sábado, 23 de maio de 2015

Divagações esquizofrênicas 9

 
 
 No último dia 17, quando fui pegar o resultado do hemograma, vi uma enorme fila no posto de saúde. No início dela havia uma mulher aplicando uma vacina nas pessoas. Como bom hipocondríaco que sou, não pensei duas vezes e entrei na fila.
  Quando chegou a minha vez a "vacinadora" me fez uma série de perguntas:
   - Quantos anos você tem?
   - Trabalha na área de saúde?
   - Tem alguma comorbidade?
   Como não preenchi nenhum dos requisitos básicos, não consegui tomar a vacina, apesar de fazer cara de pidão para a vacinadora...
    A vacina em questão é para a gripe, e o público alvo são os idosos, crianças, trabalhadores da área de saúde, população indígena, etc. Mas deveria ter uma cota para os hipocondríacos, pois sempre sobra muito desse tipo de vacina, por que muitas pessoas que fazem parte do público alvo tem uma certa rejeição, por preconceito e falta de informação... Pensam principalmente que irão ter uma reação alérgica grave, ou que poderão ficar doentes, pois a vacina nada mais é do que os próprios vírus enfraquecidos e detonados, que estimulam o organismo a produzirem as defesas.
   Sai do posto meio frustrado, pois não quero e nem posso pensar em ficar doente. Quem tem família, até que a dor é amenizada quando uma forte gripe aparece. Sopinha na cama, ficar o dia inteiro na cama assistindo televisão, suquinho, etc. E a mamãe medindo a temperatura corporal...
   Eu tenho que me virar, quando fico doente é complicado. Me lembro que, quando ainda estava nas minhas andanças, cheguei a pegar uma forte dengue. Estava em Belo Horizonte, morando por ai na minha barraca de camping. A cabeça começou a doer muito, as articulações também, enfim tudo doía. Fora a moleza, a lesmeira geral que tomou conta do meu corpo. A mochila parecia estar pesando mais de 150kG! O jeito foi pegar um pedaço de papelão, me deitar na calçada e pegar a minha manta para me cobrir, pois também estava com febre e calafrios.
    Fiquei um bom tempo pensando no que fazer. Era sábado, os postos de saúde estavam fechados e teria que ir em uma UPA ou então em um hospital qualquer. Mas não iria conseguir andar muito com a mochila e com a moleza que estava sentindo. O jeito foi me deitar e descansar.
    De repente uma ideia surgiu do nada em minha cabeça: O SAMU! Liguei então para o 132 e, a princípio os caras não queriam me ajudar, alegando que o serviço era somente para emergências. Expliquei então melhor a situação e, após uma hora, eles chegaram. Foi a salvação, não iria conseguir chegar à lugar nenhum naquele estado e com a mochila nas costas.
    Fui levado para uma UPA que não conhecia, por volta de uma hora da tarde. Nos corredores, muita gente passando mal: uma senhora de idade vomitando à todo instante, uma linda loira deitada em uma maca com aquela cara de quem não está muito bem e que recusou o jantar. Havia também um senhor de idade reclamando que estava há dois dias naquele lugar e que não era liberado. Enfim, um caos, dos cinco médicos que eram parar estar no plantão, apenas dois estavam trabalhando...
    Dei um piti quando uma mulher bem vestida aparentando estar bem foi atendida na minha frente. Parecia que ia para uma festa. Ai comecei a reclamar, disse que a prioridade era para quem estivesse com dengue e comecei a dar uma de chato, pois notei que quem fica muito quietinho nestas situações é atendido por último. Cheguei a pegar algumas folhas no balcão para ver se o meu nome estava constando, só para pressionar mesmo e para que elas quisessem se verem livres da minha persona no grata. Até que deu resultado, fui atendido por volta das dez horas da noite, e, depois de tomar o soro e o paracetamol já estava me sentindo bem melhor...

O hemograma
e a luta continua...
   
     Conheço bem o meu organismo. No sedentarismo que me encontro, e com a comilança desenfreada de besteiras, já estava prevendo que os meus triglicerídeos estariam altos, algo em torno dos 400mg. E quase acertei, quando abri o resultado constatei que sou bom nessas coisas, pois o meu sangue está com 490mg dessa gordura indesejada. O restante está em ordem, todos aqueles numerozinhos estão dentro dos valores limítrofes: os monócitos, os basófilos, os neutrófilos, etc...
    Nem vou me consultar com o médico, pois sei que ele irá me receitar a sinvastatina. Os médicos deveriam, além de dar a medicação, conselhos para evitar que o problema ocorra. Não quero detonar o meu fígado, e vou fazer alguns cortes no meu orçamento (que nem a dilma) para voltar a tomar o ômega 3. Com essa gordura do bem, já consegui abaixar uma vez os níveis de triglicerídeos de 580mg para 270mg! Claro que também passei a fazer exercícios físicos e dei uma maneirada na comilança desenfreada de besteiras... 
    Passei a me sentir muito mais disposto, mais ágil e com o raciocínio mais rápido. O sangue sem as gorduras do mal fica mais leve, e flui com mais facilidade, exigindo menos esforço do coração para bombeá-lo para todo o nosso organismo. Até "naquilo" o ômega 3 ajuda, pois as artérias começam a ficar mais liberadas e ai o sangue flui com mais facilidade e melhorou a minha disposição nesta área. 

Enziplus

    Ganhei uma mini geladeira para carro. Aqui onde moro tem uma "geladeira comunitária", mas um cara praticamente assassinou a coitada que fica na cozinha. Um indivíduo meteu a faca na geladeira, por que a carne congelada estava presa no gelo. Só que ele errou alguns golpes, ferindo gravemente a coitada da geladeira, e o seu gás acabou escapando pelas perfurações e agora não funciona mais.
    A dona do imóvel nem quis saber, queria que todo mundo pagasse o conserto da geladeira, que fizéssemos uma vaquinha para pagar o técnico, sendo que o orçamento ficou em 240 reais e cada um teria que desembolsar 50 reais para ter a geladeira funcionando novamente.
    Claro que não aceitei a proposta. Quando a proprietária me propôs a vaquinha, fiquei calado, pois ela sabia quem foi o assassino da geladeira, pois eu não faço comida, a não ser ovo cozido e miojo. Creio que ela entendeu o meu silêncio, fiquei calado para evitar polêmica. Não posso pagar pelo erro dos outros, ainda mais um erro grosseiro desses. O cara mete a faca na coitada e eu tenho que pagar o conserto? Quando ela estragou, nem tinha ideia do que estava acontecendo, só vi que estava fazendo um barulho estranho e que havia deixado de gelar. Para mim, ela estava fazendo o degelo automático, não tenho muita experiência em geladeiras, pois sempre tive frigobar mesmo.
    A mini geladeira que ganhei é ótima, da marca Black & Decker. Pensava que ela só conseguiria no máximo manter a temperatura do que fosse colocado nela. Ou seja, para conseguir uma água gelada, teria que colocar em uma geladeira para depois colocar na mini geladeira. O cara que me passou essa mini geladeira disse que ela estava com um mau contato. Então refiz todas as soldas e fui atrás de uma fonte de 12V. Como a grana estava curta, corri atrás e postei em alguns grupos do facebook que estava precisando de uma fonte. Não demorou dois dias e um cara gente boa me disse que poderia pegar uma em seu local de trabalho! 
    No dia seguinte fui buscar a fonte e, quando cheguei em casa logo a liguei na mini geladeira que, para a minha felicidade, começou a funcionar perfeitamente. E ela não só mantem a temperatura dos produtos, ela chega a gelar também, a água ficou bem geladinha depois de uma hora. Existem muitas pessoas boas no mundo, e creio que sejam a maioria. Acho que o mundo ainda não está no seu final, o bem sempre vai prevalecer contra o mal. 
    Agora estou podendo tomar o enziplus, que é um ótimo produto natural, já citei aqui no blog umas três vezes. Estou me sentindo mais disposto fisicamente e, consequentemente, psicologicamente também. A digestão está melhor, parece que o aparelho digestivo volta a funcionar como éramos mais jovens. E com isso tudo fica melhor. Parece que todos os órgãos funcionam melhor também, não sei explicar qual tipo de mágica que esse produto causa em nosso organismo. Só tomando para saber. Gostaria de deixar bem claro que não trabalho para o fabricante do produto, mas só estou compartilhando algo que me fez e me faz muito bem.
    Também vou voltar a tomar o cloreto de magnésio. Ele me deixou menos ansioso, me ajudou a dormir melhor e até estava começando a melhorar o meu dedão machucado. O cloreto de magnésio é ótimo para as articulações. Comecei a tomar também o colágeno também, para melhorar de uma vez esse dedão. O colágeno também é bom para as articulações. O médico mandou que eu colocasse o pé debaixo do chuveiro na água morna que o problema seria resolvido. Isso foi à sete meses atrás...
Depois ainda temos que ouvir que não podemos nos automedicar e que não devemos procurar os farmacêuticos... Mas como se nem somos atendidos nos postos de saúde? E, quando somos, não temos um bom atendimento? 
    No último post estava muito mal, nem tive ânimo para escrever qualquer coisa no caderno para postar no blog. Apenas abri o blog e digitei aquelas palavras que apareceram em minha mente naquele momento. Acho que foi a primeira vez que postei quando não estava me sentindo bem, talvez seja por isso que muitas pessoas pensam que resolvi o problema da esquizofrenia em minha vida. 
   A questão do tédio é um ciclo vicioso. Estamos desanimados fisicamente para tentar sair da rotina, e então o tédio aparece e nos deixa mais desanimados ainda. E o contrário também acontece. Estamos entediados, não achamos graça em nada, não procuramos nos exercitar, ocupar a mente, e ai começamos a sentir isso na parte física. Temos que estar bem fisicamente e termos a vontade de realizar certas coisas para sair desta situação. 

Central de Downloads do Esquizo

     Esta semana estou disponibilizando na CDE o livro "Reflexões de um Esquizofrênico" de Fraklin Mano. De início, pensei que se tratava de um relato de um portador de esquizofrenia, a sua relação com o transtorno, os perrengues, etc. Mas, como o próprio título sugere, o que está no livro são as reflexões de um portador de esquizofrenia sobre vários temas, e não sobre esquizofrenia. Achei muito interessante, ainda não o li por completo, mas vale a pena ler. Abaixo algumas de suas reflexões, em relação ao nosso país:

Os brasileiros levam a corrupção a sério
O Brasil é país onde a população mais leva a corrupção a sério, pois vão até as últimas consequências para legalizá-la e concretizá-la através do voto.

Ficção Brasil
É complexo sobreviver em um país onde frequentemente as agências dos correios e bancos entram em greve e a saúde, educação, segurança e transporte públicos não passam de ficção.

Subserviência hereditária
A escravidão acabou, mas a subserviência no Brasil é hereditária.

Indultos aos presidiários
Preso é preso e pronto. Depois de cumprir toda sua pena pode comemorar quantas datas quiser, antes disso, o Estado ao dar indultos, é cúmplice da reincidência.

    Como a maioria deve saber, para acessar a Central de Downloads do Esquizo basta clicar na imagem ao lado direito superior da página. 


Inclusão de pessoas com deficiência psicossocial no mercado de trabalho
 
    Outro dia, nas minhas andanças pelos grupos do facebook, me deparei com um post com o título parecido com o que estou postando agora.
    Antes de tudo, o que é uma pessoa com deficiência psicossocial? É a mesma coisa que uma pessoa que tem um transtorno mental?
    Quem tem um transtorno mental e já passou pelo pior, e que se encontra estabilizado, porém com algumas sequelas, pode ser chamado de deficiente psicossocial. As sequelas podem ser o isolamento, a desconfiança, e outros pensamentos e comportamentos. Ou seja, o indivíduo tem alguns resquícios do transtorno, mas já não tem crises e surtos, ou seja, tem algumas condições de ingressar no mercado de trabalho. 
    Então foi regulamentada uma lei que equipara os portadores de diversos transtornos mentais aos deficientes com o intuito de terem acessos aos mesmos benefícios no mercado de trabalho. Uma empresa com mais de cem funcionários tem a obrigação de ter um certo número de empregados com deficiência. Então a partir da data em que a lei foi regulamentada, portadores de vários transtornos mentais podem tentar voltar a trabalhar: portadores de esquizofrenia, depressão, síndrome do pânico, síndrome de asperger, autismo, paranoia, síndrome de Rett, dentre outros. 
   No meu caso em particular, sou sincero. Sempre trabalhei como operador de som, e gostava do que fazia. Não importando se trabalhasse principalmente nos finais de semana e feriados, pois aquilo era também uma diversão para mim. Gostava de festas, música, shows ao ar livre. Me sentia útil fazendo parte da festa, mesmo não aparecendo. Operador de som é igual juiz de futebol, se não aparecer para a galera, é sinal de que o serviço está sendo bem feito. Mas, a partir do momento em que a esquizofrenia apareceu em minha vida, tudo mudou. O contato com as pessoas passou a ser um stress para mim, sem contar que não suporto mais som alto. Até tentei voltar a fazer alguns bicos, fazendo serviços simples. Mas o problema não era a quantidade de canais e microfones utilizados, e sim a quantidade de pessoas que compareciam ao evento. Me lembro que fiquei muito mal ao fazer um pequeno serviço (voz e violão) em uma reunião. Mas o salão estava lotado, e o som me incomodava muito, hoje em dia não tenho muita referência se o som de um show está bom ou não. Qualquer som, principalmente os agudos, me irritam e muito, parecem que entram para dentro de minha mente. Me lembro que neste dia que fiz o serviço comi uns trinta pedaços de bolo e pão de queijo, para me acalmar, pois havia muitas pessoas naquele evento. 
    Me lembro também que fiz uma festa de aniversário e comi uns cinquenta doces de chocolate. Não era brigadeiro não, festa de rico não tem brigadeiro, beijinho etc.  Tem outros doces com nomes mais sofisticados, mas no final é tudo a mesma coisa, chocolate, leite condensado, etc. E a tensão foi tão grande que comi os doces antes do jantar. Ninguém estava pegando os doces na mesa, só eu mesmo, que tentava disfarçar, passando toda hora perto da mesa e pegando um doce, mas uma mulher ficava lá para vigiar, mas não dizia nada. Só depois de ficar empazinado é que me acalmei...
    Vi que não compensava passar por estas situações, e que poderia voltar a ficar mal novamente. Mesmo ganhando um salário mínimo, resolvi que o melhor a ser feito era parar com a carreira de operador de som, evitando assim o stress, que é um dos principais desencadeadores de um surto psicótico. 
    Não pensem que eu gosto de vida boa, ficar o dia inteiro no pc e na tv. Queria fazer algo, ganhar um salário hoje em dia não está dando para fazer muita coisa. Mas não sei o que fazer, existe algum serviço que se possa fazer sem que eu tenha que entrar em contato com muitas pessoas? Serviço pesado já não aguento mais, já estou quase na casa dos 50...
    Quem se interessou pela chance de voltar ao mercado de trabalho, abaixo estão os links que achei mais interessantes sobre esta nova lei:
   O INSS também conta com um apoio a quem pensa em retornar ao mercado de trabalho, depois de ser aposentado por invalidez. Eu não penso em fazer isso, pois sinceramente não sei em que posso trabalhar. Não creio que um simples medicamento vai resolver todos os meus problemas e paranoias sem me detonar fisicamente. E moro sozinho, se eu tiver uma recaída não quero passar por tudo o que já passei, morando nas ruas. Já cheguei a ficar três dias em um asilo quando surtei no trabalho. Já cheguei a ficar praticamente um ano em um albergue, onde aparecia todo tipo de pessoas: as com boas intenções e os que não tinham intenções e os que tinham más intenções, os que tinham acabado de sair da penitenciária, e por ai vai. Não é comodismo, é uma situação complicada em que não consegui encontrar uma solução ainda...
    Não esqueçam de votar na enquete sobre este assunto, no lado superior direito da página. Também tem outras enquetes para serem votadas, gostaria de saber a sua opinião sobre os assuntos postados no blog. Obrigado pela participação e pela visita de todos.

Luto

    O matemático norte-americano retratado no filme “Uma mente brilhante”, John Nash, faleceu na tarde deste sábado (23) em um acidente de carro.
    Segundo relatos, Nash, que tinha 86 anos, havia acabado de retornar da Noruega com sua esposa Alicia, 82, quando o táxi em que estavam se acidentou em uma rodovia de Nova Jersey. Os dois faleceram antes mesmo de chegar ao hospital. O motorista do táxi e o motorista do outro carro ficaram feridos.
    Os trabalhos do vencedor do Nobel de 1994 e sua luta contra a esquizofrenia foram retratados pelo personagem estrelado por Russel Crowe no premiado filme de 2001. O ator, inclusive, disse estar chocado com a morte do casal e manifestou solidariedade às suas famílias.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Novo preço dos livros

   
       Devido ao aumento de preço dos serviços das gráficas, infelizmente fui obrigado a repassar o valor dos livros que publiquei.
   - Livro Mente Dividida: 32 reais
   - Divagações esquizofrênicas: 37reais
   - Quem adquirir os dois juntos vai ter um desconto, e o preço final, ao invés de 69 reais, será de 65 reais apenas. As despesas de correios já estão incluídas.
    Já em PDF os valores continuam os mesmos: 7 reais cada um e 12 reais os dois juntos.
    O procedimento é simples, para obter maiores informações sobre como adquirir o livro, basta enviar um email com o assunto "livro", para:
    juliocesar-555@hotmail.com
OBS: quem adquirir o livro próximo ao quinto dia útil do mês receberá um desconto de 5 reais em cada livro pois nesta data sempre vou ao centro da cidade de Belo Horizonte. E também fazendo vários pedidos, o preço da impressão diminui um pouco.


   

sábado, 16 de maio de 2015

O tédio que enfraquece

    Acordo por volta das oito e meia da manhã, não levanto da cama. Tomo dois copos de água em jejum, pois deixo um pet do lado da cama. Espero mais meia hora e tomo a minha "ração diária": leite de soja, gérmen de trigo, aveia, linhaça, fibra de trigo. Tomo depois um cafezinho no barzinho em frente ao local onde moro.
    Depois, net e volto pra cama. O tempo voa, já que tenho que sair de casa para ir almoçar no restaurante popular. Compro pães para dois dias, assim é uma saída a menos de casa. Baixo alguns filmes na net e assisto pela tv. Abro os emails e até reviro o lixo, mas não encontro nada além de propagandas, emails com links suspeitos e não paro de receber emails no meu próprio nome e um que vem com o nome de viagra...
fico revirando até o lixo dos emails...

    Esse é o resumo da minha vida atual. O tédio mina as minhas energias, levando a minha hipocondria à um grau maior. Fiz um hemograma completo, e sei que todos aqueles numerozinhos irão estar dentro dos valores limítrofes, com exceção dos triglicerídeos. Não estou tomando o ômega 3, a grana vai toda para o aluguel.
   O tédio aliado a uma alimentação não muito saudável me levam a este estado lastimoso, sem ânimo para nada. Nem para escrever, nem preparei o que estou escrevendo neste momento. Pela primeira vez estou escrevendo algo que aparece em minha mente na hora e digito no blog. Sempre preciso da  caneta e papel para escrever melhor.
     Fico com saudades das minhas andanças. Ainda tenho saúde para completar o restante da estrada real. Falta fazer o caminho dos diamantes e o caminho novo. São cerca de 900km que ainda restam para fazer para completar todos os caminhos da estrada real. É uma luta contra o tempo. Sei que daqui há alguns anos não irei ter energia para sair por ai pelos vales e montanhas de Minas com mais de 10kg nas costas e a pé.
    Com muito custo consegui comprar o notebook, a TV e o home theather. Mas, e daí? Hoje minha vida se resume a olhar as notificações do facebook e a baixar alguns filmes da net, por que a programação da tv aberta é pior do que aqueles filmes do youtube na resolução de 240p.

   Alguns grupos do facebook são o próprio muro das lamentações, só que virtual. Perguntas sem sentido para os males desse mundo atual, reclamações dos medicamentos que não resolvem muita coisa... Sai de alguns grupos e estou evitando situações negativas neste mundo virtual.
    Por falar em youtube, quando abro esse site ai que tudo fica sombrio em minha mente. Vídeos de um tal de lucas luco, mc bebê, mc pitinho e por ai vai.
     Esses caras devem pagar uma boa grana para a google para sempre aparecerem na página inicial.
     Estou com saudade das andanças, do ar puro, das paisagens, do povo do interior de Minas. Se não fosse a violência que anda assolando as cidades, estaria morando em minha barraquinha até hoje. Não saber como vai ser o dia de amanhã é o que me dá energia. O tédio corroi a minha mente, e, com isso, o físico também sofre.
    O que mais estou gostando de assistir na TV atualmente são o programa do Datena, polícia 24 horas, operação de risco e outros do gênero. Meu prazer está sendo ver os bandidos se darem mal e serem presos. Hoje em dia todo mundo está com medo de todo mundo nos centros das grandes cidades, por causa desses caras que só pensam em se dar bem com o trabalho dos outros.

    No facebook, perguntam como se chama o chup chup em minha cidade. E o pior é que dezenas de pessoas respondem: sacolé, geladinho e por ai vai...
    Não sei o que faço, mas sei que tenho que fazer algo, o tédio é sufocante e a bateria está se esgotando, sou movido à novidades, não quero passar o resto da minha vida em frente do notebook.
Os vizinhos dos quartos onde moro são meio folgados, não limpam o que sujam. Banheiro eu lavo uma vez por mês, para ver se eles desconfiam que também precisam lavar, mas até hoje não se deram conta disso. É meio que um big brother, um falando mal do outro, mas quando eles não estão. Por isso que prefiro ficar no meu canto. Todo lugar sempre tem aqueles baba ovo, e aqui não é diferente...
    Tentei tirar o passe livre, para ver se consigo melhorar a qualidade de minha vida, para fazer cursos e passear por ai. Demorou seis meses para a perícia ser realizada. Tive que contar quase toda a minha vida para o psicólogo que, no final me disse que a decisão será por conta da BHTRANS, empresa que gerencia o transporte público aqui na capital mineira. Deve demorar mais uns três meses para sair o resultado. O engraçado é que o psicólogo me perguntou onde estava o meu acompanhante. Respondi que sempre gostei de andar sozinho, e que a esquizofrenia leva ao isolamento. Tenho esquizofrenia, e não tenho déficit mental que me incapacita a andar e pagar uma passagem de ônibus. Ter consciência do transtorno ajuda, mas não alivia em nada, acho que até piora. Me lembro que, quando estava surtado não ligava para nada, e até conseguia dormir nas ruas de Belo Horizonte, sem ao menos colocar um papelão no chão...
    Voltando à rotina, de tarde volto para a net e depois assisto algo na tv. E fico fazendo esse revezamento, até a hora de dormir. Tomo meio diazepan e espero mais um dia chegar e começar tudo de novo...
    Já tentei ser voluntário da cruz vermelha, mas a impressão que tive é que eles é que estavam fazendo um favor para a minha pessoa e acabei indo embora. Aqui não existe uma instituição que cuide dos animais sem cobrar e assim necessitar de voluntários.
    Me desculpem, mas é assim que estou me sentindo no momento, talvez seja passageiro, talvez eu seja um bipolar... Se for, espero que essa fase passe logo.
- Música: esperando aviões
- Artista: Vander Lee
Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito

E o louco que ainda me resta
Só quis te levar pra festa
Você me amou de um jeito tão aflito

Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em sua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões

Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões

Sou o lamento no canto da sereia
Esperando o naufrágio das embarcações

sábado, 9 de maio de 2015

A história do contador de histórias

 
Sou fã de filmes nacionais. Até os considerados não muito bons eu gosto. Outro dia estava garimpando alguns filmes na internet para assistir e matar o meu tédio quando me deparei com o longa "O contador de histórias". É um filme baseado em fatos reais, e é basicamente a bela história de vida de um cara que tinha tudo para dar errado e se tornar mais um traficante...Mas que acabou se tornando pedagogo e um dos quatro melhores contadores de histórias do mundo... Irei contar sua história mais abaixo.
    Me lembrei que, por volta do ano de 1998, quatro anos antes do meu primeiro surto grave, fui à uma apresentação desse cara. Era um belo domingo de sol e eu estava alegre e animado, pois gostava de ir à shows, principalmente ao ar livre. Depois haveria uma apresentação do talentoso músico mineiro Maurício Tizumba. O local estava lotado, principalmente de crianças e de seus respectivos pais. Naquela época já estava sentindo um pequeno desconforto em lugares cheios de gente, mas não era nada de grave, era apenas uma mania de perseguição bem leve. Talvez já estivesse entrando no que os psiquiatras chamam de pródromo, que é o período que antecede ao surgimento dos surtos psicóticos na vida de um portador de esquizofrenia.
    O contador de histórias resolveu neste dia narrar contos de terror infantis, aquelas histórias de mula sem cabeça, de assombração, alma penada, etc. Sempre tive um sentimento de culpa enorme, por diversas coisas que fiz e por algumas que deixei de fazer. Se me perguntassem se me arrependo de algo que fiz em minha vida, ficaria um bom tempo falando sobre os meus erros. Desconfio muito quando uma "celebridades" afirmam que fariam tudo de novo se tivessem uma oportunidade de mudarem algo que haviam feito em suas vidas. Será que eles são perfeitos e nunca erram? Pois é, eu errei, sou um ser humano, com qualidade e muitos defeitos, e, devido à esses defeitos, não fiz tudo como deveria ser feito.
    Então, voltando ao assunto, desde pequeno tinha esse complexo de culpa.  O cara começou a contar uma história sobre almas penadas, afirmando que, quem não era bonzinho e nem muito "mauzinho", não iria para o céu, mas também não iria queimar eternamente nas chamas do inferno. Ele disse que o destino dessas pessoas seria vagar eternamente pela terra como espíritos, ou seja, virariam almas penadas...
    Aquilo acabou com o meu domingo. Pensei, ou melhor dizendo, tive a plena e absoluta certeza em minha mente que o cara estava me zoando. E, não só ele, toda a plateia que riu de suas histórias. Foi uma cena triste, fiquei sem reação e muito decepcionado, ao ver tantas pessoas rirem de mim. Fui embora, muito triste, não entendendo o motivo de ser alvo daquele tipo de piada. Nem vi o show do Maurício Tizumba.
    Hoje sei que tudo aquilo foi fruto de minha imaginação. Afinal, como que o contador de histórias iria saber que eu estaria ali naquele dia? E como ele iria saber do meu medo de virar uma alma penada? Hoje sei parar e pensar em algumas situações, mas naquela época era tudo real em minha mente e foi muito o sofrimento mental pelo qual passei.
    No último post falei sobre exemplos não muito bons a serem seguidos, o caso do traficante morto na Indonésia e do serial Killer de Goiânia, pois ambos tentaram usar a esquizofrenia para se tornarem inimputáveis... (o serial killer está tentando até hoje...)
    Mas hoje vou falar de um bom exemplo, o contador de histórias. Um cara que nasceu em uma comunidade carente, e que foi parar na Febem, devido a sua conduta quando criança.

A história do contador de histórias
    Roberto Carlos Ramos nasceu em um bairro da periferia de Belo Horizonte, no ano de 1965. Era o filho caçula de uma família de dez irmãos. Não se alfabetizou e aos seis anos de idade foi levado para a Febem. Sua mãe foi convencida por uma assistente social que a instituição era um lugar onde seria bem tratado e que poderia estudar e aprender uma profissão. 
    Devido aos maus tratos sofridos naquele lugar, fugiu inúmeras vezes, entrou para o mundo das drogas e começou a cometer pequenos delitos. Aos treze anos foi considerado irrecuperável pela Febem, ao bater o recorde de fugas da instituição (132 vezes). 
     Mas, em 1979 um fato veio mudar totalmente o rumo da vida de Roberto Carlos: O encontro com a pedagoga francesa Marguerit Duvas, que visitou a Febem para fazer a sua tese de doutorado.
Ela estava conversando com os funcionários da instituição, que, obviamente, tentavam ocultar o lado triste e negativo da Febem, como as celas e as torturas que eram feitas naquele lugar. Marguerit viu Roberto Carlos sentando em um banco do lado de fora da instituição. Ao saber da realidade do menino de rua que vivia no mundo das drogas e de suas fugas, ela começou a conhecer melhor como era a vida dele de verdade.
    Depois de alfabetizá-lo, Marguerit resolveu levá-lo para a França. Viveram em Marselha por cerca de oito anos, onde ele aprendeu a falar francês e terminou os estudos. Aos 21 anos de idade, Roberto Carlos decidiu voltar ao Brasil e se formou em pedagogia pela UFMG. Começou o seu trabalho na própria Febem, contando histórias para os internos.
   Adotou 13 crianças e hoje é um escritor reconhecido mundialmente e que recebeu inúmeros prêmios e condecorações. Além de escrever, Roberto Carlos também faz palestras motivacionais pelo Brasil. E também faz shows, para crianças normais e não para caras paranoicos como eu....
    Essa é uma história que prova que nem sempre o que começa errado vai dar errado. Infelizmente nem todo mundo vai encontrar uma "Marguerit" em sua vida, mas, com um pouco de ajuda e vontade própria, é possível mudar o rumo de nossas histórias...

O filme
    O diretor de cinema Luiz Villaça, ficou impressionado com a trajetória de vida de Roberto Carlos, ao ler um de seus livros para seu filho. Então, juntamente com a atriz Denise Fraga, resolveram transformar a história de Roberto em um filme, "O contador de histórias", lançado no Brasil em 2009. 

Palestra motivacional do contador de histórias


CDE- Central de Downloads do Esquizo
    Esta semana o livro "As memórias de um esquizofrênico" está disponível para download. Não é o meu livro, que se chama Mente Dividida-Memórias de um Esquizofrênico. 
    O meu livro comecei a escrever entre os anos de 2010 e 2011, e fiz uma última revisão em 2014. O título é parecido, mas as histórias são bem diferentes. Ainda não li o livro todo, apesar de ter somente 45 páginas. Mas o autor do livro, Rogério Batista, coloca o livro para download gratuito no site Recanto das Letras. Então, os leitores podem baixar o livro na CDE ou então no Recanto das Letras. Rogério Batista também é autor de vários textos e poesias, que podem ser acessados no link. 
    Sinopse do livro
    "O livro aborda a dolorosa vida de um jovem que foi criado apenas pela mãe, essa por sua vez apresentou sempre um certo desequilíbrio. O enredo conduz o leitor num trama psicológico sobre o que é real e fantasia na vida de Lúcio, sua perca de peso repentina, seu envolvimento com o ocultismo e a religião e suas insanidades marcam os episódios, conduzindo a um sofrimento latente, desencadeando em situações de tirar o fôlego".
-OBs: tentei entrar em contato com o autor do livro, para saber mais informações sobre o mesmo, para saber se é ficção, se é uma autobiografia ou se é baseado em fatos reais da vida de uma outra pessoa. Mas ele não retornou o meu email, e então deixo aqui esta observação, já que o personagem principal do livro se chama Lúcio e o autor Rogério. 

    Para quem é fã de filmes nacionais, abaixo o link de uma seleção com 22 filmes nacionais que fizeram sucesso. Nos comentários dos leitores também há inúmeras sugestões.
No início são citados filmes muito antigos, mas no final tem ótimos filmes...
https://portaldocurta.wordpress.com/2015/04/27/22-filmes-para-ver-e-nunca-mais-falar-que-cinema-nacional-nao-presta/ 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Complexo Messiânico - 2

    Estava indo almoçar no restaurante popular, como sempre. O caminho é um pouco complicado, pois tenho que passar por onde vai ser construída a nova rodoviária de Belo Horizonte. O mato tomou conta da redondeza, devido à desapropriação das casas. Enquanto a obra não começa, o local serve como depósito de lixo e é um pouco perigoso de se transitar, devido à presença de meliantes. Nunca passei de noite por lá, mas se já de dia já está ficando complicado...
    Só que hoje (7/5/15) presenciei um fato que está se tornando mais do que corriqueiro nas grandes capitais e que está deixando as pessoas meio paranoicas, uma com medo das outras: uma tentativa de assalto. Dois caras estavam tentando roubar um cara de uns 18 anos, mais ou menos. Ele era baixinho e franzino. Não tive dúvidas, fui em direção aos assaltantes e, eles, ao me virem, saíram correndo. Eu estava com o olhar fixo na "suposta arma" que um deles carregava. Não entendo muito desse assunto, mas, pelo visual, parecia ser uma réplica, ou seja, o revólver do cara era de plástico.
    Não sei o que os meliantes viram em mim, para saírem correndo daquele jeito Não sou muito alto, não tenho porte físico atlético e já estou com os meus 46 anos de idade. Talvez tenham visto em meu olhar um misto de raiva é ódio, pois já estou cansado de viver nessa paranoia coletiva que tomou conta das grandes capitais do Brasil. As mulheres andam apressadas segurando firmemente suas bolsas. Só este ano já morreram dois caras, ao tentarem reagir à roubos de celulares...
     Essa situação me faz não querer andar mais por ai, pelo centro da cidade, ir ao zoológico dar pipoca aos macacos, ou ir à algum parque ecológico. Estou cansado de ver a insegurança e o medo das pessoas ao andarem pelas ruas. Depois que roubaram o meu celular, não pensei duas vezes na hora de comprar um outro, bem mais simples e que não chamasse a atenção desses caras.
    Mas, voltando ao assunto, não existe um perfil desse tipo de assaltante. Os ladrões que tentaram roubar o cara estavam bem vestidos e tinham uma moto e aparentavam ter no máximo uns 25 anos. Então, qualquer pessoa pode ser considerada suspeita hoje em dia. Mas geralmente são homens que cometem esse tipo de assalto, principalmente se estiverem dois em uma mesma moto, e foi o que aconteceu, pois os caras estavam segurando os seus capacetes.
    Estava tão determinado a intervir neste assalto, que, depois do ocorrido me perguntei:
    - O que que é isso o que eu tenho? Complexo messiânico?? Ou uma síndrome de super herói qualquer? E se a arma fosse de verdade? Tenho um senso de justiça exagerado? Ou sou apenas um simples cidadão cansado de viver essa situação que tomou conta das grandes cidades em nosso país?
    Mas, quanto tentaram roubar o meu notebook em São Paulo, fui agredido por três caras, e ninguém pensou em me ajudar. Levei alguns chutes na cabeça, não tinha como reagir, fui derrubado por trás e já começou a agressão. A única coisa que fiz foi me encolher como um tatu e aguentar as pancadas e não larguei o note. Não havia policiamento naquele local como de costume, era dia de jogo de copa do mundo na capital paulista (Argentina x Holanda). Os homens da lei estavam ocupados por demais para protegerem os gringos.... Só depois de algumas pancadas é que apareceu um senhor de idade, tirou algo preto de seu bolso e os caras saíram correndo. Se era uma arma ou um celular, não posso dizer com certeza.
    Esse senhor não aceitou os meus agradecimentos. Com cara de poucos amigos, afirmou que não queria roubos naquele lugar. Provavelmente deveria ser dono de algum estabelecimento no local.
    Já o cara que ajudei nem me agradeceu. Foi embora enquanto eu encarava os meliantes fugindo em uma BR, acho que para pegar a moto em que estavam. Até pensei em ir correndo atrás deles, para ver se algum policial aparecesse pelo caminho e ajudasse a capturar esses caras. Ai me pergunto: será que o cara que ajudei pensou que eu também fosse um ladrão? Que eu fosse um concorrente dos meliantes e que estava espantando-os para roubá-lo?
    Por volta dos 22 anos, cheguei a pensar em ser um policial. Queria ser um herói, salvador de vidas, de pessoas em situação de perigo... Hoje, analisando a situação, sei que foi um tipo de delírio, que não sei qual o nome que inventaram para isso. Deve ser uma síndrome de super-herói (existe isso?). Peço ajuda às universitárias para diagnosticarem essa coisa que tinha em alto grau, e que hoje tenho apenas resquícios...
    Mas não cheguei a entrar para a polícia, sequer fiz o teste. Até que ganhava razoavelmente bem como operador de som e não me animei com o salário inicial de um soldado daquela época. Ainda bem, pois se passasse pelo teste, eu iria querer sair pela cidade bancando um super-herói e confesso que não iria dar em boa coisa não...
    Às vezes chego a pensar também que não tenho complexo messiânico e nenhuma síndrome de super herói, acho que sou um bobo mesmo, que arrisca a sua vida pela vida dos outros...
    Em uma fase triste de minha vida, cheguei a pensar em ir dessa para outra, já tentei inclusive o autoextermínio, mas também cheguei a pensar em usar esse meu desejo em prol de alguma causa, ou morrer salvando alguma pessoa ou até mesmo um cachorro, mas queria ser um herói.
    E você, portador de esquizofrenia, tem ou já teve complexo messiânico?

sábado, 2 de maio de 2015

Esquizofrênico: inimputável ou não?

    No último dia 28/04, o paranaense Rodrigo Goulart foi executado na Indonésia, pelo crime de tráfico internacional de drogas.
    Em 2004, ele entrou neste país com 6kg de cocaína, escondidos em uma prancha de surf. Foi julgado e condenado no ano de 2005. Antes da execução, já em 2015, a defesa do réu entrou com um recurso na justiça, alegando que Rodrigo era esquizofrênico, e que não poderia responder pelos seus atos. Ou seja, ele seria considerado inimputável.
    O advogado ainda afirmou que seu cliente ultimamente andava delirando e ouvindo vozes...
    Mas, e no momento do crime? Ele estava surtado? Não tinha a mínima noção do que estava fazendo? A lei é bem clara, para uma pessoa ser responsável por um delito, é preciso de três condições básicas:
    - ter praticado o crime
    - ter entendimento do caráter criminoso do ato
    - ter sido livre para escolher entre praticar ou não praticar o delito.
    Simplificando, ele deveria saber o que estava fazendo, e não ter sido obrigado a praticar o crime.
    Me desculpem se estou sendo sincero demais, mas, na minha opinião, o cara queria vida boa, sem precisar de fazer muito esforço para isso. Queria surfar na Indonésia, comer do bom e do melhor e se hospedar nos melhores hotéis. Enfim, queria fazer turismo e fumar o seu baseado e cheirar o seu pó.
    Rodrigo saiu de uma família de classe média alta do Paraná, era uma pessoa educada e gentil, segundo os familiares e amigos. Mas era ganancioso e, como já disse, usuário de drogas, o que não é uma boa combinação.
    Parece que o vício dominou sua mente, e, para sustentá-lo, resolveu embarcar nesta viagem fatal...
    Foi um caminho que ele mesmo escolheu, o caminho das drogas, que, infelizmente quase termina sempre em três "cês":
    - Clínica de recuperação, Cadeia ou Cemitério...
     "Cê" de cocaína e maconha (cannabis sativa)
    Ele poderia seguir outros caminhos, sua família era bem estruturada financeiramente. Poderia ter estudado e se formado. Mas tentou seguir o caminho que lhe parecia o mais fácil e agradável...
    Seus familiares alegam que ele foi aliciado por traficantes internacionais, que se aproveitaram de seus problemas mentais. Mas ai me pergunto: Ele realmente era esquizofrênico? Se sim, tinha algum retardo mental grave, para não saber que tráfico de drogas é crime? Ainda mais em um país como a Indonésia? Oras, que pais são esses então que deixa um filho que tem um suposto retardo mental tirar um passaporte e sair por ai viajando pelo mundo ao lado de traficantes? Essa alegação de que ele foi apenas um simples laranja nesta história não me convence... Nem todo esquizofrênico tem retardo mental, isso é um dos estigmas da esquizofrenia. E o contrário também ocorre, muitas pessoas afirmam que todo esquizofrênico é muito inteligente, e que pirou por causa dessa condição.
praia na Indonésia
    Ele queria sim era sustentar o seu vício, surfar nas lindas praias da Indonésia, curtir a vida sem responsabilidades. Como disse, foi o caminho que ele mesmo escolheu, e ninguém o obrigou a seguir por essas trilhas perigosas.
   Gostaria de dizer que não sou a favor da pena de morte, mas também não quero ter privilégios nas leis criminais. Quero sim ter acesso a um tratamento digno na saúde mental, ter condições de ter uma melhor qualidade de vida, mas não quero privilégios por ter esquizofrenia. Quero ser respeitado e não sofrer preconceito pelo fato de ser esquizofrênico, mas não quero que passem a mão em minha cabeça e que eu pague caso venha cometer algum crime.
   Voltando ao assunto, creio que a lei avalie a condição mental do indivíduo no momento em que ele cometeu o crime. Ou seja, em 2004 Rodrigo Goulart sabia o que estava fazendo. Se por acaso ultimamente estava delirando, é por que o cárcere privado o enlouqueceu. Afinal, foram 10 anos esperando a sentença ser executada.
   Devemos então tomarmos muito cuidado nesta questão, de decidir se o portador de esquizofrenia seja inimputável ou não em um crime. Tem que ser avaliada a condição mental da pessoa no momento do crime, se estava surtado ou não. Tornar um portador de esquizofrenia inimputável pode gerar precedentes muito perigosos. Imaginem, se um portador de esquizofrenia, que seja violento por natureza, saber que não será punido por nada do que vier a fazer? Mesmo estando estabilizado, ele vai usar esse benefício para fazer o que em entender...
     Alguns portadores ficaram contra essa minha opinião, nas redes sociais. Uma esquizofrênica até me excluiu de sua rede de amigos em uma famoso site. Mas, como já afirmei, não desejei a pena de morte para o Rodrigo, apenas acho sensato que todos os esquizofrênicos sejam tratados como os "ditos normais", se comprovado o fato de que o portador não estava surtado no momento do crime.
Como já afirmei, não quero privilégios, sair por ai fazendo o que bem entender por ser inimputável Seria melhor se o preconceito e a falta de informação acabasse, se fossemos mais respeitados e não tratados como seres agressivos e violentos e desprovidos de inteligência. Não quero ser entupido de remédios e ouvir do psiquiatra que estou estabilizado por estar dopado. Seria melhor, ao invés da inimputabilidade, ter acesso à um tratamento mais digno na saúde mental aqui no Brasil.
    O que acabei de postar pode acabar dando a impressão que estou contra os próprios portadores de esquizofrenia. Não é bem isso, não quero ser tratado com criança, quero ser responsável pelos meus atos. É difícil explicar essa situação? Nós, os portadores, devemos lutar e questionar outros direitos que poderíamos ter, ao invés de privilégios nas leis criminais. Não estou dizendo que existem realmente algumas exceções, que alguns portadores, devido à gravidade do caso, realmente não tem condições de responder por esses atos. Cabe a família tomar as medidas que sejam necessárias.
    Se, por exemplo, um portador de esquizofrenia para de tomar a medicação por conta própria, e entra em surto e comete um crime? Ele não deveria ser punido?
    Mas gostaria de ressaltar novamente que o portador de esquizofrenia faz mais mal a si mesmo do que à outras pessoas. É grande o número de esquizofrênicos que tentam o auto extermínio. Segundo pesquisas, cerca de 10% conseguem tirar a própria vida.
    
Está virando moda....
    A defesa do serial Killer de Goiânia, Tiago Henrique Gomes da Rocha, acusado de matar 39 pessoas, entrou este ano com um recurso, alegando que o indivíduo é portador de esquizofrenia e que agia sobre a influência de vozes que não sabia de onde vinham...
    Os crimes aconteceram entre os anos de 2011 e 2014. Ano passado, chegou a confessar os crimes, se lembrando perfeitamente dos detalhes (vídeo abaixo), chegando a identificar suas vítimas por números. Segundo a polícia, Henrique é um cara frio e inteligente. 
    Mas agora a história mudou. A defesa também é outra. De início, o primeiro advogado afirmou que seu cliente iria pagar pelos seus atos, caso fossem provados. Mas, agora, com uma nova pessoa na defesa, querem que o caso tenha um outro rumo. Sua defesa alega agora que ele não se lembra mais dos fatos, por estar tomando remédios psiquiátricos.... (já tomei quase todos, tive problemas de memória, mas não nessa dimensão, esqueço uma coisa ou outra, o nome de uma pessoa, um pequeno fato, mas esquecer de que talvez tenha matado pessoas ai é demais...)
    Tiago também cometeu vários assaltos, e, pelo que sei, ser assaltante, ladrão não é um sintoma da esquizofrenia. As penitenciárias estão superlotadas de pessoas "ditas normais".

    Costumo dizer que a esquizofrenia não interfere no caráter do indivíduo. Existem esquizofrênicos bons, maus, honestos e trapaceiros, como na população em geral. Não somos diferentes, temos sim um transtorno mental que pode ser grave se não for tratado adequadamente. 
    Já passei por várias dificuldades em minha vida, principalmente por causa dos surtos. Fui parar nas ruas, não comi o "pão que o diabo amassou", e sim o próprio lixo mesmo. Quase fui dessa para outra, mas, graça à ajuda de muitas pessoas, consegui passar pelo que um pastor me disse ser o "vale da sombra da morte". 
    Sei o que é passar fome, mas nunca passou pela minha cabeça entrar para o tráfico de drogas ou até mesmo a roubar. Confesso que cheguei a pegar alguns doces em um bar, mas isso ocorreu quando estava surtado e com muita fome, com 25kg a menos do meu peso normal. Não estava falando naqueles dias, pois acreditava que as pessoas poderiam ler o meu pensamento. Então, naquele dia, olhei para o dono do bar, como que a pedir os doces. Ele não esboçou nenhuma reação, e senti que iria deixar eu saciar a minha fome. Então abri o pote e peguei uns quatro doces de coco. Fechei a embalagem e coloquei no mesmo lugar e depois sai correndo. Estava tão fora da realidade que pratiquei este "pequeno delito" em frente à delegacia da polícia civil.
     Voltando ao assunto do serial killer, o laudo da justiça classifica Tiago como um psicopata, podendo responder pelos seus atos e que nenhum medicamento irá resolver este desvio de caráter. Ele é tão psicopata que um delegado chegou a afirmar que Tiago chegou a ficar lisonjeado quando foi informado que era o quarto maior serial killer do mundo. Até pediu para que trocassem a foto que seria colocada em um cartaz, dizendo que não estava bonito na foto escolhida. Ele também colecionava recortes de jornais com as notícias de seus "feitos". Analisando o caso, dá para perceber que ele agiu premeditadamente, e que não agiu por estar surtado ou por uma outra doença mental.
     O que tem de esquizofrenia nesse caso? Ele afirmou que sofreu bullying na escola e que foi abusado sexualmente. Já pensou se todos que fossem abusados e que sofreram bullying fizessem o mesmo que esse cara fez?
    Está virando moda criminoso virar esquizofrênico de uma hora para outra...
    Esses advogados do diabo...

Central de Downloads do Esquizo

    Esta semana na central de downloads posto o livro "Revelações de um esquizofrênico", de Jorge Beltrão Nascimento, o famoso canibal de Garanhuns, terra do lula. É uma história que recomendo apenas para quem se interessa pelo assunto, pois o autor dos crimes relata com detalhes tudo o que fazia com suas vítimas. Para acessar este e outros livros, basta clicar na imagem no lado superior direito da página. Suas companheiras também chegaram a participar dos crimes, que era uma mistura de ritual com delírios de ordem religiosa. Uma chegou a colocar a carne humana em salgados para serem vendidos nas ruas da cidade pernambucana.