segunda-feira, 13 de maio de 2019

34º dia pedalanças-3ª etapa- Marataízes-ES à Juiz de Fora-MG


Bom Jardim de Minas- Lima Duarte

    Noite super tranquila na varanda do bar. Friozinho muito bom para dormir. Bom Jardim de Minas se situa no sul de Minas, região conhecida por suas baixas temperaturas. O carro que estava do lado de fora ficou todo molhado do sereno da madrugada.
    De madrugada um cara ficou falando um tempão no orelhão que fica bem em frente ao bar onde dormi. Nesse orelhão é possível ligar de graça para qualquer lugar do Brasil, uma pena que meu celular estragou e não decorei o número de nenhum dos meus contatos. 
    Acordei bem cedo, o dia ainda não havia amanhecido. Mas não me levantei. Pela primeira vez na viagem fico na barraca até por volta das oito horas. O dia anterior foi o mais difícil até hoje nessas minhas pedalanças de 2019. 
     O casal aparece na frente da casa ao lado e me oferece um cafezinho. E comprei batata frita, que era a única coisa que tinha no bar para comer. Eles iriam pegar a BR pois estavam construindo um restaurante na região. E precisa mesmo. Eu que o diga ontem. Pensei em me oferecer para ajudá-los, pois entendo um pouco de eletricidade. Mas sou um cara de pouca convivência social, então o jeito foi pegar a estrada e continuar minhas pedalanças.
Parti para Bom Jardim de Minas sonhando com uma padaria com os quitutes da culinária mineira: pão de queijo, biscoito de queijo, pastel de queijo, rocambole, doce de leite, etc.... O café da manhã teria que ser caprichado para compensar o perrengue do dia anterior. 
     Tive que andar cerca de 13km, em sua maior parte retas e descidas. A serra havia acabado ontem, quando estava exausto e sem forças para continuar. Não iria aguentar pedalar mais 13km, mesmo que não tivesse nenhuma subida.
    A única coisa que sei fazer é ovo cozido, depois de consultor o google o tempo em que o ovo tem que ficar cozinhando. Ah, e aprendi a fazer cafezinho também, para tirar a ressaca da parte da manhã e economizar o dinheiro que gastaria na padaria quando não estou viajando de bike.
    Mineiro gosta é de pãozinho de queijo, broa de fubá, etc.. E eu não sou diferente. A primeira coisa que procuro em Bom Jardim de Minas é uma padaria. Mas não encontro os quitutes da culinária mineira. Só pãozinho mesmo e alguns biscoitos, aqueles que dão muita sede na gente. Como estou com muita fome vou logo pedindo dois pãezinhos e um cafezinho. Depois compro biscoito recheado e um biscoito de água e sal, para guardar na mochila e não passar o mesmo perrengue que passei ontem. 
     Vou para a lanhouse da cidade, a fim de atualizar o meu blog e descansar as canelas também. Planejo ficar a parte da manhã na cidade e almoçar, só pedalando na parte da tarde. Para minha surpresa o PC é bom e a net é boa. 
    Estava "di boas" acessando a net e vendo as novidades da civilização quando a funcionária da lanhouse me chama. Uma velhinha que tem problemas de visão estava querendo rebocar a minha bike, pois eu a havia estacionado no passeio. Ela estava muito brava pois tinha esbarrado o braço na magrela. Achei estranho como uma idosa se arrisca a andar por aí enxergando tão pouco. Mas estava tranquilo e não queria confusão, disse que ela estava com toda a razão e pedi desculpas. 
   Voltei para a lanhouse e continuei de bobeira vendo alguns vídeos do face. Não deu nem dez minutos e outra aglomeração de pessoas na frente da lanhouse. Um senhor de idade pergunta quem é o dono da bicicleta e afirma que a bike não é uma bicicleta, e sim um cachorro. Era uma forma de me provocar, acho que ele não gostou da aparência da minha magrela e das mochilas. Mas eu estava de boa e muito tranquilo. Fiquei calado e voltei para o computador. 
     Essas pedalanças estão me fazendo muito bem. Estou mais calmo e tranquilo, não ligando muito para a opinião alheia. Às vezes preciso fazer uma viagem dessas, ficar sozinho boa parte do dia ajuda muito a refletir sobre uma pá de coisas. Essa viagem especificamente está me fazendo refletir sobre os meus hábitos nas redes sociais. Ficar um bom tempo longe do face está me deixando mais calmo e sereno. Aquela briga toda, aquela polarização que está tendo principalmente no mundo virtual estava me fazendo muito mal.
    Depois da lanhouse, um belo almoço com comida caseira no fogão à lenha em Bom Jardim de Minas. Era como se fosse uma forma de recompensa pelo perrengoso dia que tive ontem: frango, feijão tropeiro, macarronada, etc... E depois do almoço um talento de sobremesa... 
 

   Como estufei a barriga, resolvo dar um descanso na pracinha da cidade. Fico costurando a alça daquele negócio onde guardo a câmera. Uma mulher de uma loja em frente fica me observando, creio que ela deve ter pensando que eu estava preparando um baseado. Mas não preciso de drogas, acho que sou meio louco é de nascença mesmo... Louco para viver e ser feliz. Louco para ver um mundo melhor onde as pessoas não precisem de drogas para serem felizes e terem paz. 
    Por volta de uma hora volto a pedalar pela BR. Às vezes o meu rendimento na bike é melhor quando começo a viajar depois do almoço, uma pena que pedalar de noite pode ser um pouco perigoso. Essa parte do caminho é bem legal, com poucas subidas íngremes. 
    Encontro uma vertente de água na BR e não tenho dúvidas em parar para tomar banho e lavar minhas roupas, pois pressa é o que não estou tendo nessa etapa da viagem. O movimento de carros não é muito intenso, e deu para tomar um bom banho, claro que de bermuda... 
não podemos perder nenhuma oportunidade para tomar um bom banho neste tipo de viagem

    E vou seguindo o caminho tranquilamente e serenamente. O trânsito nesse trecho da BR é muito tranquilo e tem um bom acostamento, que são os dois principais quesitos para uma estrada ser boa para uma pedalança. Por volta das seis da tarde muitos trovões e raios. O céu se fecha de repente. Começo a pedalar com mais velocidade em uma tentativa de fugir das chuvas, mas acontece justamente o contrário. Acabo encontrando uma forte chuva, com pingos bem grossos. 
    Já havia me acostumado com as chuvas nesta viagem, mas não no período da noite. Mas não estava fazendo muito frio e rapidamente os pingos não estavam mais me incomodando. A preocupação maior era não molhar muito a bagagem. 
     A chuva não diminuía de intensidade, estava escuro e a visibilidade muito prejudicada. O jeito foi parar em frente de uma oficina mecânica que estava fechada. Estava tudo muito escuro.  De repente, vejo um vulto. O cara não fala nada. Claro que fiquei com medo. Ele acende a luz. Era o dono da oficina . Mostro minha bike para ele e digo que estou esperando a chuva passar. O cara diz que está tudo bem e fala que posso descansar no sofá de carro que tem na oficina. 
   Depois de uns vinte minutos, a chuva dá uma trégua e sigo o caminho até chegar em Lima Duarte e encontrar um posto de gasolina. A coxinha no restaurante do posto é cara, 5 reais. Não compro refrigerante e faço o tang de manga que havia comprado em Bom Jardim. 
     No posto não encontro lugar coberto para montar a barraca. Ando um pouquinho e acho algumas lojas que já estão fechadas e que tem uma boa cobertura. 

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