quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Valeriana

   
                               
A minha curta relação com a "Valéria"...
    
     Vamos neste post contar mais uma tentativa de me livrar do vício mais viciante que já conheci, em toda a minha vida, depois do chocolate, é claro:  o diazepan.
    O psiquiatra não pensou duas vezes na hora de preencher a receita com a indicação do lorazepan, ao ouvir as minhas queixas sobre as noites mal dormidas que estava tendo. 
    Ele não me fez nenhuma pergunta, nenhuma ressalva, nada. Em menos de um minuto, a receita estava em minhas mãos. Saí super feliz do consultório, com a certeza de que todos os meus problemas relacionados ao sono estariam resolvidos de uma vez por todas. 
   Era o ano de 2003 e havia acabado de sair do meu primeiro surto psicótico grave. Para mim, naquela época, aquele comprimidos eram milagrosos e fariam com que eu dormisse o sono dos justos
    Saí do consultório direto para a farmácia do posto de saúde para pegar os medicamentos. Não recebi nenhuma bula, somente as cartelas. E o psiquiatra, como já relatei, não fez nenhum tipo de alerta sobre uma possível e até provável dependência física e psicológica que este medicamento poderia causar
    No início achava bom tomar aqueles comprimidinhos brancos. Dava uma relaxada na musculatura, me fazia sim esquecer um pouco dos problemas do mundo, ficava com os olhos meio cerrados, parecendo que estava drogado (e realmente estava!). Enfim, até que ajudava um pouco a conciliar o sono, mas naquela época eu não precisava tanto, o sono até que era de qualidade média, não acordava detonado como costumo acordar atualmente. 
   Mas, com o passar do tempo, a "droga" não estava mais fazendo efeito e tive que aumentar a dose. Mudei de cidade e também de medicamento, o diazepan, mas que também é da mesma família. Existem cerca de doze comprimidos da família dos diazepínicos, que tem o mesmo efeito sedativo, a diferença é quase nenhuma entre eles. 
    Com o uso desses medicamentos, até que conseguia às vezes dormir por um bom período de tempo, mas acordava cansado com a sensação de que não havia descansado o suficiente. Nesses 13 anos de dependência do pan nosso de cada dia, consegui raríssimas vezes dormir sem a ajuda desses medicamentos. Foi meio sem querer, me lembro que dormi duas vezes assistindo os jogos da seleção brasileira, quando a mesma era dirigida pelo técnico mano menezes. Era um desses amistosos caça níquel contra seleções de pouquíssima expressão no cenário futebolístico mundial. E a "pelada" estava tão ruim que peguei no sono sem ao menos pensar no diazepan. Há poucos dias atrás cheguei a dormir sem medicamentos ao assistir um filme não muito bom. Esses filmes antigos, só com os diálogos, sem trilha sonora, sem os efeitos sonoros das cenas de ação, são um pouco entediantes mesmo. 
     E todas as vezes que dormi sem a ajuda dos medicamentos acordei muito mais disposto e com as energias renovadas. O meu humor matinal, que prefiro chamar estado de ânimo estava ótimo, mesmo sem comer chocolate ou tomar um bom banho. Então, com propriedade, posso afirmar que mais vale duas horas de sono natural do que oito horas à base de remédios.
    Como o diazepan já não estava mais fazendo efeito, cheguei a experimentar por uma noite um medicamento chamado levozine. Esse é tiro e queda, apaga mesmo, o problema é conseguir levantar as oito horas da manhã no dia seguinte... Me deu uma vontade de ir ao banheiro de madrugada, e o corredor ficou estreito demais, saí trombando em tudo que via pela frente. Caso resolvam experimentar o levozine, recomendo que deixem um pinico debaixo da cama....
     Mas o pior de tudo era a ressaca mesmo, que só começava a diminuir por volta da uma hora da tarde, e, como tinha que ter ânimo para ir ao restaurante popular para me alimentar, tive que parar com esse medicamento logo na primeira noite de tentativa. 
    A minha memória recente parece estar indo para o brejo. Esqueço nomes e fatos que me foram apresentados no dia anterior. O engraçado é que a memória dos fatos anteriores ao uso do diazepan parecem preservados, só esquecendo mesmo por causa do tempo. Tanto que consegui lembrar de detalhes sobre o que aconteceu comigo durante os meus surtos psicóticos e consegui assim escrever o livro Mente Dividida. Muitas pessoas imaginam que não conseguimos nos lembrar dos fatos ocorridos durante as crises. Não é bem assim, durante os surtos ficamos fora da realidade, e não desmemoriados. Poucos amigos portadores relataram comigo esquecerem do que ocorria durante as crises. 
     A solução que encontrei então foi diminuir a dose do "pan nosso de cada dia". De 20mg pulei para 10mg e, depois, com muita dificuldade, consegui diminuir para 5mg. Mas, parar de vez, que é bom, ainda não consegui. É uma dependência muito forte, tanto física como psicológica, não sei dizer qual é a mais difícil de se livrar. Talvez até consiga dormir misturando comprimidos de farinha (placebo) no meio dos comprimidos de diazepan. Às vezes chego a esquecer de tomar, mas o meu organismo não, e logo me lembro de tomar a pílula "mágica" quando fico me revirando na cama. 

A valeriana
    Pesquisando em vários sites, descobri que o uso prolongado de diazepínicos poderia causar demência, mal de alzheimer, entre outras doenças neurológicas. Fiquei preocupado, e então resolvi tentar a famosa e tão falada valeriana. 
    Comprei um frasco com 60 cápsulas por 26 reais em uma farmácia de manipulação. Tomei pela primeira vez na parte da tarde, para poder avaliar melhor o efeito, que foi uma leve ação sedativa, ideal para o dia mesmo, em casos de agitação e ansiedade, mas que não sei se adiantam muito para as pessoas que já estão viciadas nesses pans da vida. 
    Já de noite, ao dormir, a valeriana não teve nenhuma eficácia, cheguei a tomar dois comprimidos, sem sucesso. O jeito foi recorrer ao velho diazepan mesmo. No dia seguinte, tomei um novamente na parte da tarde, e depois fui fazer exercícios físicos. De repente comecei a sentir muita coceira e irritação nas costas, nos braços e no peito. Parecia urticária e a minha pele ficou avermelhada. A irritação aumentou e a coceira deu lugar a uma queimação muito forte pelo corpo, uma sensação muito irritante mesmo. 
    Consultei então o "Dr. Google" e, para minha surpresa, a valeriana pode causar reações adversas, dentre elas a dermatite de contato. Essa dermatite, como o próprio nome já diz, é como se fosse uma reação alérgica do seu corpo nas áreas onde ele teve contato com algum objeto ou superfície. É uma sensação muito irritante, como de uma urticária, só que bem mais forte, já que depois de um certo ponto essa urticária vira uma queimação na pele. Não posso afirmar que esses comprimidos sejam 100% naturais. Talvez o chá da planta não cause esse tipo de alergia. E também é bom ressaltar que não é por que essa reação aconteceu comigo é que irá acontecer com todos que experimentarem. 
     Creio que quem já está viciado nos pans da vida dificilmente irá encontrar na valeriana a solução para a ansiedade e insônia e outras neuroses que nos assolam. Mas também não quero desmotivar ninguém a tentar, pois não podemos desistir. Quem sabe alguém consegue um alívio com a "Valéria"? Acho um pouco difícil, mas não custa tentar. Uma boa dieta, com poucos alimentos excitantes (café e chocolate), exercícios físicos juntamente com a valeriana podem ser uma boa solução para algumas pessoas. Quem tem espaço em casa ou até mesmo no apartamento pode improvisar uma pequena horta, com plantas que ajudam a relaxar e assim pegar no sono. Me lembro quando tomava chá de erva cidreira antes de dormir me sentia muito bem. Isso acontecei quando me internei em uma clínica para pessoas que querem se livrar do álcool e das drogas. Mas não tenho esse tipo de problema, na época queria mesmo era me livrar do chocolate mesmo, que além de me engordar, me fazia gastar dinheiro em demasia. 

     Vejo em alguns grupos do facebook sobre transtornos mentais os próprios usuários falarem maravilhas desses medicamentos, principalmente do rivotril. Uma pessoa entra no grupo, pergunta sobre uma solução para uma ansiedade, por exemplo, e vários membros fazem comentários, praticamente receitando o rivotril contra todos esses males. 
     Não devemos desistir dos tratamentos alternativos, talvez até cheguem a funcionar como placebo mesmo. A nossa mente é capaz de coisas incríveis, e não duvido que também possa ser capaz de algumas curas. Se botamos em nossa mente que aquela erva ou planta irá nos curar, e se tivermos pensamento positivo, talvez isso influencie nosso organismo para uma possível melhora em diversas enfermidades. Na própria bula dos medicamentos são relatadas melhoras durante as experiências com o uso de placebos. 
    Talvez os medicamentos naturais, chás, ervas, devessem ser a primeira alternativa dada pelos médicos, em casos de insônia, nervosismo, ansiedade, etc. Sinceramente não sei o motivo, pelos quais os médicos receitam com uma facilidade enorme os pans da vida, já nos mandando logo na primeira consulta para o mundo dos diazepínicos. Um mundo onde não se tem a passagem de volta, ou se tem, é por uma trilha bem difícil de ser acessada e percorrida...


Yes we can!!!
    E por falar em alternativas naturais, abaixo estão os meus dois últimos exames de sangue para detectar as taxas de triglicerídeos no sangue. Notem que no penúltimo exame as taxas estavam se aproximando dos perigosíssimos 500mg!!! O médico, ao ver o resultado, já ia pegar a caneta para, provavelmente me receitar a "droga" da sinvastatina, que detona o nosso fígado, dentre outros malefícios que nos causam se for usado por um tempo prolongado.
    Mas, antes que ele pegasse o receituário, disse para ele que não seria necessário e que, com o uso do ômega 3 e uma moderação no consumo das gorduras, principalmente as trans, os níveis iriam voltar ao normal. E ai está: 253mg!!! Falta ainda um pouco para se chegar ao ideal, mas com força de vontade chegarei lá. Infelizmente não estou podendo correr e fazer exercícios físicos pesados, estou há um ano com um problema no dedão do pé esquerdo, que é o pé de apoio e por isso não consigo correr sem sentir dor. Às vezes chego a jogar um futebol, a dor parece que diminui um pouco na hora, mas depois volta com mais intensidade. No próximo dia 16 finalmente irei fazer um raio x pelo sus... O primeiro médico que consultei apenas me pedia para passar água morna, sem ao menos dar uma examinada no meu pé, e olha que não tenho chulé... Fui para um segundo médico, que foi mais atencioso, e pediu um raio x, que depois de cinco meses acabou saindo. Agora vamos esperar quanto tempo que ainda irá demorar até começar a me tratar... E tem gente que ainda que acha o serviço do sus eficiente... 
    
se depender de mim, os laboratórios fabricantes da sinvastatina irão falir...
    Creio que a função de um bom médico não seja apenas e basicamente preencher receituários, e sim cuidar da saúde de seus pacientes, e isso inclui orientação e informação para se obter uma boa qualidade de vida para que o problema que o levou ao posto de saúde não ocorra novamente. Sei que tenho um pouco de mania de médico ( e de louco também?) e também tenho acesso a informações pela internet, além de ser muito curioso. Isso ajuda a evitar certos problemas. Mas e quem não tem nada de médico e acesso à internet e não é curioso? Vai ficar sedentário, ingerindo gorduras perigosas em excesso e tomar sinvastatina pelo resto de suas vidas?
    Algo parecido ocorre com a esquizofrenia: os psiquiatras geralmente preenchem o receituário e pronto. Às vezes menos de dez minutos são suficientes para descobrir o que nos aflige. Nós, os portadores, temos que nos cuidar melhor, tanto física como mentalmente e psicologicamente, pois não tem como estarmos bem se não estivermos ok tanto na parte mental como física. Devemos procurar a informação, bons hábitos de vida, questionar o psiquiatra sobre o uso dos medicamentos, se estão na dose certa caso não estejamos nos sentindo bem.  Dessa maneira, podemos um dia achar uma melhor forma de se lidar com a esquizofrenia sem ter que nos entupirmos de antipsicóticos e de remédios que ajudam a diminuir os efeitos colaterais destes. Talvez algumas pessoas não gostem dessa possibilidade, pois, do jeito que as coisas estão, muita gente está ganhando com a esquizofrenia, menos os pacientes... 


PSI
    Dica de entretenimento televisivo do esquizo:
    Estava esses dias à procura de algo interessante para assistir na TV, e me deparei com essa série, chamada PSI. Como sou fascinado pela psicologia e afins, não hesitei em clicar no link e assistir.
    Psi conta a história do cotidiano de uma cidade cheia de transtornados, como é São Paulo ou outra grande megalópole do mundo. Conta casos que não são muito comuns, mas que podem estar acontecendo ao nosso lado, com o nosso melhor amigo, com o vizinho ou até mesmo com nossos parentes. São histórias que valem a pena serem vistas, e podem ser proveitosas, casos estejamos abertos a conhecer a si próprios.

    Pensei no início que se tratasse de uma série chata, que se passava em sua maior parte dentro de um consultório, onde simplesmente pessoas narrassem seus problemas do dia a dia. Mas não, Psi é uma boa surpresa, onde as histórias são contadas pelas paisagens urbanas da cidade de São Paulo, onde até cenas de ação podemos ver, pois o psicanalista se aventura a desvendar algumas situações complicadas e até crimes.
Sinopse: PSI é uma série dramática com toques cômicos em 13 episódios que narra as aventuras de Carlo Antonini, um psiquiatra / psicólogo / psicanalista medianamente patológico. tanto dentro como fora do consultório. Movido por seu interesse em casos pouco convencionais, Carlo sofrerá consequências na sua vida familiar como pai, marido e amigo ao longo da temporada. A série não só dramatiza a solução diagnóstica e clínica dos casos, mas coloca em questão temas existenciais do mundo moderno. Durante a temporada, Carlo vive histórias que o fazem reavaliar o sentido da sua profissão e também de sua vida pessoal.
   Abaixo o link para assistir a primeira temporada de PSI
http://megafilmeshd.net/series/psi.html
Obs: o link acima não está mais funcionando, creio que a polícia federal está agindo para tirar alguns sites do ar. Até parece que a polícia não tem coisa mais séria para se preocupar, principalmente lá em Brasília e com a própria polícia federal também, pois existem policiais corruptos e que não honram o seus trabalhos. É uma minoria, mas que deve ser investigada, e que faz muito mais mal do que os sites que passam filmes online.

Será que estou incomodando?
    Infelizmente uma pessoa ou algumas denunciaram as minhas postagens sobre o blog. Não sei o que tem de errado com as minhas postagens, não contém pornografia, não incita o ódio, a violência nem nada. Mas o facebook acha normal esse tipo de postagem... O facebook e certas pessoas, mas talvez eu realmente possa incomodar certos profissionais que só visam o lucro e não se preocupam com o bem estar de seus pacientes. E também existem pessoas que tem o prazer simples e puro de prejudicar o próximo, pelo simples fato de não concordar com certas coisas. Ou outra coisa, depois que passei a escrever o blog apareceram algumas pessoas que não me desejam o mal, mas, ainda bem que o número das pessoas que me desejam o bem é muito maior. Gostaria de agradecer à todos os que me apoiam e que me dão força para continuar. Não vai ser este fato que irá me fazer desistir. Obrigado também aos grupos que sempre publicaram as minhas postagens.
Para o facebook essas imagens e zombarias são normais, pois eu denunciei e nada aconteceu...
http://memoriasdeumesquizofrenico.blogspot.com.br/2013/01/comunidade-no-facebook-zomba-de.html
tudo isso para o facebook é normal, e também para os usuários que nunca denunciaram esse tipo de "brincadeira" e parecem se importar mais com as minhas postagens...
Conto com a ajuda de todos os amigos do blog, para levar esse trabalho adiante, mesmo com algumas pessoas não gostando do alcance que ele está tendo. Não ganho dinheiro com esse trabalho, apenas me sinto útil, e isso é muito importante na vida de uma pessoa. Obrigado.