Há algum tempo atrás, ocorreu algo que, para mim era no mínimo estranho e inusitado. Estava lendo alguns posts de um determinado grupo do facebook chamado esquizofrenia, quando, de repente o proprietário do mesmo entra no chat para conversar comigo.
Até ai, tudo normal. Mas, depois de me cumprimentar, o cara começa a me oferecer os seus "serviços on line". Afirmou que aquela prática já fora legalizada pelo conselho regional de psicologia e então queria me cobrar uma taxa de 50 reais por uma sessão de terapia. Recusei pelo fato de, além de não ter grana sobrando, ser da opinião de que no meu caso em particular as terapias não iriam surtir nenhum efeito positivo. No início dos meus surtos, por volta do ano de 2002, fiz várias consultas com psicólogas, e saia das sessões sem nenhuma resposta para as minhas dúvidas sobre o que estava acontecendo comigo. Na época as alucinações eram reais em minha mente e não me sentia à vontade para fazer certas perguntas. Então, se as terapias presenciais não deram muito resultado, provavelmente as virtuais não iriam funcionar também.
E recusei a sessão pelo simples fato de hoje em dia me sentir bem e até certo ponto estabilizado. Ainda passo por alguns perrengues, mas nada de mais grave. Falta de ânimo, mania de perseguição, o isolamento e a desconfiança são alguns sintomas que ainda persistem em me perseguir. Aprendi um pouco sobre a esquizofrenia, através de pesquisas e também por entrar em contato com amigos portadores. Hoje em dia me conheço um pouco melhor, sei o que pode me estressar e me desestabilizar. Não estou curado, mas dá para ir levando a vida. A cada dia me sinto uma pessoa normal ao ver os noticiários na TV ou na net.
não tenho a intenção de prejudicar ninguém, |
Quando abro o blog ou o facebook, várias pessoas, portadores e parentes me procuram para tirarem diversas dúvidas sobre essa misteriosa patologia. Vejo inúmeros perguntas e questionamentos acerca da patologia da mente dividida. Confesso que às vezes me sinto um psiquiatra, mas tenho os pés no chão e tenho muito cuidado na hora de responder as questões que me são colocadas. A verdade é que tantos os parentes como os portadores, principalmente na hora da descoberta simplesmente não sabem o que fazer, apesar do atendimento que receberam.
Procuro atender a todos da melhor maneira possível, e não cobro nada. Me faz sentir útil, me torna uma pessoa de verdade escrever algo a respeito da patologia e receber comentários favoráveis. Encaro como uma missão(não é complexo messiânico) ajudar as pessoas que estão passando hoje o que eu passei há alguns anos atrás. Gosto de responder as dúvidas e questionamentos que eu também tinha, mas que tive que descobrir quase tudo sozinho.
Mas, infelizmente no momento não tenho tido muito tempo para conversar com as pessoas e ajudá-las. No momento estou sem internet e fica um pouco caro ficar o dia inteiro em uma lan house. Sei que posso ajudar um pouco as pessoas, mas também sei que não é muito saudável ficar se sacrificando para isso.
infelizmente para algumas questões não tenho a resposta |
Concordo que a psicologia deva acompanhar os avanços tecnológicos. Sou favorável as consultas on line, desde que a pessoa queira. Essas consultas são mais baratas e tem a vantagem da pessoa não precisar sair de casa. Isso pode ser muito útil quando uma pessoa tem uma fobia social tão grande que a impeça de sair de casa, por exemplo. Então, uma consulta pelo skype pode ser útil nesses casos.
Mas existem regras para esse procedimento. O conselho federal de psicologia tem suas leis. O profissional para fazer atendimento on line tem que estar cadastrado e ter o seu próprio site. E também existem outras questões também, que podem ser vistas nestes links abaixo.(não sou muito fã do control v + control c).
http://www.elsgp.com.br/index.php?pag=artigos1&pid=5
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/72178-hc-testa-atendimento-psiquiatrico-on-line.shtml
Além de seguir o que foi determinado e ter ética, creio que o psicólogo tenha que ter consciência, honestidade e caráter, principalmente. Alguns profissionais da saúde mental entram em alguns grupos do facebook voltados para os portadores de sofrimento mental simplesmente com a intenção de divulgarem seus serviços. Esses caras deveriam ser mais humanos e não se aproveitarem da desgraça alheia. Isso para mim se chama oportunismo, já que os grupos foram formados para os portadores se auto ajudarem, trocando experiências e fazendo amizades com os semelhantes. Existem grupos só de psicólogos e profissionais, então acho que esse é o lugar ideal para divulgarem suas páginas, seus consultórios, pois assim os portadores poderão acessar por que estão indo atrás da informação, e não sendo importunados quando mais precisam de um ombro amigo. Esses profissionais também entram para os grupos apenas para observar os posts, como se fossemos ratos de laboratório. Querem melhorar seus conhecimentos sobre a esquizofrenia e outros transtornos mentais observando os diálogos. Tem até psiquiatra vendendo sertralina sem receita.
não sei se é um fake, mas essa pessoa está vendendo sertralina pela net. Ela se diz psiquiatra, será que está vendendo amostras grátis ou também é farmacêutica? |
No caso acima da suposta psiquiatra, o que estou pondo em questão não é a legalidade ou não do ato de vender o medicamento. Questiono a ética desses "profissionais" que entram para certos grupos do facebook apenas com a intenção de lucrarem a desgraça alheia.
Gostaria de deixar bem claro que não faço parte da antipsiquiatria, acredito que os medicamentos sejam necessários em alguns casos, mas não para o resto da vida. Creio que existe uma banalização, os medicamentos são receitados com muita facilidade, o que me soa estranho.
Gostaria de dizer que não tenho nada contra os psicólogos e psiquiatras. Gostaria até de agradecer aos vários grupos de psicólogos que permitem que eu publique os meus posts. Só sei que, como em todos os setores da sociedade, também nessa área existem os bons e os maus profissionais. Nós, os portadores, devemos prestar bastante atenção quando procuramos ajuda, apesar de estarmos bastante vulneráveis nestes momentos.
Então vamos prestigiar os profissionais éticos, responsáveis e, que, acima de tudo sejam humanos.
Já entraram no meu blog tentando vender Quetros também, não autorizei, como se não precisassem de receitas e tudo mais. Já tive amigas que resolveram fazer terapia virtual e receberam cantadas, uma se deu muito mal. Até porque, o terapeuta precisa ver sua linguagem corporal. Esta é minha opinião, picaretagem.
ResponderExcluirObrigado pela sua opinião e por participar do blog. Também concordo com vc, acho que no máximo um aconselhamento seria válido, mas sem essa dos profissionais entrarem para os grupos formados para os portadores se ajudarem. Deveriam ter os grupos próprios para isso.
ExcluirEu o parabenizo por observar isso e ter coragem de denunciar. Infelizmente, o preconceito dos profissionais de saúde mental chega ao ponto que eles começam a cometer crimes como esses e acham que nós sequer conseguimos entender que são crimes.
ResponderExcluirVerdade Ezequiel, felizmente é uma minoria que faz isso, mas não poderia deixar de comentar isso aqui no blog, onde tenho a liberdade de expressão. Esse tipo de profissional entra para os grupos do facebook e aproveitam o momento de vulnerabilidade dos membros que estão procurando ajuda. Obrigado pela visita ao blog
ExcluirMuito bom meu amigo Julio Cesar, concordo contigo. Para mim esse tipo de mau profissional deveria ser punido ou retirado o direito de exercício de sua profissão. Já utilizei serviços de Centro de Apoio à Vida em madrugadas de insônia sucessiva. Mas sem nunca me cobrarem um centavo e sem identificação alguma. Outro tipo de trabalho, outro tipo de ética. Parabéns pela coragem de denúncia. Alan
ResponderExcluirObrigado Alan. Realmente se o psicólogo entra para um grupo do facebook onde uma das regras é ajudar as pessoas e depois tenta obter lucro deve ser punido sim, pelo menos com uma advertência.
ExcluirConcordo com tudo que você expôs, Julio!
ResponderExcluirObrigado Alê pela visita, felizmente esse tipo de profissional é minoria.
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