quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Super poderes

Esquizofrenia e a mania de grandeza


   Bem, essa semana vou falar de um dos sintomas da esquizofrenia, que, apesar de não ser  um dos mais comentados, é bem interessante. Acho que isso não ocorre com todos os portadores, mas comigo isso aconteceu e de uma certa maneira engraçada.
    Trata-se dos delírios, mais especificamente da mania de grandeza, em que pensamos ter dons ou poderes especiais. Fazem parte dos sintomas positivos, que até hoje não sei por que classificaram essa classe de sintomas como positivos, pois não vejo nada de legal nessa história. Acho que mudando até o nome da patologia já ajudaria bastante.
    No meu caso, eu acreditava ter superpoderes, que era imbatível e que nada de mal poderia me acontecer. Não tinha medo de praticamente nada e dizia que o meu anjo da guarda era forte. Cheguei a testar isso perigosamente uma vez, ao entrar em um dos lugares mais perigosos de Ipatinga, há uns vinte anos atrás. Era uma rua super apertada, e todos diziam que era um lugar bastante perigoso e não tinha saída para outro lugar quando já se entrava por essa rua. Mas, eu, como tinha essa crença no meu anjo da guarda, resolvi fazer o teste. Logo na entrada da rua ouvi os comentários dos moradores: "Nossa" Esse menino é doido!". Caminhei até o final da rua sem ser incomodado, sem olhar para os lados e confesso que não estava com muito medo. No fundo, até sentia um pouco de prazer com esse tipo de emoção. Depois resolvi voltar e de repente um cara gritou:
- "Ô" cabeludo!
    Confesso que na hora fiquei um pouco com medo, mas, quando olhei para o lado, vi que era um cara com quem eu jogava bola no parque Ipanema, onde havia uns campinhos de terra. Se o cara era barra pesada, não sei. Só sei que eu, nas peladas no parque dava uns "chega pra lá" nele quando ele vinha fazer gracinha comigo querendo dar uma de Neymar.
    Hoje, não sei se o anjo da guarda ainda me protege, provavelmente deve ter pedido aposentadoria também, pois ficar protegendo o maluquinho aqui era uma tarefa um pouco desgastante. Não que eu fosse um cara brigão e que gostasse de me meter em confusões, mas a crença de que nada poderia me acontecer era bem maior do que o normal e por esse fato não temia nada e ninguém.
    Me lembro da época em que era metaleiro, na adolescência. Nos finais de semana ia para a Savassi, bairro onde a night em Belo Horizonte é mais agitada. Óbvio que não ia à boate ou para me misturar com os mauricinhos e patricinhas daquela época. Ia para o point dos metaleiros, que era uma galeria de lojas, que não funcionava a noite. Os barzinhos do bairro em sua maioria não nos aceitavam, e até com uma certa razão, pois não consumíamos quase nada, só ficávamos tomando cachaça barata que comprávamos no supermercado. Na verdade eu nem bebia cachaça, mas, para me enturmar com os metaleiros, fingia que bebia e que ficava bêbado, não precisa de nada para mostrar minhas maluquices. Não me dava bem com bebidas destiladas, dava vexame e esquecia de tudo o que havia feito no dia anterior. Sabe quando você toma um porre e a pessoa no outro dia comenta que você tava maluco e que fez alguma coisa bem maluca mas você não sem lembra daquilo? Isso acontecia sempre quando eu bebia, e era bem pouco o que eu conseguia beber sem vomitar.
    Mas sinceramente acho que havia um preconceito dos donos de barzinhos em relação aos metaleiros. Acho que éramos julgados pelo nossa maneira de vestir, calças jeans rasgadas, botinas parecidas com as do exército, camisas pretas com caveira e, claro, cabelos grandes. Cheguei a perder dois estágios no curso de eletrônica por causa do cabelo grande, achava que, para ouvir metal, tinha que ter cabelo grande. Mas éramos julgados erradamente, pois não gostávamos de brigas, a maioria não usava drogas, e o visual era mais uma forma de rebeldia mesmo, coisa de aborrecente e tals. Podem ter certeza que tem mais drogas e baixarias em um baile funk e em uma rave do que em um show de metal.
    Então, voltando ao assunto dos super poderes, certo dia eu estava na galeria com a turma, quando, de repente, um japa metaleiro que mais parecia um lutador de sumô, começou a sair distribuindo pancada para todos os lados. Cadeiras voaram, foi um corre corre danado, pois o cara parecia saber lutar kung fu ou uma outra luta marcial. Mas eu não fugi, mantive a calma e fiquei em pé na entrada do bar. De repente o japa veio em minha direção mas não esbocei nenhuma reação, apesar de japa ser bem mais forte do que eu. Apenas cruzei meus braços e olhei fixamente para os olhos dele. A convicção que eu tinha superpoderes era tão grande que acho que até o japa acabou acreditando nisso, que apenas me ameaçou:
- Amanhã no show você não me escapa!
    E saiu correndo para pegar outros caras. Eu ainda peguei uma cadeira e tentei acertar as costas dele, mas, para minha sorte, não consegui acertá-lo.
    Falando em superpoderes, fica fascinado quando via filmes em que os personagens faziam coisas sobrenaturais. Queria ser um mágico, ou mago, queria ter o poder de fazer coisas como fazer a chuva cair, dominar a natureza, fazer coisas aparecem e desaparecem.
       Cheguei a ler alguns livros sobre magia e até me interessei por alquimia quando o Paulo Coelho começou a fazer sucesso com seus livros. Acreditava realmente que o homem poderia transformar qualquer metal em ouro. Queria fazer isso, não para ficar rico e sair por ai desfilando com carrões e sim para não depender das pessoas e morar sozinho, sem depender de ninguém. Ai já tinha alguns elementos da esquizofrenia, apesar de ainda não ter surtado. Mas, depois descobri que transformar metal em ouro é apenas uma metáfora na alquimia, era usada para simbolizar a transformação interior da pessoa. Cheguei até a mandar uma carta para o Paulo Coelho, pedindo para que me ensinasse como ser um bom alquimista. Generosamente uma pessoa que trabalhava com ele na época me enviou uma carta dizendo que ele estava viajando.
    Fiquei muito triste quando em Timóteo, cheguei a ser caluniado por pessoas que não tem um pingo de cultura, que disseram que eu era macumbeiro, pembeiro, etc, só por me interessar por magia, tarot, horóscopo, etc. Na verdade eu me interessava por tudo, era sócio da biblioteca municipal e estava sempre lendo, inclusive a bíblia. Não foi a toa que comecei a surtar nessa cidade, que me desculpem as pessoas de bem que lá moram, mas que existem muitas pessoas por lá que, por  não terem o que fazer, vivem dando pitacos na vida alheia, por falta de assunto também.
    Envolvi em várias situações complicadas por acreditar que eu era superprotegido por forças sobrenaturais e de que nada de mal iria me acontecer. Por volta dos 25 anos, criei uma inimizade com um policial civil, que não devolveu a bola de futebol para o pessoal que jogava pelada em frente ao barracão onde eu e ele morávamos. A partir daquele dia, criei uma antipatia por ele, pois achei que foi abuso de poder, ainda mais contra crianças que estavam apenas jogando bola.
    Eu sentia que havia algo de errado com ele, me parecia ser um cara falso, fazia muito esforço para ser uma pessoa gentil com a esposa do dono da firma onde eu trabalhava na época. Certo dia, começamos a discutir e então eu disse para ele:
- Aí cara, você só é homem com esse revólver ai na sua cintura!
    O policial ficou uma fera, quis tirar o revólver e deixá-lo na mesa para partir para cima de mim. Mas, como aconteceu no caso do japa, não perdi a calma e apenas fiquei encarando o policial. Felizmente, apareceu a turma do "deixa disso" e não houve nenhum confronto. Ainda bem, pois o policial era um pouco mais forte do que eu, e com certeza mais preparado para brigas.
    Dias depois, ele sumiu do nada, sem dar notícias. Disseram que ele foi transferido para outra cidade. Mas, meses depois, me deparo com uma foto dele no jornal, e a notícia dava conta que ele havia matado uma pessoa em troca de dinheiro. Bem que estranhei o fato dele aparecer de uma hora para outra com um fusca super bacana e conservado, e notei que havia algo de diferente em seu olhar.
     Uma situação parecida ocorreu quando estava vendo um jogo de futebol em um bar, pois, como era meio cigano naquela época, não pensava em comprar televisão, pois logo tinha que vendê-la por um preço bem abaixo para me mudar. No final do jogo, o cara começou a falar mal do meu time e eu comecei a discutir com ele, coisa boba mesmo. Mas ele queria partir pra briga e eu não afinei, fiquei apenas olhando para o cara que era bem mais forte do que eu. Ele me mandava calar a boca e eu continuava a falar, e, se não fosse de novo a turma do "deixa disso"  iria rolar uma briga ali.
    Durante os surtos, também não tive medo, quer dizer tive sim um pouco, mas sempre mantive a calma, apesar de todas aquelas alucinações auditivas e visuais. Não expressava o que se passava em minha mente, e acho que esse foi um dos fatores que contribuíram para que eu não fosse internado. Eu apenas fugia dos meus inimigos, pulando de cidade em cidade, até depois de algum tempo descobrir que eles estavam em minha mente. Mesmo pensando que  praticamente o mundo inteiro queria me ver morto, não perdia a calma. Me lembro de um dia, na época em que ainda morava nas ruas, em que estava me preparando para dormir, quando vi um cara passando na calçada com a camisa de um time rival do que eu torço. Até hoje não sei se isso foi real ou não, mas, se foi alucinação, foi a alucinação mais real que já vi até hoje. O cara parecia o colhada, um dos personagens do Chico Anysio. Tanto é que resolvi sair dali imediatamente, pois na hora cheguei a imaginar que a torcida desse time estaria atrás de mim para me matar.
    Quando já estava melhor fisicamente e psicologicamente, mas ainda morando nas ruas de Belo Horizonte, me lembro que, certo dia, estava na calçada de um bar vendo um jogo de futebol, quando, de repente, um cara tentou pegar a minha carteira que havia ganho do vigia do prédio onde eu costumava dormir na calçada. O cara era mais forte do que eu, e estava acompanhado de um bando que fazia arrastão pelo centro da cidade. Mas, como das outras vezes não tive medo, coloquei a carteira dentro da minha cueca e cruzei os braços e encarei o bandido de frente. Ele ficou imóvel e, depois de algum tempo, foi embora. Os outros moradores de rua ficaram impressionados por eu ter enfrentado o bandido, que era bem conhecido e diziam que era perigoso. Mas, a minha crença de que eu era protegido era tão forte que acabava passando isso para a outra pessoa, que ficava meio sem reação.
 
      Bem, se eu ficar aqui contando todas as situações perigosas que passei por causa dessa minha crença, iria dar um livro. Aliás, grande parte dessas situações está no meu livro. Já perdi as contas de quantas vezes vi uma pessoa apontando uma arma para mim, mas, mesmo nessas horas, não perdi a calma, por acreditar no meu anjo da guarda. Me lembro de alguns nesse momento, em que tiraram a arma, a apontaram para mim, e, depois de alguns segundos, desistiram. Durante o meu primeiro surto, foi uma sorte muito grande não ter sido atropelado, pois eu ainda estava fora da realidade e andava distraído pelas ruas e avenidas de Belo Horizonte, mas, os motoristas sempre foram atenciosos e desviavam ou então apertavam o freio de seus carro em cima de mim. 
    O pastor psicólogo que me atendeu gratuitamente durante o período em que estava morando nas ruas me disse que passei pelo vale da sombra da morte. 
     Bem, se foi sorte, destino, proteção divina ou de meu anjo da guarda não sei. O fato de eu ainda estar vivo já considero uma grande vitória para mim, apesar de não levar uma vida que gostaria. Como disse no outro post, depender do sus é muito complicado. Mas, pesando os prós e os contras, tenho mais que agradecer do que reclamar e assim vou levando a vida, e também deixando ela me levar, como diz a música do Zeca Pagodinho. Hoje ainda acredito em anjo da guarda, mas é uma fé e crença que tenho, mas procuro não abusar tanto dos serviços dele, acho que ele já trabalhou muito por mim e procuro ser um pacato cidadão. Aliás, sempre fui um pacato cidadão, é que eu entrava em situações complicadas por não temer nada e não por gostar de confusões. 

obs: a enquete sobre o SUS agora está normal, os votos não estão mais sendo zerados, então podem votar que seu voto  valerá para sabermos como anda a situação da saúde pública no Brasil. Se bem que isso todo mundo já sabe né? Mas não custa nada votar na enquete né?

Galeria de arte

    Bem, essa semana eu estou postando um poema de Liliane Jardim. Ela provavelmente é poetisa e acho que não é portadora de esquizofrenia, mas soube expressar muito bem com esse poema o que é ter essa patologia. Mandei um email para ela, mas não obtive resposta. Mas, tomei a liberdade de colocar o texto no blog, pois, além de achá-lo muito bonito, irei passar o link para que vocês leiam outros textos dela. Acharia errado se eu usasse o texto e não dissesse quem foi o autor da obra. Gostaria que os portadores se expressassem mais, imaginava que iria ter mais participações nessa seção do blog. Mas, enfim, sintam-se a vontade de me mandaram o material que quiserem, que postarei aqui no blog. Pode ser pintura, poesia, textos, música, etc. É só me enviarem um email para juliocesar-555@hotmail.com com o assunto blog. Acho que existe uma relação muito grande entre a esquizofrenia e a arte e gostaria de colocar isso no blog. A pessoa pode ter outro transtorno mental também, não precisa necessariamente ter esquizofrenia para ter espaço aqui no blog.
   Os links para acessarem os textos da autora são esses aqui:
-luso poemas






As vozes assolam a minha mente

Penetram mais e mais, murmurando ordens insanas

Já não distingo a realidade
Quero controla-las, mas não consigo
Ecoam no meu cérebro aterradoras
Em delírio erróneo, o meu corpo alucinado se retrai
Serão seres sobrenaturais, fantasmas, o demo…?
Em delírio constante sou Deus, Jesus, Virgem Maria…
Desarticulo-me no pensamento expressivo
Misturam-se as palavras, sem coerência 
Transformando-se em pensamentos perturbadores
Perturbando meu funcionamento intelectual
Sinto na alma a deterioração prematura do meu cérebro
Sinto-me perdida, percepciono tudo e nada percepciono 
Rio-me estupidamente, reagindo 
À minha própria interpretação idiossincrásica da situação.
E tu choras, olhas para mim e não entendes
Eu continuo na minha insanidade mental
Amarrada ao delírio, às alucinações e à inanição cognitiva
Sofro, desesperadamente, perco o contacto com a realidade
O todo é irreal, ilusório e penetra no meu cérebro 
Deixando-me louca, amarfanhada e perdida 
Já nem sei quem sou, ajuda-me… compreende-me.




Dedico a todas as pessoas com esquizofrenia, que lutam tenazmente para se inserirem numa sociedade marginalista, atrofiada… e muitas já aprenderam a controlar os seus distúrbios, funcionando eficazmente 



Não os marginalizem amigos Lusos

Liliane Jardim 



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O caso é grave doutor?

    Fim das eleições na maioria das cidades, fim do barulho, dos buzinaços e do horário eleitoral gratuito, que deveria ser denunciado como propaganda enganosa. Só resta a sujeira na cidade, repleta de santinhos por todos os lados. Até hoje não sei por que os panfletos tem esse nome, por que de santo esses candidatos não tem nada. Além da sujeira, nos resta a esperança de que dias melhores apareçam, pois, aqui em Ipatinga, pior do que tá não fica.
    Na última eleição para prefeito aqui na cidade, o primeiro colocado não pode assumir, acho que por ter algumas pendengas na justiça. Já o segundo colocado também não pode assumir, pois ficou comprovado que houve abuso do poder financeiro em sua campanha, ou seja, saiu pagando gasolina para todo mundo fazer carreatas e buzinaços. Se pagou mais alguma coisa, ai não posso falar, pois não tenho certeza e não quero levar processo de ninguém.
    Ai ficou a questão: Quem deveria assumir? O vice do primeiro colocado? ou o vice do segundo? Ou seria mais justo o terceiro colocado assumir? Nada disso, quem assumiu foi uma pessoa que nunca havia ouvido falar, e a cidade agora está um caos, principalmente na área de saúde e da limpeza urbana, entre outros tantos serviços.
    A questão da honestidade na política virou uma coisa tão séria, que os candidatos a prefeito aqui na região fizeram questão de colocar em suas propagandas que são "ficha limpa", como se isso não fosse uma obrigação para uma pessoa que pensa em administrar uma cidade. A questão ficou só nesse tema, e outros assuntos e propostas deixaram de ser discutidos.
    Mas tocando no assunto do post, que é sobre a saúde, vou relatar dois casos que aconteceram comigo, só para exemplificar a situação. Primeiro, foi a mancha roxa na região dos olhos (prometo que é a última vez que falo sobre ela), que demorou cerca de quatro meses para sumir. É que, o primeiro dermatologista que consultei, me indicou uma "pomadinha" que custa apenas cem reais. Como a grana estava curta, voltei ao mesmo dermatologista para que ele me receitasse uma pomada genérica ou manipulada, mas ele foi irredutível, ao dizer que o meu problema só seria resolvido com a pomada cara. Então, fiz um pedido ao posto de saúde para que me fornecesse a pomada sem nenhum custo para mim. Depois de quase um mês, fui avisado que a mesma não estava na lista dos medicamentos que poderiam ser pagos pela prefeitura. Mas por que não me falaram isso na hora em que fiz o pedido? Será que é tão difícil colocar uma lista dos medicamentos na parede?
    Já não estava mais aguentando andar nas ruas parecendo um urso panda, pois as manchas estavam bem grandes,  e isso me incomodava bastante, pois a impressão que dava é que eu tinha brigado e levado uma surra bem dada. Então, já pé da vida, fui à prefeitura reclamar da situação. Foi bem complicado, demoraram bastante para me atender, e tive que insistir muito para ser atendido por um outro dermatologista.
    Nesta consulta fui muito bem atendido, e, para minha sorte era uma dermatologista. Digo sorte por que, sei lá, não sei se é preconceito meu, mas acho que de pele as mulheres entendem mais. Ela foi super gentil comigo, respondeu as minhas dúvidas e depois de uma análise, me receitou uma pomada genérica de apenas oito reais e um sabonete especial para lavar o rosto. Não é bichice não, é que foi ela que receitou e as manchas estavam feias pra caramba.
    Agora, o mais incrível está por vir. Não é que a pomadinha de oito reais não resolveu o problema em três dias? Será que o primeiro dermatologista não seria sócio da fábrica de pomadas de cem reais?  Ou seja, demorei quatro meses para descobrir que o meu problema poderia ser resolvido em apenas três dias. É verdade que dinheiro não traz a felicidade, mas eu seria bem mais feliz se pudesse pagar uma dermatologista e ter resolvido o meu problema em três dias. E a preocupação pensando que poderia ser algum problema de fígado, rins, sei lá?
    Semana retrasada fui ao "posto de saúde"(nos vídeos abaixo vocês entenderão pq coloquei entre aspas) pegar o meu remédio pra dormir. O médico é muito apressado e preencheu a receita rapidamente. Fui ao outro posto de saúde retirar os remédios, mas, para minha surpresa, o médico não tinha colocado nem a data na receita e então deixei para a semana seguinte, pois ainda tinha uma cartela na gaveta. Na segunda feira, fui para o "posto de saúde" e, após quase duas horas de espera, fiquei sabendo que o posto não iria funcionar naquela semana(acho que para emendarem o feriado, que iria cair na sexta feira, dia 12). Então, tive que racionar o meu remedinho até uma nova consulta.
    Na terceira tentativa, tive que mostrar pro médico como preencher a receita corretamente e assim pude pegar os meus medicamentos. Falar dos meus triglicerídeos, que estão no triplo do limite,  nem pensar, não dá tempo. Cada pessoa é atendida, em média, em dois minutos. Felizmente sei analisar um hemograma completo, pois as taxas de referência ajudam bastante. Vou tentar diminuir os triglicerídeos diminuindo as bobeiras que como e tomando o ômega 3. Daqui uns dois meses vou fazer um novo exame e ai postarei se o produto é bom mesmo para esse problema.
     Mas e quem não tem um mínimo de conhecimento sobre saúde ou então não sabe ler? Poderá confiar em um atendimento desses? Como saber se a receita está preenchida corretamente?
    Ai vem a questão do dinheiro novamente: não seria mais feliz podendo pagar um médico particular? O dinheiro é um mau necessário, prefiro ficar triste na beira da praia do que em um quarto apertado, me desculpem a sinceridade. Claro que a espiritualidade e a saúde aparecem em primeiro lugar, mas, até para se ter saúde, é preciso ter dinheiro para nos alimentarmos bem, e, caso tenhamos algum imprevisto, possamos ser atendidos com dignidade.
    O engraçado é que os médicos e as propagandas na tv aconselham a não nos automedicarmos ou fazermos isso com os farmacêuticos. Como não fazer isso se não somos bem atendidos nos postos de saúde? No hospital então nem se fala, geralmente a espera é de quatro horas para ser atendido.
    Falei aqui só sobre os problemas que tive em relação ao atendimento na área da saúde, que, por sorte, não são tão graves assim. Tem pessoas com problemas mais sérios que dependem desses serviços e que sofrem muito com esse descaso. http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/mulher-morre-apos-receber-cafe-com-leite-na-veia


Saúde Pública

Mulher morre após receber café com leite na veia

Paciente de 80 anos estava internada no Posto de Atendimento Médico de São João de Meriti. Erro é o segundo desse tipo registrado no estado do Rio em uma semana

      
      Também não podemos generalizar. Não é em todo lugar que o atendimento pelo SUS é ruim. Já li uma matéria dizendo que no sul do Brasil a situação é um pouco melhor. Também não estou dizendo que os profissionais não prestam, estou falando mais das condições de trabalho e da estrutura que são precárias. Como é o atendimento do SUS em sua cidade? 
     Claro que não só vou reclamar aqui. Tenho que agradecer o atendimento que tive na área da psiquiatria aqui em Ipatinga, mas isso foi no ano de 2005. Devo parte de minha melhora ao bom atendimento que havia na cidade naquela época e a paciência que os profissionais tiveram comigo, pois ainda estava muito confuso em relação à esquizofrenia. 

    Às vezes penso se não sou muito rabugento aqui no blog, só exagero nas reclamações. É que as coisas boas que acontecem eu gosto de contemplar e guardar para mim, não sei se é egoísmo, acho que talvez por essas coisas boas não acontecerem com tanta frequência assim. Ou então é que elas possam parecer insignificantes para algumas pessoas, sei lá.
   Mas uma coisa tenho que falar bem: os correios, que é um serviço que funciona bem e tem todo o meu respeito. Parabéns a todas as pessoas que trabalham nos correios em todo o Brasil, desde o pessoal que trabalha dentro da agência até e principalmente os carteiros, que trabalham sob chuva e sol, subindo e descendo morros, enfrentando várias adversidades e alguns cachorros zangados. Todos os livros que enviei(nem foram tantos assim) chegaram aos seus destinos, sem problema algum, pois até hoje não chegou nenhuma reclamação em minha caixa de emails.
    Mas, voltando a falar de política e  da atual situação da cidade de Ipatinga, não poderia de deixar de postar os vídeos que gravei e coloquei no youtube. Não gosto de política, só votei uma vez  em toda minha vida, aos 18 anos. Antes nem justificava o meu voto, era meio desligado mesmo, tive sorte de receber meu título de eleitor em 2002, quando ainda estava morando nas ruas de Belo Horizonte. Hoje em dia, apenas justifico o meu voto. Outro dia fiquei revoltado ao ver na tv a situação de um dos principais cartões postais de nossa cidade. Por causa de uma simples bomba de água estragada, a lagoa do parque Ipanema está praticamente extinta. Quando fui lá para ver se era verdade ainda deu para ver os últimos peixes agonizando no pouco de água que ainda resta no local.

Parque Ipanema situação

    E em relação à limpeza urbana? Ipatinga era uma cidade limpa, sempre havia pessoas da prefeitura trabalhando nas ruas para consertar algo ou para fazer melhorias mesmo. Mas, por falta de acordo com a prefeitura, a empresa que presta esse serviço foi obrigada a demitir vários funcionários. O resultado está ai no vídeo abaixo:



    Em relação à saúde, nem vou comentar muito sobre o assunto, as imagens já dizem tudo. 

"Posto de saúde"

    Outros serviços também estão prejudicados, se fosse postar todos eles, iria fazer um post muito extenso. O que me deixa indignado é que a cidade não era assim, aqui está instalada a Usiminas, que é a maior siderúrgica da América Latina, é uma cidade que aprendi a gostar e tinha orgulho de dizer que morava em Ipatinga. Não estou por dentro da política da cidade, pois não gosto deste assunto, mas não precisa entender e nem estar por dentro dessas questões para saber que algo está errado na cidade, terrivelmente errado. 
Outros serviços

  



 

Galeria de arte

    Bem, resolvi criar este espaço para divulgar todo trabalho artístico e intelectual de pessoas que tenham algum transtorno, distúrbio, problema, patologia ou seja qual for o nome, de origem mental, neurológica ou psicológica. Então o espaço é para portadores de esquizofrenia, borderlines, toc, depressão, bipolares, etc. Não vou citar todos os transtornos por que iria ocupar a página inteira.
    Então, você que se enquadra no que foi descrito acima pode entrar em contato comigo por email ou pelo facebook mesmo, que terei o maior prazer em divulgar a sua obra. Pode ser pinturas, esculturas, textos, poesias, músicas(vou ver uma maneira de postar a música ainda) e qualquer trabalho relacionado a arte em geral.
    Acho que existe uma forte relação entre a esquizofrenia e a arte, basta citar Van Gogh (quadro ao lado) entre tantos outros artistas. Eu mesmo sempre fui ligado às artes, pensava que talvez pelo fato de ser do signo de libra, mas acho que talvez seja por causa dessa relação que a esquizofrenia tenha com a arte mesmo. Desde pequeno gostava de desenhar, mas hoje já não tenho tanto interesse nisso. Assistia novelas desde pequeno e reparava na atuação dos personagens, observando se os mesmos estavam convencendo em seus papéis. Sem contar a música, que, apesar de não ser um músico, sempre trabalhei com essa arte na função de operador de som. Hoje, fico apenas no meu pc, mas gosto de trabalhar com editores de áudio e no momento estou aprendendo a usar o photoshop cs, que é uma versão mais barata do editor profissional da adobe, que é bem carinho e eu não tenho coragem de baixar crackeado com medo de pegar vírus.


   Essa semana estou postando os trabalhos da Bere, que é bipolar e tem uma página no facebook  http://www.facebook.com/arte.em.criar.e.transformar . Quem quiser conhecer melhor o trabalho dessa artista, é só clicar no link, que será aberto uma nova guia em seu navegador. 


        pintura em gesso                                                           aparador de parede


                                                                                        
                                                                                                                                               
    Vaso de flor de madeira                                                                                                                                                                                                                                                                                              


                                                            











 Mandala em pintura livre



                           
                               
                                            Penteadeira   




  1.                
                                                        

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

CUIDADO! O C é viCiante

           
     Bem, essa semana postarei um texto que apareceu no facebook, que achei muito interessante e depois vou dar os meus pitacos. 

"TUDO QUE VICIA COMEÇA COM "C"

Luiz Fernando Veríssimo

Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios.
...
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei,pensei e,de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C!

De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com cê.

Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. 
Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com cê.

Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café,mas não deixam de 
tomar seu chimarrão que também - adivinha ? - começa com a letra c.

Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não?
Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta.
 É que a Coca tem dois cês no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum.

Impressionante, hein?

E o computador e o chocolate? Estes dispensam comentários. Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar.
 Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído da cana.

Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada "créeeeeeu". 
Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade? cinco.

Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. 
Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o ato sexual e este é denominado coito.

Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com cê. Mas atenção: nem tudo que começa com cê vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos pois a humanidade seria viciada em Cultura."

    Eu não tenho certeza se esse texto é do Luiz Fernando Veríssimo, mas concordo plenamente com ele em quase tudo. Disse quase tudo, por que, em relação a dança do créu, ela só vicia quem não tem nada na cabeça. Hoje "tô" sendo direto hein? Não me lembro de ter lido algo do Luiz Fernando, mas vou procurar na biblioteca para ler. Poderia baixar um livro dele, mas, infelizmente, não posso ficar muito na frente do pc, pois corro o risco das manchas roxas aparecerem de novo no meu rosto. Fico muito triste por causa disso, pois, se já o mundo real praticamente não existe para mim, agora tenho que ficar me monitorando para não ficar muito tempo no mundo virtual. Depois de conversar com a dermatologista e fazer exames de sangue, além de pesquisar na web, cheguei a conclusão que as manchas roxas apareceram pela exposição excessiva às radiações emitidas pela tela do computador.
    Mas, voltando ao assunto do texto de coisas viciantes que começam com a letra C, incluo o perigosíssimo Cartão de Crédito, que pode levar o indivíduo ao  CCCC: Consumo Compulsivo de Coisas Caras, transtorno que pode afetar a pessoa, levando a mesma a comprar coisas sem necessidade, e que pode levá-la a ter um ataque Cardíaco no final do mês ao ver as Contas. 
    Bem, agora vou listar algumas coisas que começam com a letra C e que me viciam, é uma lista particular e creio que cada um tem a sua:
    Cachoeira, Céu(sem nuvens de chuva, de preferência), Clube do meu Coração(queria largar esse vício, pois esse vício tem me feito sofrer muito ultimamente), Cortesias(rsrsrs), Carinho, Cachorros, etc. Enfim, acho que essa lista não tem fim. Ainda bem que não sou viciado na maledita Cachaça.
    Uma outra coisa que me vicia são as Canções, então não poderia deixar de colocar uma aqui para vocês ouvirem enquanto leem o post. Acalmem-se, não é música do Yanni não, que, confesso que sou viciado, apesar de não começar com a letra C.
    Por falar em Yanni, ele está fazendo uma turnê no Brasil. Apesar dos ingressos serem salgados, vale a pena ir ao show desse cara, claro que se você gosta de boa música. Se assistir o dvd ou ouvir somente as músicas já é bom, imagine ao vivo com aquela orquestra maravilhosa.
Agenda de shows do Yanni no Brasil
    Eu sei, vocês devem estar pensando que eu trabalho para o cara, mas não, só gosto da música dele e por isso o divulgo tanto, mas bem que merecia uma comissãozinha né?
   Essa canção que estou postando é bem simples, e gosto das coisas simples, mas também gosto de coisas mais elaboradas e Complicadas, como é o show do Yanni. Os caras ensaiam pra caramba para chegar a quase perfeição e o resultado é uma música que eleva a alma e me deixa mais tranquilo. Mas também dou valor a simplicidade, como as Coisas do Campo que são descritas nessa música do Zé Geraldo.
   Como dizem os pernambucanos, um Cheiro no Coração de todos vocês e até o próximo post.
    Só para completar, ainda estou disponibilizando o livro "Mente Dividida, Memórias de um esquizofrênico". Para maiores informações, clique na imagem do lado direito do blog. Agora também no formato pdf. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Divagações esquizofrênicas

    
    Ontem foi dia de pagamento. Como relatei em "Dinheiro na mão é vendaval", foi um dia de stress como são todos os dias em que pego a minha aposentadoria no banco. O movimento é intenso no centro da cidade e o policiamento é reforçado em virtude de várias pessoas receberem seus pagamentos e aposentadorias nas agências bancárias no início do mês. 
    Para completar, as calçadas no centro são bem estreitas, acho que, quando projetaram a cidade, não imaginaram que Ipatinga poderia crescer tanto, principalmente em virtude da Usiminas, que cresceu e se expandiu junto com a cidade. 
    Nesses dias prefiro andar na rua, pois se quiser andar na calçada tem que se ter muita paciência e ficar ziguezagueando em meio a crianças e idosos, tendo que tomar o cuidado para não esbarrar em ninguém e não levar nenhuma bronca. Acho que, pelo fato de ter nascido na capital e estar acostumado com a vida agitada de Belo Horizonte, ando meio rápido e não tenho muita paciência para ficar andando atrás das pessoas no meio das calçadas. Na capital, as pessoas andam com uma velocidade bem acima do que na maioria das cidades do interior. Creio que em São Paulo a correria deva ser maior. Então, vou dividindo as ruas com os carros e motos, para fazer o mais rápido possível o que sempre faço nos dias de pagamento: sacar o dinheiro no banco, ir ao supermercado, comprar os meus cereais matinais e pagar a fatura da net. Volto pra casa quase que correndo, pois, ter esse contato com várias pessoas em um curto espaço de tempo não me faz sentir bem. Mas, como disse, não é uma reclamação, só tenho que agradecer, pois as coisas poderiam ser piores se não fossem a ajuda de muitas pessoas que apareceram em meu caminho, no lugar certo e na hora certa. 
    Ontem, comecei a tomar o ômega 3, pois já desisti de experimentar os antipsicóticos.  Por falar nesses medicamentos, muitas pessoas estão falando muito bem de um chamado abilify, mas, sinceramente, não creio que eu vá me adaptar a esse também. Me lembro que, com a ajuda da psiquiatra, consegui uma autorização para conseguir um medicamento meio caro, chamado zyprex. Demorou um pouco, tive que preencher um formulário, a psiquiatra também. A caixa custava seiscentos reais na época e fiquei muito esperançoso para tomar um medicamento tão caro. Pensava que, pelo preço, ele seria a solução mágica para todos os meus problemas. Mas a felicidade acabou no primeiro dia em que tomei o medicamento. Assim que o ingeri, me deu um sono muito forte e apaguei. Dormi como não dormia há muitos anos. O problema que o efeito do zyprex durou dois dias, ou seja, fiquei completamente dopado por umas 48 horas. O máximo que consegui fazer foi ir a padaria e comprar um litro de leite e um bolo, que foi o meu almoço e o meu jantar durante esses dois dias. A partir daí, perdi a esperança em encontrar uma melhora definitiva para as minhas paranoias, sem que eu tenha que pagar um alto preço por isso. Não estou aqui querendo desmotivar os portadores a usarem os medicamentos, acho que cada um reage de uma maneira diferente aos medicamentos, e sinto que sou meio sensível a eles. 
    Por isso comecei a tomar o ômega 3, pois algumas pesquisas deram bons resultados com esse produto. Se não melhorar as minhas paranoias, pelo menos acredito que vá diminuir os triglicerídeos, que está o triplo do limite, por causa do chocolate e todas as besteiras que como para dar a sensação de bem estar e diminuir a ansiedade. Penso em tomar a sertralina, que, pelo que pesquisei, é um antidepressivo que ajuda um pouco a controlar esses sintomas que tenho e não causa tantos efeitos colaterais. Infelizmente, agora estou sendo atendido no posto de saúde, e não no caps, e o clínico geral, sem exagerar, atende cada pessoa em dois minutos. Certo dia, uma mulher que iria fazer uma consulta, preocupada com o atraso, resolveu cronometrar os atendimentos do médico, pois teria que trabalhar em meia hora, e, as duas pessoas que ela cronometrou o tempo, não ficaram mais do que dois minutos na sala. Esse médico não tem formulário dos pacientes  e nem sabe preencher uma receita com os meus medicamentos, ele simplesmente  pede para que eu fale o nome e a dose dos medicamentos e, sem demora, já rabisca sua assinatura sem me perguntar nada. Se eu quisesse, poderia pedir qualquer medicamento tarja preta que ele me passaria, pois, pelo que vi, não tem prontuário no posto de saúde, nem telefone e nem computador. A saúde está um caos na cidade, aliás, a cidade está um caos, lixo para tudo quanto é lado, pois a prefeitura não se entendeu com a empresa que cuida da limpeza urbana. Vários serviços estão sendo fechados, e a associação para portadores de transtornos mentais está funcionando apenas duas horas por dias, por falta do pagamento da prefeitura. 
    Mas vamos parar de falar em política, que é algo que eu não gosto muito. Para se ter uma ideia, eu só votei uma vez em minha vida, aos dezoito anos, e depois nem justificar eu justifiquei. Para minha sorte, no ano de 2002, quando eu perdi todos os meus documentos durante o meu primeiro surto,conseguir tirar todos os meus documentos gratuitamente e tirei o meu titulo de eleitor, sem pagar multa nenhuma. Até hoje não voto, apenas justifico, pois o meu título ainda é de Belo Horizonte. 
    Esse mês sobrou um dinheiro e estava pensando em comprar algumas camisas. Na verdade, até que não preciso tanto assim de roupa. Um cara que só sai para almoçar não precisa de muitas roupas, precisa apenas de que elas estejam limpas, é claro. 
    Mas, quando passei em frente de uma loja de informática, me deparei com essas caixinhas de som para computadores e não resisti. Foi paixão a primeira vista. Pedi a balconista para testar o som e então as camisas ficaram para o mês que vem. Além do designer diferente, essas caixinhas tem um som de qualidade  com uma boa potência. Não pensei duas vezes em comprá-las, apesar de não serem das mais baratas, mas, como passo a maior parte do tempo ouvindo música, achei que o investimento seria válido. As caixas antigas do pc passei para o vizinho. Elas tinham um tendência suicida enorme, viviam caindo da mesa. Essas novas, pelo formato e pelo peso, dificilmente irão se aventurar a pular aqui da mesa do computador. 
    Agora estou escrevendo este post ouvindo um reggae nas novas caixinhas de som. São pequenas alegrias de uma vida monótona e sem graça que estou vivendo atualmente. Ouço música em casa e, quando saio para almoçar, coloco os fones de ouvido do celular e continuo a ouvir música. Acho que isso ajuda a não dar atenção aos meus pensamentos. Por falar em estilo musical, acho que não existe no mundo um celular tão eclético musicalmente falando como o meu. Ouço as músicas no modo aleatório, então não é raro o metal pesado do Slipknot se encontrar com um country e depois este se deparar com as músicas do Roberto Carlos. Já vi um guitarrista misturar heavy metal com musica clássica e o resultado ficou muito bom.
Mas essa ecleticidade absurda que eu tenho não vi em nenhuma outra pessoa
                             

    Esse cara ai de cima toca muito. Ao contrário de que muitas pessoas pensam, tocar um bom metal não é para qualquer um. Acho que um dos poucos estilos musicais em que não é preciso saber tocar um instrumento é o funk, e nem precisa falar a razão né? Que me desculpem os funkeiros, principalmente os da atualidade, mas creio que nem deve existir um meio de colocar os funks atuais em uma partitura. Claro que toda regra tem exceção, tem alguns funks que tem uma melodia e tal. 
    Então no meu celular tem espaço para todos: música country, mpb, metal, reggae, clássicas, românticas nacionais e internacionais, flash back, e o Yanni, é claro. Tem até um cantor holandês que achei sem querer no youtube, que se chama Grad Damen. No meu telefone eles estão juntos e misturados e se dão muito bem, cada um respeitando o espaço do outro. Gosto das músicas do Roberto Carlos, até aquelas antigas, que estão com a qualidade de gravação não muito boa. Até acho legal ouvir essas músicas nas versões originais, com aquele com de bateria parecendo lata. É, acho que ultimamente ando meio nostálgico. 
    Mas me sinto bem sendo diferente nesse aspecto também, com a cabeça aberta para quase todos os estilos musicais. Considero os termos "esquisito", "diferente", como elogio. Aliás, fico até ofendido se me consideram normal e previsível. Como já disse o escritor Nelson Rodrigues: "Toda unanimidade é burra". Claro que toda regra tem exceções, por favor não me interpretem mal,  é óbvio que existem unanimidades que são inteligentes e de bom gosto. Mas, afinal, cada qual com seu cada qual e existe espaço para todas as tribos,  desde que respeitemos o gosto e o estilo de cada um.