segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Divagações esquizofrênicas


"descansando no parque"

    No mesmo parque, no mesmo banco. Há cerca de quatro meses atrás estava fazendo a mesma coisa que estou fazendo neste momento: escrevendo um post, sem um assunto definido, neste agradável parque ecológico de Belo Horizonte.
    Só que estava mais animado, há poucos dias dormindo no abrigo São Paulo. Ficar montando e desmontando barraca todo dia também cansa, além de ser um pouco perigoso dormir nas ruas de Belo Horizonte, que dizem ser a capital mais perigosa para moradores de rua. Sinceramente não acho isso. Para mim não existe um grupo de extermínio, supostamente contratado por donos de lojas cansados de verem moradores de rua fazendo necessidades na porta de seus estabelecimentos. Ao ler os jornais, dá para se constatar que o motivo das brigas entre os moradores são as drogas, tanto as legais como as proibidas.
    Por isso não tenho tanto medo assim de morar nas ruas de BH. Não me envolvo em confusões e não sinto a menor necessidade de consumir drogas de nenhum tipo. Quer dizer, quase nenhuma, já que o chocolate e outras guloseimas alteram o funcionamento do cérebro(aquele lance da serotonina), nos  deixando mais animadinhos, e isso pode ser considerado uma droga.
    Por falar em animação, não estou muito animado esses dias. Só quero fazer uma coisa: dormir o dia inteiro. Será o horário de verão? Ou a rotina de um morador de albergue, com horário para tudo?
   Acho que são esses dois fatores juntos. Eu sempre detestei o horário de verão, mas no final acabava me acostumando com ele. Mas agora as coisas são diferentes: o pessoal do albergue não dá mole não, o horário para se acordar continua o mesmo: cinco horas da manhã, faça chuva ou faça sol. Até o galo do vizinho insiste em cantar no horário antigo...


    Deixei para caminhar e me exercitar na parte da tarde. De manhã deixa de ser um prazer para virar uma obrigação. É uma obsessão saudável minha, essa que tenho em relação ao peso. A balança tem que estar entre 82 e 83kg. Não me importo mais se as pessoas me acham magro ou gordo demais, me preocupo mais com as minhas taxas de triglicerídeos e de colesterol, além de me sentir bem, é claro. Vontade de escrever também já não tenho, atualmente não estou publicando posts toda semana. Hoje fui na padaria e tomei um generoso copo de café, dois pães com manteiga, um pão de queijo e um chocolate de sobremesa(diamante negro). Fiquei mais animado e resolvi escrever este post, mesmo sem ter um assunto definido. É um post simples, sem nada planejado, vou escrevendo e pronto, o que sair, saiu. Por isso se chama divagações esquizofrênicas. Mas será que estou precisando de me drogar para ter vontade de escrever alguma coisa?
     Cheguei a tentar fazer alguns bicos, de trabalho pesado. Não tenho receio de publicar isso, mesmo sendo aposentado pelo INSS. Já estou com 45 anos e sei que não aguento mais serviços pesados. Ainda tenho essa paranoia de que as pessoas querem a qualquer hora inventarem alguma coisa para que eu perca o meu benefício. Tentei fazer uns bicos para comprar um celular, mas resolvi desistir. As dores físicas era um problema, mas pude perceber que estava começando a enxergar inimigos quando trabalhava. Imaginava que os meus colegas do abrigo estavam contra mim no trabalho, tentando me derrubar, etc. Pensava que falavam mal de mim para o chefe. E isso é um problema e tanto. Parei de conversar com os caras no segundo dia. Dizem que a medicação resolve isso, mas e a lentidão e o desânimo que ela causa? Penso também que o pessoal do abrigo e mais o mundo inteiro querem me denunciar para o INSS, inventando algo para tirar a minha aposentadoria. Tenho a consciência tranquila que apenas estou recebendo um direito meu, pois, enquanto tive condições, trabalhei e muito. Aliás, ficava deprimido quando chegava o mês de janeiro, pois era uma época de pouco serviço para a área de sonorização.
    Talvez a rotina seja desanimadora. Às quatro da manhã(no horário de verdade...) me levanto, tomo um banho frio para acordar e tomar o café. O banho na parte da manhã é proibido, dá até advertência para o infrator. Me seco com o lençol da cama, acho que o monitor sabe que faço isso, mas deixa passar essa pequena infração. Depois do café geralmente vou para o parque, escutar os sabiás, bem-te-vis e outros pássaros cantarem. Me sinto em casa nesta pequena reserva ecológica: poucas pessoas, muitas árvores e tranquilidade. De manhã ouço todo dia o programa "emoções" na rádio América, que toca as músicas do Roberto Carlos, principalmente as mais antigas, com a qualidade de som precária, com os instrumentos antigos. Mas acho legal essas músicas nas versões antigas, ainda mais quando estou meio nostálgico.
    Às onze horas almoço no restaurante popular. Antes passo no pequeno supermercado do bairro para tomar o meu yakult do dia a dia.  Depois do rango, se conseguir não comprar nenhuma besteira para me empanturrar, volto para o parque e fico por lá até as cinco horas da tarde, para voltar para o albergue.
    Lá pelas onze horas escuto um programa no rádio que toca música clássica por uma hora e meia. É uma sensação diferente escutar esse tipo de música entre as árvores do parque.
   De noite é muita fila no abrigo. Fila para entrar, fila para deixar a mochila no guarda volumes e pegar a toalha. Uma longa fila para o banho e mais uma para entregar a toalha. Depois a fila para o jantar e um outra para pegar o lençol para forrar a cama.
    Depois das filas é hora de dormir. Ou melhor, tentar dormir. Pode conversar e deixar a luz acesa até as nove horas da noite.
    Dormir no abrigo é um exercício e tanto de paciência, acho que é um teste de convivência. Tem um cara lá que comprou uma caixinha de som do Paraguai que tem entrada para cartão de memória, rádio FM e tudo mais. Só faltou a saída para fone de ouvido! E adivinhem o qual o gênero "musical" preferido do cara? Uma pista: é aquele que tem uma batida repetitiva e letras "muito inteligentes", sendo os temas principais a droga e a pornografia(não mencionei sexo pois isso é algo sadio e quase uma necessidade). Mas o cara é gente boa, pois não gosta muito de falar da vida alheia, o que eu considero uma qualidade e tanto.
    Me sinto um estranho no ninho em qualquer lugar, mas no albergue essa sensação é maior ainda, apesar de ter muita gente boa por lá. Como já disse anteriormente, há vários tipos de pessoas usando o abrigo: caras que estão à procura de emprego, vindos de vários lugares do Brasil, ex-detentos que não tem oportunidade de emprego, e outros que fogem só de ouvir essa palavra. Tem caras que estão no mundo das drogas e que tentam se livrar dela, e outros que não querem nem fazem nenhum esforço para se livrar do vício.. Têm mães solteiras, à procura de uma ajuda para cuidar de seus filhos. Tem um cara lá que é garçom e que sabe falar vários idiomas fluentemente e que está temporariamente desempregado.
    Também tem os chamados trecheiros no abrigo, que ficam andando por ai pelo nosso Brasil sem um destino definido. Eu gostaria de me tornar um trecheiro, andar por ai, sair da rotina, já que tenho a minha renda e nem um passarinho para cuidar. Quando morei quase um ano em um albergue de Ipatinga ficava com um pouco de inveja, ao ver os trecheiros entrando e saindo sem parar, indo para vários lugares do Brasil. Eu era considerado um pardal, por não sair do lugar. Não quero ser um pardal, já joguei muita coisa fora em prol da minha liberdade. Liberdade principalmente de ser quem eu sou realmente. Vou tentar alguma maneira de receber o meu pagamento pela caixa econômica, para poder retirá-lo em qualquer cidade do Brasil e até em casas lotéricas. Estou muito ansioso para que chegue o mês de janeiro, para fazer a viagem para São Paulo e percorrer os Passos dos Jesuítas Tenho um pouco de receio ainda de andar por São Paulo, acho que é perigoso, mas deve ser coisa de minha cabeça....

    Ainda ouço um pouco as vozes, mas ultimamente elas estão mais quietinhas. Não tenho vozes de comando, a maioria das coisas que ouvia eram pessoas me ameaçando e falando mal de mim. Hoje não dou muita importância a elas, mas às vezes fico em situações no mínimo estranhas, pois não sei se o que eu ouço é realidade ou não, então tenho que ficar calado em certos momentos. Tinha uma mulher lá no abrigo, que também usava os serviços do estabelecimento, que, quando me encontrava, ficava me olhando. Ela é bonita, alta e tem um corpo muito bonito. Me perguntava o por que de estar olhando para mim, era muita areia para o meu caminhãozinho. Sempre quando a encontrava ficava meio tenso, querendo conversar com ela. Certa vez ouvi uma voz dizer:
    - Se você não quer tem quem queira!
    Fiquei paralisado, não tinha certeza se era real ou não. E se fosse verdade? Mas e se fosse imaginação minha e eu conversasse com ela? Certamente me acharia um louco e por isso não dei muita bola para essa voz que ouvi e que até hoje não sei se foi real ou não.
    Também têm vários esquizofrênicos no abrigo, pelo que pude perceber com o tempo e a convivência. Aliás, o  índice de esquizofrênicos no abrigo é bem maior do que o da população mundial, que é de 1%. Acho que no abrigo atualmente tem uns cinco portadores, além de mim.
    Tem um esquizofrênico que frequenta o cersam, mas ele vive dormindo, quase não fala e dificilmente janta. Toma o medicamento por volta das sete horas e já vai dormir. Tem um outro, que é baiano, que parece ter umas viagens místicas, fazendo previsões e mais previsões, se dizendo vidente da "Tchecoslováquia de Salvador" e que veio da Nigéria. Disse que a Argentina irá ganhar a copa do mundo de 2014 e que o Brasil só será campeão em 2022 na França. Mas geralmente as previsões dele são sempre tragédias: assaltos, catástrofes, etc. Mas no geral o cara é tranquilo, não mexe com ninguém é só conversa com quem lhe dá atenção.
    Tem um outro cara que é esquizofrênico e que voltou agora a tomar os medicamentos. Disse-me que as vozes de comando voltaram e está com medo de surtar novamente. Expliquei para ele que talvez seja o ambiente do abrigo que o esteja deixando estressado e dei algumas dicas de como controlar a situação. Também fiquei conhecendo um outro portador de esquizofrenia, aparentemente normal, não apresentava sinais que tinha a patologia, não apresentava lentidão e se articulava bem. Só descobri que tinha a patologia quando o vi carregando uma sacola cheia de medicamentos. Um outro que conheci, foi um cara que ficava conversando e gesticulando sozinho, mas que é super tranquilo também. Como o albergue tem capacidade para 90 pessoas, o índice é de quase 7%, bem maior do que a média mundial. Mas a explicação para isso é bem simples: o abrigo, como o próprio nome indica, é para acolher e ajudar as pessoas, e nós, esquizofrênicos, em algum momento de nossas vidas precisamos de muita ajuda para tentar superar essa patologia complicada.
    Pude constatar, pelo dia a dia, que os esquizofrênicos dão uma lição de como se comportar em ambientes como do abrigo. Até hoje não vi nenhum problema ou confusão causado por nós. Já os ditos normais do abrigo costumam tomar suspensões e várias vezes já brigaram uns com os outros. Sem contar os temas das conversas, que geralmente são crimes e cadeia. Mas tem muita gente boa por lá, alguns são exemplos de vida, mas não irei comentar aqui por não ter autorização deles para isso.

Futebol
    O campeonato brasileiro de 2013 "acabou" faz tempo, sem muita festa por aqui. Esse título já estava definido há muito tempo mesmo. Muito previsível, com essa fórmula de pontos corridos: todo mundo joga contra todo mundo e quem fizer mais pontos ganha. Muito certinho e geralmente ganha o melhor. Alguns devem estar se questionando: mas isso não é justo? Claro que sim, parabéns ao Cruzeiro por ter sido o melhor time, por ter se preparado bem para o longo e difícil campeonato. Mas cadê a adrenalina, o frio na barriga dos jogos decisivos e importantes? O jogo dramático final, com a taça de campeão ao lado do gramado? Hoje em dia o time é campeão sem dar a volta olímpica com a taça, sem aquele jogo que é um verdadeiro teste para cardíacos! Mas não, os mais "inteligentes" preferem a fórmula dos pontos corridos, dizem que na Europa é assim e temos que copiá-los. Mas eles esquecem que na Europa é outro padrão de vida, e o dinheiro corre solto nos clubes. Até parece que os clubes brasileiros não estão endividados e que estão nadando em dinheiro. Olhem só a comparação de média de público entre um campeonato "mata-mata" e o campeonato de pontos corridos do ano de 2012.
antigo Maracanã lotado, isso sim era democracia


    Média de público do campeonato brasileiro de 1980: 20.792
    Média de público do campeonato brasileiro de 2012: 13.148
    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:P%C3%BAblicos_no_Campeonato_Brasileiro_de_Futebol

    Contra os números não tem como argumentar né? No dia em que o Brasil for um país justo, sem mensalões, e com as dívidas dos clubes pagas,  ai sim poderemos pensar em fazer um campeonato de pontos corridos, igual a Europa. 
    Os times que não tem chance de título estão fazendo jogos sem importância, verdadeiros amistosos, apenas para cumprir tabela. Estádios com pouco público, muito dinheiro jogado fora. A emoção deste campeonato está em ver quem irá cair para a segunda divisão...
    Depois eu que sou o doido...
    Saudações esquizofrênicas!

   Como neste post falei do Roberto Carlos e o uso de drogas, me lembrei de uma música dele que me identifico muito. Fala sobre as drogas. Não tenho vergonha de falar que sou um eterno careta. Viajo nas ondas do mar, fico louco para viajar por esses lugares lindos do nosso Brasil.



Abro a camisa e encaro esse mundo de frente
Olho p'ra vida sem medo sabendo onde vou
Digo que não que não quero
Passo batido, acelero
São outras coisas que mexem com a minha cabeça
Por isso
Esqueça.

Meu grande barato é o cheiro da brisa do mar
Me ligo na onda do rádio do meu coração
Viajo na luz das estrelas
Me sinto feliz só de vê-las
E fico contente de ser
Esse grande careta
Careta
Careta.

Droga quem afinal é você
Que está se entregando e não vê
Que a vida oferece outras coisas
Droga
Por tudo, por nada e porque
Nadar nessa praia pra que?
A vida oferece outras coisas.

Às vezes quem sabe de tudo tem mais pra saber
Que a porta tão larga na entrada se estreita depois
E quando lá dentro se apaga
A luz da estrada perdida
É duro esmurrar as paredes
Buscando a saída
De volta p'ra vida.

Talvez você ache uma droga essas coisas que eu falo
Mas certas verdades nem sempre são fáceis de ouvir
Não custa pensar no que eu digo
Eu só quero ser seu amigo
Mas pense no grande barato de ser um careta
Careta
Careta.

Droga quem afinal é você
Que está se entregando e não vê
Que a vida oferece outras coisas.

Droga, por tudo, por nada e porque
Nadar nessa praia pra que?
Você não merece essas coisas.

8 comentários:

  1. Olá Julio! trabalho em uma associação para portadores de esquizofrenia e outros transtornos do humor graves. achar seu blog foi... perfeito! adorei! Então, lá oferecemos oficinas de trabalhos manuais (pintura, artesanato, que eles vendem num bazar que organizamos no final de ano) e eu sou psicóloga dirijo um grupo terapeutico no qual abordamos varios temas como sexualidade, estigma da doença, relações familiares, drogas (apesar de lá todos serem "caretas" assim cm vc risos). Amh trabalharemos o tema Trabalho e quero abordar justamento o sentido subjetivo do trabalho, mto além de moeda de troca, mas cm produtor de sentido. Na real é isso que precisamos subverter, eles fabricam seus artesanatos na associação mas só focam em terminar logo e vender. Isso tá reduzindo e empobrecendo o que as atividades das oficinas se propõe a oferecer pra eles. Além disso tb observo cm o efeito da medicação é "cruel" pois na medida que previne um surto tb sufoca a diversidade humana que cada um tem dentro de nós. Afinal esses medos que vc tem (ser denunciado pro INSS etc.) todos nós temos só que seguramos a barra, nos ocupamos com outras coisas pra não se deixar dominar por isso enfim... Observo familiares com uma postura de desistencia frente aos esquizofrenicos e é evidente cm isso prejudica o prognóstico da doença. Poxa, queria te indicar um documentario, tem no youtube completo chama-se Estamira, uma esquizofrenia que se afastou da familia pra morar num lixão no RJ. Maravilhosa ve-la alterar momentos de uma extrema lucidez ácida até ir pra percepção delirante. É amigo, a linha que divide a lucidez da loucura é tênue... Abraço e continua firmão!

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    1. Olá, gostei muito do seu comentário e também pelo fato de ser uma psicóloga que procura ajudar de verdade os portadores de esquizofrenia. Percebo que muitas psicólogas e estudantes procuram se aproximar apenas para "colherem" informações sobre a patologia. Não acho nada demais nisso, só que elas poderiam ser sinceras e falarem a verdade, sem precisarem de dizer que querem ter nossa amizade. Eu já vi o filme Estamira, gosto muito de documentários, recomendo a todos que assistam. Obrigado e parabéns pelo seu trabalho.

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  2. Olá julio,

    minha esposa e eu gostamos muito de sua abordagem sobre esquizofrenia.

    Continue postando...
    Obrigado..

    mario lucio

    em dezembro possivelmente iniciaremos o último trecho da estrada real, o novo.

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    1. Olá Mário. Obrigado por visitar o blog também lendo as postagens sobre a esquizofrenia. Pensava em fazer dois blogs separados, um sobre as viagens e outro sobre a esquizofrenia, mas resolvi postar tudo junto, assim um maior número de pessoas poderá saber um pouco mais sobre a esquizofrenia. Parabéns por ter passado pelo caminho de Sabarabuçu, não é nada fácil andar por aquelas serras. Não deixe de postar sobre a sua viagem no caminho novo da estrada real. Abraços

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  3. Olá Julio!
    Acho que você está um pouco cansado de ficar ocioso, quando não faz suas viagens. Já pensou em fazer um curso de idiomas ou para aprender uma arte ou a tocar um instrumento? Na Casa da Cultura da sua cidade deve ter algum, eles oferecem (geralmente) cursos gratuitos. Não sei como é a sua situação quanto a trabalhar em equipes, devido a esquizofrenia, mas se consegue controlar, pode ser algo legal, nem que seja por um tempo.
    Quanto ao seu benefício,não se preocupe, no seu caso a perda só ocorre se você não tiver mais a doença, o que acho que não é possível, porque até aonde sei não tem cura para esquizofrenia. Você não trabalha porque tem uma doença que o incapacita para isso, e não poder trabalhar não é simplesmente capacidade de desempenhar a tarefa, envolve o convívio com pessoas, cumprir horários, ter um chefe, etc. O fato de você fazer bicos nunca poderá fazer com que não tenha o benefício, aliás, quase todo o aposentado faz bicos, alguns trabalham com artesanatos,etc, a maioria odeia ficar parado, tive professores com umas 40 aposentadorias cumuladas e ainda davam aula. Muita gente ganha benefício mesmo trabalhando (no caso o benefício social), porque a renda é curta e não é suficiente. Não há muito interesse, hoje em dia, em deixar pessoas na miséria. O INSS nem está para a vida das pessoas, não tem nem pessoal pra atender nas agências, quanto o mais para saber o que cada um faz, e nunca vi ninguém perder benefício por denúncia (e nunca vi denunciarem). Além disso, em muitos lugares os funcionários estão preocupados em fazer fraudes ou então em somente cumprir o horário ehehe... Já trabalhei muito com isso na Defensoria Pública. Ainda mais quando o benefício é pequeno, eles nunca incomodam.Só fique atento para as datas da perícia, que é a única coisa que pode fazer cancelar seu benefício por um tempo (se não comparecer a perícia para ver como está), mas mesmo nesse caso ele pode ser concedido novamente, só dá um rolo até marcar a nova data.
    Mesmo que as vozes que você escuta lhe incomodem com isso, ou a sua consciência, saber o que ocorre de fato pode ser um pouco mais tranquilizador.

    abraços e obrigada pelos textos, são sempre excelentes.

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    1. Obrigado pela visita ao blog e pelas dicas. Pode parecer brincadeira, mas realmente fazer nada cansa, principalmente a mente. Vou dar uma olhada aqui na casa da cultura para ver se tem algo para ocupar a minha mente. Hoje mesmo fui ao centro de convivência para pessoas com transtornos mentais, e a assistente social pediu para que voltasse na segunda feira. Os dias são todos iguais, realmente tenho que fazer algo, mesmo que não ganhe nada ou pouco dinheiro com isso. Abraços

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  4. Olá Julio, tudo bem?

    Cara, muito bom seus textos, me senti nesse alberque com sua descrição.
    Há tempos não acompanho futebol, talvez por essa falta de estrutura e pelas maracutaias que ocorrem. Além do mais, esse sistema de pontos corridos é muito sem graça.

    E quando tiver em SP, se quiser e se puder, poderíamos marca um trilha por aqui.
    Abraço e boas caminhadas.

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  5. Olá Carlos, obrigado pela visita ao blog. o futebol atual, para quem viu os verdadeiros craques jogarem, está meio sem graça, muita correria e pouca categoria, além da politicagem. Em janeiro do ano que vem vou fazer os passos dos jesuítas, de Peruíbe até Ubatuba, são 370km. Se você estiver a toa, seria uma boa fazermos a trilha, pois não conheço muito bem São Paulo. Se não der para fazer o caminho todo, dá para combinarmos de fazermos apenas um pedaço, ai eu sigo o resto sozinho mesmo. Abraços

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