quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Galeria de arte


    Cíntia Cardoso

    Mais uma postagem da série Galeria de arte, em que procuro divulgar o trabalho artístico de meus amigos portadores de esquizofrenia. Como sempre costumo dizer, existe uma relação bem intima entre a "loucura" e as artes em geral. Talvez essa relação aconteça por causa de uma qualidade em comum entre a arte e a loucura, que é a sensibilidade. Ao longo de anos de observação, pude perceber que as pessoas mais sensíveis talvez estejam mais propensas a algum tipo de transtorno mental do que os que tem pouca sensibilidade, e são chamados de mais "fortes". E, para ser artista, nem é preciso dizer que se tem que ter muita sensibilidade...
    No meu caso em particular, desde pequeno me apeguei à leitura, viajava em qualquer livro que encontrava na estante. A música também sempre esteve presente, e trabalhei a minha vida inteira como operador de som. Era uma alegria trabalhar com bandas, música, shows, festas. Só não gostava de trabalhar em eventos com muita formalidade, em que não havia música, só pessoas falando. Era um martírio quando tinha que fazer algum evento dentro da Usiminas, na cidade de Ipatinga...
"Segredo de Eva", escultura em argila
    Quem expõe seus trabalhos desta vez é uma amiga virtual, de São Paulo. E nada melhor do que ela própria para se apresentar:

    "Meu nome é Cíntia Cardoso dos Santos, curso Artes visuais na Instituição de ensino Cruzeiro do Sul em S.P, sou diagnosticada com esquizofrenia neuro psicótica cid F24 desde os meus 26 anos. 
Em minha obras costumo retratar o que eu vivo. A vida de um esquizo é difícil pois tenho fazes que eu consigo me cuidar, relacionar estudar trabalhar e muito mais, e há momentos de total psicose nestes eu fico dentro de casa e não falo com ninguém até passar, a arte me ajuda muito pois faz passar esta paranoia e outros sintomas por alguns instantes. O meu conselho para quem tem este diagnostico e para quem não tem: nos momentos que não estiver em surto tentar fazer um quadro de rotinas coloca na parede e escreva o que vc tem que fazer todos os dias e inclua momentos de lazer e o que você  gosta de fazer, se afaste do que te faz mal, por que você também é gente e respeite os seus limites por que assim crescemos como seres humanos". 
"Bem arguido" esboço para tela em lápis de cor
Duas vidas                                                                                      Litigio 
Meu diário (esboço)                                                                                Auto retrato
"Baby Toy", escultura em argila 

   É isso ai, quem estiver afim de apresentar seu trabalho é só entrar em contato comigo, pelo blog ou através do email juliocesar-555@hotmail.com  Não é necessário ser somente pintura, qualquer atividade cultural é bem vinda, como poesia, textos, música, esculturas, etc. 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Divagações esquizofrênicas 13


 
     Mais uma postagem da séria divagações esquizofrênicas, e, como não poderia deixar de ser, as paranoias diários do nosso cotidiano são o tema principal.
   Ano novo, vida nova, novos pensamentos e aquela baboseira de sempre. É como se precisássemos de uma data para refletirmos sobre nossas vidas e tentar mudar algo que não está dando certo.
    O ano é novo mas as paranoias são as mesmas de sempre, a diferença para dez anos atrás é que já estou meio acostumado com elas. Por exemplo: como bom brasileiro, gosto de ver um jogo de futebol, e, como nessa época os jogadores profissionais estão de férias, estou assistindo alguns jogos da copa são paulo de futebol júnior. Não tenho TV a cabo, então conecto o notebook na entrada HDMI da TV e assisto alguns canais pela internet mesmo, com uma qualidade de imagem meio ruim e algumas travadas. E foi numa dessas travadas que algumas paranoias minhas foram ressuscitadas. Estava assistindo um jogo normalmente, a partida estava dura,  empatada em 0x0 e aí,o site travou.... Quando voltou, o time que torço havia inaugurado o placar. A alegria tomou conta de mim, mas logo veio a tristeza. Pensei: "pô, por que o meu time só fez o gol quando não estava assistindo?"  Não é aquela simples sensação de ser um pé frio, é algo um pouco pior. Foi um drama, fiquei no velho dilema: assistir ou não os jogos do meu time? Sempre penso que, quando ele perde e estou assistindo, a culpa é minha. E o contrário também acontece: se perdeu e não assisti, a culpa foi minha, pois, como bom torcedor, tenho que assistir e dar aquela força. Depois de um pouco pensar, resolvi continuar a assistir, afinal, é uma das poucas diversões que ainda tenho. Com o passar do tempo, o meu time fez mais alguns gols e ganhou com facilidade. Não sei quando essa "cisma" começou, mas creio que desde os treze anos de idade tenho esse tipo de pensamento. Me lembro que estava no estádio mineirão, assistindo o jogo do atlético mineiro contra um outro time, que não me lembro o nome agora. E, quando a locutora do estádio anunciou no serviço de auto-falante que o meu time estava perdendo um jogo decisivo comecei a chorar. Disse para o meu amigo que foi ao jogo comigo que a culpa era minha, pois desde pequeno ouvia os jogos do meu time, que é de outro estado, naqueles rádios antigos valvulados. Mas chorei muito mesmo, tinha a plena convicção de que a culpa era minha, pois sabia que o meu time estaria jogando naquele horário, e mesmo assim resolvi ir ao mineirão assistir o jogo do atlético mineiro.

                                                  seleção brasileira de "Júnior"

   Até hoje fico nesse dilema, penso que se perdeu a culpa é minha mesmo. Sei que isso deve acontecer com outras pessoas que não tem esquizofrenia, mas no nosso caso tudo é superdimensionado e chega a prejudicar o nosso dia a dia. 
     Em relação à imagem acima, só quem acompanhou o futebol na década de 80 e 90 irá entender. Quem souber a resposta irá ganhar um livro Mente Dividida em PDF. É só enviar a resposta nos comentários. Os três primeiros que responderem ganharão. 

BBP Big Brother Paranoico
    Onde moro tenho vizinhos que trabalham muito, chegam cansados do trabalho por volta das sete horas da noite. Não sou muito de conversar com eles, prefiro manter certa distância, pois, não sei se é por que tenho cara de idiota ou um outro motivo, os vizinhos estão sempre me pedindo favores. Quando não é dinheiro, pedem para consertar alguma coisa, uma ferramenta, fita crepe, isolante, ebulidor, etc...
    Para mim é extremamente difícil pedir algo emprestado, a não ser em caso de urgência mesmo. Alguns vizinhos seio um pouco acomodados mesmo.  Por exemplo: os caras não querem fazer uma vaquinha para comprar uma vassoura, mas têm dinheiro para comprar a erva danada, e, quando compro a vassoura, só faltam pedir emprestado para varrerem seus quartos.
    Já ouvi indiretas sobre uma suposta vida boa que levo, ficando o dia inteiro na internet, assistindo televisão, sem ter que trabalhar. Me pergunto que vida boa é essa, sendo praticamente um prisioneiro, só que sem grades.  Mas para que grades se o que nos prende é um vilão que tememos que é a esquizofrenia? Esse vilão nos permite sair de onde estamos presos, mas nos segue por todos os lugares onde vamos. No meu caso ele não me incomoda tanto quando estou aqui no meu quarto.
    Não trocaria a minha vida antes da esquizofrenia por nada, nem por uma aposentadoria de três salários mínimos. Não tem preço poder andar por ai sem paranoias, despreocupadamente, ir aos shows das bandas que gostamos, ou então ficar de bobeira mesmo, ir ao  zoológico dar pipoca aos macacos ou no parque das mangabeiras, por exemplo.
    Se me fizessem uma proposta, de ter que passar por tudo o que passei durante os surtos para conseguir uma bela aposentadoria, provavelmente a minha resposta seria não, pois tenho certeza de que não conseguiria passar por todo aquele sofrimento físico conscientemente. Quando estamos fora da realidade perdemos a noção de muitas coisas, e conseguimos andar por vários quilômetros sem parar para descansar, por exemplo. No meu caso a sensação de fome desapareceu, é como se a região do cérebro responsável por essa parte tivesse sido desativada. Só sentia muita sede.
    Mas me lembro do dia em que andei  praticamente o dia inteiro, das nove da manhã até por volta da uma hora da madrugada do outro dia. Estava sentado em um ponto de ônibus, na BR, em uma cidade no sul de Minas. De repente, um cachorro foi atropelado por um carro que estava em alta velocidade, e ai logo ouvi o dono dizer que a culpa era minha. Se foi alucinação ou não, até hoje não sei responder. Logo pensei que o dono do cachorro iria chamar seus amigos para me linchar, esquartejar, etc. Então peguei a estrada e por todo o caminho ouvia as pessoas falando de mim. E imaginava que eles não só queriam me matar, mas antes queriam que eu sofresse muito, ou seja, seria uma morte lenta e dolorosa. No caminho, parei para comer algumas mangas que estavam deliciosas. Não tem como comparar, as frutas dos supermercados não tem o gosto das frutas tiradas direto do pé e sem os agrotóxicos e outras coisas que são colocadas para crescerem mais e ficarem mais bonitas. As mangas estavam deliciosas mesmo, no ponto, me lambuzei todo, mas, no final, ouvi um garoto, que estava no outro lado da estrada, dizer:
    - As mangas estão envenenadas!
    Não tive dúvidas:  enfiei o dedo na goela e pus tudo para fora, aquelas mangas deliciosas, que as do supermercado não conseguem imitar o sabor e nem o aroma. E foi assim pelo caminho, ouvindo acusações por todos os lados e imaginando o pior, chegando ao ponto de ir à uma delegacia, para pedir ajuda, mas o policial não me deu atenção e então tive que continuar a minha jornada. Por volta da meia noite, cheguei em uma cidade, próxima à Belo Horizonte, e a mania de perseguição estava no seu grau quase máximo. Quando o sino tocou as doze badaladas noturnas, pensei que era o padre anunciando para a cidade que eu havia chegado, e não que o relógio era automático e que realmente era meia noite! A solução que encontrei foi me refugiar no mato, e passei a noite inteira acordado, ouvindo pessoas tramando alguma maneira de me pegar. Assim que o sol raiou continuei a minha fuga dos inimigos que estavam somente em minha mente.
    Por que estou contando esses fatos com detalhes agora? Como disse, não iria aceitar a proposta de passar por tudo novamente em troca de uma boa aposentadoria, pelo simples fato de saber que uma pessoa em condições mentais normais não conseguiria ficar tanto tempo em estado de alerta, ainda mais sem se alimentar. Acho que é a adrenalina e outras inas mais que nos permitem fazer coisas que normalmente não conseguiríamos.
http://super.abril.com.br/ciencia/em-situacoes-de-risco-nosso-corpo-ganha-superpoderes
   Me lembro também dos dias que passei no meio do mato, quando pretendia seguir a pé para o Rio de Janeiro, pois em Belo Horizonte estava imaginando que meus inimigos iriam me pegar mais dia menos dia. Toda noite dormia em um local diferente, para não ser pego. Imaginava que os catadores de materiais recicláveis queriam me matar de qualquer maneira.
   Nesses dias que passei no meio do mato, não comi nada. Tive a sorte de encontrar uma fonte de água para matar a minha sede. Era verão, e o sol estava me castigando e me deixava tonto, estava muito debilitado, havia perdido cerca de 25kg. As noites pareciam intermináveis, principalmente quando chovia. Fazia frio naquele ponto da BR, pois era bem alto o local e cercado de mato. E estava usando apenas uma camiseta e uma calça comprida de praticar esportes. De tarde, por volta das quatro horas, mosquitos de várias espécies, cores e tamanhos me visitavam e não deixavam um ponto do meu braço sem ser picado. Até a calça alguns mosquitos costumavam atravessar com suas picadas...
    Outro "teste" físico que foi dificílimo aconteceu também quando estava no meio do mato. Comecei a imaginar que, para obter a salvação e me livrar de todos aqueles inimigos, teria que alcançar o alto da montanha. Comecei a escalá-la assim que escureceu, pois receava que algum inimigo pudesse me avistar e assim me perseguir. As horas foram se passando, e subia a montanha com todas as forças que haviam me restado. Mas a sensação era de que não avançava, pois o alto da montanha continuava sempre distante. Depois de um certo tempo, o terreno com mato e grama deu lugar a um terreno cheio de pedras pontiagudas. Como estava descalço, retornei ao mato e improvisei um sapato, enrolando capim seco no pé. E voltei a minha peregrinação ao alto da montanha, pois imaginava também que, do outro lado, iria avistar o paraíso e assim me livrar de todo aquele sofrimento. Vejam que a questão mística e religiosa está muito presente neste surto que tive. A verdade é que a montanha está presente em várias religiões do mundo inteiro. Voltando ao assunto, com o passar do tempo, as minhas energias foram se esgotando e o cume da montanha parecia ainda muito distante. Senti que não teria forças para chegar ao final e também não conseguiria voltar ao local onde estava. Deitei-me então naquele terreno pedregoso, me senti como um faquir, pois as pedras eram muito pontiagudas mesmo. E, para piorar ainda mais a situação, formigas começaram a subir pelo meu corpo e a me picar. Não tinha outra alternativa, fiquei a noite inteira me desvencilhando das formigas em cima daquelas pedrinhas pontiagudas...
    Esses foram apenas alguns dos vários "testes" pelos quais passei, até me aposentar. E ainda tenho que ouvir de caras que mal começaram a trabalhar que tenho vida boa... Durante os surtos, não comi o pão que o tinhoso amassou, comi o lixo mesmo... De noite costumava ficar  perto de uma padaria, à espera dos sacos de lixo que os funcionários colocavam na calçada. Tinha que ser rápido, pois o caminhão de lixo não demorava para passar. E encontrava dentro daqueles sacos alguns pães que não estavam velhos, apenas um pouco ressecados. Também costumava encontrar bolos e um certo dia achei um sanduíche ainda quente e inteiro, a dona da padaria provavelmente pediu para colocar lá no saco, pois eu sempre deixava o local limpo, e fechava os sacos de lixo, para não sujar a calçada. Chega a dar um pouco de nojo quando me lembro dessa situação, mas, quando estamos com uma fome absurda, tudo fica gostoso... Me lembro como era difícil passar em frente de uma padaria, ver aqueles pães de queijo novinhos, aquelas tortas de chocolate...
   E, na minha opinião, tão ruim como esse sofrimento físico foi o psicológico. Aliás, era o sofrimento psicológico que me fazia ter o sofrimento físico, pois tudo aquilo que fiz foi para tentar fugir dos inimigos que imaginava estar em toda parte, mas que na realidade estavam em minha paranoica mente.
    E você, abdicaria de uma vida aparentemente normal, sem paranoias, com saúde mental, e principalmente paz, para ter uma aposentadoria de um salário mínimo e ainda ser prisioneiro de uma doença chamada esquizofrenia?
    Não quero dar uma de coitado, mas precisava desabafar, pois é complicado ouvir indiretas de caras que mal começaram a trabalhar e pensam que tenho uma vida boa, que nunca precisei trabalhar e que foi só ir ao INSS e dizer que estava doente para me aposentar. Tudo isso que descrevi é apenas uma parte do que passei, me considero não um vitorioso, apenas um sobrevivente de uma aventura em um mundo desconhecido chamado esquizofrenia.
     E ainda temos que conviver com a falta de compreensão da sociedade, que imagina que o que sentimos é frescura, que não existe o sofrimento mental. É fácil ser compreendido quando não temos uma perna ou braço, mas quando temos algum tipo de transtorno psicológico somos chamados de preguiçosos, que queremos ter vida boa, etc.. É óbvio que não quero comparar o sofrimento físico como mental, imagino como deve ser uma vida de uma pessoa sem uma perna, por exemplo. Confesso que chego a ficar com vergonha quando vejo na TV exemplos de pessoas que superaram suas deficiências físicas e conseguiram dar a volta por cima e ter uma vida praticamente normal. Mas a mente humana ainda é um mistério para a psiquiatria...

Livro Mente Dividida
    Por falar no que passei, ainda estou disponibilizando o livro Mente Dividida, em que narro tudo o que passei, antes, durante e depois dos surtos até o momento em que me aposentei. Para maiores informações é só clicar no link (palavras na cor azul) ou então no anúncio no lado direito da página.
O livro tem 127 páginas e conta um pouco da minha relação com o transtorno. Se a Bruna Surfistinha pode narrar suas aventuras e até a Geysi Arruda também, por que não posso escrever um pouco do que passei e, que posso ajudar um pouco as pessoas com a minha experiência?
    Também escrevi um outro livro, chamado "Divagações Esquizofrênicas", que é uma compilação do blog, em que seleciono as postagens relacionadas com o tema esquizofrenia, já que também escrevo sobre outros assuntos. É uma boa para quem não gosta de ficar muito tempo em frente de uma tela de um computador. Maiores informações no link abaixo, só que ainda tenho que pedir que me enviem um comprovante do pagamento, podendo ser uma foto ou então scanner, pois tentei usar o internet banking e o pessoal da caixa pede para baixar um plugin para o computador e que deixa a internet muito lenta. Retirei o plugin mas a lerdeza continuou, e tive que formatar o notebook Pesquisei na internet e isso aconteceu com muitas pessoas, e com outros bancos também.
http://memoriasdeumesquizofrenico.blogspot.com.br/2015/09/adquira-o-livro-mente-dividida-atraves.html


A crise tá braba...
   Bem, esse blog é um blog sem regras, sem muitas pretensões e sem muitas regras. Falo sobre esquizofrenia e outros assuntos, pois a minha vida não se resume somente a esse transtorno, só uns 90%...
   Sempre usei desodorante barato, de embalagem plástica. Usava um que não tinha perfume, pois o cheiro desses desodorantes mais baratos são um pouco fortes. A marca que usava era boa, não manchava a camisa e não deixa o cecê tomar conta do nosso corpo. Mas, com o tempo foi se tornando cada vez mais difícil encontrá-lo, até saber que a fabricação dele já havia se encerrado.
O jeito foi investir em um desodorante spray mais caro, com um perfume menos forte. É caro, para quem ganha um salário mínimo, custa cerca de 13 reais(pelo menos mês passado era esse o valor...)  E durava exatamente um mês. Mas já repararam que nos comerciais desses desodorantes os caras ficam meia hora direto apertando o spray? E o que fazemos? A mesma coisa, meio que inconscientemente, mas fazemos. Resolvi fazer um teste, dar apenas dois jatos breves nas axilas. E não é que me protegeu, mesmo quando jogava um futebol? E agora o spray chega a durar quase dois meses... É isso ai, é o blog do esquizo, com dicas de economia para você.

   E, como a crise tá braba, tento ganhar algum dinheiro extra para me manter. Agora estou formatando computadores e notebooks a preço sem concorrência no mercado!!! Garanto bom preço e qualidade no serviço. Já havia feito alguns cursinhos, mas coloquei tudo em prática usando o meu notebook. E hoje aprendi a formatar com o windows 10, o 8, o 7 e até com o velho e bom windows xp, que é o que estou usando no momento. Só que dei uma incrementada no visual dele, usando o tema do windows vista, que foi um fracasso de vendas por parte da microsoft. Quem for de  Belo Horizonte e estiver precisando formatar seu computador ou notebook pode entrar em contato comigo pelos comentários do blog ou então por email:
juliocesar-555@hotmail.com
atualmente estou usando o "X-Vista" o xp com o visual do vista

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Depressões de fim de ano - parte 2

  Dezembro negro

   O pessoal que acompanha o blog deve ter percebido que ultimamente não ando postando com a mesma frequência de algum tempo atrás. Estava meio desanimado (meio não, totalmente!!!), meio borocoxô, sem graça e sem inspiração para escrever e ainda imaginando mais do que o normal que as pessoas estão tramando algo contra a minha pessoa. E esse negócio de fim de ano me deixa tão desanimado que comecei essas postagens denominadas "depressões de fim de ano" no final de novembro e só fui terminar hoje, no primeiro dia do ano. Acho que terminei por que fiquei um pouquinho mais animado por ter passado essa época que considero de falsas confraternizações. Depois que a festa acaba tudo volta ao normal.
     Neste momento que vos escrevo até que o meu estado de ânimo deu uma melhorada...
     Estava sem forças até para teclar, dormindo no meio dos filmes. Essa indisposição toda só faz aumentar consideravelmente e perigosamente a minha mania de perseguição e hipocondria. Cheguei até a parar por um momento de tomar cafezinho nos bares e padarias da cidade, com receio de que pudessem estar envenenados. Vai que alguém não "vá com a minha cara" e resolva me exterminar? Hoje em dia estão matando por causa de uma cerveja...
http://noticias.r7.com/minas-gerais/homem-foi-morto-em-festa-durante-briga-por-causa-de-cerveja-07042014
    Essa mania de perseguição e hipocondria também se estendem para o mundo virtual, ou melhor dizendo, meu pc também ficou hipocondríaco. Toda hora penso que tem um vírus nele, que tem um arquivo corrompido, que o hd dele não está legal, etc... Passo o antivírus com mais frequência do que deveria, e fico chateado quando nada é detectado. Fico pesquisando na internet sobre os mais variados programas de segurança e também sobre aqueles softwares que impedem um pouco de sermos rastreados, pois alguns sites, não sei como, sabem que o visitamos e ai nos mandam aqueles emails indesejados.
fico chateado quando não é detectada nenhuma ameaça no computador

    Até cheguei a cogitar de que a água do local onde moro estivesse envenenada, pois geralmente o pessoal do andar debaixo não pega água do filtro, já que a geladeira fica no andar de cima. Infelizmente a geladeira do andar debaixo foi brutalmente "assassinada" por um antigo morador, ao tentar retirar com a faca a carne que estava grudada no congelador.
    Tive a sorte de ganhar um frigobar de um amigo do facebook que mora aqui em Belo Horizonte. Dá para guardar a manteiga, os ovos, as frutas e a água, principalmente, que é um santo remédio para purificar o nosso organismo. Todo dia de manhã, em jejum, tomo dois copos, e espero meia hora para me alimentar. Me sinto bem fazendo isso, o único problema é que na parte da manhã fazemos visitas ao banheiro com mais frequência do que o habitual, mas já me acostumei. Esse frigobar quebrou um galho e tanto, pois os outros moradores simplesmente surrupiavam os meus ovos e usavam a minha manteiga, apesar de deixá-la sempre no cantinho na época em que a geladeira funcionava. Morar em um quarto alugado tem esses problemas: quem é que vai limpar o banheiro, a cozinha, etc... Sem contar o som alto e o bate papo que costuma rolar até altas horas da madrugada... Quando acontece alguma coisa errada, ou aparece algo quebrado, todos ficam em silêncio, e ninguém assume nada. E ai fica aquele clima de desconfiança entre os moradores.
    E ainda tem o cheiro do baseado do vizinho... Só fumei maconha três vezes na minha vida, era uma pessoa tranquila e tinha paz, e não precisa de drogas para fugir da realidade, meu mundo era muito legal de se viver. Me lembro que, há uns 30 anos atrás ia no DCE aqui em Belo Horizonte, para assistir no telão shows de bandas de rock, como Iron Maiden, AC/DC, Scorpions, etc...
    Essa galera mais do metal pesado não era muito de dar umas pitadas na erva danada, eram mais chegados na cachaça ou no whisky, dependendo das condições de cada um. Já o pessoal que curtia o rock pesado das antigas, como Pink Floyd, Led Zeppelin, esse sim dava uma bola. E me lembro que, quando ia assistir no telão esses shows, dava para ficar dentro do recinto, pois o cheiro da fumaça era suportável, parecendo mesmo o de uma erva que estava sendo queimada. Hoje não, o cheiro da maconha está meio que insuportável, parece que agora estão colocando outras coisas nos baseados, e fica praticamente impossível ficar perto de alguém que esteja fumando maconha.
    Mas, voltando ao estado de ânimo e a hipocondria e a mania de perseguição, tenho que estar muito bem animado para que eu não tenha esses sintomas. Quando tenho, fico querendo fazer mil exames, experimentando suplementos, vitaminas, fórmulas milagrosas, etc. Até antidepressivo cheguei a pensar em tomar. Fui na psiquiatra, relatei o que estava acontecendo e me foi receitado a antiga pílula da felicidade, a fluoxetina. Só que na hora de tomar a própria hipocondria não me deixou colocar o comprimido na boca, pois fico quase doente só de ler a bula desses medicamentos. A da fluoxetina então mais parece um livreto...
    É uma vida estranha. Os vizinhos de quarto e da rua talvez pensem que eu tenho uma vida boa, de aposentado, que não preciso fazer nada, que já tenho tudo na mão... Mas na verdade é uma vida estranha, um pouco triste até, sem graça e sem sentido. O meu objetivo é encontrar algum objetivo e sentido para essa vida monótona e entediante. Às vezes o humor oscila e fico muito bem, assim do nada. Não apareceu dinheiro na minha conta, não ganhei na loteria, e nem o meu time ganhou. Fica tudo bem e pronto! De todos os psiquiatras pelos quais passei, somente um cogitou a possibilidade de me receitar o lítio, que é indicado para bipolares. E esse psiquiatra nem fazia o meu acompanhamento. É que na época estava ainda morando nas ruas, no ano de 2003, por causa do meu primeiro surto psicótico. Na época ainda estava tomando o haldol, e, como não estava me sentindo bem, fui às pressas para o hospital mais próximo, o Raul Soares, que fica no bairro Santa Efigênia, aqui em BH.
    Fui muito bem atendido, apesar de naquela época ainda não estar fazendo tratamento naquele hospital.
    - Estou com uma coisa esquisita... - eu disse, apontando para os braços.
    - Você está tendo vontade de ficar andando sem parar? - perguntou o psiquiatra.
   - Isso mesmo! - respondi, surpreso, pois ele havia descoberto algo que eu ainda não tinha consciência que estava tendo e como ele havia descoberto isso...
     - Você está com acatisia, é um efeito colateral do haldol... ele me falou, e fiquei surpreso com tanta atenção e paciência com que ele me atendeu, me explicando o que estava ocorrendo comigo.
    E então ele escreveu em um pedaço de papel um bilhete com recomendação de que o lítio fosse incorporado ao meu tratamento. Fui embora feliz e esperançoso com esse tal de lítio, pensando que talvez ele seria a solução de todos esses meus problemas psicológicos.
    Mas, quando voltei para o psiquiatra que me acompanha, a decepção: ele nem deu atenção ao que estava escrito no bilhete, e o jogo na mesa.
    Depois que voltei a trabalhar passei por vários psiquiatras, já que sempre gostei de viajar e nunca permaneci em um emprego por mais de um ano. E todos esses psiquiatras me receitavam medicamentos para a esquizofrenia.
    Pelo que pesquisei, realmente existem alguns sintomas comuns entre a esquizofrenia e a bipolaridade e não é raro psiquiatras darem diferentes diagnósticos para uma mesma pessoa.
    Me lembro que, por volta do ano de 2006 me deu uma vontade enorme de mexer com jardinagem. Andei cerca de 2km até o horto florestal da cidade de Ipatinga e voltei para casa com um balde grande na cabeça cheio de terra pronta para plantar. Havia cismado com a beleza de uma flor chamada girassol anão, que, como o próprio nome diz, é uma miniatura de um girassol. Comprei uns dois pacotinhos de sementes e plantei cerca de umas 30 mudas. Queria vendê-las pela cidade. Me imaginei vendendo muitos girassóis e ganhando dinheiro, já que as despesas não são tão grandes assim. Imaginei que o negócio daria muito certo e que até montaria uma loja de plantas. Mas o que eu não sabia é que o girassol anão, nasce, cresce, floresce, ficava realmente muito bonito mas morre em poucos dias.... Na época, pensei que alguém teria jogado algum veneno nas plantas, para atrapalhar o meu rentável negócio...
girassol anão
    Essa vontade de mexer com jardinagem logo passou, até por que o dono do imóvel onde moro não gostou nada da ideia de ver a varanda tomada por vasinhos de garrafa pet com girassóis. Essa vontade passou tão rápido como várias outras cismas que tive e que aparecem assim do nada. Não sei o que acontece, é como se fosse uma bateria de celular e que alguém resolve conectar na tomada e ai funcionamos a todo vapor. Mas, de um determinado tempo, a energia vai diminuindo até se esgotar e pensar que estou doente ou que alguém me envenenou. E ai é esperar que alguém ou algo conecte a nossa bateria na tomada novamente.
    Vou colocar no final da postagem um texto que escrevi no final de novembro. Ele está do jeito que deixei, só dei uma revisada no português mesmo, jogando o texto no word para corrigir alguns erros. Estava bem mal mesmo, e o clima no lugar onde moro não estava muito legal, estava mais parecendo um BBB (Big Brother e Brigas). Estava no meio do pessoal que gosta de dar umas pitadas na "erva danada". Como já disse várias vezes, não tenho nada contra, desde que a pessoa consiga sustentar o vício e não cause perturbação da ordem pública. E era o que acontecia por aqui. Os caras costumavam dar as pitadas por voltas das dez da noite, e a ficam meio alegrinhos e o papo corria solto até uma hora da madruga... Os vizinhos mais tranquilos haviam se mudado, infelizmente. E havia acabado de chegar um cara que logo cismei com a cara dele, mas, como não gosto de julgar as pessoas, o tratei bem no início. Mas logo apresentou um comportamento estranho, pois não estava trabalhando e ficava o dia inteiro entrando e saindo de seu quarto. Com o tempo, algumas coisas foram sumindo, e eu logo tive a certeza que era ele, mas os vizinhos de quarto e o dono do imóvel pareciam não ter essa suspeita, tanto que continuaram a conversar com ele normalmente. Mas, com o passar do tempo, não teve como esconder a situação: até os dois botijões de gás haviam sumido!!! E a caixa de som que ficava no quarto dele também... Não teve mais como esconder, ele só não roubou o modem da internet por que o pessoal iria descer na hora para ver se havia algum problema nele.
Foi apenas uma cisma minha que foi confirmada. E isso aconteceu logo quando o vi pela primeira vez. Não sei se é intuição, ou sou eu que sou cismado mesmo. Mas esse tipo de cisma já aconteceu comigo e sempre no final dava alguma coisa estranha.
    Mas, depois que ele se foi, tudo voltou ao normal. Estou dormindo um pouco melhor, e agora saio para almoçar com mais tranquilidade. Sou um vizinho de quarto bem próximo do exemplar, modéstia à parte. Procuro respeitar a todos, não ligo som alto, limpo o que sujo, evito fazer barulho de madrugada, etc... Só não sou bom de papo, de ficar babando ovo das pessoas. Creio que a maioria das pessoas entendam isso como arrogância, mas a minha opinião é de que vizinhos não precisam se adorarem, e sim se respeitarem.
   Parece que é um filme que se repete, esse negócio da tranquilidade no lugar onde moro. Quando gravei o meu primeiro vídeo em Ipatinga-MG, a situação por lá era relativamente tranquila. Mas, depois de ter postado o vídeo no youtube as coisas foram se complicando, o dono do imóvel começou a ficar doente e o crack tomou conta do lugar. E o filho do dono, começou a tomar conta do local. Tudo seria bom, se o cara não fosse um traficante e homicida... O restaurante popular da cidade havia sido fechado e eu estava com alguns empréstimos para pagar. Ou seja, teria que sair daquele lugar, mas na cidade o aluguel era meio caro e não tinha tantas alternativas. Resolvi então comprar uma barraca e uma mochila e começar as minhas andanças, até voltar a morar aqui na capital mineira.
    Mas algo semelhante aconteceu depois de quase um ano morando aqui em Belo Horizonte. Não estava mais gravando vídeos, só escrevendo para o blog. Mas resolvi postar um vídeo em que narro um belo texto sobre uma visão do que é a loucura. Após sofrer um pouquinho para decorar o texto e encarar a câmera, finalmente postei o vídeo no youtube. E, depois de algum tempo o cara que era viciado em crack apareceu e começou a roubar os pertences dos vizinhos para sustentar o vício. Tive a sorte de alugar um quarto com uma porta de ferro e janela com grade, pois, senão não estaria aqui escrevendo essa postagem no notebook que comprei quando estava em São Paulo. E provavelmente ele iria roubar até a televisão de 32 polegadas, já que roubou até os botijões de gás das cozinhas do andar debaixo e do de cima.
    Bem, já escrevi demais para uma postagem. Escrever é a minha terapia, e funciona bem. Cada um tem que encontrar algo para botar para fora essas coisas que ficam dentro da gente e que não conseguimos ou não temos vontade e nem coragem de expor. Também escrevo algumas coisas que não são publicáveis, funciona como um desabafo mesmo. Mas, chega de delongas, ai vai o texto que havia escrito no final de novembro. Nem vou revisá-lo, está do jeito que deixei e tem algumas coisas que postei agora.


27/ 11/15
    "Então é natal, e o que você fez...
    Estamos quase em "deprembro" e sempre aparecem essas reflexões em minha mente. Mas este ano não foi preciso muito tempo para fazer uma análise dos "acontecidos", pois simplesmente não fiz nada. Não viajei, não conheci lugares novos e não aprendi nada de interessante.
    Já há algum tempo que a minha bateria está arriada. O problema é que não somos máquinas, não é só ir na "oficina" humana e trocá-la. A medicina, por enquanto está longe de resolver certas questões, principalmente mentais e psicológicas. E nem sei se existem remédios para isso de verdade.
    Seria o tédio a causa desse desânimo todo? Pois quando estava viajando por ai tinha um objetivo, que era chegar no final da caminhada e cada dia era uma aventura, o simples fato de não saber como seriam as minhas próximas 24 horas já enchia o meu espírito de vigor e, consequentemente essa energia era repassada para o meu organismo.
    Seria também a falta de grana? A idade chegando? Ou as paranoias que até hoje guardo em minha mente, advindo de uma vida um tanto o quanto complicada e turbulenta?
    Ou será que tudo o que estou sentindo e não sentindo é fruto de uma disfunção cerebral, que impede o meu organismo de fabricar a tal serotonina e outras "inas" na quantidade necessária?
    Dinheiro talvez não seja a causa do problema, já fui feliz morando nas mesmas condições que vivo hoje em dia. E, quando trabalhava, não tinha nem televisão, apenas um radinho de pilha para ouvir músicas. Nunca vi alguém que não goste de música, claro que ai temos que incluir o funk na categoria de música, pois ai muitos funkeiros seriam considerados "amusicados"... Mas, em relação ao dinheiro, provavelmente não seja a causa, mas seria menos triste se ganhasse na mega sena (se é que tem jeito de ganhar nesta loteria no Brasil) e morasse em uma casa em uma bela praia do litoral do nordeste.
    Chego a pensar que tenho alguma doença, do coração talvez. Faço o hemograma todos os anos e todos aqueles numerozinhos estão dentro dos padrões aceitáveis, com exceção dos triglicerídeos. Mas, graças ao ômega 3 e não a sinvastatina, a dosagem dessa gordura em meu sangue despencou dos perigosíssimos 490mg para 250mg. Então não poderia ser 50mg a causa dessa indisposição e sonolência toda....
   Poderia ser a qualidade do sono. Como já relatei em outros postagens, as poucas vezes que consegui esquecer de tomar o diazepan e peguei no sono acordei com uma boa disposição. Mas livrar desse vício que os médicos me impuseram é uma tarefa extremamente difícil. Teria que tentar o lorazepan, que é bem parecido, só que a duração do efeito é bem menor: 8 horas. Mas esse medicamento atualmente não é fornecido pelo sus (vou colocar com letra minúscula mesmo, esse sus não merece letra maiúscula mesmo).
    Talvez o ambiente atual onde moro esteja contribuindo para isso. É difícil conviver com certas pessoas que, mesmo apesar da idade não evoluem nunca. Infelizmente os caras mais legais foram embora e atualmente uns caras que não respeitam nem o sono alheio estão morando por aqui. Sinto uma energia negativa também, parece que os caras ficam um pouco revoltados quando chegam do trabalho e me veem assistindo um filme ou então navegando na internet ou ouvindo um som. Talvez eles achem que tenho uma vida boa, que arrumei algum esquema para me aposentar. Mas trocaria essa vida pela que tinha antes de surtar, onde ficava deprimido justamente na época das chuvas, quando havia pouco serviço na área de sonorização. Afinal, qual a graça em ficar 23 horas por dia dentro de um quarto. Não quero dar uma de coitado, mas a esquizofrenia pode nos tornar prisioneiros de nós mesmos...
    E, hoje em dia, para piorar tudo, "tenho a falta" de energia. Na época quando tinha mais os sintomas positivos, caia, me estrepava, ia para as ruas, mas, no final das crises encontrava forças para me levantar novamente.
    Hoje em dia, já meio que acostumado com essas paranoias e com a mania de perseguição exagerada, sinto que, se não faltar o medicamento e não tiver muito stress, dificilmente irei surtar, pois já me conheço o suficiente para perceber quando isso pode acontecer e assim tomar os cuidados necessários. Tudo isso é "apenas" um grande incômodo para mim, que me faz viver a maior parte do tempo em meu quarto.
    O que está mais pegando no momento é essa dúvida: Qual a causa dessa falta de energia? De onde ela vem? Tenho que descobrir de qualquer jeito, para pelo menos ter a chance de lutar, o que não está sendo possível no momento, pois não tem como lutar contra um inimigo oculto. Tenho minhas crenças e não descarto que ainda existem pessoas que queiram o mal em minha vida, apesar de ter mudado daquela cidade onde as pessoas realmente viviam falando de minha pessoa.
    Desde que o blog começou a ter um número expressivo de visualizações, algumas coisas negativas começaram a acontecer em minha vida. Primeiro foi o local onde morava na cidade de Ipatinga. Era perto da crackolândia, mas dava para viver, a confusão só ficava por lá mesmo. Mas com o tempo e depois de ter começado o blog, os usuários e alguns traficantes passaram a frequentar a rua e a morar onde estava morando. E em pouco tempo o local virou um inferno, e viver na rua estava mais seguro e tranquilo para se viver. E foi o que fiz: comprei uma boa mochila e a barraca e comecei as minhas andanças pela região sudeste. Muitos pensaram que estava enlouquecendo, mas foi uma das atitudes mais lúcidas que tomei em minha vida, pois não adiantava nada morar em um bom quarto, por um preço acessível, mas sem a paz e a certeza de que poderia ter uma noite tranquila para tentar pegar no sono. E sempre procuro tirar proveito de tudo, de todas as situações negativas, e durante essas andanças fui bem feliz. Só não continuei por causa da violência, do preconceito e também por causa da higiene. Foi um aprendizado que nunca iria conseguir ter nas salas de aula.
    Depois de dois anos de andanças resolvi alugar um quartinho na cidade onde nasci: Belo Horizonte. No começo foi tudo bem, alguns perrengues comuns em lugares onde vivem várias pessoas, mas sem maiores problemas. Mas, depois que gravei um vídeo neste quarto, o clima foi ficando pesado. Vieram outros moradores, que já externaram suas insatisfações ao ver um cara aposentado que não foi por idade. Como disse, eles pensam que levo uma vida boa, e jogam indiretas, que não respondo, é claro. Eles não sabem o que passei durante as crises, as dúvidas pelas quais passei, até passar pelos momentos mais difíceis e começar a me entender melhor. Fiquei morando nas ruas por um tempo no ano passado também para juntar a grana para realizar um sonho de consumo que tinha, que era comprar uma TV LCD e um outro home theather. Os meus vizinhos ainda possuem tvs de tubo, e pequenas. Talvez seja isso o motivo bobo de acharem que tenho que aturar certas situações, como por exemplo, sempre manter o ambiente limpo, e limpar toda a sujeira que fazem.
    Fui na psiquiatra na semana passada, para tentar voltar a tomar a sertralina. Sou meio relutante em tomar medicamentos para me sentir bem, mas dei o braço a torcer, pois a situação está um pouco complicada. A sertralina me fazia achar graça na programação dominical da TV aberta. E isso me deixou assustado, e muito.
    Mas, infelizmente no cersam não havia a sertralina e a psiquiatra me passou então a fluoxetina, que experimentei duas vezes na minha vida. Uma vez foi no ano de 2003 e na segunda creio que no ano de 2007. Na primeira vez me senti mais animado, mas creio que ela funcionou meio que um placebo, pois ainda naquela época o medicamento ainda tinha aquela fama de ser a pílula da felicidade, e era mais conhecido como prozac. Talvez essa fama adquirida tenha sido causada pelas propagandas na mídia em geral, pois, ela havia a pouco tempo deixado de ser patenteada. Era um medicamento caríssimo, mas depois da patente ter vencido, qualquer laboratório pode fabricar e hoje em dia é fornecido pelos postos de saúde e a fama de milagreira foi-se embora.
   Já na segunda vez que usei não senti nenhuma diferença. O tédio já estava tomando conta de mim e corroendo a minha alma (foi a melhor definição que achei shaushsuahsuashasus)
   E hoje estou novamente com esse dilema: tomar os antidepressivos, em que as bulas mais parecem um livreto, ou esperar uma outra solução, ou que essa fase passe, se é que é uma fase? Já me falaram que posso ser bipolar, mas, pelo que estudei e conversei com amigos, creio que seja esquizofrenia mesmo. Apenas um entre os inúmeros psiquiatras com quem conversei chegou a pensar nesse diagnóstico também de bipolaridade.
   Será que essas pílulas irão me devolver a alegria de viver? E se fizer, não irá detonar o meu fígado, entre outras coisas? Não ficarei dependente? Mas não valeria a pena viver menos e com uma certa alegria, do que passar o resto de minha vida com essa dúvida e com essa falta de energia? São questões que tenho que resolver urgentemente.
    Essa consulta com a psiquiatra foi no última segunda feira (23/11) e até hoje não tomei nenhum comprimido de fluoxetina. Como disse, não gosto de drogas, nem das ilícitas como das lícitas, é uma ideia meio estranha depender de algo para se sentir bem, para ser feliz. Não fumava maconha e nem usava outras drogas, me ofereceram algumas vezes, mas não precisava. A minha realidade, o meu mundo era legal de se viver, até conhecer um pouco da maldade humana...
    Dizem que a fluoxetina não causa dependência, mas tenho minhas dúvidas. Oras, se o nosso cérebro não está produzindo a serotonina na quantidade desejada e ai passamos a tomar um comprimido que faz essa tarefa, nosso organismo não irá se acostumar com essa situação? O café vicia, o chocolate, o cigarro, e quase tudo que altera algumas condições em nosso organismo. Então por que as drogas chamadas de antidepressivos não fariam nosso organismo se acomodar, já que o comprimido realiza uma tarefa que o nosso cérebro não está mais realizando?
   São muitas dúvidas, e tenho que resolvê-las, para assim continuar a luta, mas o primeiro passo para vencê-la é descobrir quem é o inimigo e onde ele está."