29 de maio de 2013-quarta feira
Aparecida do Norte-Guaratinguetá-Cunha
Para variar, sou acordado às cinco horas da manhã pelo vigia do albergue. Mas por que será que todos os albergues têm que acordar as pessoas neste horário? Não dá para pelo menos esperar o dia clarear? Eu e mais quatro caras tomamos o café da manhã e fomos para a rodoviária. Depois, cada um foi para o seu destino. Tinha um cara de São Paulo que ia para Paraty a pé também, só não fui com ele pois não poderia perder a oportunidade de conhecer a basílica por dentro.
Fico vendo a TV em uma lanchonete, e a previsão do tempo não é das mais animadoras. Segundo os noticiários matinais, haverá chuva no transcorrer do dia em todo o estado de São Paulo. Os dois últimos dias foram semelhantes, em relação ao tempo: sol de manhã e muita chuva de tarde.
Fico sem saber o que fazer, num dilema terrível. É uma decisão muito difícil a que tenho que tomar, pode parecer frescura, mas, afinal, foram quase 600km de caminhada. Penso em fazer esses 110km finais na base do sacrifício, mesmo debaixo de forte chuva. Além de incomodar muito, a chuva não deixa curtirmos o caminho, as paisagens, parar para descansar e refletir. Então descarto essa ideia, pelo menos por enquanto. Se pelo menos no final do dia pudesse tomar um bom banho e dormir em uma cama bem macia nesse final, eu seguiria tranquilamente. Mas, analisando as planilhas, entre Guará e Cunha, e entre Cunha e Paraty, dá para notar que não tem lugares para descansar, a não ser pousadas bem caras.
Novamente cogito em pegar um ônibus para Paraty, mas analisando bem as coisas, tiro essa ideia de minha cabeça. Seria um final muito frio e sem graça para essa aventura tão legal. Tem que ter emoção, suor, sacrifício. Não combina comigo chegar ao final da luta limpo e na maior facilidade. Tudo em minha vida foi na base da luta, e nessa viagem não poderia ser diferente.
relógio das flores |
Fico então tentando achar uma solução para esse dilema. Não tenho grana para me hospedar em um hotel e esperar o tempo melhorar. Conversei com o pessoal do albergue de Aparecida, contei toda a história da caminhada, mas eles não se sensibilizaram e disseram que não poderiam abrir uma exceção para mim e eu só poderia ficar uma noite apenas.
São sete horas da manhã e resolvo visitar a basílica. Fico impressionado com a construção. Não tanto pela beleza, mas sim pelo tamanho e pela imponência. O espaço é tão grande que não sei nem por onde começar a tirar as fotos. Afinal, é a segunda maior basílica do mundo, perdendo apenas para a do Vaticano.
Não há muitos turistas, creio que no feriado de amanhã a cidade deva estar bem cheia. A basílica tem uma estrutura muito boa: ótimos banheiros, setas que indicam os locais a serem visitados, tudo muito limpo mesmo. Visito a imagem da padroeira, apesar de não ser devoto. Respeito a fé e a crença de cada um, menos as religiões que prometem melhorar a vida financeira da pessoa, pedindo dinheiro. A verdade é que estão melhorando a vida financeiro é a do bispo né?
Depois da visita a basílica, vou a uma lan house para saber uma previsão mais detalhada sobre o tempo para os próximos dias. Acesso primeiro o blog, respondo alguns comentários, mas logo a net cai e, como demora para voltar, volto para o albergue para almoçar, sem saber ainda o que fazer neste final de viagem.
Depois de saciada a minha fome, volto para a rodoviária. Sento-me em uma cadeira e continuo a refletir sobre o que fazer. O céu está nublado e pode chover a qualquer momento. Tenho que sair de Aparecida hoje, isso é certo, já que amanhã, por causa do feriado, a cidade deve ficar lotada de fiéis. Decido então seguir para Cunha de ônibus, a fim de ganhar mais um dia e resolver o que fazer e esperar se o tempo irá melhorar ou não.
Em Cunha, acesso a net e os sites não são unânimes sobre a previsão do tempo. Alguns dizem que irá chover na região, enquanto outros dizem que o tempo irá ficar apenas nublado. Acabo então chegando a conclusão que não posso ficar dando muita bola para essas previsões do tempo. Na TV, hoje, disseram que iria chover. o que não ocorreu, e perdi um dia de caminhada.
em Aparecida também tem os apóstolos |
Dou uma boa olhada no dedão do meu pé esquerdo e vejo que o ferimento está quase que totalmente curado. Vai dar para calçar o tênis. Andar na lama com chinelo é muito complicado. O fato de poder andar calçado me motivou e muito. Uma imensa vontade de concluir o caminho a pé tomou conta de mim e decido então fazer o restante do caminho amanhã, mesmo que chova canivete. A verdade é que estava me sentindo meio culpado por ter andado cerca de 70km de ônibus, não estava fazendo parte do script isso.
Espero que o tempo ajude, pois essa região é serrana e faz muito frio. E frio e chuva não é uma combinação muito legal.
Depois de dar uma volta pela cidade, vou para a rodoviária, que foi o local mais tranquilo que achei para montar a minha barraca e dormir. Tenho que dormir bem e acordar melhor ainda, pois esse final é muito difícil de ser percorrido.
Essa música é de uma banda mineira. o 14 Bis, que fez muito sucesso na década de 80. Eles fizeram essa música juntamente com o Renato Russo e vale muito para o momento atual da viagem. Claro que eles não falam sobre o sol no sentido literal, claro que é subjetivo, mas vale também.
Essa música é de uma banda mineira. o 14 Bis, que fez muito sucesso na década de 80. Eles fizeram essa música juntamente com o Renato Russo e vale muito para o momento atual da viagem. Claro que eles não falam sobre o sol no sentido literal, claro que é subjetivo, mas vale também.
Mais uma vez 14 Bis
Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança
Nunca deixe que lhe digam
Que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
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