sexta-feira, 23 de julho de 2021

É possível ser feliz tendo esquizofrenia?

               Afinal, é possível ser feliz sendo portador de esquizofrenia?



     Quem acompanha o blog sabe que também tenho um canal no youtube, apesar de reconhecer que falar não é o meu forte. É que às vezes mil pensamentos vêm à tona  e no final não consigo dizer o que estava pretendendo. 

    Outro dia, ao abrir o canal, me deparei com uma pergunta que me fez refletir muito. Me deixou tão pensativo que não a respondi imediatamente, como faço com a maioria das perguntas que aparecem no meu vídeoblog:

"Quando vc descobriu a doença vc perdeu o interesse em algumas coisas que fazia antes ?. É possível ser feliz tendo esquizofrenia?! Em janeiro eu tive um surto pscotico agudo , faço uso da quetiapina . Ultimamente não estou me sentindo feliz , parace que perdi o prazer de viver"

Antes de responder a pergunta do membro do canal, fiz várias indagações:

    Afinal, o que é a felicidade?

   É possuir bens materiais? É estar com saúde física? É estar bem mentalmente e psicologicamente? ou é estar bem espiritualmente?

     Ou a felicidade é apenas química, um conjunto de substâncias e hormônios presentes no cérebro na quantidade certa? Serotonina, dopamina, endorfina, ocitocina e outras "inas" mais?

    "Olá

    Bem, existem duas situações: quando os sintomas aparecem e quando você acaba descobrindo a doença. 

    Às vezes pode demorar muito entre os primeiros sintomas e a descoberta  da doença, principalmente pela falta de informação e preconceito que cerca os transtornos mentais. 

    Mas cada caso é um caso, ainda mais em se tratando de esquizofrenia. 

    No meu caso em particular, quando os sintomas começaram a aparecer em primeiro lugar veio a confusão mental total, por causa das vozes e outras alucinações. Na época não tinha a mínima noção do que era esquizofrenia e tinha quase total convicção de que o que estava acontecendo comigo era de origem espiritual, e então pulava de igreja em igreja com a finalidade de expulsar esses maus espíritos que estavam me incomodando. 

    Muitos anos depois, só depois de comprar um computador e aprender a usar a internet é que descobri o que tinha. No meu caso foi uma forma de aprender sobre esquizofrenia e consequentemente um pouco de mim mesmo. Infelizmente nas consultas com os psiquiatras e psicólogos não tive as informações que precisava, apenas anotavam o que eu relatava e me receitavam os antipsicóticos. 

   Em relação ao fato de uma pessoa com esquizofrenia poder ser feliz ou não, é bem relativo: depende da gravidade do caso, da estrutura familiar do paciente e, principalmente do conceito de felicidade. Hoje em dia está complicado até para as pessoas "ditas normais" serem felizes com tanta coisa ruim acontecendo pelo mundo. O que posso dizer é que as pessoas com esquizofrenia podem sim ter seus momentos felizes se ela tiver amigos e, principalmente, for amiga de si mesma. De nada adianta ter tudo em volta se a pessoa não quer lutar contra a esquizofrenia e principalmente contra o preconceito que cerca o transtorno, algo que acho tão prejudicial quanto a própria doença. 

   Afinal, podemos ser felizes o tempo todo? A felicidade é um estado de espírito, ou temos momentos de felicidade e tristeza? Essa questão não sei responder, pois vejo pessoas com tão pouco sendo aparentemente felizes e pessoas com muito não tendo demonstrações de felicidade. Sempre quando viajo pelo interior vejo a felicidade na simplicidade e na paz de espírito nas pessoas que estão mais afastadas do mundo moderno e com um maior contato com a natureza. 

    Em relação à quetiapina, ela pode nos deixar um pouco robotizado, sem emoções, sem achar graça em nada. Mas também os sintomas negativos da esquizofrenia  podem nos deixar apáticos. Tomei a quetiapina por vários dias e confesso que é uma sensação terrível ficar sem sentimentos, sem nos emocionar com nada, nem mesmo com um gol decisivo do nosso time de coração. 

    Também pode fazer parte da esquizofrenia a oscilação de humor, um sintoma característica da bipolaridade. Tem dias que estamos super bem e outros estamos tão mal que procurarmos os sintomas no google de uma possível doença. Eu mesmo fico com receio de marcar algum compromisso, pelo simples fato de não saber como estarei naquele dia. 

    Penso que dinheiro seja necessário , não sou de ficar glamorizando a pobreza, afirmando que dinheiro não traz felicidade. Precisamos de dinheiro para ter qualidade de vida.

    Espero ter ajudado e obrigado pela visita ao canal. 

    Escrevi algo sobre isso no meu blog, sobre um filme que não é muito profundo, é uma comédia, mas que faz refletir bastante. "

https://memoriasdeumesquizofrenico.blogspot.com/2015/10/sonhos-de-um-esquizofrenico.html


O embotamento afetivo

Os antipsicóticos nos deixam robotizados fisicamente e emocionalmente


    


Link do meu canal no youtube:

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Paranoias diárias de cada dia: O medo de pegar Covid

 A gotícula da paranoia


    Outro dia estava pedalando com a minha bike ao lado do rio Arrudas, aqui em Belo Horizonte. Para quem não conhece, é como se fosse o rio Tietê de São Paulo. 

    Pois bem, de repente passo por cima de uma pequena poça de água e uma gotícula entra justamente dentro do meu nariz. 

        Imediatamente para a bike e começo a assoar o nariz até sair a minha alma. 

     O pavor tomou conta de mim, outro dia havia lido uma matéria em que pesquisadores tinham colhido amostras da água do rio arrudas para saberem o quanto da população da capital mineira estava contaminada com o coronavírus. (pois é, o vírus entra até na bosta da gente).

    Voltei pedalando o mais rápido possível que minhas canelas conseguiam imprimir na bike. Imediatamente peguei o álcool em gel, e enchi as minhas narinas com o líquido que se tornou rotina usar. Para minha surpresa não ardeu.

    Nos dias seguintes, atenção total aos possíveis sintomas que porventura aparecessem: febre, cansaço, dores no corpo, diarreia, etc...

    Como moro sozinho e em um local que tem vários outros quartos, já estava planejando morar em minha barraca em uma rua isolada qualquer aqui na capital mineira. E iria confeccionar um cartaz bem grande avisando que eu estava com coronavírus e que aceitaria doação de comida, pois não iria poder sair dali durante duas semanas. 

    Os dias foram se passando e nada dos sintomas aparecerem. Vez ou outra eu petiscava alguma coisa para ver se estava sentindo o gosto dos alimentos. 

     Passaram-se duas semanas, que é o tempo que o vírus do covid demora para aparecer e eu estava super bem fisicamente, pois a minha saúde mental, que não é lá essas coisas, deu uma boa piorada durante essa pandemia.

     Bem, essa foi a história da gotícula de água que quase me deixou louco. 

     Até a próxima paranoia diária de cada dia. 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Inclusão???

 


     Esse texto encontrei em minha naveganças pela internet, em uma rede social.

    Achei-o bastante interessante e resolvi compartilhar aqui no blog. Não irei comentar sobre pois acredito que por si só já diz muita coisa. 

    "Outro dia sentei em um restaurante com um amigo. A garçonete chega para nos atender, nos cumprimenta com um sorriso:

- "Olá Amigues!"

- "Amigues?", eu disse, também com um sorriso.

- "Isso mesmo, somos um restaurante inclusivo!", ela respondeu com orgulho.

- "Olha que bom! Isso é ótimo porque em pouco tempo chegará um amigo que é cego. Você tem o cardápio em Braille?"

- "Não, não temos isso.”

- "Ok, mas minha esposa também vem, mas vem com minha afilhada, que é autista. Menu com pictogramas, otimizado para pessoas autistas, vocês têm?”

- "Não, desculpe...", ela disse visivelmente nervosa.

- "Não tem problema, isso geralmente acontece. Imagino que a linguagem de sinais para clientes surdos você deve saber certo?"

- "A verdade é que você está me encurralando", responde sorrindo de nervoso.

Ela não estava mais confortável, tímida de vergonha, um pouco de culpa e um pouco de desconforto também.

Então eu disse:

 "- Não se preocupe, isso geralmente acontece. Mas então lamento dizer que vocês não são um lugar inclusivo, vocês querem estar na moda. Aqui, essas pessoas não conseguiriam se comunicar ou pedir para comer ou beber.

    Quer ser inclusivo, inclua todos. Todos aqueles que o sistema não dá oportunidade. É difícil, sim e muito, mas não devemos achar que um E, um X, ou @ no final faz de você inclusivo."

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Amigue significado e origem

Em mensagens trocadas nas redes sociais, jovens e adolescentes usam a letra, assim como o “e”, para suprimir a identificação masculina ou feminina em palavras como “amigx” ou “queridx” – na versão com na versão com “e”, mais pronunciável, “amigue” ou “queride” .É o chamado gênero neutro, utilizado basicamente em duas situações: a pedido, quando o outro diz que quer ser tratado assim,  ou por iniciativa de quem escreve – e prefere não cravar se o destinatário é homem, mulher, e assim por diante. 

Leia mais em: https://veja.abril.com.br/ciencia/amigues-para-sempre/



Fonte: https://veja.abril.com.br/ciencia/amigues-para-sempre/