Quem acompanha o blog sabe da luta que venho travando contra essa dependência física e psicológica que o diazepan causou em mim. Minha memória ultimamente não anda tão boa assim e sinto que, se continuasse a aumentar a dose desse ansiolítico a cada vez que seu efeito se perdia, iria estar tomando doses cavalares para poder pegar no sono, que, além de artificial, não é tão reparador quanto um sono natural.
Já cheguei a tomar 20mg e atualmente estou na transição de 2.5mg para 1mg. Essas transições são sempre complicadas e temos que ouvir e prestar bastante atenção nos sinais que o nosso corpo dá, devido a abstinência dessa droga que é tão viciante quanto as drogas ilícitas.
Ontem (25/07), a situação ficou tensa. Na hora de deitar meu coração começou a disparar e pensei que iria ter um infarto fulminante. Sou um pouco hipocondríaco e já perdi a conta de quando eletrocardiogramas que já fiz. E é uma situação bastante complicada essa, pois ficamos ansiosos e tensos quando nosso coração bate descompassadamente. E essa ansiedade e tensão faz o nosso coração disparar ainda mais. Estava meio agitado nos últimos dias, mas esse sinal que meu corpo deu ontem não teve como não perceber, e então foi a hora de retroceder nessa guerra contra a dependência do "pan nosso de cada dia": comecei a procurar um comprimido de fenergan, um medicamento antialérgico muito usado para cortar alguns efeitos colaterais de alguns antipiscóticos, como a cloprormazina. Uso muito o fenergan quando sinto que a situação está complicada e tenho que dar uma "apagada" para não surtar, pois não me adaptei a nenhum remédio para ajudar no controle da esquizofrenia. O fenergan é um medicamento que dá um sono pesado, mas a ressaca na parte da manhã não é tão forte assim e some com um bom café extraforte, forte. É isso aí, a gente pega o café extraforte e faz ele forte shasuahsuashas
Mas não consegui encontrar os "amarelinhos" aqui na bagunça do meu quarto. Pensei em tomar o melleril, que também guardo para essas emergências. Meu coração parecia pular do meu peito. Acho que o jogo que assisti do meu time ajudou a causar esse descompasso nas batidas do meu coração. Mas desisti de usar o "verdinho", pois me dá um cansaço excessivo na parte da manhã, além de causar um pouco de falta de ar e deixar o meu nariz entupido. O jeito foi reconhecer a minha parcial derrota (já o meu time empatou) e tomar 10mg de diazepan, pois coração disparado do nada é um sintoma que algo não está nada bem em nosso organismo. O alívio foi imediato e instantâneo. Consegui relaxar e meus batimentos cardíacos também voltaram ao normal. E os meus pensamentos que tenho algum problema no coração também sumiram.
Nos últimos dias estava agitado, elétrico. Estava falando mais do que de costume. Até cheguei a pensar que era bipolar, e que estava na fase de mania. Ontem, quando fui almoçar no restaurante popular, do nada dei um pique e corri, pensando que estava feliz. Na verdade estava muito eufórico. Estou até dois quilos mais magro, pois não estava parando quieto, subindo e descendo as escadas do local onde moro, arrumando as gambiarras da fiação elétrica. Qualquer fiação que estava meio bagunçado eu ia lá e desfazia tudo para deixar com uma aparência mais legal. E estava fazendo isso sem cobrar nada, de tão agitado que eu estava. Tinha que encontrar algo para fazer, não estava conseguindo ficar parado. Ultimamente estava acordando por volta das três horas da madrugada e já ansioso para o nascer do sol para encontrar algo para se fazer, pois de madrugada tenho que ficar quieto, pois a galera aqui "chia" se alguém fizer barulho nesse período da noite.
E quando fico muito magro as paranoias aumentam consideravelmente, pois já sofri um bocado com boatos de que eu estava com aids em uma época em que havia emagrecido um pouco. Então, além de manter o peso por uma questão de saúde física, também procuro estar no peso que considero ideal para não ficar ouvindo coisas além das que são reais.
E quando fico muito magro as paranoias aumentam consideravelmente, pois já sofri um bocado com boatos de que eu estava com aids em uma época em que havia emagrecido um pouco. Então, além de manter o peso por uma questão de saúde física, também procuro estar no peso que considero ideal para não ficar ouvindo coisas além das que são reais.
temos que prestar atenção nos sinais do nosso corpo para não surtar. |
Outro dia, na praça onde pratico exercícios físicos, dei um piti quando um grupo de senhoras estava batendo papo naqueles aparelhos coloridos para se fazer exercícios. Elas não estavam usando os aparelhos e estavam lá há mais de vinte minutos. Tinha uma que estava até mostrando as fotos do celular para uma outra senhora. Fiz exercícios nos poucos que estavam desocupados. Passei perto delas para ver se desconfiavam, mas nada. Comecei a ficar um pouco irritado. Sentei perto de uma velhinha e tirei o fone de ouvido do celular e coloquei uma música da banda de metal pesado Sepultura. Elas começaram a zombar de mim, ao ouvir aquele vocal cavernoso e as guitarras distorcidas. Então fui um pouco grosseiro e disse:
- Vocês vieram aqui para se exercitar ou bater papo?
Aí começou uma discussão ridícula e confesso que fui um pouco áspero com elas, mas não agressivo. Não falo palavrões e não sou de xingar as pessoas. Só falo um certo palavrão quando me machuco, principalmente quando "trupico" e bato o meu dedão em algo duro. Gritar ou falar palavrão ajuda muito nessas horas, parece que dá uma aliviada na dor na física. Mas a impressão é que eu tenho que ser perfeito, que não posso sair do sério. Todo mundo pode dar piti, menos eu, afinal eu sou o louco e o doido do bairro onde moro. A maioria dos moradores sabem que tenho esquizofrenia, mas eles apenas me citam como o doido e qualquer deslize que dou é um prato cheio para os desocupados de plantão.
Semana passada estava no posto de saúde quando, de repente, três mulheres começaram a sair no tapa. Se não fosse a intervenção do guarda municipal as coisas não iriam terminar bem. Não quis separar, briga de mulher é tensa, sai arranhão e puxão de cabelo pra tudo quanto é lado e quem costuma tentar separar acaba apanhando dos dois lados. Agora imagina se é eu que dou uma surtada dessas no posto de saúde? Iriam chamar não a guarde municipal e sim a polícia militar e com certeza iria levar uns "catiripapos" na orelha, isso se não me levassem pro hospício...
Semana passada estava no posto de saúde quando, de repente, três mulheres começaram a sair no tapa. Se não fosse a intervenção do guarda municipal as coisas não iriam terminar bem. Não quis separar, briga de mulher é tensa, sai arranhão e puxão de cabelo pra tudo quanto é lado e quem costuma tentar separar acaba apanhando dos dois lados. Agora imagina se é eu que dou uma surtada dessas no posto de saúde? Iriam chamar não a guarde municipal e sim a polícia militar e com certeza iria levar uns "catiripapos" na orelha, isso se não me levassem pro hospício...
Pelo direito de dar uma surtadinha básica... |
Não havia prestado atenção nesses sinais que o meu corpo estava dando. Não estava desconfiando que era a falta do diazepan que estava causando isso. Cheguei a ter uma alucinação visual que no momento foi tão nítida que nem cogitei que não fosse realidade. Só tive a certeza que foi uma alucinação depois que vi a pessoa deitada em seu quarto. E na minha alucinação ela estava abrindo o portão da entrada do local onde moro e indo para a rua. E ela não havia voltado, pois eu estava arrumando a fiação que passava por cima do portão. Às vezes, depois de algum tempo, dá para saber se tivemos ou não uma alucinação, se analisarmos bem os fatos.
Mas essas alucinações estou meio que acostumado com elas e já não me assustam muito. Mas coração disparado não tem jeito. Como disse, após não encontrar o comprimido de fenergan tive que tomar mesmo 10mg de diazepan. É uma situação chata essa, de reconhecer a nossa fraqueza e dependência de algo que não escolhemos ficar dependentes. Não foi maconha ou outra droga qualquer que passei a usar para me "divertir". Não foi uma escolha minha. Estava em um momento difícil em minha vida e estava tendo problemas para dormir. O psiquiatra simplesmente preencheu a receita e me entregou, sem ao menos dizer uma palavra. Na época nem imaginava que esse medicamento causasse tanta dependência física e psicológica. Não imaginava também que iria atrapalhar e muito a minha memória recente. Dizem que o uso prolongado pode causar alzheimer. Também estou tendo sede excessiva, bebo muito água e consequentemente tenho que ir ao banheiro mais vezes do que o habitual.
Mas é uma luta diária contra essa dependência, como diz o título da postagem, tive que retroceder, mas às vezes na guerra é necessário recuar para depois contra atacar e vencer. Tenho certeza que um dia ainda irei postar a minha vitória contra o "o pan nosso de cada dia".
Obs: quem está acessando o blog pela primeira vez, essas palavras na cor azul na verdade são links que explicam melhor o assunto que estou tratando na postagem.
É isso aí pessoal, a gente trupica mas não cai...
É isso aí pessoal, a gente trupica mas não cai...