quinta-feira, 28 de março de 2019

17° dia pedalanças-Segunda etapa- São Mateus-ES à Marataízes-ES

praia deserta em Barra Nova
   Barra Nova - Linhares
    A noite na praia deserta em Barra Nova foi bem interessante, mas, depois que consegui me ajeitar e me proteger do vento frio tive um enorme susto. Estava deitadinho na areia, com a manta e a coberta, quando, do nada, senti algo me dando duas picadas de leve. Na verdade nem sei se foi picada, ficou parecendo mais as patas de um caranguejo ou siri, sei lá o que deve ter sido. Não foi um ato agressivo, não chegou a doer, foi como um beliscãozinho de leve. 
     Levei um susto tremendo e me levantei na hora.  Pensei que fosse tudo, até criatura do outro mundo, ou algum ser da natureza, querendo me assustar. E,para piorar a situação, não consigo achar a minha lanterna. Esperei um tempo até me acalmar e deitar novamente. Não demorou meia hora e senti novamente o beliscãozinho. Não parecia ser caranguejo, pois a maioria relata sentir fortes dores na região atingida. E não era siri, pois as patinhas deles são bem pequenas. A sensação era de dedos me apertando. Mas sempre gostei do sobrenatural e não fiquei apavorado, só um pouquinho assustado mesmo. 
     De manhã decidi não seguir pela praia, teria que caminhar mais uns 20k até o vilarejo mais próximo para tomar um café da manhã. Entrei do meu lado direito em uma casa. Ninguém atendia e então pulei o quintal até a estrada de terra. Na saída da casa um problema, a porteira estava com cadeado.Tive que tirar as mochilas, jogá-las do outro lado e depois levantar a bike e cuidadosamente colocá-la do outro lado. Não tinha ninguém no vilarejo acordado aquela hora da manhã. 

    Mas na estrada de terra também não havia lanchonetes e nem barzinhos, somente algumas casas, todas com as portas e janelas fechadas.  O jeito foi caminhar mais uns 10km até finalmente encontrar algo para comer. Os donos dos estabelecimentos cobram caro, pois sabem que não existe outra alternativa: ou compra ou fica com fome. O pastel custa 5 reais e não é tão bom assim. O recheio tinha uma parte que estava gelada. Mas quando estamos com fome tudo fica mais gostoso. O importante era ter comido algo para repor as energias.  Encontrei no bar 3 ciclistas da região, que ficaram admirados com as histórias de minhas pedalanças. Até tiraram foto minha. 
     Depois do lanche sigo o caminho e finalmente consigo pegar a estrada asfaltada que me levaria até a cidade de Linhares. Vou descer até Marataízes nesta segunda etapa de minhas viagens de bike. Estava programado inicialmente viajar e depois voltar de ônibus com a bicicleta desmontada. Iria até o litoral de Guriri e voltaria. Mas gostei tanto de pedalar que vou fazer vários percursos até voltar também pedalando de bike para casa. Sinceramente não imaginava que iria aguentar tantos quilômetros, ainda mais no calor do nosso verão. E a bike também está surpreendendo, com poucos defeitos na parte mecânica. 
   
enfim, asfalto
     O caminho asfaltado para Linhares é entediante: pura reta, e sem nenhum restaurante pelo caminho, para dar uma parada, trocar um dedo de prosa ou beber um revigorante caldo de cana geladinho, uma das coisas mais gostosas de se fazer na viagem. Essas retas me cansam mais mentalmente do que fisicamente. Só de olhar o retão já fico cansado. O celim da bike está rasgado e incomodando muito. As pernas até indicam que dá para continuar a pedalar, mas as "ardências analógicas" devido ao celim rasgado me pedem para dar um bom descanso. 
        Chego em Linhares por volta das duas da tarde. Quando estou na avenida que entra na cidade, uma viatura aciona as sirenes. Não sei se é paranoia minha, mas parece que alguns policiais têm o costume de fazer isso para intimidar algum viajante que esteja chegando na cidade. 
      Pego um rango e depois vou para a lan house. Passo um bom tempo acessando a internet e  organizando os vídeos da viagem.  

      Depois mais uma luta nesta viagem: encontrar algum lugar para tomar banho. Chego por volta das seis e meia da tarde no ginásio coberto da cidade, mas para meu azar o vigia não estava lá. Linhares é uma cidade grande e andei 6km até chegar o ginásio. 
     Na BR que corta a cidade tem vários postos de gasolina, mas nenhum que seja aqueles de apoio ao caminhoneiro, que dá para tomar banho e montar a barraca para dormir.
    Me indicaram um posto distante 10km de Linhares. Já devia ser umas sete e meia da noite e a BR é um pouco escura. Para falar a verdade era quase que totalmente escura na ausência de veículos com seus faróis a iluminar o caminho. A bike não tem nenhuma sinalização para andar de noite. Mas, como estava muito suado e sujo o jeito foi arriscar a BR, me guiando pela faixa amarela que dava para ver não muito bem. Mas era uma referência. 
    No início tive um pouco de medo. Confesso que esse tipo de adrenalina me excita um pouco. Sorte minha é que a estrada é muito boa e tem um bom acostamento. Quando não tinha carro ou caminhão passando, andava bem devagarinho para não levar um tombo grande se por acaso passasse em um buraco ou algo como um galho de árvore.
     Consegui chegar no posto de gasolina por volta de oito e meia da noite. Sempre tem gente boa nesses postos e um deles me indicou um lugar tranquilo para montar a minha barraca. Tomei um bom banho frio e fiz um lanche na lanchonete, e, como sempre, tudo muito caro. 
    Depois fui dormir, o dia foi bem cansativo. 

2 comentários:

  1. Legal a sua viagem e a narrativa muito interessante. Estou com saudades pois em 2016 fiz do Rio de Janeiro até Porto seguro passando por este litoral maravilhoso. Continue postando estou te acompanhando. Boa sorte

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    1. Deve ter sido legal também essa sua viagem. Postou algum vídeo no youtube ou fez algum diário.
      Irei postando sim até o final, quando tiver chegado em casa. Acho que vai dar uns 3200km

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