sábado, 25 de julho de 2015

De perto todo mundo é louco...

                                                          Filme O grande mentecapto
    Sinopse
    Geraldo Viramundo (Diogo Vilela) é um cara simpático e com ideias absurdas. Genial e/ ou insano, ele decide abandonar a sua pequena cidade em Minas Gerais e ganhar o mundo. Seu objetivo é desestabilizar o sistema e seus cúmplices são as prostitutas e os desvalidos.
   
   Há uns dez dias atrás assisti esse maravilhoso filme, baseado no romance do grande escritor Fernando Sabino. Sou suspeito para comentar filmes nacionais, pois até os considerados ruins pela maioria eu curto. E, para melhorar ainda, aborda o tema loucura. Não tinha como deixar de comentar, pois desde o início do filme me identifiquei e muito com o personagem principal do filme.
   Desde pequeno já tinha as minhas maluquices, sendo que por volta dos sete anos a minha avó chegou a me levar para um hospital, a fim de fazer um eletroencefalograma na minha caixola. Esse exame provavelmente não resultou em nada, pois não fui levado à nenhum profissional que cuida de nossas loucuras e demências. A verdade é que o tipo de loucura que eu tinha não era detectada e nunca vai ser por simples ondas elétricas...
   Era um garoto alegre, triste, bagunceiro, sem noção, despreocupado e que desconhecia a palavra medo. Quando criança me enturmava com os adolescentes da época e me lembro de um cara sacana que, ao atravessar a movimentada avenida Amazonas, em Belo Horizonte, deu uma corrida e me deixou no meio dos carros. Tive o sangue frio de ficar parado, para me desviar dos carros e deixar que os motoristas se desviassem de mim. Sabia que, caso corresse, poderia ser atropelado com mais facilidade. O cara, ao me ver chegar no outro lado da avenida, disse que ficou impressionado com a minha coragem. E eu fiquei impressionado com tamanha sacanagem.
    Mas quando comecei a virar adolescente comecei a me enturmar com as crianças de oito e dez anos de idade. Não saia do prédio vizinho, para ficar o dia inteiro brincando de futebol, de "esconde esconde", queimada, war e banco imobiliário. E de noite roubar mangas do vizinho, apesar que de eles nos dava um saco enorme na época dessa fruta, mas sabe como é né? O prazer e a delícia está em provar algo de uma aventura....

    E não tinha medo de nada mesmo. Me lembro até hoje que meus colegas, por acidente, colocaram fogo em um fusquinha que estava estacionado na pracinha que ficava em frente de nossa casa, no bairro prado, em Belo Horizonte. Eles estavam soltando bombinhas (cabeça de nego, pra falar a verdade) e um deles deixou cair um palito de fósforo bem em cima da gasolina que estava vazando do veículo. Imediatamente parte do carro começou a pegar fogo e todo mundo saiu correndo, cada um para sua casa, menos eu. Talvez eles tivessem pensado que o carro iria se explodir, como acontece nos filmes. Eu, não sei se por sangue frio ou por retardadice mesmo, fiquei ali parado, por alguns segundo, pensando no que poderia fazer. Não sei como mantive a calma e a serenidade naquela situação, mas, depois de algum tempo corri para a casa de um amigo que e disse o ocorrido. Rapidamente apareceram pessoas de todos os lados, com baldes na mão e o fogo foi debelado e o carro não explodiu como nos filmes da época. A culpa acabou sendo minha, como sempre. Afinal eu era o capetinha da rua, e tudo de ruim que acontecia por lá era culpa minha.

    Mas, vamos voltar ao filme, pois se for para contar as minhas estripulias de criança teria que escrever um livro inteiro...
    Assim como Giramundo, sai de casa cedo para viajar por ai, em busca de algo que não sabia exatamente o que era. Estava dentro de mim, não ficar em um local fixo, não ter compromissos sérios. Comecei então a trabalhar como operador de som, aos 17 anos, apesar de ter estudado eletrônica por quase quatro anos...
    Me lembro que recusei dois estágios na área de eletrônica por não querer cortar o cabelo. Havia trabalhado alguns meses como ajudante de serviços gerais em uma oficina de compressores, mas não me enquadrei naquele estilo de vida. E também dizia o que pensava, inclusive para o patrão:
    - Júlio, qual é o código do parafuso do compressor da marca tal? - perguntou o patrão.
    - Sei lá, se o senhor, que trabalha com isso há mais de trinta anos não sabe, eu que vou saber? - respondi, prontamente, e mais prontamente ainda fui despedido...
    E depois trabalhei 17 anos de minha vida como operador de som e, assim como Giramundo, andando pelos quatro cantos de Minas Gerais. E não conseguia permanecer por mais de um ano em uma mesma empresa. Tinha a necessidade de conhecer novos lugares e pessoas. Também como o personagem principal do filme, pensei em ser padre. Era uma forma de escapismo social, mas não conseguia me enxergar realizando uma missa, falando para um monte de gente, e não sendo um santo. Na minha cabeça, para ser padre tinha que ser santo, ou pelo menos tentar ser...
    E, mesmo depois de me aposentar, continuei com as minhas andanças, depois de morar por quase oito anos em um mesmo local, que foi dominado pelos "crackudos". Não por que eu tinha medo deles, mas certo dia quase fui dessa para outra ao discutir com um viciado em crack. Não gosto de confusão e brigas, mas os caras quando são dominados por essa droga chegam a ficar insuportáveis, e eu estava morando no meio de um monte deles. O aluguel era barato, o meu quarto era muito bom, mas a paz e a liberdade, que são as coisas mais importantes para mim, já não tinha mais. Era a hora de sair por ai para conhecer novos lugares...
eu, minha barraca, minha mochila e Deus... 

    As minhas andanças duraram cerca de dois anos, queria continuar por mais um tempo, para conhecer o Brasil inteiro, esse país maravilhoso com um povo mais maravilhoso ainda. Mas posso ser louco, mas não sou irresponsável e procuro respeitar as pessoas. O que me fez desistir por enquanto das andanças foi a violência que está tomando conta das grandes cidades e também a questão da higiene. Durante esse período, roubaram o meu celular e quase levaram o meu notebook. Nas viagens e mesmo quando ficava dando um tempo em Belo Horizonte, confesso que já tive que urinar algumas vezes nas ruas. Não acho isso legal, se eu tivesse um filho não gostaria que ele visse uma cena dessas. Bebo muita água e, consequentemente vou ao banheiro também com mais frequência do que a maioria das pessoas.  Então, por uma questão de coerência, resolvi voltar a ficar no meu cantinho novamente. Mas confesso que o tédio à todo momento me dá uma inquietação e vira e mexe me pego sonhando percorrendo os caminhos da estrada real, em Minas Gerais.
    Meu cabelo é esquisito, as pessoas provavelmente me acham esquisito, mas hoje em dia não dou bola para o que pensam de mim. Quando passei a dar importância para esse fato, foi o momento em que enlouqueci de verdade, e não foi a loucura positiva, foi a piração total, as paranoias e o sentimento de que o mundo estava contra mim. Em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais as pessoas diziam que eu tinha aids, que eu tinha pacto com o tinhoso, entre outras coisas mais. Hoje sei que a culpa desses boatos não foi minha, pois, como já disse, morei em diversas cidades e não tive nenhum tipo de problema parecido em nenhuma delas, somente nesta cidade...
    Então não aguentei aquela realidade tão suja, tão covarde, e surtei. Passei por maus bocados e quase fui dessa para outra, mas, hoje, agradeço ao povo daquela "província" por terem me enlouquecido, pois, foi a partir daquele momento que começou o meu processo de autoconhecimento. Foi um duro processo, que valeu a pena em certos aspectos, pois hoje eu sei quem eu sou de verdade.
   Esse texto que recebi em um ônibus parece que foi coisa de lá de cima:
http://memoriasdeumesquizofrenico.blogspot.com.br/2012/07/o-louco.html
    Hoje não tenho vergonha nenhuma de dizer que sou um louco: louco pela vida, pela natureza, por um amor platônico que sei que nunca irá se concretizar, pois sei que não existe nenhuma louca como eu. É a louca que idealizo e que prefiro mantê-la intacta em meus sonhos. E, para mim o verdadeiro sinônimo de loucura é coragem, a coragem de falar o que se sente e o que se pensa, de ser o que é e pronto...
    Cada um tem dentro de si suas loucuras e seus desejos quase secretos. A diferença é que a maioria não dão vazão à toda essa loucura, pois preferem ser certinhos e se enquadrarem dentro dos padrões da nossa sociedade.
    Sou louco por dizer o que sinto, e por agir de acordo com os meus princípios, mesmo sabendo que não terei grandes oportunidades na vida sendo desse jeito. Não era um cara lindo, mas deixei muitas oportunidades de ter alguns relacionamentos, pelo simples fato de saber que o que mais prezo no mundo e a liberdade, não só de ir e vir, mas principalmente de ser eu mesmo.
    Prefiro as pessoas loucas, imprevisíveis. Não quero um ser moldado pela sociedade e que sei exatamente quais serão as suas reações e atitudes. A solidão é muito melhor....
    Ser louco não quer dizer irresponsabilidade, só pelo fato de não me apegar a certas situações e comodidades. Cuido da minha saúde, dentro das minhas possibilidades, mas não deixo de apreciar um bom x-tudo com bacon e um bom brigadeiro ou então um delicioso pudim de leite e os quitutes da culinária mineira.
frustrada tentativa de fazer uma palha italiana, mas, apesar do visual, o negócio ficou gostoso...

    Cumpro com os meus deveres e pago as minhas contas, com o dinheiro que recebo de minha aposentadoria. Muitos acham que tenho uma vida boa, mas garanto que eles não iriam topar receber um salário mínimo de aposentadoria caso precisassem de passar por tudo o que passei. Nem eu toparia, se isso fosse colocado como "prêmio" por passar no teste da loucura paranoica. Nem se fosse por dois salários mínimos. A verdade é que não estando surtado, não conseguiria andar por tanto tempo sem me alimentar e me hidratar. Não tem como... de verdade mesmo. Parece que, quando estamos surtados, a adrenalina ou a dopamina aumentam tanto que nos permitem fazer estas coisas que normalmente não conseguiríamos fazer.
    Às vezes quem não vai com a minha cara, joga uma indireta ou até uma direta mesmo, me chamando de louco, doido, etc, pois essa é a única coisa que conseguem enxergar em mim. Não sei qual é o pecado ficar quieto em seu canto e não conversar com ninguém. Se isso gera antipatia, não posso fazer nada, as pessoas deveriam se preocupar mais com quem fala muito e mentiras.
    Mas, se por acaso alguém queira me ofender, que me chamem de normal....


sábado, 18 de julho de 2015

Divagações esquizofrênicas 10

maquete da futura rodoviária de Belo Horizonte
    Finalmente os órgãos competentes irão remover todo o lixo e o matagal que tomaram conta da área em que será construída a nova rodoviária de Belo Horizonte.
    O local está perigoso de se andar, devido à presença de meliantes. Há algumas semanas atrás tive que intervir em uma tentativa de assalto: dois caras, sendo um deles armado, tentaram roubar o celular de um cara que aparentava não mais de 18 anos. Intervi por que senti que a arma provavelmente era uma réplica. Não entendo muito de armas, mas pude perceber isso pela expressão de medo do assaltante ao me ver, pois estava indo em sua direção à fim de acabar com aquela cena. Mas, analisando o fato depois de algum tempo, vi que havia arriscado a minha própria vida. Já pensou se a arma fosse de verdade? Este ano em Belo Horizonte já mataram duas pessoas que reagiram à roubos de celulares. Mas a verdade é que os caras saíram correndo, ao me verem, acho que perceberam a minha expressão de raiva, sei lá. Só sei que estou cansado de tudo o que está acontecendo, os roubos, o medo que as pessoas vivem andando nas ruas. O pior de tudo é que o garoto nem me agradeceu, foi embora, enquanto eu olhava os meliantes evadirem do local. E não é que pensei em correr atrás deles? Só que os caras aparentavam uns 25 anos de idade e provavelmente com os meus 46 anos não conseguiria alcançá-los. Mas será que o garoto pensou que eu também fosse um assaltante? Tipo querendo dizer para os meliantes que aquela área era só minha e portanto só eu quem poderia assaltar por ali?
    Realmente há muito mato no local, só não tirei alguma fotos ou filmei por que os usuários de crack poderiam imaginar que eu estava filmando-os. Essas drogas causam paranoias, como a mania de perseguição, assim como na esquizofrenia. Por isso entendo um pouco a reação deles. A diferença é que eu não pedi para ter esse tipo de transtorno, só experimentei maconha três vezes em toda a minha vida. Mas os usuários de crack chegam a pensar que estamos telefonando para a polícia, caso nos vejam usando um celular perto deles.
o lixo e o mato tomaram conta do local...
    As mulheres hoje em dia andam pelas ruas assustadas, segurando suas bolsas com firmeza. Fico chateado quando elas fazem esse gesto ao me verem. Tenho o costume de andar rápido e à passos largos, para chegar rápido em casa. Talvez esse fato, aliado à paranoia coletiva que toma conta da cidade, faça com que elas façam esse gesto ao me verem. E isso é como se elas estivessem me chamando de ladrão, dente outras coisas. Quando uma mulher passa ao meu lado e não segura a bolsa, chego a ficar tão feliz que quase agradeço em voz alta por não suspeitarem de minha pessoa. Não ando totalmente desarrumado, mas também não ando de terno e gravata...
    Sei que a culpa de tudo isso não é minha. Como disse, é uma paranoia coletiva, todo mundo está com medo de todo mundo. Até que se eu cortasse o cabelo, fizesse a barba com frequência e andasse de terno e gravata e segurando uma bela pasta de couro legítimo, as mulheres talvez pensassem que eu não seja um ladrão. Mas ai surgiria um outro problema: andar tão elegantemente assim chamaria a atenção dos meliantes e eu seria uma potencial vítima dessas pessoas que fazem de tudo para manter os seus vícios ou simplesmente querem comprar roupas de marca.
    Às vezes chego à pensar em morar em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, na roça mesmo. Montar uma casa de madeira perto de uma cachoeira e comprar uma bicicleta para comprar as "coisas de comê" na cidade...
    Fico triste à cada vez que uma mulher segura uma bolsa ao me ver, é como ser confundido com um ladrão. Trabalhei 17 anos de minha vida como operador de som, sempre paguei as minhas contas e hoje só devo para um banco. Afinal é isso que essas instituições querem: nos endividar para cobrar juros altíssimos.... Mas não gosto de ficar devendo às pessoas.
    Um certo banco faz com que os aposentados assinem cerca de sete folhas, quando vão pegar o primeiro pagamento e fazer o cartão da conta salário. Eu cai nesse golpe. Não por que estava com preguiça de ler, é que o meu vocabulário jurídico não é dos melhores... Depois de um mês é que fiquei sabendo que havia contratado um seguro de vida e aberto uma conta corrente. O seguro de vida cancelei no primeiro mês, depois de inúmeras ligações. Já a conta corrente só fui descobrir três meses depois, pois na época tinha vários empréstimos pequenos e não percebi a diferença na hora de receber o pagamento. Menor que os empréstimos era a letra que mostrava a mensalidade da conta corrente.
Fui no Procon, mas perdi a causa, pelo simples fato de ter assinado aquelas malditas folhas. E ainda tive que ver o advogado do banco dar um sorrisinho sarcástico. Foi complicada aquela audiência, o advogado que me defendia me avisou que eu não poderia falar nada, e que não me exaltasse. Tive que me segurar ao máximo, pois o advogado também poderia ser preso...
    Mas, voltando à limpeza da área da futura rodoviária, espero que não só limpem o lixo e o mato, como também melhorem o policiamento no local. Queremos que apenas o progresso avance, e não a violência....
       Tenho consciência de que esse medo da população é generalizado, e não é especifico sobre a minha pessoa. Mas confesso que muitas vezes chego a pensar que colocaram na televisão a minha foto afirmando que, pelo fato de ser esquizofrênico, eu seja uma pessoa perigosa... É a mente dividida entre a realidade e a fantasia... Também o fato de andar um pouco mais rápido do que o restante da população pode causar um pouco esse medo.
    Mas, como já disse várias vezes, ter consciência da situação problemática ajuda muito, mas não resolve. Se pudesse fazer uma limpeza na minha mente, como em um HD, seria ótimo: removeria os arquivos e lembranças inúteis, tudo de negativo que aconteceu em minha vida e só manteria as lembranças boas. Mas não somos máquinas, e, para esquecer a realidade as pessoas geralmente tomam "umas" ou então apelam para as drogas, tantos as ilícitas como as lícitas....
    As ilícitas, nem cogito em usar, já me ofereceram algumas vezes, principalmente nesses dois anos de andanças, Já chegaram a falar que o crack não vicia, que podemos parar quando quisermos. Mas não aceitei e nunca irei experimentar. A maconha, apesar de muitos a defenderem, também não penso em usar. Já vi usuários dessa droga que não tem nenhum tipo de transtorno mental, mas conheço portadores de esquizofrenia que relataram que os surtos começaram após o uso dessa erva. Na minha humilde opinião, acho que essa droga em si não causa as paranoias, só nas pessoas que tem a tendência a ter algum tipo de transtorno mental. Essa é a única explicação que encontrei para o fato de alguns não terem nenhum problema ao consumir a erva e já outras pessoas terem desenvolvido a esquizofrenia e outros transtornos mentais, principalmente a esquizofrenia. Por meio das dúvidas, prefiro não experimentar, quero preservar os poucos neurônios que me restam...
    Já as drogas lícitas (antipsicóticos) experimentei várias, e no meu caso em particular, não adiantaram muita coisa. Se por um lado as paranoias sumiram, também com elas se foram a vontade de viver e até mesmo de acordar para almoçar. Difícil de achar um caminho do meio, um equilíbrio nesta situação. Mas não desisto, ainda irei encontrar uma solução para viver em paz....

Cloreto de magnésio
   Outro dia recebi um email em que uma pessoa me pedia mais informações sobre o "remédio" contra a esquizofrenia chamado cloreto de magnésio. Como já disse em outros posts, o blog não é somente sobre esquizofrenia. É sobre o que se passa na mente de um cara que tem o problema. Costumo dizer que não sou esquizofrênico, e sim um portador de esquizofrenia, que tem o seu jeito de ser e pensar únicos. Cada portador tem a sua individualidade, claro que alguns sintomas nos fazem parecer iguais, mas não é bem assim. Mas o cloreto de magnésio, como expliquei nos posts não é para a esquizofrenia, se bem que senti uma melhora nos sintomas negativos. Mas as paranoias continuam. Postei links e passei o maior número de informação possível sobre este mineral, que é essencial em nossas vidas e, devido aos agrotóxicos, as frutas e verduras atualmente não estão sendo boas fontes de magnésio. Já o ômega 3 é bem recomendado, tanto para quem tem esquizofrenia como para os "ditos normais"....
     Confesso que já desisti dos medicamentos antipsicóticos. Sinto que eles tratam apenas os sintomas, e não a causa da esquizofrenia, se é que existe uma única causa.... É algo parecido que ocorre na dengue. Quando somos infectados, tomamos paracetamol, que é para aliviar as dores de cabeça e as dores que sentimos pelo corpo. O paracetamol não trata e não mata os vírus da dengue, apenas aliviam os sintomas. Os antipsicóticos apenas diminuem a dopamina no organismo da pessoa, o que as deixam dopadas, sonolentas e sem motivação. A dopamina é necessária, mas na medida certa. Ela é a substância da motivação, da vontade de realizar coisas. Confira no link abaixo:
    Para que estejamos bem, todas essas substâncias tem que estar na medida certa em nossos organismos. Mas vou tentar me exercitar, me alimentar bem, ter hábitos saudáveis, enfim, alternativas. Não quero depender de medicamentos para o resto de minha vida. Talvez uma dessas alternativas funcione como um placebo, assim como aconteceu na primeira vez que usei a fluoxetina (prozac) que na época era considerada a pílula da felicidade. Realmente eu estava acreditando que estava tomando uma pílula milagrosa e me senti muito eufórico nos primeiros dias. Era só tomar e pronto... Mas depois de algum tempo as coisas voltaram ao normal.... 

 CDE - Central de Downloads do Esquizo
    Esta semana estou disponibilizando o livro "Feliz Ano Velho", que li na década de 80. É sobre a vida de um cara, que, por uma cagada, resolveu dar um mergulho em uma cachoeira rasa e acabou ficando tetraplégico. O cara relatou todo o seu sofrimento e angústia depois do acidente de uma maneira simples e até bem humorada, o que influenciou um pouco a minha maneira de escrever e ser também. Estudava na época em um colégio de freiras, tinha uns treze anos, mais ou menos. Antes só havia lido Machado de Assim e companhia. Confesso que até fiquei assustado ao ler e saber que era permitido escrever pequenos palavrões em livros. O colégio tinha suas normas, me lembro que até cheguei a passar mal no dia da minha primeira comunhão. Os meus colegas de classe ficavam falando que quem não contasse todos os pecados para o padre, a hóstia iria se transformar em sangue dentro de nossas bocas. Fiquei com febre, suei frio naquele dia, quase caguei nas calças para falar a verdade. Eram muitos pecados para serem contados, pensei até em anotar tudo em uma folha de papel, tamanho era o meu medo. Mas, no final acabei apenas contando uns pecadinhos para o padre, que me mandou rezar dez ave marias e dez pai nossos. 

  Livro: Feliz ano velho
  Autor: Marcelo Rubens Paiva
     Publicado originalmente em 1982, esse livro é um relato do acidente que deixou Marcelo Rubens Paiva tetraplégico, poucos dias antes do natal de 1979. Jovem paulista de classe média alta, vida boa, muitas namoradas, ele vê sua vida se transformar num pesadelo em questão de segundos. Durante um passeio com um grupo de amigos, Marcelo resolve dar um mergulho em um lago. Meio metro de profundidade. Uma vértebra quebrada. O corpo não responde. Começa ali, naquele mergulho, a história de "Feliz Ano Velho." Apesar do tema trágico, o livro tem momentos de humor, ternura e erotismo. Marcelo se encarrega de colocar em palavras a relação de amor e respeito à mãe, o carinho das irmãs, a camaradagem e o encorajamento da turma, as festas e fantasias sexuais.

     Até hoje, com três anos de blog e quase 250 postagens, confesso que recebi praticamente só elogios. Poucas críticas. Algumas delas procurei tirar proveito e lições, outras nem dei atenção, pois não é difícil descobrir quando a pessoa só quer te deixar para baixo. Já cheguei a receber críticas no facebook de algumas pessoas por fingir que tenho esquizofrenia, por brincar com algo tão sério que é esse transtorno. Realmente concordo, a esquizofrenia é um transtorno complicado, incapacitante até em alguns casos. Mas aprendi na vida que não vale a pena ficar só se lamentando pelo ocorrido. Claro que temos que ficar tristes pelo ocorrido, frustrados, revoltados até. Mas também devemos tentar levar as coisas de uma maneira mais leve e tirar lições que a vida nos ensina. No meu caso, chego até à brincar, dizendo que irei processar a baygon por propaganda enganosa, pois o veneno que tomei deste laboratório não adiantou em nada, como podem ver. 
   Brinco com outras situações também pelas quais passei, afinal, o pior passou, claro que ainda os sintomas negativos e as paranoias atrapalham e muito, mas poderia ter sido muito pior.
    Para acessar a CDE e baixar este e outros livros é só clicar na imagem no lado direito da página (parte de cima). 

Postagem crentofóbica?
    Por falar em polêmica e falta de compreensão, gostaria de dizer que a minha intenção no último post não foi ofender de nenhuma forma os verdadeiros evangélicos. A postagem foi simples, como sempre costumo fazer. Só tentei dizer, que existem os crentes fanáticos que se acham melhores do que todos, e que existem os evangélicos, que, à exemplo de Cristo, procuram da melhor maneira possível ajudar as pessoas e levar o que elas acreditam à um maior número de pessoas, mas sem serem irritantes ou insistentes. Muitas pessoas me criticaram no facebook, sem ao menos ler a postagem. Fui excluído de alguns grupos e até tive que bloquear algumas pessoas que criticavam com insistência. Mas felizmente a maioria entendeu e o facebook está se tornando uma rede social que está polarizando demais as pessoas. 

sábado, 11 de julho de 2015

Crentofobia

para que tanto ódio?
    Bem, como a maioria dos leitores já devem ter notado, este humilde blog não fala somente sobre esquizofrenia. Às vezes, como qualquer cidadão comum, costumo dar meus pitacos sobre outros temas também. Afinal, a vida de um portador de esquizofrenia não é somente esquizofrenia, não devemos atribuir tudo o que nos acontece ao transtorno da mente dividida. O blog se chama Memórias de um esquizofrênico e não memórias esquizofrênicas.
    O assunto de hoje é a ferrenha batalha entre alguns pastores e seus seguidores contra os defensores da causa LGBT. Não quis comentar o assunto quando estava no auge da discussão, para evitar polêmicas. Cada um tem o direito de se expressar, desde que não invada o espaço dos outros, e também não precisando discutir, no sentido de brigar mesmo. Não faço parte de nenhum dos lados em questão, tenho a minha opinião própria. Não que eu queira ficar em cima do muro, mas, como já diz a música do grande Zeca Baleiro, "Minha tribo sou eu"...
    Não sei bem quando tudo começou exatamente, mas os ânimos começaram a ficar mais exaltados após a última parada gay, em São Paulo, quando a transexual Viviany Beleboni, de 26 anos, desfilou pela Avenida Paulista encenando a crucificação de Jesus.
    A bancada evangélica em Brasília não gostou nada dessa atitude e chegou a propor um projeto de lei, que torna crime hediondo qualquer ato que seja considerado um ultraje a fé cristã. A pena para esse tipo de crime poderá ser de até oito anos... Enquanto isso os nossos adolescentes continuam a cometer barbaridades sob a proteção de uma lei criada há mais de quarenta anos ou mais.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1640253-apos-parada-gay-deputado-quer-que-cristofobia-vire-crime-hediondo.shtml
    Como sempre, o pastor mala sem alça, ops, quer dizer, malafaia, não ficou fora da discussão, apesar da cruz ser um símbolo da igreja católica. Os próprios evangélicos são contra esse tipo de simbologia religiosa, não consideram a cruz e nenhum tipo de imagem usada nos cultos da igreja católica. Até que faz sentido, pois, se Jesus morresse esfaqueado, os católicos usariam uma faca no pescoço?
 
    Mas, voltando ao irado pastor, ele, como sempre efusivo e exaltado, deu o seu pitaco, e,não aliviou. Os defensores da causa LGBT não gostaram muito do discurso do pastor e da bancada evangélica, para muitos considerados homofóbicos. O jornalista Boechat teve uma calorosa discussão virtual com o pastor mala sem alça que chamou a atenção do pais inteiro.
    Alguns pastores e líderes religiosos até que compreenderam o ato da transexual e não a condenaram, entendendo que aquela cena foi uma forma simbólica de mostrar para o mundo que todos os dias vários homossexuais são condenados e crucificados pela sociedade. Mas a maioria, evangélicos, como o pastor Feliciano, condenaram o ato, e, numa tentativa de colocar a transexual contra a população, colocou a imagem dela crucificada em outros movimentos e protestos. Entenda melhor esta situação lendo o link abaixo:
http://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/viviany-beleboni-transexual-crucificada-processa-marco-feliciano,100bd849da7594157ed5e4c57fd45865gpoxRCRD.html

Entenda um pouco a briga entre mala sem alça e o Boechat


    Como já afirmei, não sou defensor da causa LGBT, e também não sou a favor desses "pastores" que se dizem representantes da moral e dos bons costumes. Sou a favor do respeito, cada um é dono do seu próprio corpo e fazem dele o que bem entender, desde que se respeite o direito dos outros. Ninguém é obrigado a ver duas pessoas fazendo sexo em um local público. Não tem como esconder isso, alguns homossexuais tem essa prática, não tem como negar. Claro que heterossexuais também tem essa prática, mas isso é muito mais comum entre os homossexuais. Espero que entendam o que estou tentando transmitir, que é o respeito ao próximo. Não tenho nada contra os homossexuais e nem contra os evangélicos. Só gostaria que alguns homossexuais fossem mais discretos e que os pastores, principalmente lá de Brasília, trabalhassem mais e falassem menos e que tratassem de assuntos mais importantes, ainda mais na atual situação em que se encontra nosso país.
    Creio que nessa questão os dois lados deveriam ceder um pouco. Um pouco mais de respeito de alguns homossexuais escandalosos e mais tolerância dessas pessoas que se dizem "crentes"...
    Conheço evangélicos e homossexuais, e respeito à todos, não vejo nada demais nisso. Jesus que era o filho de Deus andava no meio dos pecadores e escolheu pescadores como discípulos. Pelo que sei, uma das poucas vezes que entrou em uma igreja foi para expulsar os comerciantes que se encontravam no local. Então, por que eu, um cara cheio de falhas e erros, irei me achar melhor do que os outros e passar a condenar tudo o que não concordo e não me agrada? As pessoas, nas redes sociais, estão se polarizando demais, e, como um imã, acabam se repelindo umas às outras. Ou você está no pólo negativo ou no positivo, não tem como ficar no meio.
    Essa polarização começou a tomar uma dimensão maior na última eleição para a presidência do nosso país, sobretudo no segundo turno: Dilma x Aécio, PT x PSDB, ricos X pobres, sulistas x nordestinos, e por ai vai. Não tinha meio termo, tudo muito generalizado.
    Mesmo após as eleições as discussões nas redes sociais ficaram acirradas e tensas. O foco mudou um pouco, com os acontecimentos: a maioridade penal, os justiceiros, e agora a discussão entre os defensores da causa LGBT e de evangélicos que se autodenominam defensores da família.
    Quem sou eu para falar e citar trechos da Bíblia sagrada. Além de não tê-la estudado o suficiente, não me considerado apto para tal ato. Creio que é preciso ter uma vida muito reta para sair pregando lição de moral por ai com um microfone na mão. Mas posso falar sobre o que vi e vivi em todos os meus 46 anos de existência neste planeta chamado terra.

   Frequentei diversas igrejas evangélicas: algumas gostei muito e me senti bem, outras nem tanto, devido principalmente a rigidez das normas. A impressão que se dá é que termos que ser santos, totalmente puros, sem pecado nenhum, nem em pensamento. Cada denominação tem suas regras, e, em algumas igrejas os homens não podem nem sentar perto das mulheres. Era tudo muito separado: os casados, os solteiros, as crianças e os idosos. Não vejo maldade nenhuma em sentar perto de uma mulher em uma igreja. Essa regra é a própria confissão de que as pessoas só pensam em sexo. "Não podemos sentar perto das mulheres, por que não iremos prestar atenção no pastor e sim na mulher..."
    Hoje em dia, depois dos meus surtos, qualquer lugar que não seja o meu quarto não me é agradável, a realidade é esta. Tenho consciência de que isso vem de mim, mas não sei como resolver esta questão. Então ninguém irá me ver frequentando uma igreja evangélica, mas também não me encontrarão em um baile funk fazendo certas estripulias... Meu mundo é o meu quarto, meu notebook, minha TV e o meu home theather, para me sentir em um cinema quando assisto algum filme... Mas não desisto, vou continuar na luta, mas não vou ficar à espera de que apareça um medicamento milagroso que cure as minhas paranoias sem me detonar fisicamente. Além de não nos detonar fisicamente, esse medicamento milagroso teria que anular as paranoias sem nos deixar meio robotizados, sem emoções. Acho que os cientistas ainda continuam pensando que a esquizofrenia é apenas um desequilíbrio químico. Ai criam inibidores da dopamina e dopam o paciente e ai dizem que está tudo bem. Mas esquecem de outros fatores, com o psicológico. Já vi psiquiatras compararem a esquizofrenia à diabetes, que basta controlar a dopamina e pronto. Creio que estão apenas tratando um dos sintomas. Vou citar a dengue: quando pegamos dengue, vamos ao posto de saúde e o médico nos receita paracetamol para dar uma aliviada nas dores, mas não resolve o problema da dengue em si, e a solução é apenas esperar e esperar... Com a esquizofrenia creio que ocorra o mesmo, trata-se um dos sintomas, que é o aumento da dopamina...
   Mas não poderia de agradecer neste post aos verdadeiros evangélicos que apareceram em minha vida, em alguns momentos especiais. Se foi coincidência, obra do acaso ou intervenção divina, não sei dizer. Me lembro de Laura, de Salvador, na Bahia, que, sem ao menos me conhecer, me acolheu em sua casa por quase um mês, no ano de 1992 (me lembro bem da data, já na época tinha o hábito de escrever algumas memórias..). Estava trabalhando em uma cidade do interior de Minas Gerais, e, do nada me deu vontade de trabalhar em Salvador, em um trio elétrico qualquer, sei lá... Foi um impulso e não tinha nada planejado e ainda cometi a burrice de ir para a capital baiana em pleno carnaval, ou seja, as firmas de sonorização e trios elétricos já estavam com seus quadros de funcionários completos.
    Então, depois de quase um mês em Salvador, dormindo em hotéis, a grana havia acabado. Fui dormir em um banco da praça. E lá estava Laura, pregando em voz alta, para quem eu não sei, pois todo mundo passava direto e nem ligava para o que ela dizia. Mas ela não desistia e não parava um minuto sequer. "Essa mulher é doida..." pensei, de início. Mas, no final da pregação, resolvi ir até ela para que orasse por mim e quem sabe Deus ouvisse minhas preces. Confesso que sou daqueles que pensam mais em Deus nos momentos difíceis. Quando a coisa volta ao normal, esqueço de tudo. É algo parecido com alguns bandidos que, quando são presos, não desgrudam da bíblia nas celas. Chegam a decorar a bíblia quase toda e até conseguem discutir de igual para igual com alguns pastores. Mas, depois que conseguem a liberdade, voltam para o mundo do crime...
    Me lembro que conheci pessoas bastante legais e divertidas quando frequentei a igreja Batista em uma cidade do interior de Minas Gerais, tirando o preconceito que eu tinha, imaginando que todos os evangélicos fossem pessoas carrancudas, moralistas e que não se divertiam.
    Quando estive nas ruas, durante o meu primeiro surto psicótico grave fui muito ajudado pelos evangélicos, mas também por espíritas e católicos. E também por pessoas que não professavam nenhuma religião.
    Me lembro de um casal de evangélicos sorridentes, que, ao me verem sentado na rua, pararam e começaram a conversar comigo. Ficamos um bom tempo batendo papo, e, ao contrário de alguns "crentes" não disseram que eu estava com o "tinhoso" no corpo. Até me deram uma bíblia de uso pessoal deles, pois vários versículos estavam marcados e havia algumas anotações que achavam importantes. O cara até chegou a me levar para a igreja batista da lagoinha, para tentar alguma ajuda que me fizesse sair das ruas. Até hoje guardo com carinho a bíblia que eles me deram.
    Ainda neste primeiro surto grave, fui atendido por um pastor psicólogo da igreja presbiteriana. Estava perambulando pelas ruas do bairro barro preto, quando avistei a placa de um consultório de psicologia, no segundo andar de um prédio. No primeiro andar funcionava a igreja presbiteriana. Era o ano de 2003. Estava começando a me recuperar do surto e já havia perdido quase que totalmente o medo de conversar com as pessoas, a mania de perseguição havia diminuído consideravelmente. Havia também recuperado o meu peso e estava me sentindo muito bem fisicamente, até parece que o jejum forçado no meio do mato durante a crise serviu para dar uma limpeza em meu organismo. (efeito detox?)
     Já havia cortado o meu cabelo e estava fazendo a barba, apesar de ainda estar nas ruas. Naquela época as latinhas de refrigerantes e cerveja ainda davam um bom dinheiro, e conseguia comprar os produtos de higiene e outras coisas mais. Era até meio constrangedor na época o que ocorria nas festas de rua e em shows: o cara lá tomando a sua cervejinha e com um cara ao lado com uma sacola esperando a tão valiosa latinha...
     Também já havia começado o tratamento com o psiquiatra no posto de saúde que havia perto do parque municipal. Também estava fazendo terapia com a psicóloga, que não me falava nada sobre o que eu poderia ter, apenas ficava me olhando. O psiquiatra me ouvia por alguns minutos e logo preenchia o receituário. Estava bem, mas não tinha a mínima ideia do que havia ocorrido comigo nos últimos meses. Pensava que se tratasse de algo espiritual ou que então alguém havia colocado alguma droga em algo que eu havia ingerido. Por esse motivo resolvi entrar na igreja e conversar com o pastor psicólogo.
      Mas ele também não me falou nada sobre esquizofrenia, apenas conversávamos sobre vários assuntos, como música, a infância, etc. Mas aquela atenção que ele deu para a minha pessoa foi importante. Me tratou como um ser humano e não me julgou, mesmo relatando um pouco de toda aquela loucura que havia acontecido comigo nos últimos meses. Saia de lá mais confiante e animado, passando a perceber que o mundo inteiro não estava contra a minha pessoa. Claro que sempre que ia na igreja não deixava de tomar um cafezinho com biscoitos...
    Às vezes o que mais precisamos é ser ouvidos... Infelizmente alguns profissionais da saúde mental não percebem isso, e só sabem nos encher de antipsicóticos... Conversam mais com os parentes do que com o próprio portador.
    E, durante as minhas andanças, depois que sai de Ipatinga, em 20012, conheci um pastor que foi muito legal comigo, pois guardou a minha barraca entre os intervalos de uma viagem para outra. Essa barraca pesa dois quilos e incomoda um pouco quando a mochila está cheia de outras coisas.
    Além destes que citei, conheci vários evangélicos legais, que conversavam comigo como seu eu fosse um ser humano normal, sem nos dar a impressão de que são seres puros e que serão os únicos a serem salvos e que poderão se contaminar.

    Já os "crentes", aqueles aqueles que se acham salvos apenas por frequentarem uma igreja, procuro não me aproximar, pois o discurso é sempre o mesmo. Ser "crente" é fácil, dizem até que o "capiroto" é crete, pois acredita na existência de Deus. Falo daqueles crentes que andam com a bíblia debaixo do braço e sabem de cor cada versículo da Bíblia, mas que não poem em prática o que está escrito neste livro. Procuro me afastar de "crentes" que se negam a fazer um trabalho de faculdade por que o tema era a cultura afro brasileira. Isso sim é intolerância...
   Gostaria de parabenizar os verdadeiros evangélicos, que saem pregando a sua fé em todos os lugares e para todas as pessoas, independente da classe social e aparência física. Já vi pastores que pregam em comunidades carentes onde o tráfico de drogas é intenso.
http://acritica.uol.com.br/noticias/Amazonas-Manaus-Cotidiano-Polemica-alunos-professores-trabalho-escolar-afro-brasileiro-evangelicos-satanismo-homossexualismo-espiritismo_0_808119201.html#.Uj3L143dwPi.facebook
     Espero que tenham entendido a intenção da postagem. Respeito quem se dá o respeito, seja ele evangélico, ateu, homossexual.  Infelizmente as redes sociais, o facebook mesmo, não sei por que os jornalistas tem medo de dizer facebook, está se tornando um ringue, cada um de seu lado, tudo polarizado como pedaços de imã, que, quando se aproximam acabam se repelindo.
   Pode até parecer que trabalho para o Zeca Baleiro, creio que essa é a terceira vez que posto esta música, que mostra que não devemos sair por ai generalizando tudo o que vemos nas redes sociais.
Cada pessoa é única e tem a sua maneira de ser e pensar, vamos respeitar a decisão de cada um, o mundo seria uma droga se todos fossem exatamente iguais.