sábado, 14 de janeiro de 2017

Ser rockeiro e a violência de hoje em dia

Todo dia é dia de rock!!!

  Este é um blog sem fins lucrativos, didáticos, ou outro motivo parecido qualquer. Se estou ajudando as pessoas com as minhas divagações, me sinto muito feliz por causa disso e isso me motiva a continuar nessa luta para que um dia esse distúrbio chamado esquizofrenia seja visto com outros olhos pela sociedade. 
   Há alguns anos atrás, uma pessoa me enviou um email com uma proposta para que eu escrevesse algo para ela, (talvez artigos) sobre vários temas Recusei e agradeci. Recusei, pois desde pequeno sempre gostei da liberdade. A liberdade de pensar, de agir, enfim, de ser eu mesmo. E de poder escrever o que tenho vontade de escrever, é claro. Tudo isso, além de tudo, é uma ótima terapia para mim. Todo mundo deveria experimentar fazer um tipo de terapia que lhe agrade, independentemente ou não de ter algum tipo de transtorno mental. 
   Então esse blog não tem muitas regras, os títulos podem parecer um pouco estranhos, as postagens mais ainda. Não me preocupo muito com os títulos e os motores de busca do google. Posto o título que aparece logo em minha mente. Assim também são as postagens, parece que baixa um espírito em mim e eu saio "psicografando" tudo no caderno. Faço apenas uma ou duas pequenas revisões para ver se o texto está "entendível" e depois jogo no word para corrigir alguns erros de português. Até hoje me espanto quando alguém me diz que escrevo bem. 
    Mas então por que esse título desta postagem? Qual a relação de ser rockeiro com a violência de hoje em dia? Na minha opinião, nenhuma, mas talvez para alguns isso possa ter tenha alguma relação meio que surpreendente. 
    Vou tentar explicar. Na década de 80, com o “advento” do primeiro Rock in Rio, as pessoas que curtiam um som pesado passaram a serem conhecidas por “metaleiros”, graças a influência midiática da poderosa rede globo. Oras, metaleiro é quem trabalha na usina siderúrgica, ou quem trabalha com panelas de aço, etc.... Mas, depois daquele Rock in Rio no Rio de Janeiro tudo mudou. Digo Rock in Rio na cidade maravilhosa por que o evento foi um sucesso tão grande que agora tem rock in rio até em Portugal (não duvido que já tenha até na China!). 
    Então, depois disso tudo, os rockeiros passaram a serem conhecidos como metaleiros e rotulados como pessoas que não eram muito chegadas ao “furadinho” (chuveiro), que andavam sempre sujos, com roupas rasgadas e que também eram chegadas nas coisas do “tinhoso”. 
     Metaleiro, naquela época, era sinônimo de cachaceiro, drogado, pervertido, etc...  
    Comecei a virar rockeiro por influência de um amigo de escola, que era muito inteligente. Não éramos os nerds da sala, nem os mais comunicativos e engraçados, na verdade não nos encaixávamos em nenhuma  tribo da turma: a dos mais inteligentes, a dos mais bagunceiros ou a dos mais comportados. Enfim eram uns quatro ou cinco caras que só sabiam falar de rock e outros assuntos diferentes do resto da turma. Ele me apresentou o som pesado das bandas daquela época: Scorpions, AC DC, Black Sabbath, etc...
     Então passei a adolescência curtindo esse som visceral, e, para me sentir um “metaleiro” de verdade,  comecei a deixar o cabelo crescer, a andar com calças jeans rasgadas e com aqueles braceletes que mais pareciam coleiras de cachorro cheia de espetos. E, claro, não podia deixar de andar com camisa preta com caveira estampada. Sempre pensava que, para ser considerado no meio da turma dos rockeiros, tinha que necessariamente ter cabelo grande. Me sentia um intruso na turma quando tinha cabelo curto e ficava no meio da galera rockeira aqui de Belo Horizonte.
na minha cabeça todo rockeiro tinha que ter necessariamente cabelos grandes
     E comecei a beber também, ou melhor, a fingir que bebia e também a fingir que estava bêbado. Na minha cabeça metaleiro para ser metaleiro de verdade tinha que beber, e muito.. Tinha que ser muito doido, esses lances ai, né? Mas meu estômago não era muito forte para bebidas destiladas e quase sempre devolvia tudo o que bebia. Ficava arrepiado só de sentir o cheiro daquelas cachaças baratas de supermercado. Acho que a única coisa que a bebida fez de bom em mim foi expulsar uma lombriga enorme que habitava o meu intestino. A cachaça que serviam aos metaleiros na Savassi era tão ruim, mas tão ruim que vomitava tudo em pouco tempo e nem a lombriga aguentou e resolveu dar o fora do meu estômago, dando um salto mortal assim que abri a boca depois de beber uma cachaça bem amarga de um barzinho na Savassi, o bairro onde a noite é bem agitada aqui na capital mineira.
Na verdade nem sei se esse fato é verídico ou não, pois, das poucas vezes em que consegui beber muito, tive uma espécie de amnésia e não conseguia me lembrar de nenhum fato da noite anterior.
    - Nossa, ontem você estava doido demais cara!-me falavam...
    - É que eu tava "chapado" demais...- tentava explicar.
    E essa desculpa de estar chapado eu também dava quando fazia um teatrinho e fingia estar bêbado, assim tinha um pretexto para extravasar e colocar todas as minhas "loucuras" para fora. Me lembro que ganhei dois pares de ingresso de uma produtora de teatro, pois havia feito um discurso em prol da cultura, me fingindo de bêbado, é claro. Mas, ela, acho que por entender de teatro, sabia que eu estava "de cara", mas gostou tanto da minha atuação que resolveu me contemplar com o par de ingressos. 
    O movimento heavy metal em Belo Horizonte na década de 80 e 90 foi muito forte mesmo, uma referência nacional. Dizem que esse movimento foi o mais influente de todo o país. Algumas bandas aqui da capital mineira fizeram e ainda fazem  muito sucesso no exterior. Vide a banda Sepultura, que é mais conhecida lá fora do que em nosso próprio país. 
    Me lembro como se fosse hoje  daquele tempo, da turma do rock que se encontrava na Savassi, aqui em Beuzonte. A Savassi era o point dos mauricinhos e patricinhas de BH, só caras com roupas de marca, lindas garotas, carros luxuosos, etc. E aquela galera de preto no meio. Não éramos bem recebidos nos bares, um ou outro que aceitavam nos vender alguma bebida. Mas a verdade é que não consumíamos quase nada, sempre fazíamos uma vaquinha para comprar umas garrafas de cachaça barata no supermercado e ai íamos ao bar para tomar com coca cola. Era muito ruim, mas eu tomava, para fazer parte da turma e não ser chamado de careta. 
    Já chapados, pegávamos um ônibus até o alto da avenida Afonso Pena, para escalar a serra do curral, o ponto mais alto da capital mineira. Só tentei fazer isso uma vez, mas, como estava um pouco bêbado e escorreguei,  tive que voltar, pois alguns trechos são perigosos para se escalar de noite. 
   Éramos temidos e um pouco rejeitados pela sociedade na época. Imaginavam que éramos satanistas, pervertidos, etc. Mas posso dizer que os caras eram pessoas comuns, adotavam aquele visual mais como uma maneira de protesto mesmo, sei lá. No meu caso foi uma forma de dizer que era diferente mesmo da maioria das pessoas. Claro que existem bandas que se dizem satanistas, com letras dedicadas ao "tinhoso", mas creio que isso seja mais uma estratégia de marketing. Quem é realmente chegado no “demo” prefere manter o anonimato. Aliás até hoje não vi coisa mais demoníaca do que um baile funk... 
   Esse documentário abaixo fala um pouco como foi o movimento metal aqui em BH. Alguns vídeos podem ter algum tipo de problema e não serem visualizados aqui no blog. Caso este problema aconteça, é só clicar no link abaixo do vídeo que poderá assisti-lo no youtube.

      Resolvi ser rockeiro não por influência da mídia. O som das guitarras distorcidas, ao contrário do que a maioria pode pensar, me acalma e me dá energia na hora de fazer uma caminhada ou uma pequena corrida. O nome já fala tudo, guitarra elétrica, nos dá energia. No meu caso em particular só não me sinto bem ouvindo rock quando estou andando no meio da multidão e com mania de perseguição, ai, nesse caso, procuro escutar algo mais relaxante mesmo. 
   Também acho que desde pequeno tenho essa mania de não seguir as tendências, sou da turma do só para contrariar mesmo. Na época o que rolava nas rádios era o som do Michael Jackson que estava no auge. Não adiantava fugir, em qualquer lugar se ouvia as músicas dele, apesar de ainda não haver esses carros com sons superpotentes. Era no bar, na escola, no vizinho, sempre tinha alguém ouvindo no radinho ou naqueles sons 3x1 o som do rei do pop. O engraçado é que, hoje em dia tenho algumas músicas dele no meu cartão de memória e ouço numa boa. 
    Mas, voltando ao título da postagem, o que o rock tem a ver com a violência dos dias atuais?
Hoje em dia, no Brasil, quando menos “emperiquitado” você andar, melhor é. Nas grandes cidades não se pode nem mais acessar o celular no centro. Até andar com réplicas está sendo perigoso, já que são bem parecidas com os produtos originais. 
    Me lembro que, quando tinha uns 17 anos, quase sofri um assalto. Não passou de uma simples tentativa de assalto graças ao meu visual de “metaleiro” que adotava naquela época. Quando os quatro carinhas me abordaram “pedindo” uma grana, não tive dúvidas em mostrar a minha velha calça jeans rasgada e o meu velho tênis. 
    - Olha a minha situação cara...
    Os meliantes, ao olharem minhas vestimentas demostraram um olhar de desânimo e piedade, só faltando me dar uns trocados para tomar umas cachacinhas...
    Estou morando há quase dois anos aqui em Belo Horizonte. Procuro andar da melhor maneira possível, dentro das minhas possibilidades, é claro. E já notei que alguns caras tentaram se aproximar de mim de uma forma estranha, já que geralmente ando distraído pelas ruas ouvindo músicas no fone de ouvido na maior altura. Isso serve para me desconectar do mundo, diminuindo assim as minhas paranoias e as chances de pensar que estou ouvindo alguma voz. Com certeza tentaram se aproveitar da minha distração para levar o meu celular, mas, não sei o que acontece, geralmente sinto a presença de alguém se aproximando e assim o meliante fica sem reação. 
    Por falar em celular, detesto os modernos, esses de toque: a bateria acaba rapidamente, não pode cair no chão, a tela arranha, e é difícil pra caramba para digitar. E sem contar o medo que adquirimos de ser assaltado quando andamos com um celular desses no bolso. 
    Por causa dessa situação é que me lembrei do meu visual de metaleiro que adotei na minha adolescência. É uma boa tática para não ser importunado por esses meliantes. Dá vontade até de deixar crescer não só o cabelo, mas a barba também, para ficar com cara de mau. E, claro, voltar a andar com as velhas calças jeans rasgadas. Ah! E a camisa preta, de preferência com uma enorme caveira estampada na frente. 
     Infelizmente hoje em dia está sendo melhor ser confundido com um meliante e correr o risco de levar uma geral da polícia do que ser “abordado” pelos bandidos que estão infestando as ruas das grandes cidades. Ser confundido com um meliante faz com que o próprio meliante nos reconheça como um concorrente e não como uma vítima em potencial. 
   Mas, como disse no início, o blog é um blog estranho, despretensioso, sem fins didáticos. Essa foi apenas mais uma de minhas postagens malucas, que começa com um tema e vai passando por outros. Mas ser rockeiro não é uma moda, não é um modo de se vestir. É sim um estado de espírito, é ter atitude e personalidade. É saber sentir a música, pois o rock tem notas musicais sim, ao contrário de “alguns estilos” E, além das notas, tem conteúdo sim, basta olhar e analisar algumas letras das principais bandas desse estilo que marcou e ainda marca gerações inteiras. 
    Dizem que os rockeiros são mais inteligentes, várias pesquisas apontam isso. E quem sou eu para duvidar dessas pesquisas.... 

vocalista do Metallica no show e durante um passeio no shopping...
E dando uma canja na apresentação de sua filha....
   E ser rockeiro não quer dizer ser radical, o rockeiro também ouve outros estilos, tem sua maneira de ser vestir e tem personalidade própria e única. Rótulos são criados para desunir as pessoas, 
classificando-as, assim como fizeram com os metaleiros. 
   O dia do rock é comemorado oficialmente  no dia 13 de julho. Mas é apenas uma data simbólica, sendo comemorado mesmo no Brasil. Afinal todo dia é dia de rock, de música, independente de estilo, mas desde que tenha notas musicais e letras que te fazem pensar ou refletir, e, por que não, simplesmente nos divertir.
    Abaixo o som de uma das minhas bandas prediletas, Dream Thater, que é um metal progressivo, com sons de teclado misturados com os de guitarras distorcidas. Mas tem metal e rock para todos os estilos: o próprio heavy metal, o speed metal, o black metal, o power metal, e tem até as músicas românticas também, falando de amor, pois rockeiro também ama e namora como qualquer ser humano...
tem até igreja evangélica que usa o heavy metal durante os cultos
http://musica.uol.com.br/noticias/efe/2017/01/12/crash-church-a-igreja-que-passa-a-palavra-de-deus-ao-som-de-heavy-metal.htm




Dream Theater - The Eneny Inside

Eu fecho meus olhos pra não aproveitar
Três dias de dor sem dormir
Desejo que essas folhas poderiam me sufocar enquanto espero
Eu amo os cortes que fazem linhas
Organizados em bonitos desings
Eu luto com o lado afiado de uma navalha
Isso não é certo eu não posso escapar da escolha que fiz

Última chance de me pegar através da noite
Última dança com a mulher de vestido branco
Eu me perdi eu perdi minha alibis
Última chance de alimentar meu inimigo interior

Está ficando mais difícil de inalar
Uma solução rápida para limpar meus segredos
Olho morrendo aos poucos e parando de enrolar a segunda mão
Isso vira horas em dias
Atrás da luz do sol minha vida some em cinzas
Sozinho novamente com uma navalha
Isso não é certo eu não posso escapar da escolha que fiz

Última chance de me pegar através da noite
Última dança com a mulher de vestido branco
Eu me perdi eu perdi minha alibis
Última chance de alimentar meu inimigo interior

Está quieto agora
Como os momentos depois do assassinato
O mais jovem dentro de mim
Não pode acreditar nas coisas que ele viu hoje a noite
Cara a cara eu estou gritando para mim
Cara a cara e estou gritando para mim por ajuda

A noite
A noite
A noite
A noite
A noite
A noite
A noite

Última chance de me pegar através da noite
Última dança com a mulher de vestido branco
Eu me perdi eu perdi minha alibis
Última chance de alimentar meu inimigo interior
Dentro de mim

Última chance de me pegar através da noite

9 comentários:

  1. Quando criança como você era? Tinha muitos amigos na escola?

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    1. Na escola tinha muitos amigos, era engraçado, gostava de fazer as pessoas rirem. E, por não haver ninguém na família para impor limites, era bastante bagunceiro. E passei por uma fase de revolta na infância, brigando com alguns colegas(os mais fracos) até um dia levar uma porrada de um colega maior do que eu. Nesse dia aprendi que a violência não leva a nada, acho que tinha uns 11 anos na época. E fui aprendendo com a vida mesmo, por não ter tido uma família estruturada e por falta de conselhos também.
      Mas no geral tive uma infância feliz, ainda se podia jogar futebol nas ruas até de noite, brincar de esconde esconde no quarteirão de casa, lembro que a minha casa não tinha muro alto e o portão nem cadeado tinha, e a porta da sala não ficava trancada. Muita saudade dessa época.

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  2. Muito bom o blog continue assim, escrevendo sobre o que você gosta e compartilhando experiências.
    Tem uma igreja do metal no Brasil também, fica no Rio de janeiro se chama igreja Metanóia.

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    1. Obrigado
      Sim, gosto de escrever compartilhando as minhas experiências. Sempre me considerei diferente, desde pequeno, e creio que por causa disso passei por experiências bem ricas e algumas até engraçadas mesmo.
      Acabei de ler sobre essa igreja no Rio de Janeiro. Pena não ter uma parecida aqui em Belo Horizonte, mas tem muitas bandas de metal evangélicas. E, claro, outros estilos também, nada de radicalismos.

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    2. https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/07/17/fundada-ha-25-anos-igreja-evangelica-no-rio-reune-amantes-do-heavy-metal.htm

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  3. Acabei de conhecer seu blog e já gostei muito. Me identifiquei com suas experiências de metaleiro hahahaha :)

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    1. Obrigado, bons tempos aqueles, hoje em dia aqui em Belo Horizonte já não tem mais shows como naquela época.

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  4. Muito bom o blog! Estou lendo tudo!
    Meu marido falou a vida toda que o heavy metal trazia calma pra ele ahaha Vocês são muito doidos mesmo rsrsrs
    Abraços! Continue escrevendo!

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    1. Obrigado
      Mas é verdade mesmo, o som das guitarras distorcidas me acalmam mesmo. Antes acalmava quando ia aos shows por que ficava pulando igual a um coelho. Hoje só fico mais ouvindo em casa, mas não sei explicar a razão desse efeito calmando de heavy metal.
      Obrigado pela visita ao blog.

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