quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O último post em casa


    Este é o meu último post nesta minha humilde residência. Estou com os nervos à flor da pele, nem a música do Yanni está conseguindo relaxar os meus músculos contraídos. Na segunda feira passada de madrugada tive uma distensão do músculo posterior da coxa direita( é o médico baixando rsrsrs) sem estar fazendo um  mínimo de esforço. Estava tentando dormir e, de uma
hora para outra, tchun! Pense em algo que dói e que seja chato e multiplique por dez. Isso é uma distensão, e tudo piora quando você está sozinho e não tem ninguém para esticar sua perna. Quando isso acontece com um jogador de futebol ,o cara desaba no chão e vem um companheiro( às vezes até o adversário) para socorrer o jogador, pois eles sabem como é dolorido. O negócio é tão complicado que raramente o jogador  volta pro jogo.
    Já vendi o meu pc com apenas quatro meses de uso, o frigobar, o home theather e a TV. Não estou arrependido, sei que fiz o melhor, não tem como aguentar a situação atual. Parte do dinheiro coloquei na minha conta, e a outra parte está comigo. Guardo o dinheiro tão bem escondido em casa, que às vezes nem eu consigo achá-lo, e ai quase sempre chego a ter um colapso nervoso. Eu me conheço razoavelmente bem, sei que se ficar por aqui por mais um tempo correrei o risco de surtar novamente. Neste exato momento estou me sentindo bem, estou em uma lan house, e fico mais tranquilo na rua do que dentro de casa. Do nada entro em pânico e começo a conferir o meu bolso, para verificar se não perdi os documentos e as chaves.
    Qualquer pessoa que saia ou entre do prédio para mim, no estado em que estou, é um suspeito em potencial, e começo a olhá-los com desconfiança. Não sou agressivo, por isso não tomo os medicamentos mais fortes, que são os mais indicados pelos psiquiatras. E agora também estou com receio de tomar um remédio forte e apagar, dando assim chances de ser assaltado durante a noite, pois não teria muitas condições de reagir. Essa situação não é legal, sei que pode chegar a um ponto em que pode haver uma discussão, e daí para agressão física por parte dos outros moradores é um pulo. Essa desconfiança sei que está exagerada, fico triste por que posso estar cometendo uma injustiça, ao desconfiar de uma pessoa com boas intenções. Tenho uma boa consciência dos meus problemas, mas isso não é o suficiente para resolvê-los.
    O proprietário também é um pouco responsável pela situação atual do imóvel. Afinal, é ele quem coloca para dentro qualquer pessoa, sem ao menos pedir os documentos e conferir se a pessoa tem condições de continuar de pagar o aluguel. E, para piorar, ele me coloca em uma situação como de síndico do prédio, me pedindo para intermediar certas coisas. Lembro-me que foi bastante complicado desligar o chuveiro elétrico que foi instalado sem a permissão do proprietário. Quase rolou uma briga, e me julgaram como sendo uma pessoa má, pois naquele dia morava uma garota com um filho recém nascido, e eu fiquei com a fama de deixar uma criança tomar banho frio, apesar de Ipatinga sem uma cidade muito quente, quase não necessitando de água quente, nem mesmo no inverno.
     A única coisa de que tenho certeza neste momento é a de que estou prestes a surtar. Não sei para onde vou, mas isso sinceramente não me incomoda, qualquer lugar debaixo do céu e em cima da terra está bom para mim, desde que eu tenha paz. Como disse anteriormente, não estou arrependido de ter vendido as coisas que comprei com muita dificuldade em prestações de um ano. Quero recuperar a minha saúde física, mental e espiritual. E, por falar em coisas espirituais, uma leitora do blog me aconselhou por telefone a procurar uma certa igreja, dizendo eu poderia conseguir alguma ajuda neste momento complicado. Fiquei muito feliz ao saber que alguém se preocupa comigo, e agradeço publicamente a atenção dela. Mas não vou seguir o conselho dela, não que eu tenha algo contra esta igreja, mas não me sinto bem em procurar igrejas nas situações difíceis, isso soa para mim como um tipo de exploração da boa vontade alheia. Tenho o defeito de procurar ajuda espiritual só nos momentos difíceis, e às vezes me esqueço de agradecer as coisas boas que tem acontecido em minha vida. E também tem o fato de, se procurar uma igreja, terei que mudar o meu jeito de ser, de falar, de me vestir, etc. Não estou aqui querendo dizer o que é certo ou errado, se é que existe certo e errado neste mundo louco, respeito a decisão de quem muda a sua essência por causa de doutrinas de igrejas, crenças, seitas, etc. Acho que as pessoas podem ser o fazer o que quiserem, desde que não prejudique ninguém e respeite o espaço das outras pessoas. Só penso que Deus não se importa se vestimos uma bermuda ou camiseta em um dia de calor, que talvez não se preocupe tanto se falamos algumas gírias. Para mim, o mais importante é termos a consciência tranquila e que ajudemos o próximo dentro de nossas possibilidades, sem sacrifícios, e sem complexos messiânicos
    No momento em que estava escrevendo o post em um caderno, o garoto mais atentado da rua, que já aprontou algumas comigo me pede um copo de água gelada. Mas não atendi o pedido dele, não por que guardo rancor, mas é que vendi o frigobar e a água do filtro não está gelada e agradável para uma cidade quente como Ipatinga. Costumo chamar esta garoto de mini terrorista, de Osaminha Bin Laden, pois, frequentemente, ele costuma soltar algumas bombas bem fortes pela vizinhança, sendo que uma quase entrou dentro do meu quarto, batendo na parede e vindo a estourar na varanda. Mas não consigo guardar rancor dele, acho que a minha raiva não dura mais do que um dia quando ele apronta alguma coisa por aqui. Ele não dorme à noite, e o problema é que também não conseguimos dormir, já perdi a conta das noites em que passei em claro quando ele estava por perto do meu quarto. Mas, apesar de tudo, não desejo mal à esse garoto, pois, quando eu olho o seu rosto, enxergo em seus olhos que existe uma boa alma naquele corpo franzino. Sei que não teve condições de estudar, que deve ter tido uma infância complicada, com uma relação não muito legal com seus pais. Se der, vou me despedir dele e apertar a sua mão.
    As despedidas são bem complicadas para mim. Sou um pouco emotivo, e não tenho vergonha de falar isso, já me chamaram de viado e tudo mais nos comentários por ser assim, mas não ligo para isso, só não público pois não irá acrescentar em nada ao blog. Então, muitas vezes saio dos lugares onde estive sem me despedir, para evitar o chororô. Quando fiquei em um asilo por três dia em 2004, não me despedi dos velhinhos que ali moravam, por ter me afeiçoado a todos eles, mas chorei muito no caminho para o albergue da cidade vizinha. Fui levado para o asilo, pois tinha abandonado o serviço e havia voltado para as ruas. Uma assistente social me levou para o asilo, ou melhor dizendo, sodalicio, pois não havia na cidade um outro local onde eu pudesse permanecer até que ela conseguisse me ajudar em relação ao INSS. Gosto mais do termo sodalicio ao invés de asilo, que soa como sendo um local de abandono de pessoas. 
    Por falar em ruas, desta vez irei para elas com consciência do que pode me acontecer , e confesso que isso me dá um pouco de medo, mas não é nada do que se compare com o que está acontecendo por aqui onde estou morando. Às vezes é ruim estar completamente lúcido, me lembro bem que conseguia dormir tranquilamente nas ruas de Belo Horizonte quando tive o meu primeiro surto. Acho que, quando estamos surtados, não sentimos tanta fome, desconfortos e dores que sentimos quando estamos em condições normais. Apenas sentia muita sede, e claro, a preocupação com os inimigos que estão em nossas mentes quando estamos fora da realidade. Mas, confesso que chego a me questionar se não vale a pena  surtar e ficar fora da realidade nesse mundo tão louco em que vivemos. 
    Vou sentir saudades de algumas coisas daqui, é claro: Ipatinga é uma cidade legal de se viver, enquanto estive aqui, fui respeitado pelos vizinhos e não tenho do que reclamar, tirando a questão das drogas, é claro,  mas sei que isso está acontecendo no Brasil inteiro, devido a essa droga tão devastadora que é o crack. Vou sentir saudades do conforto da minha cama, de poder tomar um banho gelado na hora em que sentir saudade, dos filminhos que baixava na net, das músicas, da rádio Globo do Rio de Janeiro, que sou ouvinte desde 1978(não sei como não "falo carioca" rsrs) e de tantas outros pequenos confortos que um local fixo para se morar nos proporciona. 
    Mas, como já relatei em um post anterior, a paz é mais importante. A pessoa pode ter a grana que for, mas, se não tiver a paz, ela não vai ser feliz. O lado positivo de morar nas ruas é a possibilidade de conhecer novos lugares e pessoas, poderei me afastar de algo ou alguém que está me incomodando, algo que não era possível de se fazer quando se mora em um local fixo. Já sei de cor e de trás para frente uns dez funks que uma vizinha ouvia na maior altura todos os dias! O engraçado é que a menina tinha um pen drive e um sonzaço, ou seja, cabe cerca de 400 músicas naquele troço, mas ela tinha que ouvir sempre as dez primeiras músicas, ou só colocou aquelas mesmo. 
    No meu canal no youtube gravei um vídeo em que falo sobre essa minha despedida. Estou um pouco triste, verdade, mas o tempo se encarrega de curar essas feridas. O engraçado é que, para piorar a situação, fico ouvindo músicas tristes, ao invés de músicas alegres, para elevar o astral. 
    Por falar em música, no vídeo que gravei coloquei uma música do Roberto Carlos chamada despedida, que tem tudo haver com a situação atual. Incrível como o cara tem música para todas as situações do nosso dia a dia! Se estamos partindo, tem a música que acabei de citar, se estamos voltando para algum lugar, tem "O portão". Para os momentos de fossa tem "Detalhes", é claro. Tem música para nossas mães, "Lady Laura", para nossos pais Meu querido meu velho. Enfim, tem música para todas as situações em que nos encontremos. Quando estamos gostando de alguém então, o repertório é vasto. 
    Desde criança ouço as músicas do Roberto Carlos, acho que é genético, pois a minha avó e minha mãe também gostam. Me lembro que, quando era criança, todo domingo a minha avó aparecia em nossa casa para fazer um delicioso almoço e passar o dia conosco. E sempre carregava debaixo do braço uma pasta contendo umas trinta fitas k-7 do rei da música. Por falar em k-7, alguém sabe o por que que aquelas fitinhas de áudio tinham esse nome? Alguns evangélicos, ( nem todos) dizem que isso é idolatria e tudo mais, mas, para mim é apenas um título carinhoso e uma admiração a um cara que merece toda nossa consideração, por causa de suas belas canções. 
    Continuei ouvindo Roberto Carlos até hoje, até mesmo na adolescência, na minha fase metaleira. Não comentava sobre isso com meus amigos rockeiros, para não ser zoado. Mas hoje não tenho vergonha nenhuma de dizer que gosto das músicas dele. Alguns irão dizer que é brega e tudo mais, mas vale a pena lembrar que nada menos do que Titãs, Skank, Kid Abelha, e tantas outras bandas regravaram algumas músicas dele e o admiram também. 
    Passei a admirar também a pessoa do Roberto Carlos quando ele se apresentou no programa do Faustão. Na época, um filho dele estava prestes a fazer o teste do dna, para confirmar a sua paternidade. Ai o Faustão perguntou:
    - E se for comprovado que o filho for seu?
   - Se for meu, eu assumo ue. 
   A simplicidade e a honestidade como ele encarou aquele fato me chamou a atenção. Tem vários famosos ricos por ai que nem pagam direito a pensão de seus filhos. 
    Voltando ao assunto de músicas para as situações do dia a dia, só ficou faltando uma música quando algumas pessoas(inclusive eu) tem vontade de mandar certas pessoas "tomarem suco de caju"*. Me desculpem os religiosos e puritanos, mas, apesar de detestar barracos, tenho às vezes vontade de mandar algumas pessoas "tomar suco de caju". Como não faço isso pessoalmente, para evitar confusão, vou fazer isso aqui no blog, me desculpem o desabafo. 
    O meu "tomar suco de caju" hoje vai para todos aqueles que espalharam o boato de que eu estava com aids, na cidade de Timóteo-MG. Também vai para uma vizinha desta cidade que reparava até se eu estava usando a mesma roupa do dia anterior. Ela dizia que eu era "mitido", devido ao fato de ser meio caladão. Oras( esse horas é com h ou sem h?), se até um bandido tem o direito de ficar calado no momento em que é pego em flagrante, por que eu, um simples e pacato cidadão, também não pode ficar calado?
    Também mando "tomar suco de caju", uma vizinha fofoqueira, também da referida cidade acima(baixou o juiz em mim agora) que, praticamente todo dia, inventava algo ao meu respeito. Nem vou comentar o que ela falava, de tão bobas e sem noção que foram essas fofocas e acusações. Sua principal ocupação era ficar sentada em seu banquinho em frente a sua casa, dando pitacos sobre a vida alheia. 
    Tem mais pessoas que eu gostaria de mandar "tomar suco de caju", mas pra falar a verdade, não costumo  guardar rancor, e já esqueci a maioria das coisas que já fizeram comigo. Às vezes me lembro de algumas pessoas ainda, que me caluniaram e tudo mais, pois, infelizmente, contribuíram de certa forma para o desencadear do meu primeiro surto psicótico. Além de me caluniarem, não sei por qual motivo, falavam de mim um pouco além do normal. Isso não é mania de perseguição, realmente isso aconteceu, o problema é que eu dava muita importância ao que diziam a meu respeito, e, devido a isso, acabei aumentando e muito a realidade, chegando ao triste fato de acreditar realmente que estava com aids. Em um momento em que estava surtado, cheguei ao ponto de não acreditar em vários testes de hiv que deram negativo. O meu pensamento naqueles dias era de que estavam alterando o resultado para não me fornecerem o medicamento, para aumentar assim a minha dor. Era como se houvesse um imenso complô universal contra a minha pessoa. Gostaria de ressaltar que não culpo as pessoas da cidade referida pelo fato de eu ter esquizofrenia, sei que já nasci com essa tendência e, juntamente com outros fatores, resultaram nesse cara maluquinho que vos escreve semanalmente. 
    Bem pessoal, vou ficando por aqui. Até o próximo post, aonde estarei só Deus sabe, mas estarei bem. Coloquei toda essa situação aqui não para que sintam pena de mim( não gosto disso). Esse blog acabou se tornando uma válvula de escape para mim, escrever me faz bem, sempre fiz isso, só que agora eu publico o que escrevo, e sinto que existe uma relação legal com as pessoas que visitam o blog. 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sonhos, mensagens do além?


    Hoje eu tive um sonho. Até ai, nada demais. Todo mundo sonha, mas só alguns tem o prazer de se lembrar dos seus sonhos. No meu caso, parece que eu também sinto os sonhos. Muitas vezes, o sonho parece ser tão verdadeiro que chego a ter a sensação de estar no local do sonho. Sinto que não estou acordado, mas também não tenho a sensação de que estou em um sono profundo. É algo parecido com uma viagem extracorpórea.
    Hoje sonhei que estava em uma cidade litorânea, onde a modernidade e a natureza conviviam harmoniosamente. Haviam vários prédios, de frente para a praia e cercados por vales e montanhas. 
    Estava em êxtase, maravilhado com a beleza do lugar, andando de um lado para outro, como uma criança, e não parava de tirar fotos. 
    Estava conversando normalmente com as pessoas, sem medo e receio de ninguém. As paranoias não existiam nesse sonho e o único pensamento que tomava conta de minha cabeça era curtir aquele lugar maravilhoso. 
    Me lembro que, com muito esforço, consegui chegar ao topo de uma montanha para contemplar o pôr do sol, coisa que não faço há bastante tempo. 
    Acordei de repente, assustado. Dizem que, quando dormimos, o espírito sai do nosso corpo para viajar por outras dimensões. Deve ser por causa disso que ficamos muito assustados quando somos acordados de repente. É como se o espírito voltasse para o nosso corpo "correndo", causando um pequeno impacto em nosso ser.  Me lembro bem de uma certa noite, em que fui acordado de madrugada. Um colega de serviço chegou bêbado e deu uma porrada na porta do quarto. Acordei sem saber onde estava, e, o pior, não sabia quem eu era. Depois de alguns segundos é que tudo voltou ao normal dentro de minha cabeça. 
      Voltando ao sonho, foi uma sensação indescritível. Não só pela beleza do lugar onde estava, mas principalmente pela liberdade que estava sentindo naquele momento. Andava de um lugar para outro sem reparar em nada e em ninguém que estava em minha volta. A esquizofrenia não estava naquele sonho, pois, se estivesse, seria um pesadelo. 
    Mas, ao acordar, veio o choque de realidade. Essa é a parte ruim de um sonho bom. Não estava na praia, e sim, morando em um local que agora está dominado pelo tráfico de drogas e, consequentemente, pela violência e tudo de ruim que as drogas trazem consigo. 
   De repente, me lembrei de um comentário de uma leitora do blog, chamada Lígia Luanda. No post Reflexões diárias. Ela me aconselhou a procurar um lugar com praia, mata atlântica, etc. Me aconselhou aprender a surfar também, pois ela se sentiu melhor depois que começou a pegar onda. Já estou na idade do condor, acho que não dá mais para aprender a pegar onda, mas, depois do sonho que tive, resolvi sair por ai, ao invés de ficar em um local fixo. Vou sair  pelo mundo afora, curtir a natureza, e, se cansar, vou voltar a morar em um lugar fixo, mas longe do tráfico de drogas. Preciso e muito de andar por ai. Foram muitos anos preso aqui dentro do meu quarto. Sou uma pessoa livre,  não tenho filhos. A única coisa que me prende é a esquizofrenia, tenho um pouco de receio de ficar sem os medicamentos no caminho. Mas, mesmo assim, vou arriscar e não vou desistir desta luta tão cedo.
    Olhando para o passado não muito distante, percebo que estive e ainda estou aprisionado pela esquizofrenia. Sempre foi assim, mas atualmente estou quase que literalmente em uma prisão, e até que me sentia bem dentro do meu quarto, mas, a partir do momento em que o prédio se tornou um local dominado pelo tráfico de drogas, a minha paz acabou. Os craqueiros não perdoam nem um chinelo que você deixa na porta do quarto. Não tenho mais paz aqui. Disse em um post que tive mais paz morando nas ruas do que atualmente. Só saio de casa para almoçar, e, mesmo assim volto correndo com receio de que arrombem a porta.
    A situação está cada vez mais insustentável por aqui. Ontem e hoje uma viatura ficou de plantão bem em frente ao prédio onde moro. Para mim, foi um alívio, pois assim o pessoal ficou trancado em seus quartos, menos eu, que sai de manhã para comprar pão. Como é bom ter a consciência tranquila. Não adianta o dinheiro fácil, se não temos a paz. Consegui dormir tranquilamente, já que o silêncio tomou conta do lugar nessa madrugada. Isso não tem preço, poder sair e andar por ai sem medo de ser parado por algum policial e ter a ficha suja olhada. Já me ofereceram um revólver para dar um jeito nos traficantes, sob a alegação de que eu, como sendo "doido", não iria pagar pelos meus erros. Não é bem assim. Posso ser meio louco e tal, mas sou responsável pelos meus atos, não sigo o tratamento 100% como deveria, pois não consigo tomar aqueles remédios dopantes e ficar o dia inteiro dormindo. Se tomar esses remédios, provavelmente iria morrer aos poucos, pois não sinto fome, não tenho vontade de me levantar, é como se estivesse com uma dengue permanente. Não estou aqui dizendo para todos abandonarem os medicamentos, é que cada pessoa reage de uma maneira diferente. Conheço pessoas que estão bem com os medicamentos, principalmente com os mais modernos. Como não sou agressivo e não represento perigo nenhum aos outros, resolvi seguir o caminho do meio, que é o de tomar o mínimo de medicamentos possível e me auto policiar. Então, como não devo nada a ninguém,(só ao banco mesmo!) vou sair por ai, por esse mundo afora, a procura de algo que não sei bem o que é.
    Acredito que os sonhos possam ser sim mensagens de um mundo ou ser superior. E a mensagem desse sonho soou para mim dessa maneira:
    - Voce( o meu teclado tá pifando), é livre, não fique trancado o dia inteiro em seu quarto! Voce não é um bandido! Viva a vida, viva a liberdade!
     Pretendo sair por ai, sem rumo. Talvez comprar uma barraca de camping e um colchão de ar para dormir. Quero caminhar por ai, percorrer o caminho nos ajuda a refletir sobre um monte de coisas. Não é bem um caminho de Santiago, mas percorrer qualquer caminho é uma tentativa de uma cura e uma evolução espiritual. No meu caso também é uma tentativa para me livrar dessa tal esquizofrenia.
    Coincidencia( o teclado pifou de vez!) ou não, o programa de hoje do Padre Marcelo Rossi era sobre a depressão. Ele chegou a comentar sobre o fato das pessoas com depressão comerem muito chocolate, por causa da serotonina. E isso é um círculo vicioso, pois, se o chocolate te dá alegria naquele instante, depois ele te deixa triste ao se ver no espelho ou então ao se pesar na balança. Preciso mudar meus hábitos alimentares e o meu estilo de vida. Não estou com pena de vender o meu computador novo, que ainda estou pagando as prestações. Preciso caminhar, me alimentar melhor, e abandonar o chocolate.
    Mudando de assunto, acabou de se mudar aqui para o prédio uma pessoa que não gosta de funk! Não é uma maravilha? Bem, seria, o problema é que ela é fã do Luan Santana... :(  Tudo bem se o cara é boa pinta e tal, mas precisa comprar o cd do cara? Por que não compra um poster do cara e prega na parede? Esse cara canta mal pra caramba, convenhamos né?
Luan Santana "cantando" o hino nacional

    Eu sei que ultimamente estou meio rabugento, acho que até vou mudar o nome do blog para Reclamações de um esquizofrenico, mas creio que isso seja apenas uma fase e que irei encontrar o meu lugar. 
    Há uns dias atrás, uma leitora comentou que estava com mania de perseguição e tinha muito receio de ter esquizofrenia também. Tranquilizei-a, dizendo que são coisas bem distintas. Mania de perseguição, de uma forma bem simplificada, é quando uma pessoa tem a sensação de estar sendo observada, principalmente em locais públicos. Também pode se pensar que pessoas estão contra ela, armando um plano, etc. Já a esquizofrenia é um transtorno mental, cujas causas ainda são discutidas, e que tem vários sintomas, como: alucinações auditivas e visuais, mania de grandeza, complexo messianico, e a mania de perseguição também. Mas quem tem mania de perseguição pode ficar tranquilo, isso não quer dizer que ela vá também desenvolver a esquizofrenia. Existem vários graus da mania de perseguição, pode ser uma simples cisma, ou seja, a pessoa acha que está sendo observada. Isso é bem mais comum do que pensamos. Agora, se a pessoa tem a certeza em sua mente que está sendo seguida e tudo mais, isso daí já é uma psicose, e ai tem que se tratar mesmo. Até quem tem uma simples cisma de perseguição pode fazer uma terapia, por que não? Só acho que medicamentos devem ser usados em último caso mesmo, quando a mania de perseguição está atrapalhando a vida da pessoa, impedindo-a de sair de casa, etc. 
    Eu, depois dos surtos, adquiri essa tal de mania de perseguição. Antes, eu era bem o contrário, não reparava em nada do que estava acontecendo em minha volta. Mas, devido a alguns acontecimentos e boatos, adquiri a mania. E é um pensamento bem descabido. Por exemplo, se hoje eu for a um show, fico com a sensação de que estão olhando para mim. Mas, veja que bobeira minha. As pessoas pagam ingresso, que nem sempre é barato, pra me ver ou para curtir a banda ou cantor? Eu tenho consciencia disso tudo, mas é algo que me atrapalha e muito, mas não desisto nunca e vou continuar a lutar. 
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Reflexões diárias do dia a dia

    Estamos no meio do mês e a minha ida para as ruas está decidida. Será logo após o pagamento de minha aposentadoria, no início do mês que vem. Deixei para essa data para amadurecer esta ideia dentro de minha conturbada cabeça. Não devemos tomar decisões como essa de cabeça quente, mas, a cada dia que passa, vejo que essa é a melhor solução. A situação no local onde moro está tensa. Os traficantes tomaram conta, e o proprietário não toma nenhuma providência. Tem cara que aluga um quarto, e depois de alguns dias aluga um outro quarto para um amigo. A noite o pau quebra, estou escrevendo este post na parte da manhã, pois é o horário em que eles estão dormindo.
    Antes de ontem tive que ouvir funk de uma hora da tarde até as duas da madruga. Para me vingar, no dia seguinte. as oito horas da manhã, liguei o meu home theather, coloquei o cd de karaokê com as músicas do Roberto Carlos, e comecei a cantar, quer dizer, cantar não, essa não seria a palavra mais adequada, pois, além de minha voz não ser das melhores, sou desafinado pra caramba. Os caras que dormiam na varanda ligaram os seus celulares, ligaram o mp3, e colocaram o telefone em seus ouvidos. Aquilo foi o máximo para mim. Então fui para a varanda e comecei a cantar mais alto ainda. Os vizinhos passavam e me cumprimentavam. Confesso que até pensei que estava fazendo um show mesmo, pois moro no segundo andar,  e a sensação era de que estava em cima do palco. Depois de uma hora ininterrupta, decidi parar o show, ao perceber que os "indivíduos" foram castigados o suficiente. Mas, antes de desligar o som, disse:
    - Se o som rolar de madrugada, amanhã vou comprar o karaokê do Amado Batista!
    Com a decisão de ir embora já tomada, resolvi ontem cancelar o meu plano de internet. Aliás, já iria cancelar de qualquer jeito, pois a net virtua não funciona desde a semana passada por aqui. Tentei resolver o problema por telefone, mas os técnicos não conseguiram. Mexe aqui, mexe dali, altera as configurações de um tal de proxy e nada! O jeito então foi solicitar uma visita técnica, que foi agendada para segunda feira. Como moro sozinho, não sai de casa o dia inteiro. pois, se eles aparecessem por aqui e eu não estivesse no local, teria que pagar uma multa de 35 reais. Por volta das seis horas, resolvi ligar para a net. Depois de ficar um bom tempo ouvindo uma musiquinha chata fui atendido e o atendente disse que havia uma boa chance de ser atendido até as oito horas da noite. E lá estou de plantão, sem almoçar.
No dia seguinte, ao telefonar novamente para a net, fui informado de que a visita técnica era agendada automaticamente para o dia seguinte quando não era cumprida no dia marcado. Novamente estou no meu plantão, à espera do técnico que nunca aparece. Novamente não almocei, fui na esquina tomar um lanche rapidamente, atento aos carros que passavam na rua, para ver se aparecia um veículo com uma escada por cima.
    Voltei correndo para casa, e continuei o meu plantão. Por volta das seis horas, já cansado, resolvi ligar novamente, agora para cancelar o meu plano. E tome musiquinha chata! E depois os atendentes reclamam por que estamos nervosos. Por que não colocam algumas músicas do Yanni? Ou então por que não nos dão opções para ficar esperando o atendimento, como por exemplo:
    - " Se você quiser ouvir rock enquanto espera o atendimento, digite 1, ou, se você preferir ouvir música clássica, digite 2..." E dai por diante, não seria mais legal assim? Mas não, tem que ser uma musiquinha bem chata, parece que eles selecionam as músicas mais chatas que ouviram em suas vidas e depois fazem uma votação dentro da empresa para ver qual é a mais irritante para ser usada no momento em que aguardamos o atendimento.
    E, para piorar as coisas, quando escolhemos a opção de cancelamento, o tempo de espera é de mais de dez minutos. Depois de duas frustradas tentativas, resolvi digitar a opção 1, que é a de compra. Incrível, fui atendido em dois segundos por uma voz cordial de uma atendente.
    Disse que queria cancelar o meu plano, e a mulher, com a voz e o texto padrão de uma atendente de telemarketing, respondeu:
    -Senhor, aqui é setor de compras, estarei transferindo o senhor para o setor de cancelamento. Mais alguma informação senhor?
    Eu, com o texto padrão de quem já está irritado de tanta espera, comecei a xingar a atendente de tudo quanto é nome. Confesso que extrapolei, não deveria ter feito aquilo, mas eles também fazem de tudo para nos tirar do sério. Não gosto de xingar e nem ofender ninguém, detesto barracos. Mas é aquela velha frase: " Dou um boi para não entrar uma briga, mas dou uma boiada inteira para não sair dela". Acho que a frase é essa mesmo, se não for, então acabei de criar um ditado. Depois de tantos xingamentos, a atendente disse que a ligação estava ruim e desligou o telefone. Que situação! Estou há dez dias sem internet e não consigo cancelar o plano! Só falta no final do mês o boleto chegar pelos correios cobrando o mês inteiro!
    A minha net está como se fosse limitada, sendo que o plano é ilimitado. Mas ela não está limitada em MB,  e sim em horas, ou quer dizer, minutos. De manhã até que ela funciona bem, mas não mais do que vinte minutos, e aí não tem como fazer tudo o que quero em um espaço de tempo tão curto. Sem contar que adoro ouvir estações de rádio diferentes, como folk music, músicas ao piano e outros estilos diferentes. Também ouço muito a rádio Globo, que contém uma programação legal, com debates e matérias interessantes. Do jeito que a coisa está, o melhor que faço é cancelar a net, mas também não quero pagar uma multa de 200 reais, principalmente pelo motivo de ter que fazer plantão em casa para ser atendido pelo técnico. O problema é que não tem hora nem dia definidos para ser atendido, e, como moro sozinho, tenho que fazer plantão em casa, pois, como já disse antes, terei que pagar uma multa de 35 reais caso não esteja em casa, por visita improdutiva. Mas eles irão me indenizar pelos "plantões improdutivos" que fiz para ser atendido?
    Mas, mudando de assunto, uma profissional da área de saúde mental enviou um comentário no blog dizendo que os meus posts foram responsáveis diretos pela piora do quadro de duas pacientes suas. Sinceramente, se essa for realmente a realidade dos fatos, peço mil desculpas. A minha intenção não é essa. Mas gostaria de dizer a essa pessoa que, se até hoje estou postando aqui no blog, é por que tenho recebido comentários positivos, tanto no blog como no canal do youtube. São portadores, familiares, profissionais, e até de pessoas que não tem nenhuma relação direta com a esquizofrenia, pois ás vezes dou uns pitacos em outros assuntos também. Eu até publiquei o comentário dela, o meu blog é democrático. Gosto de ouvir críticas também, pois esta é uma das melhore fórmulas de nos aprimorarmos, desde que as críticas sejam feitas com boas intenções. Mas não cheguei a publicar os outros comentários dela, pois ai ela já está querendo dialogar comigo, e ai é só me mandar um email ou telefonar para mim, o contato está no menu na parte de cima do blog. Anteriormente os comentários não precisavam de ser liberados, eram automaticamente publicados, mas, depois que recebi algumas ofensas de fãs da comunidade "prints na rede", tive que habilitar essa função aqui no blog. Aliás, você já fez sua denúncia contra essa comunidade? Para fazer a denúncia, dê uma olhada nos posts sobre essa comunidade, e você irá ver as barbaridades que são postadas por lá.
    Essa profissional disse que eu teria que dizer no blog que nem tudo o que os portadores pensam e sentem tem a haver com a esquizofrenia. Concordo com ela sim, mas, como portador, sei que grande parte das coisas que pensamos e sentimos tem haver com  a esquizofrenia sim, não tem como fingir que ela não existe, é uma patologia que parece ser uma frescura para quem não a conhece, mas só quem tem  a patologia sabe como é. Gostaria de dizer novamente que não existe a esquizofrenia, e sim as esquizofrenias, ou seja, o meu caso é bem particular, como o de todos os portadores são, apesar de haver os sintomas bem comuns que são as alucinações e a mania de perseguição. O meu blog também não tem fins didáticos, conta apenas a minha relação com a esquizofrenia, às vezes até de uma forma bem humorada, e também não deixo de dar uns pitacos sobre outros assuntos. Espero que essa mulher que fez a crítica esteja satisfeita por ter postado o que ela me pediu. Qualquer coisa é só me adicionar no msn ou então me telefonar. Sou uma pessoa aberta ao diálogo  e espero que suas pacientes melhorem.
esse é o "deputado" que quer criar cadeias cinco estrelas
    Por falar em pitacos, não poderia de deixar o meu sobre o que vi ontem na TV. Tem um projeto que está tramitando no congresso que visa melhorar as condições dos presos. Eu não vou citar o projeto todo, por que estou na lan house e aqui literalmente tempo é dinheiro. Eles querem:
- celas individuais
- comida balanceada
-psicóloga(nem eu tenho!)
- roupas, ao invés de uniformes. Adidas serve?
- shampoo e condicionador, não falaram a marca.
-direito de visitar os parentes, ao invés de serem visitados, ou seja, teria que se disponiblizar uma viatura, e mais dois policiais para cada "coitadinho" visitar seus entes queridos. Isso sem falar na gasolina hein?
    Melhores informações nos links abaixo:
http://ubaitaba.com/blog/brasil-deputado-petista-quer-criar-a-cadeia-cinco-estrelas/
http://www.dzai.com.br/au/video/playvideo?tv_vid_id=203785

    Tem outras regalias a mais, que esse deputado safado está querendo que se torne lei. Eu fico pensando se esse cara não estaria pensando no próprio futuro, já que algumas coisas estão sendo mudadas na capital federal. Será que esse deputado não pensa que esse projeto é um incentivo e tanto à criminalidade? Se a bandidagem não se intimida em praticar seus crimes com cadeia ruim, imagina com cadeia boa?  Queria dar os meus parabéns ao programa TV Verdade,e, principalmente ao advogado José Arteiro, de Belo Horizonte, por comentarem sobre esse projeto de lei. Há meses atrás eu falei mal desse programa, por fazer sensacionalismo barato no caso do goleiro Bruno. Também eles publicaram uma entrevista meio suspeita, com uma pessoa que não se identificou  e que dizia trabalhar para o traficante Nem da rocinha. Na entrevista, o cara disse que o Nem estaria morando em um hotel cinco estrelas em Belo Horizonte, e que passaria a atuar na capital mineira. Achei a entrevista estranha, afinal, por qual motivo que o cara que supostamente trabalhava para o Nem iria tornar pública a intenção do traficante de morar em Belo Horizonte?  A entrevista foi uma farsa, uma fraude, tanto é que pouco tempo depois o Nem foi preso no Rio de Janeiro. Então podemos concluir que o Nem nem esteve em Belo Horizonte.
    Gostaria de dizer que, mesmo morando nas ruas, estarei disponibilizando o meu livro "Mente Dividida, Memórias de um esquizofrênico". Mudarei o número de minha conta e é só fazer o pedido por email que mandarei imprimir o livro e o enviarei assim que receber o comprovante de pagamento.
Para adquiri-lo é só seguir as instruções no lado superior direito da página.
    Bem pessoal, por hoje é só e até o próximo post.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Reflexões diárias

    Já me decidi. Depois de muito pensar, cheguei a conclusão de que a paz não tem preço e vou morar nas ruas ou em qualquer outro lugar onde eu possa descansar um pouco. Digo descansar não o corpo, pois eu não estou trabalhando, quero poder descansar a minha mente, esquecer de tudo, as minhas paranoias, e as dos outros também.
    Nesses oito anos que morei aqui neste lugar, cheguei a conclusão de que sou um louco mesmo. Louco pela paz, louco pela sinceridade, louco pelo respeito ao ser humano. Já estou vendendo as minhas coisas, e, sinceramente, estou me sentindo mais leve. Quero morar em qualquer lugar, onde eu possa escutar a música que eu quiser, ou então escutar o som do silêncio. Se alguém estiver com o som acima dos decibéis permitidos, é só eu andar um pouco e estarei livre. No momento, estou tendo que ouvir dois funks ao mesmo tempo, e não vou aumentar o som que estou ouvindo, por que se não pode acabar virando uma cascata, com cada pessoa aumentando o seu som e, no final, ninguém acaba ouvindo nada.
    Já perdi as contas de quantas vezes bati de frente com traficantes e homicidas. Não por causa das drogas, mas sim por querer um pouco de paz e respeito. Muitos comentam como ainda estou vivo. Brigo sim pela paz, pode parecer algo contraditório, mas sem a paz é como se eu estivesse morrendo aos poucos. Se for pra morrer, que eu morra de uma vez, e não desse jeito, sem paz e sem tranquilidade.
   Onde vou morar não sei, mas vou atrás da paz, onde quer que ela esteja. Sei que dentro de mim a paz existe, mas não tem como ficar em paz em um ambiente cercado de paranoias e brigas.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A paz é mais importante

    Meus olhos estão ardendo, resultado de três noites de sono mal dormidas. O vizinho disse que emagreci um pouco, mas, na última vez em que subi em uma balança, o meu peso estava normal. Olho-me no espelho e noto que estou abatido e com uma expressão de cansaço. Estou precisando de tomar um daqueles sossega-leões para dar uma apagada geral para tirar o stress dos últimos meses. Mas não posso fazer isso agora, o clima no lugar onde moro está tenso. Moro no centro da cidade, a uma quadra da rua que é conhecida como  a crackolândia. Não posso simplesmente me apagar por algumas horas. Já me roubaram dinheiro, o controle remoto da tv, uma bermuda. Até chinelo usado os crackeiros não perdoam, para venderem e juntarem a grana para comprar a droga. 
    Moro nesse local há oito anos e sempre houve o tráfico de drogas, mas hoje a situação está insustentável, acho que por causa do crack, que é muito vendido aqui na região. Essa droga traz tanta confusão que até os traficantes do Rio de Janeiro desistiram de comercializarem esta droga. 
    Moro em uma construção de dois andares, que deve ter aproximadamente uns dezesseis quartos. E sempre houve um ou outro que comercializava drogas, e até que as coisas andavam tranquilas por aqui. Mas pouco a pouco pessoas envolvidas com o tráfico foram tomando conta do local, e hoje creio que 80% dos quartos estejam ocupados por estas pessoas. Já há algum tempo pensava em me mudar de endereço, mas sempre deixava para depois na vã esperança de que as coisas pudessem melhorar algum  dia. Já perdi a conta de quantas vezes bati de frente com esses caras, alguns sendo homicidas e a maioria com passagens pela polícia. Não tenho medo deles, desde que se defendam sozinho, mas agora percebi que eles se uniram e montaram uma pequena quadrilha no lugar onde moro. Ai não tem como lutar pelos meus direitos, já está na hora de abandonar o navio e procurar um lugar para viver em paz. 
Além do Horizonte  Roberto Carlos

    Não quero bancar o super herói e nem tenho a pretensão de mudar o mundo, mas acreditava que esses caras poderiam vender suas drogas sem violência e sem desrespeitar as pessoas de bem. Mas agora a ficha caiu, notei que sou minoria agora neste lugar e ainda quero viver bastante, mas também não me importo se de uma hora para outra ir desta para melhor, pois não tenho filhos para cuidar. 
     Já perdi a conta de quantas chamadas no celular não foram atendidas, pois tenho que mantê-lo escondido nas gavetas, o que abafa o som das chamadas. Mas também isso nem é o maior problema, pois geralmente são cobradores. rsrsrsrs  Vocês devem pensar que estou brincando, mas teve um dia que não consegui achar o dinheiro que havia escondido dentro do meu próprio quarto. 
   Tive a sorte de conseguir o melhor quarto do imóvel, e certo dia um vizinho me deu um galão de tinta. É um cara gente boa, daqueles que estão sempre dispostos a ajudar a todo mundo. Então dei uma reformada no meu quarto e o resultado ficou bacana. O contraste é gritante entre o resto do prédio e o meu quarto. Aos poucos, fui comprando algumas coisas que são necessárias para quem vive cerca de 23 horas por dia em seu próprio quarto: uma tv( CCE, de tubo mesmo), home theather, um frigobar, um PC, é claro, dois móveis e um bom colchão, já que fico nele "um pouco" mais do que uma pessoa deveria ficar. Lembro-me que, na época em que trabalhava, não me importava com nada disso. Passava a maior parte do dia trabalhando e tinha uma vida social mais ativa, e ficava no quarto mais para dormir mesmo. Tudo o que eu tinha era uma bolsa e as roupas, é claro. Era meio cigano, pois não aguentava trabalhar mais do que um ano em uma mesma firma. Mas, hoje, como passo a maior parte do tempo em meu quarto, vi que era necessário ter algo para me distrair e também me sentir bem dentro do lugar onde moro. É uma vida meio monótona, mas sempre notei que os outros moradores sentiam um pouco de inveja ao verem o meu quarto limpo e arrumado, além de estar de frente para a varanda e com uma boa ventilação, condição mais do que necessária para quem mora em uma cidade tão quente como é Ipatinga. 
    Mas, de uns tempos para cá, um dilema vem tomando conta dos meus pensamentos: vale a pena morar em um lugar que tenha tv, computador, frigobar, etc se não tem o principal, que é a paz? Me lembro do tempo em que fui morador de rua. Passei por situações complicadas, mas lembro-me que, ao deitar-me no pedaço de papelão na calçada, conseguia relaxar todos os meus músculos e ter uma boa noite de sono. Nos cinco meses em que fiquei nas ruas de Belo Horizonte, não fui incomodado nenhuma vez durante a noite, pelo contrário, às vezes era acordado por pessoas bondosas, que distribuíam comida para os moradores de rua em suas kombis. Eram espiritas, evangélicos, católicos, etc. Só recordo de uma vez em que uma noite roubaram as latinhas que havia catado o dia inteiro. 
    Tudo isso me faz refletir e uma interrogação não sai da minha cabeça nesses últimos dias: "Será que, para se ter a paz, é preciso abandonar as coisas materiais? Já que, não tendo nada, as pessoas não iriam nos invejar? Esses caras poderiam invejar um jogador de futebol, um ator, mas, logo eu? Provavelmente eles acham que eu tenho uma vida boa por estar aposentado. 
      Claro que, se comparando a vida que esses caras têm, até que a minha vida é boa, tirando é claro, a esquizofrenia. Eles não tem um salário fixo, não tiveram muita oportunidade de estudar, vivem amedrontados, com receio de que a polícia possa chegar a qualquer hora do dia e da noite. Estão quase sempre em estado de alerta. Pensam que todos os vizinhos são meio que inimigos, por causa do disque denúncia. A verdade é que estão mais paranoicos e loucos do que eu. Há cinco minutos atrás, um morador foi até a varanda, perto do meu quarto, com a certeza de que o haviam chamado. Há cerca de meia hora, cerca de seis caras estavam discutindo na esquina com pedaços de pau na mão. Nesse momento, um outro morador está agitado ao ouvir o som do comunicador do rádio da polícia e começa a alertar aos outros moradores sobre a chegada da viatura. Além dos homens da lei, eles ainda tem que ficar alertas em relação aos traficantes rivais, enfim, é uma vida bastante estressante. Podem ter algum ganho com as drogas, podem comprar uma TV 3D, roupas caras, mas a paz, que é o mais importante, eles não têm.
    Será que vale a pena mesmo ter uma vida dessas? Além de correrem o risco de ter algum transtorno mental devido ao uso da droga, ainda tem a paranoia de serem pegos pela polícia. Essa é uma combinação perigosamente explosiva, e qualquer motivo pode ser o estopim para que essa bomba estoure. Já estou cansado de tanta discussão e dessas paranoias, que eu acabei assimilando um pouco, apesar de não ter nenhum envolvimento com o tráfico de drogas. Mesmo morando nas ruas e passando por necessidades, nem cogitei a pensar nisso, e nem roubar também. Só cheguei a roubar alguns doces e pães de queijo em um dia em que estava completamente surtado. Mas também, convenhamos, isso não é nada, pois simplesmente estava pensando que o mundo iria acabar naqueles dias. A verdade é que estou me sentindo um estranho no ninho e cheguei a conclusão de já está na hora de partir, principalmente depois de constatar que o proprietário do imóvel simplesmente não está preocupado nenhum um pouco com a situação. O único motivo que o leva a ir no imóvel é pegar o dinheiro do aluguel, se o pau está quebrando, o problema são das pessoas de bem que ainda restam neste imóvel. 
    Já procurei alguns lugares para alugar aqui em Ipatinga, mas os quartos razoáveis fogem do meu orçamento. Como passo praticamente o dia inteiro no meu quarto, não abro mão de um mínimo de espaço e da internet também. Encontrei quartos bastante deprimentes, medindo cerca de 2x3m, e com telhas de amianto. A diferença para uma sauna não é tão grande assim, pois Ipatinga é uma cidade que considero mais quente do que o Rio de Janeiro, por exemplo. 
 Então, a ideia de voltar a morar nas ruas tomou conta dos meus pensamentos novamente. Só que agora não estou surtado, não é coisa de um portador de esquizofrenia que está pensando que estão todos contra ele e estão querendo matá-lo. A única coisa que sei é que tive paz e até fiz muitas amizades no período em que estive nas ruas. No momento, não estou nem conseguindo me concentrar para escrever, pois os moradores estão agitados por causa da polícia que está no local. Eles estão procurando saber quem é o caguete. Já estou vendendo as coisas que tenho, e acho que vou me sentir mais leve. Isso não é loucura de esquizofrênico, repito, é uma decisão de alguém que está cansado de viver com as portas trancadas, com medo de ser roubado. Nas ruas, poderei sentir o vento bater no meu rosto, andar despreocupadamente, sem medo de ser roubado. Quando saio para o almoço, fico com uma agonia dentro do peito, com medo de que arrombem a porta, e então volto para casa o mais rápido possível. Creio que, para ser exato, fico 23:30 horas dentro do meu quarto. Isso não é vida, quero ter paz e liberdade, o resto não importa mais. 
     Sei que é perigoso morar nas ruas. Em algumas cidades, botam fogo nos moradores sem motivo nenhum, se é que existe motivo para isso. Agora, com a chegada da copa do mundo, as prefeituras querem dar um limpa na cidade, uma camuflada, para os turistas pensarem que o Brasil é um país justo, um país rico, sem pobreza. Realmente o Brasil é um país rico, só que, como todos sabem, está nas mãos de poucos. Até hoje estou abismado como a Dilma chegou a conclusão de que um país rico é um país sem pobreza. Mas, voltando ao assunto copa do mundo, a prefeitura de Belo Horizonte até quer impedir os catadores de materiais recicláveis de trabalharam durante a copa das confederações e durante a copa do mundo. Eles irão fazer o que? Roubar?
depoimento de catador de material reciclável

    Com certeza, a prefeitura também está pensando em dar um destino para os moradores de rua, como estão fazendo no Rio de Janeiro, internando compulsoriamente usuários de crack e levando moradores de rua para "abrigos". A questão dos usuários de crack é complicada mesmo, ainda não cheguei a conclusão sobre a internação compulsória. Podem dizer que isso é desumano e tudo mais, e roubar um trabalhador que sofre um mês inteirinho para ganhar a sua vida também não é?
   Ai me vem uma pergunta em minha mente: Será que a pacificação dos morros cariocas foi motivada apenas pela copa do mundo? Ou seja, apenas para proteger os gringos e manter a imagem de uma cidade maravilhosa? Se não tivesse a copa do mundo, as favelas seriam pacificadas? A população continuaria a mercê dos traficantes? Gostaria de crer que não, que a intenção da pacificação seja proteger os moradores dos morros, que pagam seus impostos e merecem ter um pouco de paz. Se alguém souber se a pacificação dos morros começou antes do Brasil ser candidato a sediar a copa do mundo, por favor comente, e, se puder, coloque um link para podermos comprovar a veracidade do fato. 
    Bem, acho que o post da semana foi um pouco longo. Desculpem o desabafo, não quero que sintam pena ou dó de mim. São dois sentimentos que não acho muito legal. O meu post foi com a intenção de apenas mostrar a realidade de um cara que, enquanto conseguiu, trabalho com todas as suas forças, inclusive com dengue, com mão quebrada, com pé inchado, etc. Mas que não soube vencer ainda este transtorno chamado esquizofrenia e tem que se virar com um salário que não dá nem para alugar um quarto que caiba as poucas coisas que consegui com o dinheiro da aposentadoria. 
    Pretendo morar nas ruas o mais breve possível, acho que depois do pagamento do próximo mês. Creio que a situação pior do que tá não fica. O local onde vou morar ainda não decidi, mas provavelmente será mais tranquilo do que este que estou morando agora e tendo que pagar um aluguel. 
    Quase me mataram, por cismarem comigo quando estava tentando ganhar um dinheiro, ao consertar uma instalação elétrica de um quarto que pegou fogo. O antigo morador do quarto, um usuário de crack, simplesmente mandou que eu saísse do quarto. Houve um bate boca e depois voltei a consertar as instalações elétricas. Mas ele, não satisfeito, jogou uma bomba para dentro do quarto e só tive tempo de tampar os meus ouvidos. Depois que a bomba estourou, corri atrás do cara e começamos a discutir, e uma outra pessoa chegou por trás e me desferiu um golpe, provavelmente uma coronhada, pelo dor que senti na hora. Confesso que fiquei cerca de cinco segundos para recuperar totalmente os sentidos. Fui para o pronto socorre e levei três pontos na cabeça, por apenas querer ganhar uma grana honestamente. 
    Esses caras estão botando terror na vizinhança. Todo dia tem uma briga. Soltam foguetes perto da casa das pessoas. E não são bombinhas de São João, elas causam um estrago muito grande se estourar em uma pessoa. Chegaram  a me oferecer uma arma para me vingar dessas pessoas, afirmando que eu poderia matar qualquer um, por que sou "doido" e não seria responsabilizado pelos meus atos. Claro que não aceitei, mas confesso que o meu complexo messiânico* aflorou em minha mente e me vi livrando a rua dessas pessoas que estão perturbando a ordem pública. Um filme passou em minha mente: " Me vi com um revólver na mão, em um confronto com os traficantes, e, após uma intensa troca de tiros, sairia vencedor. Então corri para o meu quarto, e esperei a polícia chegar. Assim que a viatura chegou, do alto da minha janela, disse para o capitão:
     - Missão dada é missão cumprida senhor!
    E então entraria para o meu quarto e tiraria a minha própria vida, ciente de que  fiz um bem para a comunidade, que já está cansada de tanta violência. Seria o heroico fim que sempre sonhei para mim, mas sei que não vale a pena fazer a justiça com as próprias mãos, o melhor que tenho que fazer é me mudar de lugar mesmo. Eu estou tendo uma enorme dificuldade de escrever o texto, pois alguns traficantes estão juntos no quarto ao lado do meu, com medo da polícia que apareceu aqui de manhã. Sem contar que o funk está rolando alto aqui, e hoje sei até de cor as letras dessas "músicas". Gostaria de reiterar que não tenho nada contra o funk do Claudinho e Bochecha, o MC Claudinho e outros. Me refiro a esse funk atual, que só tem uma batida repetitiva e com letras que incitam a violência e ao uso das drogas. 
    Nunca irei fazer justiça com minhas próprias mãos. Como digo sempre, a anjinho sempre ganha do diabinho em minha consciência. Sei que irei me arrepender deste ato, é apenas uma raiva passageira, que qualquer pessoa tem. Nós, portadores de esquizofrenia, não podemos atribuir todos os nossos sentimentos e pensamentos ao fato de termos a patologia. Coisas que temos, como por exemplo, a mania de perseguição, várias pessoas também tem, só que em menor grau. 
    Quero pedir desculpas novamente pelo desabafo. Não sei se perceberam, mas os meus últimos posts foram meio amargos e tal, mas isso é o reflexo do meu estado atual, não tem como fingir. Mas acredito que as coisas irão melhorar e, mesmo morando nas ruas, não abandonarei a caneta e o papel, e estarei sempre postando no blog. 

    Me desculpem também se houve alguns erros de português. Está difícil de se concentrar. Só resta esperar o próximo pagamento, juntar minhas coisas e ir embora deste lugar. Não quero confusão com ninguém. Os traficantes pensam que sou eu que estou fazendo denúncias anônimas, já fizeram algumas coisas não muito legais comigo, mas não guardo mágoa. Acabei de dar água gelada a um garoto que é bem atentado mesmo, e que já tirou vários noites do meu sono. 
* o complexo messiânico nem sempre está relacionada a figura de Jesus, pode ser a figura de um herói,  é uma situação em que a pessoa se sente o salvador da pátria. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Comunidade no facebook zomba de deficientes físicos e até de Isabela Nardoni

 
    Bem pessoal, o mundo não acabou, 2013 já chegou e desejo muita saúde e paz para todos.
    O post da semana passada desagradou aos fãs da comunidade prints na rede e agora, os comentários, que poderiam ser feitos sem autorização, agora tem que esperar a minha aprovação antes de serem liberados. Pensava que só pessoas legais viriam aqui, mas os fãs dessa comunidade, não satisfeitos em ver a palhaçada que é feita na página, vieram me ofender. Isso não me incomoda nenhum pouco, não me preocupo com a opinião de alguns adolescentes idiotas. Quer dizer, creio que sejam adolescentes, não duvido que não haja adultos com uma mente tão doentia.
    Uma experiência de quase morte como a que tive muda completamente a forma como encaramos o mundo. Percebemos o quanto somos tolos e banais ao nos preocuparmos com pequenas coisas. Não vai ser a opinião de um bando de idiotas que irá me abalar. Eu gosto de todo tipo de humor, até do chamado humor negro. Mas tudo tem um limite, e isso o que eles estão fazendo não tem nada de humor, é um crime e uma sacanagem muito grande com pessoas que nem pode se defender deles.
    Dei uma olhada na comunidade e constatei que o que eles fizeram no grupo esquizofrenia não foi nada em relação ao que é postado diariamente por lá. E o pior de tudo é que eles conseguem usar o
perfil de uma outra pessoa para fazerem seus comentários maldosos. Pensei que fossem hackers, mas não são. Hackers são inteligentes e o que essas pessoas tem na cabeça certamente não é cérebro, não vou falar o que deve ter por que todo mundo deve ter imaginado o que deve ter na cabeça desses caras. rsrs
Chamar essas pessoas de animais seria uma ofensa muito grande aos bichos, que só matam para se alimentarem e por instinto, só atacando humanos quando seus territórios são invadidos e são desrespeitados em seu habitat.
    Esses caras não perdoam nem uma criança que foi brutalmente assassinada. Isabella Nardoni não está mais entre nós, e, mesmo se estivesse, não teria como se defender. Mas e a mãe dessa criança? Esses caras não pensam na dor que ela ainda deve estar sentindo? Espero que ela nunca veja essa maldade que estão fazendo com um anjo. Não tenho religião, pois para mim não existe essa de católico não praticante, ou a pessoa é ou não é. Acredito em Deus, e me lembro de um trecho da Bíblia que diz que o reino dos céus é das crianças. Não me lembro com exatidão as palavras, mas foi algo nesse sentido. Tem pessoas que sabem a bíblia de cor de trás para frente e contam vantagem disso, mas praticar que é bom mesmo, nada.
alguém está vendo um peito nesta foto? o facebook viu e vetou a foto
    Não sei se as denúncias no facebook estão sendo apuradas. Provavelmente eles devem achar isso normal, pois, pelo tempo já corrido, já era para se ter tomado uma providência. As pessoas responsáveis por apurar esses casos no facebook provavelmente acham normal fazerem esse tipo de piada, mas o engraçado é que eles conseguiram enxergam um peito na foto acima e vetaram a imagem. Mente poluída a deles não?
     Como o facebook está fazendo vista grossa a esse tipo de barbaridade, resolvi fazer a denúncia na página do uol, que é específica para esse tipo de coisa. O preenchimento é simples e rápido, o único trabalho é tirar três prints de algumas imagens dessa comunidade. Se quiserem, podem usar as imagens do blog, para agilizar a denúncia, ou vocês irão esperar que eles façam piadas do seu perfil? Esse pessoal não deve trabalhar e nem estudar, e ficam no facebook garimpando perfis de pessoas que eles acham que possam ser engraçado.
 
    Não gostaria de postar a imagem acima, eu sei que é meio chocante, mas mais chocante ainda são as piadas que fizeram sobre o menino. Gostaria de falar somente sobre esquizofrenia, mas não consigo ficar sem pelo menos tentar fazer algo para que essa palhaçada um dia acabe.
   O link do uol para fazer a denúncia está ai. Você não vai gastar mais do que cinco minutos do seu tempo, e a denúncia é anônima.
    Isso não é humor negro! É crime! Se na lei ainda isso não é crime, deve ser por que os deputados em Brasília estão trabalhando muito e estão muito ocupados com outros assuntos. 
    Alguns fãs dessa comunidade me enviaram comentários me ofendendo e dizendo que eu quero aparecer e tudo mais. Oras, se eu quisesse aparecer, estaria no youtube abordando outro tema que não fosse esquizofrenia, isso não dá ibope, é óbvio. Hoje em dia qualquer coisa que saia da boca da Geisy arruda vira manchete nacional. Me parece que ela fez uma operação no clítoris, ou em um outro local, pois estava se queixando de que aquilo estava se parecendo uma couve flor. Depois da operação, ela agora está achando que está parecendo um botão de rosas. Para mim, ela pode fazer operação onde quiser, a vida é dela, o que me deixa estarrecido é que isso vira manchete nacional, tomando conta dos sites na internet e até ocupando uma boa parte do programa de domingo da rede record, que acho que se chama domingo espetacular, não me lembro o nome, pois não assisto a programação da emissora do "bispo" edir macedo, que só fala em dinheiro, e a programação de sua rede de televisão não condiz com o que ele prega, ou seja, é um hipócrita. É só ver a fazenda de verão. Não estou aqui dando uma de moralista, mas a pessoa tem que fazer o que ela sai falando por ai nos microfones para milhares de pessoas. Pra falar a verdade, já fui uma vez na igreja universal, e o nome de Deus praticamente não foi citado, já a palavra dinheiro perdi a conta de quantas vezes foi falada no microfone, com a promessa de que os fiéis receberão em dobro tudo o que ofertarem. 
mansão do edir macedo em Campos do Jordão  
    Então, se eu quisesse aparecer não iria fazer um blog sobre esquizofrenia. No post "sobre o blog "explico um pouco sobre os motivos que me levaram a escrever neste espaço. Não sou um cara inteligente, mas também não sou um retardado como os fãs da comunidade me xingaram. Acho que é um mito dizer que todos os portadores de esquizofrenia tem uma inteligência acima do normal. Pela minha convivência com outros portadores, cheguei a conclusão de que existem portadores com inteligência acima da média, outros na média, outros um pouco abaixo. Outra coisa que me incomoda um pouco é que esquizofrenia seja sinônimo de agressividade ou então que o portador come suas próprias fezes. Claro que em alguns casos o portador pode se tornar agressivo, principalmente se não receber um tratamento digno, ou então se abandonar os medicamentos. Não estou aqui para dizer que somos santinhos, dignos de pena e tudo. Para mim, se o portador abandonar o tratamento por conta própria e cometer um crime, deve ser responsabilizado pelos seus atos. E, com relação a comer fezes, pode sim chegar a esse ponto, se forem abandonados nesses lugares hediondos que alguns tem coragem de dizer que são hospitais psiquiátricos.

    Não duvido que uma pessoa internada nesse tipo de " hospital psiquiátrico" não custe mais do que cem reais aos cofres do governo. Eles não tem roupas adequadas, alimentação, higiene, etc. Com certeza, o dinheiro que é repassado a esses hospitais devem cair em mãos erradas, isso quando as prefeituras ou o estado ou seja qual o órgão responsável faça o repasse das verbas para o tratamento dessas pessoas. Agora, para os presos mesmo não falta verba, chegam inclusive a fazerem greve por causa da qualidade da comida. Pelo que as pessoas comentam, cada preso custa em média 1200 reais por mês aos cofres do governo, me corrijam se eu estiver errado, creio que seja até mais, pois faz bastante tempo que ouvi esse comentário. O pior de tudo é que se o preso tiver contribuído para o INSS(instituto nacional da sacanagem social) a família ainda tem o direito a uma boa grana, acho que o valor depende do número de filhos que o criminoso tiver. E as pessoas que estão realmente doentes? 
   Mas quem custa mais ao estado são os verdadeiros bandidos(os de Brasília) que, indiretamente, matam milhares de pessoas em todo o Brasil, por que a verba, que era para ser usada na saúde e educação, vai parar nos bolsos desses "elementos", não vou digitar aqui o que pensei por que é impublicável. 
    Então digo e repito, não quero aparecer. Só não quero ser rotulado. Se ser rotulado já é algo que te prende, ser rotulado erradamente é pior ainda. Não sou agressivo, e na fase mais crítica dos surtos, não fiz mal a nenhuma pessoa sequer, pelo contrário, achei que seria melhor tirar a minha própria vida.  Como disse um dia a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, o portador de esquizofrenia faz mais mal a si mesmo do que a outras pessoas. Segundo pesquisas, cerca de 30% dos portadores tentam o auto extermínio, sendo que 10% concretizam a tentativa. 

    Sempre prefiro dizer portador de esquizofrenia do que "o esquizofrênico". O termo esquizofrênico soa como um rótulo, como se todos nós, portadores, fossemos idênticos. Existem alguns comportamentos que são bastantes comuns aos portadores, devido as alucinações e pensamentos de perseguição. Um comportamento bem comum é o isolamento, mas conheço portadores que são bem comunicativos. Mas cada portador tem a sua maneira de ser e de se expressar, não somos um diagnóstico, temos nossas qualidades e defeitos como qualquer ser humano. E a esquizofrenia não é só um problema biológico, quando dizem que o excesso de dopamina no cérebro possa ser uma das possíveis causas dos surtos. Temos que levar em conta os fatores ambientais, que de uma maneira simples é a vida e o ambiente que cerca o portador. E, para complicar mais ainda, tem a parte psicológica, o que torna a esquizofrenia ainda difícil de ser tratada completamente. Então, repito uma frase do autor do livro "Cadê a minha sorte?": "Não existe a esquizofrenia, e sim as esquizofrenias". 
    Certa vez, um amigo meu, duvidando que eu tinha esquizofrenia, só por saber usar o computador, me fez o desafio:
    - Se você é louco, então rasgue essa nota de dez reais!
    - Cara, eu até posso ser meio louco, mas burro eu não sou né? respondi brincando.
      Bem, resolvi parar de tomar a sertralina. Estava com insônia e emagreci um pouco. Espero que a mulherada não fique animada e saia por ai comprando sertralina para emagrecer. Esse antidepressivo mexe um pouco com a química do cérebro, sem contar que pode ocorrer vários efeitos colaterais e reações adversas. Me lembro que, um dia, na fila do posto de saúde para pegar o meu "pan" de cada dia, vi uma mulher toda eufórica e feliz por ter conseguido a receita para a fluoxetina, que muitos dizem que ajuda a emagrecer. Provavelmente ela não sabe que a bula desse medicamento mais parece um pequeno livro de histórias. 
   Eu tive um efeito colateral terrivel com a sertralina, que foram contrações involuntárias dos músculos. Chega até a ser um pouco engraçado. A sensação é de que alguém está espetando a gente com uma agulha ou algo parecido. Ou então é que estamos levando um choque de 110V. Então, se você é cabeleira(0) nem pense em tomar para não ouvir reclamações de seus clientes. rsrsrsrs A contração vem quando a gente menos espera, se bem que ela ocorre geralmente nas pernas quando estamos deitados. 
    Hoje estou fisicamente bem sem a sertralina, estou tomando o ômega 3 e estou um pouco mais bem disposto. No começo, houve que um tipo de crise de abstinência, pois fiquei com tremedeira nas mãos. Cheguei a pensar que iria ficar dependente desse remédio e que iria precisar de tomá-lo a vida inteira. Mas, depois de alguns dias tudo voltou ao normal e agora não quero ficar mais por ai experimentando remédios sem ajuda de um psiquiatra. 
    É o que eu digo sempre: remédios para dormir e antidepressivos não irão resolver os problemas que estão tirando o seu sono ou o que está te deixando triste. 
    Bem, por hoje é só. Por favor, não se esqueçam de denunciar a comunidade, faça a sua parte, pessoas como essa não merecem ter um perfil no facebook ou em qualquer rede social. 
       Muita saúde e paz a todos e espero nos muitos e muitos posts em 2013, mas falando sobre assuntos mais interessantes e relacionados com a esquizofrenia. 
-obs: após terminar o post, fui tentar divulgá-lo nos grupos do facebook e fui bloqueado por dois dias. Agora a comunidade pode fazer coisas como a imagem acima que é considerada normal por eles. Vá entender essas regras do facebook.