quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Agradecimentos

     Quem acompanha o blog sabe do perrengue que estou passando por causa de uma lesão no dedão do meu pé esquerdo (hallux rigidus) O texto do link está em inglês, mas é só usar o navegador google chrome para traduzir. E quem tem estômago fraco não veja a última imagem da página.
   Estão sendo os anos mais difíceis de minha vida. Mais complicado até do que em certos momentos quando estava surtado, quando a esquizofrenia apareceu de vez em minha vida, por volta do ano de 2002, quando estava com 32 anos de idade e prestes a completar 33 (seria o complexo messiânico?)
     Muitos podem se assustar com essa afirmação, mas vou tentar explicar. Quando estava surtado, fora da realidade, passei por muitos perrengues, mas, como mesmo acabei de afirmar, estava fora da realidade, parecia que o meu cérebro havia "desligado" alguma região relacionada à dor física, pois não recordo de sentir muitas dores quando estava surtado, apesar de ficar vários dias perambulando pelas estradas aqui de Minas Gerais. E o mais estranho de tudo isso é que estava sem me alimentar. E, nas poucas vezes em que o fiz, logo vomitava tudo o que havia comido, pois sempre ouvia uma voz dizendo que o alimento estava envenenado. E o fato de estar fora da realidade não nos deixa pensar e nos preocupar com coisas que geralmente preocupamos quando estamos "normais": horários, higiene, alimentação, o que os outros estão pensando da gente, etc... Afinal, quem iria pensar nessas coisas tendo a certeza em sua mente que apenas o mundo inteiro está te perseguindo?
    O que estou passando no momento é pior do que aqueles dias de surtos e sustos.  O que estou passando nos postos de saúde e nos hospitais é pior do que qualquer perrengue que já passei nas ruas. Tudo começou pelo primeiro "atendimento" que tive logo depois que "trupiquei" em uma raiz de uma árvore em um parque ecológico. O local ficou inchado e me preocupou bastante, apesar da dor ser suportável. Mas o médico sequer examinou o  meu pé e apenas recomendou passar água morna no local. Saí do posto de saúde desolado, sem saber o que fazer. Consulta particular, nem pensar... O jeito foi esperar o tempo resolver mais esta dor que estava sentindo. Sempre fui de praticar esportes, jogar o meu futebolzinho, e contusão não era novidade para mim.
    Só que desta vez o senhor tempo não curou esta dor, que foi piorando com o passar dos meses. A minha qualidade de vida estava caindo bruscamente e então resolvi tentar o atendimento em um outro posto de saúde. Desta vez o clínico geral foi muito atencioso e me encaminhou para o ortopedista.
    Depois de dois meses de espera, a consulta finalmente havia sido marcada. Estava entusiasmado, afinal seria atendido por um especialista e meu problema seria finalmente resolvido. Mas, que nada, o atendimento foi o pior possível. Para começar, o ortopedista nem examinou o meu pé, e nem me deixou explicar muito o que estava acontecendo comigo. Ele foi logo dizendo que aquilo era coisa da idade mesmo e que não havia muita coisa para se fazer. Me receitou um suplemento para as articulações e fisioterapia.
    A fisioterapia também foi frustrante. Fiz exatamente os mesmos exercícios que as pessoas recém operadas ou imobilizadas (fraturas) estavam fazendo. E não era o meu caso, pois, apesar da dificuldade, sempre fazia um pouco de exercício em casa mesmo, justamente para não atrofiar a musculação. Diálogo com as "profissionais" da fisioterapia, nem pensar. Elas eram monossilábicas, apenas se comprometendo a dizer sim ou não para qualquer pergunta que eu fazia, além de ficarem no zap zap boa parte do horário de trabalho. Na minha opinião, o atendimento tem que ser individualizado, se os problemas são diferentes, o tratamento obviamente também deve ser.
    Então resolvi dar um tempo na insistência e mendicância com o sus até sentir que as coisas estavam piorando, principalmente na perna direita, onde a carga do corpo inteiro se apoia durante a caminhada, já que a perna esquerda, por causa da dor no dedão, está servindo apenas como um apoio.
   E voltei no posto de saúde, desta vez sendo um pouco mais "incisivo" (chato mesmo).  E assim depois de mais alguns meses, consegui uma consulta no hospital da Baleia, aqui em Belo Horizonte. O atendimento também foi decepcionante. . Somos atendidos e entrevistados pelo médico residente, mas quem dá a palavra final é o médico chefe, um senhor de uns 80 anos de idade, que aparenta estar debilitado para exercer essa profissão. Os médicos residentes são atenciosos, mas o médico chefe não leva em conta a opinião deles, e então foi me passado apenas anti-inflamatórios e uma pomada, além de uma tornozeleira. Isso depois de dois anos após a lesão. Ou seja, não surtiu resultado nenhum, apenas um alívio durante o uso dos medicamentos. Um mês depois, voltei para o retorno desta primeira consulta e a situação não mudou: o médico me aconselhou a passar água morna e também a seguir com o tratamento psiquiátrico. Me pergunto o motivo dele ter me aconselhado o tratamento com o psiquiatra, já que em nenhum momento fui hostil ou o tratei de uma maneira grosseira. O que ele não sabe é que, pelo menos no meu caso, o melhor antipsicótico é a atividade física, aquela sensação de bem estar que uma boa caminhada nos proporciona, sem contar que o stress e a ansiedade vão embora depois de uma boa pelada de meio de semana e de final de semana também. Mas nem pude dizer isso à ele, pois o diálogo por ali não é muito praticado.
    Desisti desse hospital e tentei aqui no blog uma consulta com um especialista particular. A consulta custa 500 reais, mas consegui um desconto de 200.
     Cheguei a postar aqui no blog pedindo ajuda, com o número da minha conta e tudo mais. Mas o resultado não foi satisfatório e achei melhor excluir a postagem. Consegui apenas duas doações. Uma anônima, de 50 reais, e uma outra de dez reais. Queria aqui agradecer de coração essas duas pessoas que me ajudaram financeiramente, ainda mais em uma crise como essa em que estamos vivendo. Gostaria de deixar bem claro que ninguém é obrigado a ajudar em nada, pois escrevo este blog e tento ajudar as pessoas por prazer mesmo. Se não fica parecendo criança, quando pede um doce para o colega e não ganha:
    - "Te dei bala né, cê vai ver"...- era assim que eu falava na infância quando um colega não me dava um pedaço da guloseima que ele estava comendo.
     Mas a verdade é que não expliquei bem a postagem. A ajuda não precisava ser de um valor de 50 reais. Calculei o número de seguidores do blog e de visualizações, e, se, cada um contribuísse com 3 reais, rapidamente iria conseguir o valor da consulta e posteriormente o da operação.
     Mas não foi possível, e então voltei a insistir com o sus mesmo. Não posso aqui explicar detalhes, mas espero que dessa vez dê certo. Acho que existe muita gente mandando energia boa para que tudo volte ao normal comigo, mas também acredito que o oposto também ocorra. Caso esta tentativa também não dê certo, vou morar nas ruas novamente, só para economizar o dinheiro do aluguel e assim conseguir a grana para fazer o procedimento cirúrgico. Sei quando a minha qualidade de vida está diminuindo por causa da idade e quando está sendo prejudicada por esta lesão. Mas, para finalizar, gostaria de agradecer a essas duas pessoas que contribuíram e gostaria de dizer que o dinheiro me ajudou a comprar um calçado mais confortável para pode caminhar melhor.
esse tênis é muito bom para caminhadas...

    Foi um perrengue danado achar um calçado legal para esse meu pé com problemas. Na verdade, por causa da deformação no osso, eu teria que comprar o número 42 para o pé machucado e o número 41 (o normal) para o meu pé que está bem. Fiquei na sapataria quase uma hora testando as botas de trilha que estava pensando em comprar. Mas de todas que experimentei, apenas uma me proporcionou uma passada sem muita dor. Fiquei super feliz com o achado, mas, quando o vendedor voltou do estoque, me deu a triste notícia:
     - Essa bota do mostruário não temos no estoque, só temos o pé esquerdo dela...
     O vendedor já não estava mais com aquela cara de vendedor, dava para notar que ele já estava apoquentado com um cliente tão exigente. Então ele me sugeriu um tênis da marca que sempre gostei de usar.  E, para minha surpresa, ficou muito confortável e macio. Quando fui olhar a numeração levei um susto:43!!! Por isso ficou tão aconchegante. Mas, apesar daquele tênis tão grande não combinar muito com as minhas canelas finas, resolvi comprar assim mesmo, para amenizar um pouco a caminhada. O importante no momento é o conforto. E vida que segue... Ainda vou terminar os quatro caminhos da estrada real, nem que seja de muleta... Será uma frustração enorme ficar pela metade.
    Abraços à todos e até a próxima postagem.

10 comentários:

  1. Fico feliz que tenha tido disposição e empenho para encontrar o calçado confortável. E sim, como dizem as frases de parabarro de caminhão:A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável.
    Mahatma Gandhi Parabéns pelo Blog, muito boa a leitura! Obrigada

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    1. Eu que agradeço a sua visita.
      Na verdade nem foi empenho, foi mais sorte mesmo. O vendedor já estava cansado de me mostrar as botas de trilha e ai me mostrou o tênis. Para minha sorte ele nem olhou o número pois, se dissesse eu nem iria experimentar por ser 43. Mas no fim foi o que mais proteção deu ao meu dedão. Até estou "trotando" e perdi uns dois quilos já.
      Já estou mais tranquilo, menos ansioso e estressado. Indico à todos os exercícios físicos.

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  2. Que bom fico feliz. Torço pela recuperação com cirurgia entendo bem vc. Também sou portadora de um transtorno mental. Gostaria de poder ajudar financeiramente. Mas não tenho como dependo dos outros. Não some não uma boa sorte. Lute sempre. Somos mais forte do que os ditos normais.

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    1. Olá
      Não sei preocupe em relação à ajuda financeira, o sus deveria cuidar disso, e vou tentar até o fim. Mas é difícil, para você ter uma ideia, demorei quase dois meses para fazer o cadastro no posto de saúde no bairro onde estou morando atualmente. Até em um simples cadastro o pessoal dos postos de saúde gostam de dificultar as coisas aqui em Belo Horizonte.
      Em relação aos ditos normais, postei em um outro comentário seu que os considerados "normais" também têm suas "loucuras", a diferença é que nós temos a coragem de expô-las, e os "normais" preferem se enquadrar nessa hipocrisia em que vivemos hoje em dia.
      Obrigado pela visita ao blog.

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  3. Eu agradeço, vc é muito inteligente, sabe articular bem Júlio, não desista.temos que persistir. É o que temos pra hj. Escreve mais eu gosto. Me. Vi em certas leituras. Abraço irmão.

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  4. Ola. Te escrevi tempos atrás oferecendo ajuda e só agora retornei ao seu blog. Quero te ajudar, posso te enviar o dinheiro da consulta agora no começo de fevereiro. Passa para mim o número da sua conta, assim você pode realizar a consulta.

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    1. Olá
      No momento não sei o que faço exatamente. A consulta custa caro, mas acho que o melhor a ser feito é comprar uma palmilha para o hálux rididus. Já haviam me receitado ela no ano passado, mas ela é bem cara. O tênis que comprei está me ajudando bastante, estou fazendo alguns exercícios de fisioterapia que pesquisei pela internet, pois infelizmente pelo sus voltamos pior psicologicamente do que antes. Mas, como disse, o tênis está dando uma aliviada na dor, pois ele é bem macio e sem querer experimentei um número maior do que o meu pé. Estou tentando novamente a consulta pelo sus, mas você acredita que me mandaram para um especialista de coluna, ao invés de ser do pé? Agora estou aguardando há mais de um mês a gerente do centro de especialidade me ligar. Mas não sou orgulhoso, ficaria muito grato se me ajudasse a comprar a palmilha para o meu pé. Na próxima postagem irei contar como estou atualmente, minha musculatura está doendo menos agora e até pretendo voltar a fazer o caminho da estrada real se continuar melhorando, mesmo se estiver com a dor no dedão. Caso queira me ajudar ai está a conta
      Julio Cesar dos Santos de Oliveira
      Caixa Econômica Federal
      Julio Cesar dos Santos de Oliveira
      Agência 2332 Ipatinga MG
      Caixa Econômica Federal
      Operação 013
      Conta 00035331-3
      Obrigado

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    2. Olá anonimo
      Estou revisando algumas postagens e vi o seu comentário.
      Em relação ao pé melhorei bastante, parece que calcificou a fratura e dá uma dorzinha, e sinto algumas dores musculares por andar meio de lado, mas no geral está bem.
      Passei a andar mais de bicicleta e estou bem melhor.
      Gostaria de saber se voce pode me ajudar na minha viagem de bike para o Uruguai, que farei em breve, só estou esperando o período das chuvas passar.
      O meu email é memoriasdeumesquizofrenico555@gmail.com

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  5. Vi essa notícia agora há pouco, você conhece?
    http://www.bheventos.com.br/noticia/02-11-2016-belo-horizonte-ganha-clinica-popular-como-alternativa-as-grandes-filas-do-sus

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    1. Olá
      Não conheço não, mas vou dar uma passada lá, o sus infelizmente nos deixar pior do que estamos psicologicamente falando. Somos tratados como lixo humano mesmo. Confesso que a cada tentativa me sinto pior. Parei de insistir e pelo menos estou me sentindo melhor mentalmente ao não ter que sofrer tanta humilhação.
      Obrigado pela visita ao blog e pela dica.

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