sexta-feira, 26 de abril de 2019

29º dia pedalanças- 3ª etapa-Marataízes-ES à Juiz de Fora-MG


    Volta Grande-Sapucaia-Anta
    Acordei um pouco cansado. Mas a noite foi tranquila e até que dormi bem, a exceção da tranquilidade aconteceu quando um motorista de um caminhão no posto de gasolina começou a mexer na parte de cima do veículo, era um daqueles caminhões de transportar gasolina. Claro que nem reclamei, o cara estava trabalhando... Uma hora depois apareceu outro motorista, mexendo em algumas ferramentas para fazer manutenção em seu caminhão. Provavelmente aquele era o cantinho onde os motoristas consertavam seus instrumentos de trabalho. 
    E onde dormi tinha um banheiro. Não era aqueles banheiros em que os motoristas de caminhão tomavam banho. Era um separado. Então aproveitei e tomei um banho gelado logo de manhã para me animar um pouco para a pedalança do dia. 

Sapucaia

    O caminho é agradável, com muito verde em volta e algumas simpáticas fazendas na beira da estrada, que tem um ótimo acostamento. Por volta do meio dia o tempo dá uma fechada e em minha direção se aproxima uma tempestade. Muitos raios. Até que com essa viagem aprendi a não ter medo da chuva, é até gostoso se estiver fazendo muito calor. Mas com os  raios não se pode brincar. 
    O jeito foi correr na maior velocidade que a minha bike consegue imprimir. Para minha sorte é pura descida essa parte do caminho e consigo, com algum esforço escapar da chuva. Apenas em uma curva me molhei um pouquinho. É um visual bem legal quando conseguimos ver do alto da serra os locais onde está e onde não está chovendo. 
    Chego em Sapucaia por volta do meio dia. É uma simpática cidade, com muitos bancos pelas pracinhas. Passa muita carreta na rua principal da cidade. Parece ser bem pequena. Ainda está cedo, até que andei bem esse dia. E então aproveito para tomar um lanche na padaria, mais para passar o tempo mesmo. Uma mulher que está sentada em um banco na entrada da padaria me observa. Em minha paranoica mente ela está reprovando a minha aparência, pois estou de bermudas, chinelo e com uma bike que não está muito bonita não.
      Como não estava com fome apenas peço um yogurte. Estou comendo mais do que o de costume, para não perder muito peso. Na saída a mulher que estava me observando se aproximou de mim e começou a conversar e falar de Deus para mim. Ela era evangélica e me achou simpático. Eu e minha mania de perseguição que me persegue....
estão fabricando antas?

Rio Paraíba do Sul

     Também estava dando um tempo para ir na lan house da cidade, que estava fechada para almoço.
     Mas a espera foi em vão, pois a forte chuva que havia caído na cidade havia danificado algo que acabou deixando a cidade sem internet wifi. Mas consigo achar uma oficina de bicicletas e compro um celim novo, pois o antigo havia rasgado e estava me incomodando muito. Conversei bastante tempo com o pessoal da oficina e com a vizinhança sobre essa minha viagem. Acho que falei mais nesse um mês de pedalança do que no ano passado inteirinho...
     Sigo a viagem em um astral bem legal, também por causa do lindo visual do Rio Paraíba do Sul nesta região. Bem no lado direito da estrada o rio acompanha boa parte do trajeto. O pôr do sol deixa o cenário ainda mais bonito. Esse dia está sendo daqueles em que a noite vem chegando e não estamos cansados e queremos continuar a pedalar para curtir o visual do caminho.
     Mas não gosto muito de andar de noite, vai que o pneu da bike fura ou então dê um outro defeito. Paro em um posto de gasolina bem bacana, em uma cidade chamada Anta. O motivo do nome não consegui descobrir.  Mas encontrei banho e lugar para montar a barraca. 

terça-feira, 23 de abril de 2019

28º dia pedalanças- Terceira etapa-Marataízes-ES à Juiz de Fora-MG

    
 Santo Antônio de Pádua-RJ à Volta Grande-RJ
    Excelente noite que tive em Santo Antônio de Pádua. A segurança de dormir em uma borracharia, o silêncio e também a amizade que fiz com os funcionários do posto ajudaram e muito a ter uma boa noite de sono. Dormir com a quase certeza absoluta de saber que não será incomodado ajuda também.
     Pego a estrada bem disposto e é daqueles dias que acho que a bike está muito bem regulada e montada. E quando durmo mal fico pensando que a bike está pesada, que tem algum problema 
    Saí bem cedo, sem me despedir dos funcionários do posto. O borracheiro que parecia o Robert De Niro ainda estava dormindo 
     Mas as pedalanças tem que começar bem cedo, de preferência, por causa do forte calor que anda fazendo na região. Procuro anda o máximo possível na parte da manhã, para de tarde não precisar de correr muito para se chegar em alguma cidade. 
     Paro em uma pequena cidade chamada Itapetininga para acessar a lan house. Pego as mochilas e levo comigo. Na volta, a decepção: o meu tênis não está mais no bagageiro traseiro! Provavelmente alguém pegou ou então ele caiu no meio da viagem. Ou então esqueci em Santo Antônio de Pádua. Esses dias estou tomando diazepan para tentar pegar no sono, pois não levei o cloreto de magnésio na mochila. E fico muito lento e costumo esquecer muitas coisas sob o efeito do ansiolítico. 
    Me pergunto o que uma pessoa irá fazer com um tênis velho e usado como estava o meu. E eu gosto é de tênis bem usado, pois eles ficam bem confortáveis. Pedalar descalço não é uma boa. É a segunda baixa na viagem. Em Barra do Jucu-ES tive o meu capacete furtado. Até que o capacete não faz muita falta, pois ando sempre devagar. A função principal do capacete nesta viagem estava sendo a de não deixar o meu cabelo com um aspecto assustador, por causa do vento e do sol. 
    

      À essa altura da viagem a bike já demonstra sinais de um desgaste natural de uma longa viagem como essa. Devo ter andado até o momento cerca de 1300km.  O pneu dianteiro já está careca, o celim estragou e está muito ruim ficar sentado nele o dia todo. Ultimamente estou pedindo comida no posto para poder fazer a manutenção na magrela. 
    Não estou com tanta pressa nesses últimos dias. Afinal já estou chegando em Petrópolis, onde começarei a fazer o caminho da estrada real, que é composto quase 90% de estrada de terra. Tenho que esperar o período das chuvas passar para evitar os perrengues de se andar na lama. 
    Por volta das quatro horas da tarde paro em um posto para tomar um banho. Agora mudei o esquema da lavação das roupas. Todo dia na hora de tomar banho lavo a roupa que usei no dia, para não acumular e também evitar de colocar roupa molhada ou suja dentro da mochila.
    

sábado, 20 de abril de 2019

27º dia pedalanças- 3º etapa- Marataízes-ES à Juiz de Fora-MG



São João do Itabapoana-Santo Antônio de Pádua
    Mais uma boa noite de sono e sem pertubações.
Acordo bem disposto, mas logo de manhã um dos maiores perrengues que se pode acontecer neste tipo de viagem. A lanchonete do posto está fechada e tenho que voltar cerca de 3km para tentar encontrar alguma padaria no centro de São João do Itabapoana. 
      Já no centro da cidade nada de padaria. São sete horas da manhã e o supermercado que poderia me vender biscoitos e toddynho também está fechado. Nada de barzinho também. Uma das coisas que me tira do sério nesta viagem é não encontrar nada para comer logo de manhã, pois sempre acordo meio devagar e preciso de cafeína e algo com chocolate para começar a pensar em pedalar. 
     Com muito custo achei um lugar com uma enorme placa escrito "LANCHES". Estava com muita fome e um pouco mal humorado, razão para comer em dobro. Mas, entrando no estabelecimento, a decepção. Nada de lanches gostosos, apenas alguns saquinhos daqueles biscoitos que dão sede pra caramba. E algumas cocadas também. Perguntei para o balconista se tinha pãozinho com manteiga, e, para meu alivio, a resposta foi positiva. Ufa... 
    As pedalanças tem vários perrengues:chuva, sol, bike que estraga, ter que encontrar lugar para montar a barraca e tomar banho.... Mas um dos piores é, sem dúvida o de não encontrar padaria na parte da manhã. 
todo cuidado é pouco

    Pego então a estrada, que não está em boas condições. A maioria das estradas no Espírito Santo que tive oportunidade de percorrer eram ótimas. Mas essa que estou percorrendo tem muitos buracos, é estreita, não tem acostamento. E, para piorar a situação, passa muita carreta...  A situação é tão complicada que, se tiver passando duas carretas ao mesmo tempo a única coisa a se fazer é parar de pedalar e sair da estrada para não sofrer um acidente. 
o pessoal da região adora um GuaraViton

    Por volta das quatro horas da tarde bateu um cansaço danado. O jeito foi parar no posto de gasolina para tomar um cafezinho e um pedaço de bolo. Depois me sentei na frente da lanchonete e não resisti, tirei um cochilo daqueles. Hoje depois do almoço estava animado e segui pedalando por volta do meio dia sem fazer a tradicional cesta. 
     Depois que acordei a galera do posto de gasolina começou a conversar comigo. Como sempre perguntam de onde eu vim e para onde eu vou. Os caras são muito gente boa e me convidam para dormir na borracharia, onde posso tomar banho, montar a barraca e ainda carregar a câmera. E ainda tinha água geladinha...
    E fiquei conversando com o borracheiro e com mais dois amigos dele, que estão bêbados. O borracheiro é a cara do Robert De Niro, com aquele sorriso de boca fechada. E ainda sabe fazer um arroz doce que estava uma delícia, comi um prato bem cheio. 
    Fui dormir bem tranquilo e leve, tudo fica melhor quando estamos cercados de gente boa. Não estava com aquela dúvida de como seria a noite, se poderia aparecer alguém para fazer algo de ruim.
Se todos os dias fossem como esses três últimos que passei, acho que passaria metade do ano viajando de bicicleta. 

quinta-feira, 18 de abril de 2019

26º dia pedalanças-Terceira etapa-Marataízes-ES à Juiz de Fora-MG


Presidente Kennedy-São Francisco de Itabapoana
    A madrugada na lanchonete foi muito boa. Dormi muito bem. Não estava fazendo muito calor.  E a gente fica muito mais tranquilo quando somos bem recebidos em um local. Digo ser bem recebido pelo fato de sermos tratados com naturalidade.
  Os salgados que a funcionária da lanchonete havia me dado estavam uma delícia. Acho que a sacola tinha nove salgados, entre coxinhas, pastéis, empadas e outros. Comi seis só de noite. A noite foi super tranquila, não vi uma viva alma nas proximidades da barraca, somente os marrecos que ficam na frente do estabelecimento, à espera que algum cliente lhes dê algum lanchinho. Até dormi com a barraca com a entrada totalmente aberta. 
    Acordei bem disposto por volta das seis da manhã.  Rapidamente desmonto a barraca e já estou pronto para a caminhada do dia. O sol não aparece às cinco horas da manhã como vinha acontecendo no litoral capixaba. 
     No início pego uma boa descida, e foi uma delícia ficar sentindo novamente aquele ar geladinho na parte da manhã. Paro em um posto e peço um cafezinho e tomo com os salgados que sobraram da noite anterior que a funcionária da lanchonete havia me dado. Ainda estavam bons para consumo, melhores do que em muita lanchonete por aí. 
    A roda traseira da bike está com uma folga bem grande, paro em uma borracharia para dar uma boa revisada nela. É melhor fazer uma manutenção preventiva do que parar de uma hora para outra em um local desconhecido. O borracheiro me diz que existe um caminho mais rápido para se chegar em Petrópolis, sem precisar de passar por Campos e Macaé. Resolvo seguir a dica dele, que passa por várias cidades menores e economiza muitos quilômetros. Se bem que não quero chegar muito cedo em Petrópolis, pois tenho que esperar o período das chuvas acabar, pois irei fazer o caminho da Estrada Real, que é composto quase 90% de estrada de terra. 

    Depois de arrumada a roda traseira, sigo o caminho em um bom ritmo, apesar do forte sol. Essa estrada alternativa para Petrópolis não é muito boa como a Br101, mas o movimento é bem menor e as carretas passam em menor velocidade. O pneu dianteiro da bike já está bem gasto, e o celim estragado. O jeito é pedir almoço nos postos de gasolina para juntar uma grana para a manutenção da magrela. Viajar nas Brs é muito bom, pois sempre tem posto para tomar banho e dormir, mas em compensação as coisas são bem mais caras. 

    Chego em São João do Itabaiana, já no Rio de Janeiro, por volta das cinco horas da tarde. Na entrada da cidade, uma viatura com policiais armados com fuzis fazem uma blitz. Passo com um pouco de receio, não tenho o costume de ver fuzis. Consigo encontrar um posto bem bacana onde tomo banho e encontro um lugar bacana para montar a barraca. Já tem até papelão, me poupando o trabalho de ir  procurar. E tem até uma TV. É o ponto de encontro dos caminhoneiros que passam a noite no posto. Ficaram conversando e vendo TV até por volta das dez horas da noite. Foi um bom dia de pedalança.  


quarta-feira, 17 de abril de 2019

25º dia pedalanças- Terceira etapa- Marataízes-ES à Juiz de Fora-MG

homenagem ao Roberto Carlos, em Cachoeiro

Marataízes-Cachoeiro do Itapemerim-Presidente Kennedy
    Essa é o início da terceira etapa das pedalanças. Resolvi dividir em três partes para facilitar a leitura dos trajetos. 
Primeira etapa  Belo Horizonte-MG à São Mateus-ES  780km
Segunda etapa   São Mateus-ES à Marataízes-ES         431km
Terceira etapa    Marataízes-ES à Juiz de Fora-MG      vou calcular ainda pois dei muitas voltas 

       Ontem, no posto Ipiranga em Marataízes não dormi nada, por causa do calor. 
    Tomo um cafezinho na padaria com dois pães com manteiga. E uma caçarola de sobremesa. Comigo é sobremesa no café da manhã, no almoço e, como não costumo jantar, a sobremesa acaba virando janta. 
    Estou meio detonado e logo no início da pedalança resolvo dar uma parada em um outro posto, para descansar. Aproveito o tempo para atualizar o diário da viagem e carregar a minha câmera 
     Sento-me na entrada do restaurante do posto, perto de um senhor que está com uma bike motorizada e que furou o pneu na estrada. Me ofereci para remendar o pneu, mas ele agradeceu e disse que já havia pedido socorro. 
paisagem no caminho Marataízes - Cachoeiro

    Ficamos conversando sobre minhas viagens (não adianta, a bike sempre desperta a curiosidade das pessoas). Quando fiquei sabendo que ele era de Cachoeiro do Itapemerim pergunto onde era a casa onde o Roberto Carlos havia passado a infância. Ele me deu as dicas de como chegar, dizendo que ficava perto da estação ferroviária, onde o cantor havia perdido uma parte da perna. 
    Quando ele se levantou, notei que também  mancava um pouquinho, assim como  o RC. 
    - Também perdi parte da perna na ferrovia.- ele foi logo me explicando.
     Mas essa explicação me deixou meio encucado. É um fato comum as crianças daquela cidade perderem parte das pernas? Os trens de lá são mais rápidos, ou os motoristas dos trens é que correm pra caramba? Ou a população que é meio desatenta mesmo?
     - É que tinha tomados "umas".... 
     - A sim, entendi. - respondi, mesmo sem ter entendido aquela coincidência toda. 
    Depois de uma hora chega o socorro da bike. Era sua família,que pegou a bike e colocou na traseira do carro. O cara foi para a BR pegar um ônibus para Cachoeiro. Disse para ele comprar uma fita antifuro para a bike. Estava andando há muito tempo e como não tive problemas de pneu furado, achei que tinha autoridade e competência para indicar a tal fita protetora. O cara agradeceu e disse para passar em sua casa, no bairro que esqueci o nome. Gente boa o cara. 
centro de Cachoeiro de Itapemerim

      Hoje decidi por alto o caminho de volta para Belo Horizonte: iria passar em Campos, Macaé até chegar em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Aí irei fazer o caminho novo da estrada real até Juiz de Fora. Depois irei fazer o caminho dos Diamantes da estrada real, de Ouro Preto à Diamantina. E depois pegarei a BR e voltarei de bike para Belo Horizonte. Acho que isso tudo irá passar de 3000km
Nada mau para uma primeira viagem de um cara com 50 anos e com uma bike não muito boa. 
    Volto para a estrada, rumo a Cachoeiro do Itapemerim. Por volta do meio dia, muito calor, e sem aquela brisa do mar que já estava acostumado nos últimos dias. Mas sinto que adquiri uma resistência ao calor que não tinha antes de viajar. E chego na casa do Roberto Carlos por volta das duas horas da tarde. É uma casinha bem simpática e simples. O quarto onde ele dormia é bem pequeno, deve ter dois metros de largura por três de comprimento. E ele ainda dividia o aposento com sua irmã. 
    Os outros cômodos da casa também eram bem pequenos. O piso do chão é de tábua, mas estava tudo muito bem conservado e limpo. Nas paredes fotos de quando era bem pequeno, e sempre com aquele olhar um pouco triste. O funcionário da casa atende muito bem os visitantes da casa, que também é como se fosse um museu. 
     Minha avó gostava muito do Roberto Carlos. A minha mãe gosta até hoje. E eu também sempre gostei, até mesmo na minha fase metaleira ouvia o som do RC, só que meio de quebrada, pois tinha receio que meus outros colegas roqueiros me zoassem. 

     Depois da visita ao museu, mais pedalança. Por volta das quatro horas da tarde encontro um posto muito bom e o funcionário me deixa tomar banho. O banheiro é bem espaçoso e dá até para levar a bike para dentro. 
     Depois do banho resolvo pedalar um pouco mais, não estou cansado e o dia ainda está claro No caminho um congestionamento enorme, devido à um acidente fatal com dois motoqueiros que colidiram com uma carreta. É a BR 101, e as carretas andam a toda velocidade nesse trecho. Motos mais simples e menos velozes tem que andar no acostamento. 
     Paro de pedalar na primeira lanchonete que encontro pelo caminho. O acidente me deixou um pouco triste e sem motivação. As funcionárias do posto foram super legais comigo, além de deixarem montar a minha barraca me deram uma sacola com vários salgados deliciosos. Lá eles só vendem salgados feitos no dia e como eles já estavam fechando... 
    Depois de fechado a lanchonete, monto a minha barraca. Estava um pouco receoso de montar a barraca ali, pois não havia casas ou alguém por perto, como nos postos de gasolina. O lugar ficou muito escuro, o bom é que da BR não dá para as pessoas verem a barraca. 

terça-feira, 16 de abril de 2019

24º dia- Pedalanças segunda etapa- São Mateus - Marataízes


Anchieta-Marataízes
     Noite mais do que tranquila em Anchieta. Mas não dormi bem. Devo estar sentindo a falta do cloreto de magnésio, que foi fundamental no desmame do diazepan. Fiquei com receio de levar o CM na mochila, com medo de estragar ou dar alguma reação adversa, pois o CM é um mineral. E não estou tomando o diazepan, com receio de ficar viciado novamente. 
    No posto de gasolina faço a barba e noto que estou com a aparência de quem está bem cansado. Infelizmente vou ter que voltar a tomar cerca de 2.5mg do diazepan, para conseguir relaxar a musculatura e assim tentar dormir um pouco. Às vezes é preciso retroceder um pouco para avançar novamente. Mas não quero perder essa batalha para esse ansiolítico que só trouxe prejuízos para a minha vida e para minha saúde. 

    Depois do café faço uma visitinha ao santuário do Padre Anchieta, o qual já estive no ano de 2012, durante minhas andanças no caminho do Padre Anchieta. Mineiro gosta do litoral capixaba. 
    Após o santuário, pego a estrada para Marataízes Caminho bem legal, só de reta e quase sempre com o visual da praia à minha esquerda. Isso dá uma melhorada no astral da viagem, quando tem praia não fico com pressa de pedalar. Passo por Píuma e várias outras pequenas cidades do litoral sul do Espírito Santo. Dá até vontade de procurar um quartinho para alugar nessa região, que não deve ser muito caro. Um dos meus sonhos é morar na beira da praia. Como citei acima, a praia me deixa de bom astral, é muito bom dar uma volta de bike na orla. Além de dar um bom mergulho, é claro. 
Píuma

     Quando já estava quase na estrada para Cachoeiro do Itapemerim, compro um abacaxi desses vendedores que ficam na beira da BR. Sempre é aquela conversa, de onde vim para onde vou. E um deles me aconselham a dormir em Marataízes, pois lá perto tem um posto onde poderia dormir e tomar um banho. 
    Como não estou com pressa acabo achando a ideia do vendedor de abacaxi muito boa. Desço até a orla de Marataízes e tento matar as saudades de minha infância, pois minha família ia muito nesta cidade durante as férias. Tento em vão me recordar de algum lugar que havia visto quando criança. Dou um mergulho na praia e passo o resto da tarde curtindo o visual daquele lindo lugar. É um pouco cansativo arrastar a bike com a carga na areia, mas valeu a pena o esforço. 
     Na hora de subir a BR para o posto de gasolina fico exausto. Aquele vai e vem nas areais me tirou as energias. Descanso um pouquinho em um ponto de ônibus. Muitas pessoas curiosas ficam me olhando, não imaginava que aquela bicicleta com mochilas na traseira e na frente chamasse tanta a atenção. Vou tentar fazer alforjes na próxima viagem, que são mais discretos. Mas acho que viajantes de bike sempre despertam a curiosidade das pessoas. O que nos levam a viajar? Onde encontramos coragem para enfrentar os perrengues? Não temos medo do trânsito? Ou até mesmo das pessoas? Acho que são estas as principais curiosidades das pessoas em relação aos viajantes de bike. 
     Depois do descanso subo para o posto Ipiranga de Marataízes, que, ao contrário da propaganda, não tem muita coisa não. Na lanchonete quase não tem nada para comer.

Marataízes

sábado, 13 de abril de 2019

23º dia pedalanças Segunda etapa -São Mateus-Marataízes- ES

até o momento a relação com os motoristas está sendo de muito respeito e sem problemas
    Barra do Jucu-Guarapari-Meaípe-Anchieta

    Após alguns dias parado em Barra do Jucu o pagamento finalmente havia chegado! A noite foi bem longa, estava ansioso para voltar a pedalar novamente. À todo momento colocava a cabeça para fora da barraca para ver se o dia havia amanhecido. O meu celular estragou e agora sempre começo a desmontar a barraca quando sinto que são mais ou menos seis horas da manhã. 
     Claro que tomei um caprichado café da manhã, afinal foram alguns dias passando por algumas dificuldades. Mas estou me sentindo bem nessa vida que estou levando. Não sei exatamente quanto tempo ficarei viajando de bike. Se pudesse seria pelo resto de minha vida. Mas temos que cuidar de nossa saúde física também. Ficar o dia inteiro pedalando não deve fazer bem, nenhum exagero pode fazer bem ao ser humano. O nosso corpo não foi feito para ficar 10 horas quase que seguidas pedalando por uma boa parte de nossas vidas. Mas se não fosse os perigos com a segurança, e a desconfiança exagerada de alguns moradores de algumas cidades, poderia pensar seriamente em seguir esse estilo de vida, pedalando menos e ficando um tempo maior nas cidades. 
     Após o café pago as dívidas contraídas em Barra do Jucu e compro aqueles sprays que servem para um monte de coisa, principalmente para desenferrujar metais. Dou uma boa limpeza na bike para tirar a maresia contraída em Barra Nova, quando cismei de andar na beira da praia. 
    Compro o cabo e o passador de marcha, que está quebrado. E eu mesmo faço a manutenção, aprendi no youtube várias coisas sobre consertos de bicicletas. 
#partiuguarapari

    Bicicleta pronta, hora do almoço. Claro que caprichei no rango, fazendo uma montanhazinha no prato. Almocei no cara que não havia cobrado o rango, mas disse que estava ali como cliente e não como pedinte, pois a comida do restaurante dele era muito boa.
    Já estava com saudades de pedalar e sentir o ventinho no rosto. Como estou descansado sigo em um bom ritmo e chego em Guarapari por volta das quatro da tarde. 
Resolvo seguir até Anchieta, passando por Meaípe, apesar de não estar preparado e nem a bike para andar de noite. 
Meaípe

    Como em Linhares, escuridão total na BR, que tem um bom acostamento. Aliás, quase todas as estradas no Espírito Santo parecem ter acostamento. Dá para enxergar um pouco a faixa branca que separa a BR do acostamento, e também tenho que contar com a sorte para não passar por algum buraco ou objeto grande que faça a bike cair ou desviar a rota. Mas, claro, vou pedalando bem devagar. 
     Levo alguns sustos quando vejo alguém pedalando também naquela escuridão. Somente quando está bem perto é que dá para notar alguém. Também vi um cara andando naquela escuridão da BR. Confesso que dá um pouquinho de medo sim, e também um pouco de adrenalina. Um misto de medo e euforia pela aventura. 
    Devo ter chegado em Anchieta por volta das nove horas da noite, e bem cansado. Tenho que aprender a dosar minhas energias.
     Depois de algumas voltas pela cidade, consigo encontrar um posto de gasolina onde tomo um banho e lavo minhas roupas. 
   Atrás do posto encontro um ótimo local para montar a barraca. É plano e com quase nenhuma agitação. Hoje foi um dia que quase não tive contato com as pessoas, fiquei praticamente o dia inteiro em cima da bike. 

22º dia pedalanças-Segunda etapa-São Mateus à Marataízes

a maresia da praia deserta em Barra Nova, quando andei pela beira da praia
    Amanhã é o pagamento, último dia aqui em Barra do Jucu, que é uma cidade bem legal, mas, para quem está pedalando ficar mais de dois dias em um mesmo lugar já é um pouco demais. 
    Passo os dias na maior tranquilidade, no meu cantinho, de frente para a praia. Às vezes tenho que ouvir dos moradores da cidade algumas indiretas, pois eles não gostam muito dos turistas de baixa renda como eu. 
    Outro dia estava na frente do castelo, perto da estátua de um santo, que não me lembro o nome. Um motorista alcoolizado parou o carro e começou a urinar atrás da estátua e eu pedi para que respeitasse a religião das outras pessoas. 
   - Ah, fica aí com sua maconha... - respondeu o motorista bêbado.
    O cara, além de desrespeitar a fé alheia, ainda estava dirigindo embriagado e me chama de drogado...
    Mas tem muita gente boa em Barra do Jucu. As pessoas mais conservadoras e mais velhas do local é que não gostam muito dos turistas de baixa renda. Mas sempre aparecem ciclistas curiosos em saber de onde estou vindo e para onde estou indo. De manhã mesmo conversei com uma galera que mora nas proximidades, um cara com apelido de gigante gostou muito de minhas histórias. Pena que  a câmera da bateria estava descarregada e não consegui tirar a foto da galera. 
     Na hora do almoço tentei mais um almoço fiado, mas desta vez o dono foi gente boa e me arrumou o rango na hora, sem precisar argumentar muito. Agora é só ter paciência e esperar o dia de amanhã para sacar o pagamento, pagar o que devo e dar uma geral na bike para cair na estrada novamente. Já estava com saudades de pedalar na estrada.  

21º dia pedalanças-Segunda etapa- São Mateus à Marataízes

na paz, em Barra do Jucu
     Depois do susto ontem no cemitério, resolvi passar o dia sem maiores surpresas e fiquei no meu cantinho preferido da cidade, afastado e de todos e de frente para o mar.
    De madrugada choveu um pouco e tive que transferir a barraca para debaixo da árvore, em frente ao castelo. A minha barraca é da marca albatroz, ela é boa mas não aguenta muita chuva. A intenção de usar uma barraca é de proteger a mochila e meus pertences. Se acordado já estão nos roubando, imaginem dormindo... 
     Por falar em roubo, afanaram meu capacete enquanto eu tirava fotos do castelo. Não sei como existem pessoas tão ruins neste mundo. O capacete de ciclista custa em torno de 140 reais, mas o que está em jogo é a segurança e a vida de quem está usando. Mas estes ladrões não tem a mínima sensibilidade, só querem roubar, independente da importância do pertence. 
     Enquanto o pagamento não sai vou me virando, comendo biscoitos de maizena e pão. Estou um pouco abatido e, para não ficar na maior bambeza consigo um almoço fiado. Foi o maior custo convencer o dono da padaria de que eu não iria dar o cano. 
    Se existe uma coisa de que não gosto é dever as pessoas. Passo necessidade mas honro meus compromissos. 
    Resolvi almoçar de verdade e não comer bobagens para estar bem no dia do pagamento e começar a pedalar novamente. Enquanto isso vou ficando aqui em Barra do Jucu, mais quietinho para não gastar tanta energia. Mas que é um pouco entediante ficar parado no mesmo lugar o dia inteiro, isso é.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

20º dia pedalanças-Segunda etapa- São Mateus à Marataízes



Carnaval em Barra do Jucu
    A noite foi em frente ao castelo foi relativamente  tranquila. Deu para dormir bem. O carnaval de Barra do Jucu não é daqueles que varam a madrugada e terminam por volta das seis da manhã. Acredito que por volta das duas da manhã o som já tinha terminado, depois do barulho dos carros indo embora o silêncio predominou, só um ou outro funkeiro passando com o som no volume máximo.
     Na madrugada uma simpática largatixa me fez companhia na parte de cima da barraca, à procura de mosquitos para se alimentar. 
   Por causa do feriado de carnaval meu pagamento só sairá no dia 08 de março. Minha grana está acabando e terei que me virar aqui no litoral do Espírito Santo. Estava pensando em ficar esses dias em São Mateus, mas em Barra do Jucu o clima está bem mais agradável. Confesso que nunca havia sentido calor parecido ao de São Mateus. 
   Apesar do carnaval em Barra do Jucu não ser muito agitado, é difícil encontrar um cantinho com sombra e tranquilo para ficar na minha. Fico perambulando pela cidade, até encontrar uma pracinha que fica atrás de uma pequena igreja. 
     Um argentino se aproximou e começamos a conversar. Ele também viaja por aí de bike e já fez muitas pedalalanças pelo Brasil. Disse que agora pretende viajar de barco pelo mundo. Depois nos despedimos e ele ficou de arrumar um rango para mim na parte da tarde. 
    Depois tive que arrumar um esquema em Barra do Jucu para lavar minhas roupas. É como se fosse um desafio esse tipo de viagem. Não um desafio fisicamente falando, pois isso posso administrar, não tenho pressa de chegar em lugar nenhum e vou pedalando no meu ritmo. Tem dia que pedalo bem, outros dias já nem tanto. Sair por aí  com a bike e a barraca no bagageiro é um desafio mental e psicológico para um  fóbico social. Não é tão fácil assim para uma pessoa introvertida chegar em locais desconhecidos e ter meio que se apresentar para as pessoas para não causar estranheza. 
   Voltando a minha estadia em Barra do Jucu,  antes de lavar minhas roupas tomei um bom banho de mar na praia, em um local mais afastado da muvuca. O mar está um pouco agitado. Essa parte que da praia que fico é um pouco perigosa. As ondas são mais fortes e quando elas batem e voltam da praia corremos o risco de sermos levados pela corrente marítima. Cheguei a levar um tombo quando uma onda me pegou quando já estava correndo dela. Umas meninas que estavam vendo riram pra caramba
     Depois da praia, lavar roupa. Mas está difícil encontrar local  na pequena Barra do Jucu. Boa parte dos moradores da cidade não gostam dos turistas de baixa renda. Para eles todo mundo que vai para Barra do Jucu e não tem grana suficiente para gastar na cidade é maconheiro. Então nem pensar em ajuda dos Barrajuquenses. Claro que existem pessoas legais e receptivas neste lugar. Conheci um ciclista que me deu uma graxa super boa que custa por volta de 20 reais.

    O jeito foi ir no cemitério e pedir para o vigia a permissão para usar o tanque que tem lá perto das covas. Isso mesmo. Nas pedalanças não temos e não podemos ficar escolhendo lugar para lavar roupas. Pintou a chance é lavar e pronto. Mas, além de lavar minhas roupas que estão bem sujas tenho a infeliz ideia de tomar uma ducha, mas o vigia não estava no cemitério. Mas resolvi tomar um banho bem rápido. 
     Então abro a torneira e deixo a água morna cair e tirar todo o sal do mar que estava impregnado em meu corpo. Como é bom um banho, só quem está nesse tipo de aventura sabe o que estou dizendo. Mas, no meio da ducha, quando estou todo ensaboado, aparece o vigia, gritando:
    - “Ô” seu maluco, saí daí agora por que daqui a pouco vai ter velório!!!
    Fiquei por alguns segundos estático, não estava esperando por aquela situação. Saí todo ensaboado do banheiro, peguei minhas roupas molhadas e a bike e só haviam umas três pessoas na porta do cemitério. Mas foi bem por pouco mesmo, dois quarteirões adiante estavam chegando a galera de ônibus e uns 7 carros no cortejo fúnebre. 
   Fiquei um pouco preocupado com o vigia, pensando que talvez o pudessem demiti-lo, por ter permitido o maluco aqui usar o banheiro para tomar uma ducha. 
    O restante do dia passei olhando o mar, finalmente havia encontrado um lugar na cidade com pouco movimento e uma vista bem legal para o oceano. De noite montei a barraca no mesmo local, de frente para o castelo. 


quarta-feira, 3 de abril de 2019

19º dia pedalanças- Segunda etapa-São Mateus-ES à Marataízes


castelo em Barra do Jucu
Fundão-Serra-Vitória-Barra do Jucu
    A madrugada foi agitada em Fundão. Afinal eu estava em um posto situado na avenida principal da cidade e era carnaval. Carros passando com o som no último volume, a galera voltando dos shows muito doida e ai ainda tinha o som dos shows que aconteciam nos palcos montados na cidade. 
    Para complicar, muito calor. Acordei detonado e com pouca disposição para enfrentar mais um dia de pedalanças. 
    Meio que me arrastando vou para Serra e tomo um caprichado café da manhã. Mas isso não ajudou muito, estava numa moleza danada. No Espírito Santo caçarola é como se fosse um bolo comum. A gente pede e nos dão um bolo. Em Minas Gerais caçarola é um pouco parecido com pudim. Outra coisa que notei é que o capixaba parece não ter nenhum tipo de sotaque, ou algum modo de dizer alguma palavra específica que indique que são do Espírito Santo. 
     Sigo a viagem pela orla até sentir que as canelas não estavam aguentando mais. Pela primeira vez nesta viagem isso me acontece. O problema maior tem sido o celim, que parece não ser o ideal para longas viagens. Como tempo fica uma "ardência analógica" insuportável. As canelas até que estão indo bem, mas muitas vezes tenho que parar por causa do incômodo do celim. 
     Mas hoje não estou me sentindo bem e o jeito foi descansar na grama de um jardim em frente de um condomínio. Tirei um cochilo de uns 40 minutos, que deu para repor um pouco as energias. 
   


    A parada me deixou um pouco mais animado e melhoro o ritmo da pedalada. Chego em Vitória por volta das 10:30 da manhã. Caminho mias uns 6km até a terceira ponte, que um pedestre erroneamente me indicou para atravessar para chegar em Vila Velha. Mas essa ponte é muito alta e pedestres e ciclistas não podem utilizá-la. Além de tudo, naquele momento estava tendo uma tentativa de suicídio e a ponte estava interditada até para veículos. Mais tarde fiquei sabendo que o cara não havia pulado.  Dizem que na maioria das vezes as pessoas fazem tal gesto numa tentativa de pedir ajuda. 
    Tive que procurar a 2° ponte, andando mais 6km. Por causa do fechamento da 3° ponte e do carnaval o trânsito em Vitória estava bastante complicado, e só consegui chegar na 2° ponte por volta do meio dia. Não estava bem fisicamente, por causa da noite mal dormida.
2° ponte em Vitória
    Queria achar um rango e descansar, mas em Vila Velha estava tudo fechado no centro por ser um domingo. Tive que andar mais 10km até a praia e achar uma padaria caríssima. O jeito foi comprar pão com mussarela e presunto. Estava  bem cansado. 
    As coisas no litoral são muito caras. Dá uma desanimada, uma saudade da estrada real, do pãozinho com manteiga das cidades do interior de Minas. 
     Mas não desisto e mesmo cansado vou para Barra do Jucu, onde estive no ano de 2012, nas minhas andanças no Caminho do Padre Anchieta.
      Sigo pela orla de Vila Velha até Barra do Jucu. As praias estão bem cheias, muito som nos quiosques, alguns com música ao vivo. Mas o som não é muito bom, muito distorcido. E o som de um quiosque acaba se misturando com o do quiosque vizinho. 
    Não entro em Barra do Jucu pelo caminho indicado pelo site do caminho do Padre Anchieta. O local é um pouco perigoso. Quando passei por lá em 2012 tinha muitos travestis e alguns caras escondidos no mato, mas não mexeram comigo. Ando mais um pouco e vou pela BR e chego na cidade, que está bem diferente. Até o castelo está mudado, agora enfeitado com bandeiras, canhões, caveiras e outros apetrechos. 
     Dessa vez encontro o dono do castelo, e conversamos por um longo tempo. Ele me contou que também já foi meio andarilho por muitos anos. Também contou detalhes sobre o castelo,que tem até área subterrânea, onde ficam as prisões e o calabouço.  Ele me deixa montar a barraca em frente de sua excêntrica residencia, em uma área gramada, que também está enfeitada por algumas esculturas de pedra.