e agressividade. Não me achava um louco, e tampouco agressivo. Apenas me achava um pouco diferente dos meus colegas e um cara um pouco tímido, não havendo razões para que eu fosse amarrado em uma camisa de força. Afinal,  nunca havia atirado pedras em ninguém e também nunca havia rasgado dinheiro. 
    Voltando ao início do texto, no ano de 2005, fiquei finalmente sabendo o que eu tinha quando fui fazer a minha primeira perícia no INSS. Já não estava mais trabalhando e tinha ido para a rua novamente, porém desta vez fui levado para um albergue para moradores de rua. Tinha acabado de receber do psiquiatra o laudo para a perícia e, ao lê-lo, fiquei sabendo que o que eu tinha era a tal da esquizofrenia paranoide, e entre parenteses, estava o código F-20.  
    Ao voltar para o albergue, resolvi antes dar uma passada na biblioteca municipal, pois naquela época ainda não sabia usar um computador. 
    Caminhei então até a estante dos livros de psicologia, e encontrei um grosso livro, meio grená com vermelho, não me recordo bem a cor, mas vi que se tratava do tal CID, o código internacional de doenças. Como bom hipocondríaco que me tornei, dei uma boa viajada naquelas páginas que falavam sobre doenças, e pude constatar, pelo vocabulário e pelos termos, que aquele cid não era o atual.
  Consegui achar o F-20 e então comecei a ler e a refletir sobre os sintomas da doença com código de modelo de caminhonete. Não me lembro de todos eles hoje, pois o cid muda com o tempo, mas recordo que a maioria dos sintomas batia com o que eu havia sentido durante boa parte de minha vida e principalmente nos surtos. Finalmente havia encontrado a resposta para tantas dúvidas e medos que eu tinha naquela época. Eu era um esquizofrênico! Um nome assustador, confesso, mas na hora não fiquei revoltado, não sai quebrando tudo que via pela frente. Aliás, a sensação era mais de alívio do que de qualquer outra coisa. Estava encontrando respostas para muitas questões que me acompanharam durante vários anos de minha vida.     
   Fiz uma longa análise do meu passado revendo meu comportamento e atitudes e encontrei respostas para todas elas. O fato de ser um cara retraído, de ter poucas amizades, de falar pouco e de quase não sair de casa se devia ao fato de pensar que a maioria das pessoas me detestavam. De fato eu era meio “louquinho”, mas um cara até certo ponto engraçado, meio sem querer, mas era.  Muitas vezes cheguei a fingir que estava bêbado, somente para ter uma justificativa para dar vazão à toda maluquice que se escondia atrás de um adolescente tímido.

       Depois da análise, confesso que fiquei um pouco abatido, pois havia descoberto também que o meu comportamento retraído me atrapalhou e muito na minha vida profissional. Poderia ter continuado a estudar eletrônica, ao invés de trabalhar no ramo de sonorização. Mas me sentia bem com a informalidade que existia naquele ramo, não precisava de ser uma pessoa tão comunicativa como em outras áreas. Poderia ser eu mesmo, sem disfarces. Poderia até nem ter desencadeado os surtos, se estivesse trabalhando em uma área menos estressante. Trabalhar com som exige muito esforço físico se a pessoa trabalha em uma firma e não em uma banda. Sem contar as inúmeras noites acordado emendadas com os dias seguintes. Era um tal de montar, desmontar, viajar, montar o som novamente. Acho que poderia estar em uma melhor situação financeira se não fosse tão retraído. Poderia ter aprendido a dirigir, ter aceitado a fazer os estágios que me foram oferecidos durante o curso e ter seguido uma carreira diferente.


    Infelizmente nasci com esse transtorno e minha família não era bem estruturada. Não discutíamos, mas também não havia diálogo. Lembro-me que, por volta dos sete anos, cheguei a fazer um eletroencefalograma que, provavelmente não acusou nada de anormal, pois não cheguei a ser levado à nenhuma psicóloga na época. Minha avó nessa época já desconfiava que havia algo de errado comigo, me lembro que muitas vezes ele chegava para mim e perguntava o que eu tinha. Eu não respondia nada, apenas ficava pensando também sobre o que eu poderia ter. Se hoje a esquizofrenia ainda é pouco conhecida, imagine a 35 anos atrás.
    Após a descoberta, fiquei um bom tempo refletindo se minha vida teria tomado um rumo diferente se eu fosse diagnosticado à tempo. Isso talvez possa servir de alerta para muitos pais, que muitas vezes confundem algum transtorno com coisas de "aborrecentes" e acham que depois esses comportamentos podem passar. Acho que, com uma família bem estruturada em que haja diálogo isso pode ser descoberto a tempo.
    Mas chega de lamentações. Claro que também existe o lado positivo nisso tudo. Trabalhando no ramo de sonorização, conheci muitos lugares e pessoas bacanas. Tive muitos momentos felizes. Conheci muitas garotas por todo o Brasil e as amizades que fiz trabalhando nesse ramo me fazem lembrar que tudo tem o seu lado positivo. As pessoas gostavam do meu jeito maluquinho de ser e fico feliz relembrando os bons momentos que tive trabalhando nessa área. Me lembro que, no meu primeiro emprego, não fui mandado embora nos primeiros dias e trabalhei durante sete meses por que o pessoal gostava do meu jeito engraçado de falar e de brincar com as coisas, apesar de não levar jeito para trabalhar na área de mecânica, que era o da firma onde tive meu primeiro emprego.
    Mas, no geral, acho que tudo o que vivi valeu a pena e fui um cara feliz. Como diz a música do Raul Seixas:
"Esse caminho que eu mesmo escolhi
  É tão fácil seguir
 Por não ter onde ir..."
    Poderia ter tido a consciência de minha maluquice(natural mesmo, nunca fui de usar drogas) quando criança e ter sido um cara certinho, trabalhado em uma empresa no ramo de eletrônica, tendo folgas nos fins de semana para ir ao zoológico dar pipocas aos macacos, ter casado, ter filhos(mais maluquinhos?), enfim fazer o que a maioria das pessoas fazem o que acham  que é o normal. Mas quem poderia me garantir que eu seria feliz assim? Esta é a fórmula da felicidade?  


    Lembro-me que, por volta dos sete anos(minha memória fotográfica é ótima) vi em um corcel bege, um decalque com a seguinte frase:
- "Mi sonho és ser libre como el pássaro."
     Sempre gostei da língua espanhola, gosto de ouvir uma mulher falando essa língua. Às vezes fico até conversando com a tradutora do google. rsrsrsrs
    Mas, desde então aquela frase ficou marcada em minha cabeça. Havia momentos em que eu queria fugir de tudo e de todos, sair voando por ai, sem destino e sem ter que dar satisfações para ninguém. Ás vezes hoje me pergunto se de alguma forma esse desejo em parte não foi concretizado. 
Claro que não sou uma pessoa feliz por ter me aposentado tão cedo, mas sinto uma sensação de liberdade hoje que nunca havia experimentado antes. Não me sinto escravo de pessoas e de algumas situações, me sinto escravo um pouco de minhas paranoias e outros pensamentos, mas hoje posso fechar meus olhos a hora em que eu quiser e voar para onde desejar, como o pássaro que vi no decalque do corcel bege. 
    
    

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Rotina esquizofrênica

    Ontem, após sair de uma consulta com o dermatologista, "a voz" novamente voltou a me incomodar, após longo tempo em que esteve calada. Como relatei em um post anterior, atualmente não tenho mais surtos, porém a mania de perseguição e algumas pequenas paranoias ainda me incomodam um pouco. Acho que estou mais na fase dos sintomas negativos, que é a apatia, o desânimo, a falta de energia, etc. Acho que já passei da fase dos sintomas positivos, que são os surtos e as alucinações. Aliás, alguém poderia me dizer quem classificou como positivas essas  alucinações? Creio que, antes de ter o meu primeiro surto, havia uma parte legal nessa loucura toda,  mas falarei sobre isso em uma próxima oportunidade...
    Voltando ao assunto, estava voltando para casa quando, ao avistar duas mulheres a aproximadamente quarenta metros de mim, ouvi o seguinte comentário:
    - Até que ele é "bunitinho"...
    A voz soou tão nítida em minha mente que no momento nem sequer cogitei que poderia se tratar de uma pequena alucinação auditiva. Fiquei bastante chateado com aquela situação ao voltar no tempo e me recordar de uma época em que morava em uma outra cidade em que realmente era uma pessoa muito comentada.
    " O que as pessoas têm a haver se eu sou bonito ou feio, ou se estou gordo ou magro?". Foram as perguntas que ficaram ressonando em minha cabeça.
    Então peguei meu celular, coloquei os fones de ouvido e botei para tocar uma seleção de músicas do Yanni para relaxar e não prestar muita atenção aos comentários. Aliás, meu celular funciona mais como um tocador de mp3 do que propriamente um telefone mesmo. Se, por acaso um dia ele receber créditos, vai acabar ocorrendo um caso de rejeição, pois o pobrezinho não sabe o  que é isso até hoje..
    Esta música do vídeo embaixo é uma das minhas preferidas do Yanni. Quem ainda não ouviu esse cara vale a pena conferir. Ele é um músico grego e de primeira. E o cara é autodidata! Se aprender música com um bom professor já é difícil, imaginem sozinho. Mas acho que esse cara tem o dom, as músicas dele me acalmam e me fazem relaxar. Muita gente deve pensar até que sou empresário do cara, ou sou pago para divulgar o trabalho dele, mas é que eu gosto muito desse tipo de som, me faz muito bem mesmo.
    Tive que ir ao dermatologista, pois estou com uma mancha roxa no rosto, abaixo do olho esquerdo, mas que não foi provocada por uma pancada. Ele me disse que poderia ser algum tipo de intoxicação. E essa simples palavra foi o suficiente para acender o pavio de uma dinamite que são as minhas paranoias, e cabe a mim, com minhas análises e reflexões, apagar o pavio antes que o fogo chegue até a dinamite.
    "Quem me envenenou?". Essa foi a primeira pergunta que me fiz. No mesmo instante, uma lista com os prováveis "envenenadores" surgiu em minha mente. Como um detetive em busca da solução de um crime começo a fazer a análise da situação. Penso então no cara da lanchonete onde costumo comer um delicioso pudim de leite e outros quitutes da culinária mineira. Fico me perguntando se ele seria capaz de fazer tal maldade com um cliente:
    - "Ele tem cara de ser gente boa, acho que não foi ele não.... Mas, as aparências enganam, tanta mulher com cara de anjo que mata gente, esse cara não iria fazer isso? Bem, após uma longa análise, o tiro da lista, por ele sempre ter me atendido bem.
    Então outro suspeito aparece na lista: o suco que ás vezes tomo no restaurante popular. Chego então a pensar que a empresa que presta serviço para a prefeitura quer me eliminar, pois sempre questiono com algumas pessoas se a comida do estabelecimento não contém um conservante chamado nitro, que muitos dizem que alguns restaurantes o usam. Não tenho certeza, mas acho que esse conservante foi proibido, por ser prejudicial à saúde. Depois pesquisem no google "nitro na comida".
    Analisando cautelosamente a situação, também descarto essa hipótese, pois nunca chego a pegar o primeiro copo que fica enfileirado, então "eles" correriam o risco de envenenar uma outra pessoa.
    Depois de pensar em outras situações, acabo chegando à conclusão de que tudo isso não passou de mais uma paranoia minha mesmo. Já em casa, resolvo trocar as velas do filtro de água, pois elas estão escuras e manchadas. Irei depois a um clínico geral para resolver o problema da mancha no rosto. 
    Então, com mais essa paranoia resolvida, resolvo descansar. Coloco uma bermuda, deito-me na cama e aproveito para ouvir o som do silêncio. Esse simples exercício, às vezes ajuda e muito a colocar os meus pensamentos em ordem.
    A cena das mulheres fazendo o comentário sobre a minha pessoa volta em minha mente e começo a analisar os fatos. A voz era feminina e estava falando em um tom normal, ou seja, não estava sussurrando e nem gritando. Como as mulheres estavam um pouco longe de mim,  seria preciso que elas gritassem para que eu escutasse algo. Então fecho a questão e chego à conclusão que foi mais uma pequena paranoia minha.
    Acredito que esses comentários sejam ecos de uma época em que morava em uma pequena cidade do interior de Minas e realmente era uma pessoa muito comentada. O motivo disso, sinceramente não sei, pois sempre fui um cara reservado e retraído, ou seja, um pacato cidadão mesmo, como me auto defino. Talvez o fato de eu ser da capital tenha sido um dos motivos, sei lá.
pintura óleo "As fofoqueiras" de Rosângela Borges 

    Me recordo que, naquela pequena cidade, as pessoas ficavam se questionando se eu era bonito ou se era feio. Comentavam sobre a maneira de me vestir, se eu estava usando a mesma roupa do dia anterior, etc. Algumas pessoas diziam que eu era um cara “mitido e mascarado”, pelo fato de ser um cara caladão e não ser de muita conversa. Comentavam muito também sobre o meu peso: se engordava, estava feio, e, quando conseguia emagrecer, os boatos sobre o fato de eu estar com AIDS começavam a circular pela cidade
  Não estou aqui querendo culpar os moradores daquela cidade por eu ser esquizofrênico. Porém acredito que o stress gerado por tantos comentários sobre a minha pessoa foi decisivo para que se desencadeasse o meu primeiro surto psicótico, no ano de 2002.
    Sei que nasci com algo que a ciência classificou como esquizofrenia. Constatei isso depois de rever minha infância e adolescência, somando-se também o fato de minha mãe ter tido algum transtorno mental também. Chego à conclusão de que o fator biológico mais os fatores externos(stress) foram os responsáveis para que a latente esquizofrenia aparecesse em minha vida.
    Mas, mesmo assim vou levando a vida, administrando minhas paranoias. Os medicamentos, depois de algum tempo, conseguem quase que exterminá-las, mas o problema é que literalmente eles acabam comigo também. Então, como já disse anteriormente, vou seguindo o caminho do meio, tomando uma baixa dosagem de um antipsicótico "fraquinho" chamado orap. E nunca esquecendo de andar com pelo menos dois comprimidos de diazepan no bolso, em caso de uma emergência, coisa que não acontece a muito tempo. Tenho plena consciência que posso fazer isso, pois não represento risco nenhum à sociedade e, mesmo nas fases agudas dos surtos, não cheguei a ficar agressivo ou fazer escândalos. Acho muita gente "dita normal" muito mais irracional do que eu, mesmo quando estou surtado.
    Volto a dizer que não recomendo nenhuma pessoa que tenha  esquizofrenia ou um  outro transtorno mental qualquer a fazer o mesmo que eu faço. É uma decisão que tomei, após constatar que nenhum medicamento trouxe um custo x benefício interessante para mim. A expressão "cada caso é um caso" tem uma dimensão muito maior quando o assunto é esquizofrenia.
    Se estão cansados ou sonolentos por causa da medicação, conversem com os seus psiquiatras. Quem tem que ser "paciente" são os profissionais da saúde mental Caso contrário, mude de psiquiatra. Só com tempo e paciência é possível encontrar o medicamento e a dosagem certa para cada caso.
    Bem, vou ficando por aqui. A minha intenção inicial era só relatar um pouco sobre minhas pequenas paranoias e se eu não me policiar, acabo escrevendo um livro inteiro.
    O título do post foi "Rotina esquizofrênica", mas não quero dizer que tenho paranoias e alucinações todos os dias e a todo momento. Tem dias que passo sem ter esses pensamentos, e a "voz" ultimamente anda meio calada.
    Felicidades a todos e até o próximo post.

   

domingo, 1 de julho de 2012

Meus vídeos

   Antes de escrever este blog, havia feito alguns vídeos no youtube falando sobre esquizofrenia. Como gosto mais de escrever do que falar, resolvi criar o blog, mas vale a pena dar uma olhada nos vídeos. Eu mesmo achei um pouco engraçado, pois, quando gravava os vídeos imaginava que os vizinhos estavam ouvindo através das paredes, e achava que eles estavam pensando que eu havia enlouquecido de vez por estar falando sozinho. 


Marcapasso para depressão

Aposentadoria precoce

Esquizofrênico sim, por que não?


Psicopatia e esquizofrenia



Loucura e normalidade




O louco

    Certo dia, dentro do ônibus que me levava do centro da cidade para minha casa, aparece um surdo mudo vendendo panfletos com poesias e textos. Não sei por qual motivo, ele me passou um panfleto cujo título é "O louco". Olhei para os panfletos das pessoas que estavam próximas a mim, e ninguém tinha recebido um igual, os outros falavam de amor, paixão, Deus, etc. Mas, de qualquer forma, achei legal essa estranha coincidência:

   
O louco
    Perguntai-me como me tornei louco.
     Aconteceu assim:
    Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscaras pelas ruas cheias de gente, gritando:
    "Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
    Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
    E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
    - "É um louco!"
    Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras! E, como num transe, gritei:
    - "Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!"
    - Assim me tornei um louco. 
    E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós. 
    


Piadas loucas

    
    Transtornos mental é um assunto sério, mas rir às vezes pode ser um bom remédio. 
    
    O emprego
    O louco conta para o amigo que arrumou um novo emprego:
    -Agora sou agente secreto.
    -Ah, é? Mas o que exatamente você faz?
    -Sei lá... É tudo tão secreto que eu não descobri ainda



 O aplauso   
    Todo ano acontecia uma competição no hospício para ver qual louco conseguia bater palmas.
O primeiro louco chegou, deu um nó entre os braços e não conseguiu.
O segundo chegou, suando frio, com muito esforço bateu na própria cabeça.
O terceiro chegou, enquanto isso todos olhavam ansiosos, pois, era o campeão do ano anterior que estava no palco. Com muita facilidade ele bateu palmas... então todos os loucos o aplaudiram.



    As vozes
    Um homem procura um psiquiatra, chegando lá ele explica ao doutor o seu problema:
    - Eu escuto vozes que não sei de onde vem...
    -E quando isso acontece? — pergunta o doutor.
    -Quando eu atendo o telefone.



O milho
    Um louco pensava ser um milho. Toda vez que perguntavam a ele o que ele era, ele dizia:
 Sou um milho!
Foi para o Sanatório para se recuperar e depois de 6 meses, estava praticamente recuperado. O agora ex-louco foi conduzido a sala do diretor do sanatório, onde o diretor perguntou:
O que você é?
 -Sou um homem, diretor!
 -Tem certeza?
 -Perfeitamente!
 -Parabéns! Você está curado, pode ir para casa!
    E o louco sai do sanatório todo satisfeito. Minutos depois ele retorna desesperado e ofegante, fechando a porta rapidamente, tentando mantê-la fechada. O diretor vendo aquela cena pergunta:
 -O que houve, rapaz?
 -Tem uma galinha lá fora!
 -Mas você não é um milho!
 -Eu sei doutor, mas será que a galinha sabe?


    O dentista
     O dentista do hospício atende um interno que havia extraído um dente na véspera:
   - E então? o seu dente parou de doer?
   - Sei lá! o senhor ficou com ele!



Filmes sobre transtornos mentais

 

                Uma lista com os melhores filmes sobre transtornos mentais

filmes sobre transtornos mentais
     Desde o momento em que assisti o longa "Mente brilhante" e me identifiquei com o personagem principal, passei a ver alguns filmes sobre transtornos mentais. Creio que, pelo fato de ter sido baseado em fatos reais, comecei a me entender melhor como pessoa. Acho uma boa ideia mostrar alguns filmes para pessoas que tiveram seu primeiro surto e que ainda estejam um pouco confusas. Logo abaixo tem uma lista de alguns que assisti e achei interessante. Só não vou indicar o link para download pois o FBI fechou o megaupload e outros sites que disponibilizavam arquivos para serem baixados. Mas, se procurarem no google e tiverem um pouco de paciência, irão achar a maioria deles. E existem também vários sites que disponibilizam filmes online, mas recomendo que usem um bom bloqueador de propagandas...
E também tem o youtube, que é uma boa fonte de filmes, apesar de alguns não estarem com boa qualidade visual.
Existem inúmeros filmes sobre transtornos mentais, quem quiser dar sugestões, fiquem à vontade nos comentários.


                                                        
Uma mente brilhante (2002)     
 
   John Nash é um matemático prolífico e de pensamento não convencional, que consegue sucesso em várias áreas da matemática e uma carreira acadêmica respeitável. Após resolver na década de 1950 um problema relacionado à teoria dos jogos, que lhe renderia, em 1994, o Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel (não confundir com o Prémio Nobel), Nash se casa com Alicia. Após ser chamado a fazer um trabalho em criptografia para o Governo dos Estados Unidos, Nash passa a ser atormentado por delírios e alucinações. Diagnosticado como esquizofrênico, e após várias internações, ele precisará usar de toda a sua racionalidade para distinguir o real do imaginário e voltar a ter uma vida normal assim como seus amigos.



Meu nome é rádio (2003)
    Anderson, Carolina do Sul, 1976, na escola secundária T. L. Hanna. Harold Jones (Ed Harris) é o treinador local de futebol americano, que fica tão envolvido em preparar o time que raramente passa algum tempo com sua filha, Mary Helen (Sarah Drew), ou sua esposa, Linda (Debra Winger). Jones conhece um jovem "lento", James Robert Kennedy (Cuba Gooding Jr.), mas Jones nem ninguém sabia o nome dele, pois ele não falava e só perambulava em volta do campo de treinamento. Jones se preocupa com o jovem quando alguns dos jogadores da equipe fazem uma "brincadeira" de péssimo gosto, que deixou James apavorado. Tentando compensar o que tinham feito com o jovem, Jones o coloca sob sua proteção, além de lhe dar uma ocupação. Como ainda não sabia o nome dele e pelo fato dele gostar de rádios, passou a se chamá-lo de Radio. Mas ninguém sabia que, pelo menos em parte, a razão da preocupação de Jones é que tentava não repetir uma omissão que cometera, quando era um garoto.

                                                                   O Solista (2009)
    Drama baseado na história real do talentoso músico Nathaniel Ayers que desenvolveu esquizofrenia quando cursava o seu segundo ano na faculdade de "Artes Performáticas" em Nova York. Ayers no entanto acabou se tornando um sem- teto nas ruas de Los Angeles, onde toca violino.


                                                               Efeito Borboleta (2004)
    Evan Treborn (Ashton Kutcher) levava uma vida feliz com Kayleigh Miller (Amy Smart). Mas, em uma noite, ocorre um acidente que tira a vida de Kayleigh. Então, à noite depois de Kayleigh ser enterrada, Evan descobre ter a capacidade de viajar no tempo e impede a morte de sua amada. Mas logo descobre que não se pode brincar de Deus o tempo todo, pois a cada mudança que ele faz no passado, seu presente e futuro são drasticamente alterados. Então, para concertar tudo, decide voltar ao tempo em que ele tinha 7 anos (Logan Lerman) e não conhece Kayleigh (Sarah Widdows) e mantém o presente assim. Ao fim, oito anos depois, ele reencontra Kayleigh, mas decide seguir em frente.


                                                                     Mr. Jones (1993)
    Richard Gere, Lena Olin e Anne Bancroft estrelam esta emocionante história sobre um homem á beira da autodestruição que é salvo pelo amor. Gere é um show de interpretação como Mr. Jones, um maníaco depressivo que, durante suas crises emocionais, é divertido, criativo e envolvente. Chocando a platéia esnobe de uma orquestra subindo ao palco para reger uma sinfonia de Beethoven, ou impulsivamente tomando uma caixa de banco e uma fuga romântica, Mr. Jones é um homem irresistível para qualquer mulher, incluindo a Dra. Libbie Bowen (Olin), a preocupa terapeuta designada para seu caso


O MAQUINISTA (2005)
            The Machinist (também conhecido como El Maquinista; Br: O Operário, Pt: O Maquinista) é um longa psicológico, que estreou em 2004. O filme foi escrito por Scott Kosar, dirigido por Brad Anderson e estrelado por Christian Bale.
    É o retrato de um personagem, Reznik, perturbado pela culpa e por um passado que o assombra. Durante o filme ele procura saber o motivo pelo qual tem perdido tanto peso e porque não consegue dormir direito, para chegar em um final surpreendente.


                                                     Tempo de despertar (1990)
    Em 1969, em Nova Iorque, o médico neurologista Malcolm Sayer trabalha em um hospital psiquiátrico. Lá, encontram-se vários pacientes que, aparentemente, estão catatônicos. Sayer sente que eles estão só "adormecidos" e que, se forem medicados da maneira certa, poderão ser despertados. Pesquisando sobre o assunto, ele chega à conclusão de que os pacientes sofrem de encefalite letárgica, e que a droga L-DOPA, usada em pacientes com o mal de Parkinson, poderia ser o medicamento ideal para tratá-los. Sayer é autorizado pelo diretor do hospital a submeter apenas um paciente ao novo tratamento; ele escolhe Leonard Lowe, que estava "adormecido" há décadas. Gradualmente, Lowe se recupera, e Sayer passa a administrar o L-DOPA nos outros pacientes, que imediatamente apresentam sinais de melhora e mostram-se ansiosos em recuperar o tempo perdido. Mas, infelizmente, Lowe começa a apresentar estranhos e perigosos efeitos colaterais. 

                                                            
                                                            Gente como a gente (1981)
    A morte prematura em um acidente de um dos filhos de uma família de classe média alta acaba afetando a todos, principalmente o irmão da vítima, que se considera responsável pelo ocorrido e está em tratamento psiquiátrico. No entanto a mãe faz questão de manter as aparências, para não dar a entender que a unidade familiar foi quebrada.


                                                                     Numb (2007)
    Um roteirista sofre de um agudo transtorno dissociativo, que pouco a pouco o faz perder contato com sua personalidade e ter sensações de irrealidade e estranheza. A rara desordem mental chamada despersonalização.
Quando ele se apaixona por uma mulher, ele decide passar por todo tipo de terapia existente para conseguir conquistá-la, e tentar um novo recomeço


K-PAX (2001)
    O personagem prot é um homem misterioso, que diz continuamente ter vindo do planeta K-PAX, distante 1000 anos-luz da Terra, na constelação de Lira. Por causa disso, ele é internado em um hospício, onde conhece o Dr. Mark Powell, um psiquiatra disposto a provar que prot na verdade sofre de um grave distúrbio de personalidade. Mas as descrições de prot sobre como é a vida em seu planeta acabam encantando os demais pacientes do hospício, fazendo com que queiram ir com ele quando lhes diz que está próximo o dia em que deverá retornar.


                                             Precisamos falar sobre o Kevin (2012)
    Eva (Tilda Swinton) mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temorosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin (John C. Reilly), com quem teve dois filhos: Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) e Lucy (Ursula Parker). Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando mas, mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.
                                                                  

                                                              Reine sobre mim (2007)
    Adam Sandler, Don Cheadle, Jada Pinkett Smith e Liv Tyler estrelam nessa emocionante historia sobre Charlie Fineman(Sandler), que entrou em depressão logo após a morte de sua esposa e filhos. A vida de Charlie melhora muito depois de reencontrar por acaso um antigo amigo de faculdade, Alan Johnson(Cheadle), cuja vida está dividida entre o trabalho e a família. O reencontro dos amigos fortaleceu o antigo e esquecido vínculo de amizade e os dois passaram a viver melhor emocionalmente. Bill Zwecker, Da TV-CBS consagra Reine sobre Mim como um filme verdadeiramente brilhante.
 .


          CISNE NEGRO (2011)


    Nina Sayers (Natalie Portman) é bailarina de uma companhia novaiorquina de balé. Sua vida, como a de todos nessa profissão, é inteiramente consumida pela dança. Ela mora com a mãe, Erica (Barbara Hershey), bailarina aposentada que incentiva a ambição profissional da filha. O diretor artístico da companhia, Thomas Leroy (Vincent Cassel), decide substituir a bailarina principal, Beth MacIntyre (Winona Ryder), na apresentação de abertura da temporada, O Lago dos Cisnes, e Nina é sua primeira escolha. Mas surge uma concorrente: a nova bailarina, Lily (Mila Kunis), que deixa Thomas impressionado.
O Lago dos Cisnes requer uma bailarina capaz de interpretar tanto o Cisne Branco com inocência e graça, quanto o Cisne Negro, que representa malícia e sensualidade. Lily se encaixa perfeitamente no papel do Cisne Negro, porém Nina é a própria personificação do Cisne Branco. As duas desenvolvem uma amizade conflituosa, repleta de rivalidade, e Nina começa a entrar em contato com seu lado mais sombrio, prejudicando seu equlíbrio psicológico. Em sua busca pelo seu lado obsceno, Nina acaba causando um conflito dentro de sua conturbada mente, e nessa obsessão em criar um cisne negro, ela pode acabar destruindo sua sanidade.



Filme Estamira (2006)
    Estamira Gomes de Souza(Estamira), conhecida por protagonizar documentário que leva o seu nome, foi uma senhora que sofria de esquizofrenia, e que vivia e trabalhava no aterro sanitário de Jardim Gramacho, na cidade do Rio de Janeiro. Tornou-se famosa pelo seu discurso filosófico, em que mistura extrema lucidez e loucura, e que abrangia temas como: a vida, Deus o trabalho e reflexões existenciais acerca de si mesma e do mundo em que vivemos.                     

                                                                 O alienista (1993)
    Simão Bacamarte é o protagonista, médico conceituado em Portugal e na Espanha, decide enveredar-se pelo campo da psiquiatria e inicia um estudo sobre a loucura e seus graus, classificando-os. Instalou-se em Itaguaí, onde fundou a Casa Verde, um hospício, e abastece-o de cobaias humanas para as suas pesquisas. Passa então a internar todas as pessoas da cidade que ele julgue loucas. Com o tempo, a população da Casa Verde passa a ser maior do que a da própria cidade, o que fez com que revesse o seu conceito do que é loucura e normalidade.


Dá para fazer (2008)
    Nello, um sindicalista afastado do sindicato por suas idéias avançadas, se vê dirigindo uma cooperativa de portadores de sofrimento mental, ex-pacientes dos manicômios fechados pela lei Basaglia. Acreditando firmemente na dignidade do trabalho, ele convence os sócios a substituir as esmolas assistencialistas por um trabalho de verdade, inventando, para cada um, uma atividade incrivelmente adaptada às respectivas capacidades, mas indo também de encontro às inevitáveis e humanas contradições.



   Um estranho no ninho (1976)
     Randle Patrick Mcmurphy, um prisioneiro, simula estar insano para não trabalhar e vai para uma instituição para portadores de transtornos mentais, onde estimula os internos a se revoltarem contra as rígidas normas impostas pela enfermeira chefe Ratched, mas ele não tem ideia do preço que irá pagar por desafiar uma clínica 'especializada".


Donnie Darko (2000)
    Donnie (Jake Gyllenhaal) é um jovem brilhante e excêntrico, que cursa o colegial mas despreza a grande maioria dos seus colegas de escola. Donnie tem visões, em especial de um coelho monstruoso o qual apenas ele consegue ver, que o encorajam a realizar brincadeiras destrutivas e humilhantes com quem o cerca. Até que um dia uma de suas visões o atrai para fora de casa e lhe diz que o mundo acabará dentro de um mês. Donnie inicialmente não acredita na profecia, mas momentos depois um avião cai bem no telhado de sua casa, quase matando-o. É quando ele começa a se perguntar qual o fundo de verdade da sua previsão.


Uma lição de amor (2001)
    Sam Dawson é um homem com deficiência mental que cria sua filha Lucy com uma grande ajuda de seus amigos. Porém, assim que faz sete anos Lucy começa a ultrapassar intelectualmente seu pai, e esta situação chama a atenção de uma assistente social que quer Lucy internada em um orfanato. A partir de então Sam enfrenta um caso virtualmente impossível de ser vencido por ele, contando para isso com a ajuda de uma advogada que aceita o caso como um desafio com seus colegas de profissão.

                                                               Esquizofrenia (2004)
    Willian Keane(Damian Lewis) um homem atormentado por um sentimento de culpa: Ter tirado os olhos de sua filha por um breve momento. A busca diária por informações sobre o suposto desaparecimento em um terminal de ônibus em Nova York, não é o seu único conflito. A batalha contra a devastadora esquizofrenia transforma sua vida. Entre a dor e conflitos, como distinguir o real do imaginário?


                                                      Bicho de sete cabeças (2001)
    Seu Wilson(Othon Bastos) e seu filho Neto(Rodrigo Santoro) possuem um relacionamento difícil, com uma vazio entre eles aumentando cada vez mais. Seu Wilson despreza o mundo de Neto e este não suporta a presença do pai. A situação entre os dois atinge o seu limite e Neto é enviado para um manicômio, onde terá que suportar as agruras de um sistema que lentamente devora suas presas.



                                                      O lado bom da vida (2013)
    Por conta de algumas atitudes erradas que deixaram as pessoas do seu trabalho assustadas, Pat Solitano Jr.(Bradley Cooper), perdeu quase tudo na vida: sua casa, o emprego e o casamento. Depois de passar um tempo internado em um sanatório, ele acaba saindo de lá para morar com os pais. Decidido a reconstruir a sua vida, ele acredita ser possível passar por cima por todos os problemas do passado recente e até reconquistar sua ex-esposa. Embora seu temperamento ainda inspire cuidados, um casal amigo o convida para jantar e nesta noite ele conhece Tiffany(Jennifer Lawrence), uma mulher também problemática que poderá provocar mudanças significativas em seus planos futuro



                                                                 Ilha do Medo (2010)
    1954. Teddy Daniel (Leonardo Dicaprio) investiga o desaparecimento de um paciente no Shutler Island Ashecliffe Hopital, em Boston. No local, ele descobre que os médicos realizam experiências radicais com os pacientes, envolvendo métodos ilegais e anti-éticos. Teddy tenta buscar mais informações, mas enfrenta a resistência dos médicos em lhe fornecer os arquivos que possam permitir que o caso seja aberto. Quando um furacão deixa a ilha sem comunicação, diversos prisioneiros conseguem escapar e tornam a situação ainda mais perigosa.


                                                               Boa Sorte (2014)
 O adolescente João (João Pedro Zappa) tem uma série de problemas comportamentais: ele é ignorado pelos pais e se torna agressivo com os colegas de escola. Quando é diagnosticado com depressão, seus familiares decidem interná-lo em uma clínica psiquiátrica. No local, ele conhece Judite (Deborah Secco), paciente hiv soropositivo e dependente química, em fase terminal. Apesar do ambiente hostil, os dois se apaixonam e iniciam um romance. Mas Judite tem medo que sua morte abale a saúde de João.


Os doze macacos (1996)

    Um solitário viajante do tempo vindo do ano de 2035 deverá resolver um mistério para salvar seu povo... mas isso também poderá levá-lo à loucura. Bruce Willis, Madeleine Stowe, e Brad Pitt estreiam esta obra prima da ficção científica dirigida pelo aclamado Terry Gillian de "O pescador de ilusões". Após a população do mundo ser devastada por um terrível vírus, sobreviventes vivem em uma comunidade, no subsolo. Colo "Willis" é voluntário para viajar no tempo e obter uma amostra pura do vírus, para ajudar os cientistas a encontrarem uma cura. Em sua jornada ele cruzará o caminho de uma linda psiquiatra (Stowe) e de um incrível doente mental (Brad Pitt). Colo já iniciou sua procura pelo exército dos 12 macacos, um grupo radical ligado à este vírus mortal. Com interpretações inesquecíveis e incríveis efeitos especiais, os 12 Macacos é um clássico contemporâneo, onde Terry Gillan nos surpreende com um visual fantástico, característico de seus filmes.


Loucos de amor (2005)
    Donald Morton (Josh Hartnett) e Isabelle Sorenson (Radha Mitchell) sofrem da síndrome de asperger, uma espécie de autismo que provoca disfunções emocionais. Donald trabalha como motorista de táxi, adora os pássaros e tem uma incomum habilidade de lidar com números. Ele gosta e precisa seguir um padrão em sua vida, para que possa levá-la de uma forma normal. Entretanto, ao conhecer Isabelle em seu grupo de ajuda tudo muda em sua vida.


SYbil (2007)
   Nova York. Sybil Dorsett (Sally Field) é uma jovem mulher que desenvolveu várias personalidades, como mecanismo de defesa para os abusos que sofreu nas mãos da sua mãe, Hattie (Martine Bartlett). Assim Sybil criou personalidades bem distintas: a agressiva Peggy Lou, a potencialmente suicida Mary, o bebê Sybil Ann e muitas outras, totalizando mais de dez. Uma psicanalista, Cornelia Wilbur (Joanne Woodward), diagnostica a condição de Sybil e tenta ajudá-la, apesar de saber que está lidando com um caso único.



Não sou eu, eu juro (2008)
    Léon Doré (Antoine L'Cuyer) tem dez anos de idade, muitos problemas e uma imaginação extremamente fértil. Seus pais vivem brigando e seus irritantes vizinhos sempre passam o verão na praia. Há ainda Léa (Catherine Faucher), a dona da razão. No verão de 1968 a mãe de Léon pede o divórcio e decide começar uma nova vida na Grécia. Desolado, o menino faz de tudo para esquecer a dor: bagunça a casa dos vizinhos, mente a todo momento, ignora as aulas e se apaixona.
     -Obs: apesar do filme não abordar um transtorno mental em específico, o filme é interessante, pois a infância é uma fase determinante para o surgimento de algumas situações e complicações de ordem psicológica e mental.  



Borderline- Além dos limites (2009)
                                
           A história de Kiki é mostrada em diferentes fases de sua vida. Com a mãe internada, ela é criada pela avó, que não se preocupa com ela. Seu refúgio é a escola. Sua vida antes dos 30 está bem longe de ser um conto de fadas. Ela se envolve com diversos homens, um após o outro. Sexo e álcool são suas únicas saídas e sua rotina. Mas aos 30 anos, Kiki enfrenta o maior de todos os desafios: aprender a amar a si mesma. Adaptação dos romances Borderline e La Brèche, da canadense Marie-Sissi Labrèche.

Veronika decide morrer (2009)
        Veronika (Sarah Michelle Gellar) é uma jovem de 28 anos que tem uma vida perfeita: possui um bom apartamento em Nova York, é bonita e tem um ótimo emprego. Porém ela sente um vazio dentro de si mesma, sem conseguir entendê-lo. Sem conseguir entender o significado de sua vida, ela decide se suicidar tomando vários medicamentos. Duas semanas depois, Veronika desperta do coma e percebe que está em uma clínica para doentes mentais. Lá, ela é informada que sua tentativa de suicídio fez com que seu coração parasse, gerando ferimentos que jamais se recuperarão. Sem saber ao certo quanto tempo lhe resta, ela decide viver de uma forma inteiramente diferente do que vinha fazendo até então.



As faces de Helen (2009)

    Helen Leonard (Ashley Judd) é uma mulher bem-sucedida que tem um casamento feliz e um relacionamento harmonioso com sua filha. Porém, existe algo que ela tem um segredo: sua bipolaridade, que surge como um surto devastador, transformando sua maneira de enxergar a vida. Agora, sua família e seus amigos tem a missão de fazê-la perceber que a vida continua bela .
Fonte: Adoro cinema

Temple Grandin (2010)

    Diagnosticada como autista aos 4 anos de idade, Temple Grandin passou por momentos difíceis enquanto estava na escola, onde era chamada pelas outras crianças de gravador por repetir o que era dito sem parar. Depois de sair do colégio, ela possuía notas para frequentar diversas universidades e escreveu uma série de artigos sobre o comportamento animal. Temple é PhD em ciência animal.


Menos que nada (2012)

    Dante (Felipe Kannenberg)  está internado em um hospital psiquiátrico. Ele foi diagnosticado com esquizofrenia e não fala com ninguém ou recebe visitas. O sujeito desperta a atenção da dra. Paula (Branca Messina), uma jovem residente que decide tratar dele após acompanhar um de seus surtos no pátio do hospital. Procurando desvendar as relações sociais do paciente, a médica decide colher uma série de depoimentos de pessoas que conviviam com Dante antes do tratamento.


Duas Mentes (2012)
    A vida de uma profissional de sucesso, esposa e mãe mudará com a morte de sua mãe, não somente pela triste perda, mas também por que terá que dividir sua vida com a irmã mais nova que sofre de esquizofrenia.


O senhor do labirinto (2014)
    O longa revela a arte de Arthur Bispo do Rosário (Flávio Bauraqui), sergipano esquizofrênico que passou boa parte de sua vida internado na colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Suas criações, como mantos e bordados, são consideradas obras de arte e já representaram o Brasil em evento internacional realizado em Veneza, na Itália. Dentro de seu mundo místico e imaginário, onde acreditava ser Jesus, Bispo era restritivo quanto aos que poderiam adentrar em sua "terras", como aconteceu com o guarda Wanderley (Irandhir Santos), um de seus convidados de sempre.


Sentimentos que curam (2015)
     Boston, Estados Unidos. O fato de Cameron (Mark Ruffalo) ser bipolar não impediu que Maggie (Zoe Saldana) se envolvesse com ele. O casal teve duas filhas, mas os constantes colapsos nervosos de Cameron fizeram com que eles deixassem de morar juntos, por mais que mantivessem contato constante. Em 1978, devido às dificuldades financeiras, Maggie resolve fazer um curso de especialização em Nova York, com duração de 18 meses. A saída para que o plano dê certo é que Cameron deixe o hospital psiquiátrico em que vive para voltar a morar em casa, cuidando das garotas, com Maggie visitando o trio nos finais de semana. Trata-se de um grande desafio para Cameron, que precisa de vez assumir responsabilidades de pai e aprender a controlar o transtorno.



Hector e a procura pela felicidade (2015)
    Enquanto psiquiatra, a função de Hector é a ajudar os outros na superação de seus problemas e direcioná-los à felicidade. O que ninguém sabe é que ele próprio se debate com com enormes dúvidas existenciais. Por este motivo, decide abandonar a monotonia de sua vida aparentemente perfeita. Deixa Clara, a namorada, e o luxuoso apartamento onde vivem no centro de Londres , e embarca numa grande viagem pelo mundo, de forma a descobrir o verdadeiro significado de uma vida feliz. Durante esse percurso, Hector vai conhecer variadíssimos tipos de pessoas e outras tantas formas de estar na vida. Mas quando se vê em perigo quem compreende o real valor de sua existência e que as coisas que o prendem à sua vida são, na verdade tudo o que lhe faz falta para ser feliz...
 

Bedlam-Além da loucura (2015)
    George é um homem atormentado pelo seu passado, e por isso foi internado em um hospital psiquiátrico, onde encontrará novos e piores demônios. Se antes tentava apenas se recuperar, agora terá que lutar para sobreviver.


Nise- O coração da loucura (2016)
    Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, através do amor e da arte.



Tocados pelo fogo (2016)
    Dois escritores maníaco-depressivos, Carla (Katie Holmes) e Marco (Luke Kirby) acabam do mesmo hospital psiquiátrico. Os poemas de ambos são regidos por seus conflitos emociais. Eles se aproximam e isso faz com que suas emoções tornem-se mais intensas, o que agrava a doença de cada um. Os médicos e familiares tentam separá-los, porém, cada vez mais o romance destrutivo deles se intensifica


A estrada interior (2017)
    Vincent é um adolescente que sofre de Síndrome de Tourette. Quando a mãe dele morre, os sintomas da doença pioram. O pai dele fica preocupado com sua própria imagem, por trabalhar no ramo da política, e interna o filho em uma clínica. No local, ele conhece o amigo Alex, vítima de transtorno obsessivo-compulsivo, e a nova namorada, Marie, vítima de anorexia. Juntos, os três fogem do lugar e fazem uma viagem ao mar, na intenção de espalhar as cinzas da mãe de Vincent.


O mínimo para viver (2017)
    Uma jovem (Lily Collins) está lidando com um problema que afeta muitos jovens no mundo: a anorexia. Sem perspectivas de se livrar da doença e ter uma vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem esperança. Porém, quando ela encontra um médico (Keanu Reeves) não convencional que a desafia a enfrentar sua condição e abraçar a vida, tudo pode mudar.


Toc Toc (2017)
    Adaptação para os cinemas da peça do mesmo nome, do dramaturgo Laurent Balfie. Dessa forma, surge uma comédia para fáceis risadas sobre um grupo de pacientes com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) na sala de espera do psiquiatra. O filme conta com alguns clichês, mas compensa com a presença de Paco Léon (de "Kiki": Os segredos do desejo) e Rossy de Palma (Mulheres à beira de um ataque de nervos), que roubam a cena.


Por lugares incríveis


    Violet Markey (Elle Fanning) e Theodore Finch (Justice Smith) têm suas vidas transformadas para sempre quando se conhecem. Juntos, eles se apoiam para curar os estigmas emocionais e físicos que adquiriram no passado.


Palavras na parede do banheiro (2020)


    Adam é um estudante que sofre de esquizofrenia paranoica acompanhadas de alucinações, e por conta disso, resolve participar do teste de uma nova droga que promete esconder todos estes sintomas de seus colegas de sala.



Amor no espectro (2020)


    Amor no Espectro (Love on the Spectrum, no original) é uma série australiana, produzida pela ABC em 2019, mas disponibilizada na Netflix em 2020. São 5 episódios que mostram jovens do espectro autista em suas experiências (ou não experiências) nos relacionamentos amorosos, nos encontros e, principalmente, na busca e manutenção do tal do amor. 



Atypical (Desde 2017-2021)


    Sam ( Keir Gilchrist) é um jovem autista de 18 anos que está em busca de sua própria independência. Nesta jornada, repleta de desafios, mas que rende algumas risadas, ele e sua família aprendem a lidar com as dificuldades da vida e descobrem que o significado de "ser um pessoa normal" não é tão óbvio assim.


Loucuras de amor (2021)


    Depois de uma noite muito louca juntos, Adri descobre que a única maneira de voltar a encontrar Carla é se internando no centro psiquiátrico onde ela vive.


Medo da chuva (2021)

 
    Uma adolescente com esquizofrenia luta com alucinações vívidas e terríveis quando começa a suspeitar que seu vizinho tenha sequestrado uma criança. Seus pais tentam desesperadamente ajudá-la a viver uma vida normal, sem expor seus próprios trágicos segredos, e a única pessoa que acredita nela é Caleb - um garoto que ela nem tem certeza se existe.