quinta-feira, 7 de maio de 2015

Complexo Messiânico - 2

    Estava indo almoçar no restaurante popular, como sempre. O caminho é um pouco complicado, pois tenho que passar por onde vai ser construída a nova rodoviária de Belo Horizonte. O mato tomou conta da redondeza, devido à desapropriação das casas. Enquanto a obra não começa, o local serve como depósito de lixo e é um pouco perigoso de se transitar, devido à presença de meliantes. Nunca passei de noite por lá, mas se já de dia já está ficando complicado...
    Só que hoje (7/5/15) presenciei um fato que está se tornando mais do que corriqueiro nas grandes capitais e que está deixando as pessoas meio paranoicas, uma com medo das outras: uma tentativa de assalto. Dois caras estavam tentando roubar um cara de uns 18 anos, mais ou menos. Ele era baixinho e franzino. Não tive dúvidas, fui em direção aos assaltantes e, eles, ao me virem, saíram correndo. Eu estava com o olhar fixo na "suposta arma" que um deles carregava. Não entendo muito desse assunto, mas, pelo visual, parecia ser uma réplica, ou seja, o revólver do cara era de plástico.
    Não sei o que os meliantes viram em mim, para saírem correndo daquele jeito Não sou muito alto, não tenho porte físico atlético e já estou com os meus 46 anos de idade. Talvez tenham visto em meu olhar um misto de raiva é ódio, pois já estou cansado de viver nessa paranoia coletiva que tomou conta das grandes capitais do Brasil. As mulheres andam apressadas segurando firmemente suas bolsas. Só este ano já morreram dois caras, ao tentarem reagir à roubos de celulares...
     Essa situação me faz não querer andar mais por ai, pelo centro da cidade, ir ao zoológico dar pipoca aos macacos, ou ir à algum parque ecológico. Estou cansado de ver a insegurança e o medo das pessoas ao andarem pelas ruas. Depois que roubaram o meu celular, não pensei duas vezes na hora de comprar um outro, bem mais simples e que não chamasse a atenção desses caras.
    Mas, voltando ao assunto, não existe um perfil desse tipo de assaltante. Os ladrões que tentaram roubar o cara estavam bem vestidos e tinham uma moto e aparentavam ter no máximo uns 25 anos. Então, qualquer pessoa pode ser considerada suspeita hoje em dia. Mas geralmente são homens que cometem esse tipo de assalto, principalmente se estiverem dois em uma mesma moto, e foi o que aconteceu, pois os caras estavam segurando os seus capacetes.
    Estava tão determinado a intervir neste assalto, que, depois do ocorrido me perguntei:
    - O que que é isso o que eu tenho? Complexo messiânico?? Ou uma síndrome de super herói qualquer? E se a arma fosse de verdade? Tenho um senso de justiça exagerado? Ou sou apenas um simples cidadão cansado de viver essa situação que tomou conta das grandes cidades em nosso país?
    Mas, quanto tentaram roubar o meu notebook em São Paulo, fui agredido por três caras, e ninguém pensou em me ajudar. Levei alguns chutes na cabeça, não tinha como reagir, fui derrubado por trás e já começou a agressão. A única coisa que fiz foi me encolher como um tatu e aguentar as pancadas e não larguei o note. Não havia policiamento naquele local como de costume, era dia de jogo de copa do mundo na capital paulista (Argentina x Holanda). Os homens da lei estavam ocupados por demais para protegerem os gringos.... Só depois de algumas pancadas é que apareceu um senhor de idade, tirou algo preto de seu bolso e os caras saíram correndo. Se era uma arma ou um celular, não posso dizer com certeza.
    Esse senhor não aceitou os meus agradecimentos. Com cara de poucos amigos, afirmou que não queria roubos naquele lugar. Provavelmente deveria ser dono de algum estabelecimento no local.
    Já o cara que ajudei nem me agradeceu. Foi embora enquanto eu encarava os meliantes fugindo em uma BR, acho que para pegar a moto em que estavam. Até pensei em ir correndo atrás deles, para ver se algum policial aparecesse pelo caminho e ajudasse a capturar esses caras. Ai me pergunto: será que o cara que ajudei pensou que eu também fosse um ladrão? Que eu fosse um concorrente dos meliantes e que estava espantando-os para roubá-lo?
    Por volta dos 22 anos, cheguei a pensar em ser um policial. Queria ser um herói, salvador de vidas, de pessoas em situação de perigo... Hoje, analisando a situação, sei que foi um tipo de delírio, que não sei qual o nome que inventaram para isso. Deve ser uma síndrome de super-herói (existe isso?). Peço ajuda às universitárias para diagnosticarem essa coisa que tinha em alto grau, e que hoje tenho apenas resquícios...
    Mas não cheguei a entrar para a polícia, sequer fiz o teste. Até que ganhava razoavelmente bem como operador de som e não me animei com o salário inicial de um soldado daquela época. Ainda bem, pois se passasse pelo teste, eu iria querer sair pela cidade bancando um super-herói e confesso que não iria dar em boa coisa não...
    Às vezes chego a pensar também que não tenho complexo messiânico e nenhuma síndrome de super herói, acho que sou um bobo mesmo, que arrisca a sua vida pela vida dos outros...
    Em uma fase triste de minha vida, cheguei a pensar em ir dessa para outra, já tentei inclusive o autoextermínio, mas também cheguei a pensar em usar esse meu desejo em prol de alguma causa, ou morrer salvando alguma pessoa ou até mesmo um cachorro, mas queria ser um herói.
    E você, portador de esquizofrenia, tem ou já teve complexo messiânico?

4 comentários:

  1. Legal, me indentifiquei, sou medroso, mas quando vejo alguem em perigo "me trasformo em um superheroi" mas isso é muito perigoso!

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    1. Sim, hoje em dia, como postei, estão matando por causa de celular.... Em outras situações, também sou medroso, tenho medo de altura, por exemplo. Já em outras tenho coragem, não sei se por natureza mesmo ou por causa desse complexo messiânico.
      Obrigado por visitar o blog.

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    2. opa procurando meu apelido (Gersinho Papagaio) no Google nesse instante achei seu blog porque foi com esse apelido que fiz o comentário,seu blog ainda esta funcionado?
      Gersinho Papagaio)

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    3. Olá
      Sim ainda o blog funciona a todo vapor, prestes a completar um milhão de visualizações.

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