domingo, 19 de março de 2017

Divagações esquizofrênicas -15

O trovão 

    Ontem foi mais um daqueles monótonos sábados que fazem parte de minha rotina atual: acordar tarde, tomar dois copos de água em jejum, esperar meia hora e depois tomar a minha ração matinal (aveia, gérmen de trigo, fibras e leite de soja), Depois cochilar mais um pouquinho e almoçar. Final de semana sempre exagero na comilança de doces e outros guloseimas. Ai, depois do almoço bate aquele soninho e cochilo mais um pouquinho. Por volta das quatro horas da tarde acordo e fico na net até a hora de começar o jogo do meu time, que prefiro não revelar aqui no blog.
    O embotamento afetivo está em um nível tão elevado que não me importo muito com as dificuldades que o meu time de coração enfrentou durante o jogo e não me emocionei muito na hora do suado gol da vitória, já nos minutos finais da partida. Aliás nem me importaria se o time tivesse empatado ou perdido. Ai nem sofreria como antigamente, quando nem almoçava no dia seguinte após uma derrota na  final de um campeonato. Fico me perguntando se isso é uma vantagem ou desvantagem, pois no futebol não tem como um time ganhar sempre tudo em todos os anos. Fico avaliando as alegrias que tive nas comemorações e o sofrimento nas derrotas, e ainda ter que ouvir a zoação dos amigos. Mas chego à conclusão de que vale a pena sim ficar sem o embotamento afetivo, e sorrir, chorar, sofrer e se emocionar.
 Essa ausência de sentimentos até que ajuda em algumas situações. Às vezes sou zoado aqui no bairro onde moro, algumas pessoas jogam indiretas sobre o fato de ser aposentado e não ter que trabalhar. Outros jogam indireta pelo fato de ter esquizofrenia e não raramente me chamam de louco, doido, etc, apesar de ser uma pessoa reservada e não falar muito. Mas passo por essas pessoas sem o menor problema e nem olho o rosto desses indivíduos. Acho que o problema está neles e não em mim, já que não se deve mexer com quem está quieto. É uma indiferença muito grande que sinto nesta fase da minha vida que sinceramente gostaria ser aquela pessoa emotiva como era antes da esquizofrenia aparecer em minha vida, mesmo que os comentários alheios me incomodassem.
    Já são quase dez da noite. Então, depois do jogo, vou assistir TV aberta, para pegar no sono novamente. E como estava demorando muito para "cair nos braços de Morfeu" (não pense que é "bobice" olhe o significado no link), vou procurar um filme no notebook para assistir na TV, graças ao salvador e bendito cabo HDMI de dez metros que comprei na loja de eletrônica, aqui no centro de"Beuzonte". Custou 59 reais, mas o investimento valeu cada centavo...
    Após vasculhar muito na net, achei o filme "Minha mãe é uma peça 2". Como a primeira parte foi muito boa de se assistir, não tenho dúvidas e coloco o player para carregar o vídeo e assim tentar achar graça nesse entediante vida que venho levado atualmente, ainda mais por que não posso andar muito por causa do meu dedão do pé que está detonado e o pessoal do sus acha que é só um probleminha de nada. Na próxima postagem irei mostrar os meus exames de triglicerídeos antes e depois do meu dedão do pé estar arrebentado para ver se é brincadeira. Acho que se eu pegar o caminho da estrada real nessas condições, irei ter logo no primeiro dia um AVC ou então um fulminante infarto do miocárdio.
    Mas, voltando a película, confesso que fiquei meio decepcionado. Foi o tal do "mais do mesmo". O filme explorou muito o que a personagem principal apresentou na primeira versão: ser esquentada e estressada demais, falando alguns palavrões às vezes. Praticamente uma repetição do primeiro filme, só que agora a personagem principal está rica e comanda um programa de televisão. Devido à esse fato, a sonolência bate forte e então resolvo desligar a TV para dormir novamente. Creio que não estão passando mais aos sábados aquele programa que mostra o trabalho da polícia nas ruas. Acho divertido as situações que os homens da lei têm que enfrentar no dia a dia: brigas de casais bêbados, traficantes negando que a droga não pertencia a eles, etc... Acho engraçado também que os policiais são muito educados com alguns que dão uma má resposta durante a abordagem, tenho quase certeza que se não fosse a câmera o pau iria comer solto, ou pelo menos, iriam dar umas bordoadas no elemento suspeito.
     Mas uma coisa incrível acontece no exato momento em que vou apertar a tecla power do controle remoto: um estrondoso trovão se faz ouvir em praticamente toda a cidade, creio eu. O barulho foi tão forte que a sensação é que caiu em cima do telhado do meu quarto. Mas o barulho foi tão forte que começo a desligar tudo quanto é aparelho elétrico aqui no meu cafofo: o notebook e o cabo de rede (sim, o aparelho pode queimar através do cabinho azul da net), a TV, o frigobar, o home theather da LG que custei a comprar. Só o velho ventilador é que continuou ligado.
     Mas a sincronia entre o som provocado pelo raio e o momento em que desligo a TV foi tão exato que começo a pensar que fosse algum castigo de Deus, ou um aviso, sei lá, assim como pensavam os homens das cavernas. Faço então mentalmente uma lista dos pecados que tenho cometido ultimamente e começo a pedir perdão, apesar de que, devido a pasmaceira que tenho estado não tenho cometido tantos deslizes assim, a não ser o pecado da preguiça mesmo, juntamente com o da gula.
    Mais alguns minutos e mais um raio, e o medo aumenta, pois até então o céu estava extremamente limpo, quase sem nuvens. Fico me perguntando como o tempo pode mudar assim tão de repente. Mas, minutos depois de analisar a situação, me acalmo um pouco: o dia realmente estava limpo, com poucas nuvens, mas, devido ao forte calor, houve uma rápida evaporação da água na terra que se acumulou mais rapidamente no céu e que então fez as nuvens aparecem e dai os raios, que são resultado da colisão das partículas de gelo que são formadas dentro da nuvem (não sei nada desses assuntos, pesquisei tudo no google). E também tem o fato de que fiquei a tarde toda dentro do quarto, não acompanhando a mudança do tempo aqui na capital mineira. Aos poucos fui me acalmando e a sensação de culpa exagerada foi se dissipando aos poucos como as nuvens do céu que caíam sobre a cidade...
nem Jesus escapa dos raios....


São Thomé das letras
"pirâmide", em São Thomé
  Uma característica dessas postagens denominadas "Divagações esquizofrênicas" são as temáticas, que são bem diversificadas dentro da mesma postagem, como podem observar. 
Então, resolvi falar um pouco sobre a minha experiência com a mística e encantadora cidade de São Thomé das Letras, no extremo sul de Minas Gerais. 
    Desde criança sempre gostei do sobrenatural, de filmes de terror. E quando cresci e o tédio tomou conta da  minha vida, comecei a querer ter algum tipo de experiências mística, sobrenatural, sei lá. Qualquer coisa que fosse diferente do meu dia a dia eu acharia bem legal. Mas nunca me enveredei pelos caminhos das drogas, já era meio maluquinho de nascença mesmo, não precisando de artifícios para me acharem meio maluco. Achava minha vida tão entediante que não ficava em um emprego por mais de um ano. Mas achava minha vida tão entediante, mas tão entediante que, se por acaso aparecesse um disco voador na minha frente não iria sair correndo, como a maioria das pessoas:
     - E aí gente boa, tem jeito de dar uma voltinha nessa nave? - provavelmente era o que iria dizer para o ser de outro planeta que estivesse pilotando a nave. 
     Queria tanto um encontro intergalático que iria sentir mais curiosidade do que medo no momento em que avistasse um ser de outro planeta. E pelo que já pesquisei em anos remotos, existem várias raças de et's, Tem os tais dos nórdicos, que se parecem muito com os seres humanos.E vai que dou sorte e encontro uma "eteia" nórdica bunitinha? Iríamos dar um rolé pelo espaço sideral e conhecer altas galáxias e quem sabe iriamos fazer um amor intergalático no espaço sideral. Mas também tem os et's maus, que gostam de sequestrar as pessoas para fazerem pesquisas. Mas falando sério já faz um bom tempo que parei de estudar e acreditar nessas coisas, e hoje em dia apenas acredito na possibilidade da existência de vida em outros planetas. 
"eteia" nórdica bunitinha
    Então, como o sul de Minas Gerais é muito conhecido pelas famosas aparições de et's, resolvi fazer uma visita à mística cidade de São Thomé das Letras, muito frequentado pelos hippies e pela galera que curte o som do  Raul Seixas. Aí fica a dúvida se na região aparece realmente as naves ou se o pessoal exagerou nos "chazinhos" né?
     Na primeira vez que fui em São Thomé não encontrei nada de sobrenatural, apesar de me embrenhar pela mata afora. Ficava andando praticamente o dia inteiro sem rumo, pelas cachoeiras, pelos vales, mas nada de encontrar um duende, um ser da natureza qualquer para me alegrar. Mas valeu e muito a pena essa minha primeira visita, o ar puro daquela região renova a alma de qualquer pessoa que esteja estressada, desenganada,...
    Na segunda vez já aconteceram coisas estranhas. E uma delas aconteceu perto do chamado vale das borboletas, que, óbvio tem muitas borboletas realmente. Mas o que me chamou a atenção foi algo que não sei realmente explicar: havia um pequeno veio de água que aparentemente descia para o rio.
O guia turístico de repente se virou para mim e afirmou que a água estava subindo o monte e não descendo, como deveria ser. Claro que achei graça e imaginei que o cara estiva me zuando, mas, para a minha surpresa pude constatar que  ele estava falando realmente a verdade, pois ele jogou um pedacinho de papel na água que imediatamente começou a subir o monte. Não me perguntem como isso acontece, pois nem o guia soube me explicar.
   Um outro fato que me chamou a atenção em São Thomé das Letras foi a ladeira do amendoin. O guia turístico nos levou para o local e afirmou que o ônibus iria subir a ladeira sozinho. Dessa vez não fiquei tanto na dúvida, depois que vi  a água subindo o monte não passei a duvidar de mais nada naquela cidade. Ele deixou o ônibus bem no início da ladeira, desengrenou e sai. No mesmo instante e inexplicavelmente o veículo começou a subir a ladeira. Eu e o grupo de pessoas que ali estava começamos a rir, pois a cena era realmente engraçada. O guia nos explicou que o magnetismo do solo seria a explicação para tal fato. E rapidamente ele teve que ir ao encontro do ônibus, pois já subia a ladeira em boa velocidade.
    Mas encontrar seres de outros planetas não encontrei não, apesar de perambular pela mata até de madrugada. Não achei nada de estranho, nem um ruído sequer, para a minha frustração.  Mas que tem uma atmosfera diferente naquela cidade, isso tem.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Direito das pessoas com transtornos mentais


    Abaixo a lei, na íntegra, que trata dos direitos das pessoas com transtornos mentais no Brasil. Assim como outras leis, muito bonita na teoria, mas na prática todos sabemos que ainda estamos muito longe de cumprir essas leis. Seria uma utopia? Mas, de qualquer forma é sempre bom estarmos informados de nossos direitos, é uma poderosa ferramenta para que não sejamos explorados ou maltratados, seja em nossos lares ou nas instituições de tratamento psiquiátrico.



LEI Nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1° Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

-Art. 2° Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.


Art. 3° É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.

Art. A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.

§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.

§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.

§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.


Art. 5° O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário.

Art. 6° A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; 
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

Art. 7° A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico assistente


Art. 8° A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.

§ 1° A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.

§ 2° O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.


Art. 9° A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.

Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.


Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei.

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 6 de abril de 2001; 180/ da Independência e 113° da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Jose Gregori
José Serra
Roberto Brant