maquete da futura rodoviária de Belo Horizonte |
O local está perigoso de se andar, devido à presença de meliantes. Há algumas semanas atrás tive que intervir em uma tentativa de assalto: dois caras, sendo um deles armado, tentaram roubar o celular de um cara que aparentava não mais de 18 anos. Intervi por que senti que a arma provavelmente era uma réplica. Não entendo muito de armas, mas pude perceber isso pela expressão de medo do assaltante ao me ver, pois estava indo em sua direção à fim de acabar com aquela cena. Mas, analisando o fato depois de algum tempo, vi que havia arriscado a minha própria vida. Já pensou se a arma fosse de verdade? Este ano em Belo Horizonte já mataram duas pessoas que reagiram à roubos de celulares. Mas a verdade é que os caras saíram correndo, ao me verem, acho que perceberam a minha expressão de raiva, sei lá. Só sei que estou cansado de tudo o que está acontecendo, os roubos, o medo que as pessoas vivem andando nas ruas. O pior de tudo é que o garoto nem me agradeceu, foi embora, enquanto eu olhava os meliantes evadirem do local. E não é que pensei em correr atrás deles? Só que os caras aparentavam uns 25 anos de idade e provavelmente com os meus 46 anos não conseguiria alcançá-los. Mas será que o garoto pensou que eu também fosse um assaltante? Tipo querendo dizer para os meliantes que aquela área era só minha e portanto só eu quem poderia assaltar por ali?
Realmente há muito mato no local, só não tirei alguma fotos ou filmei por que os usuários de crack poderiam imaginar que eu estava filmando-os. Essas drogas causam paranoias, como a mania de perseguição, assim como na esquizofrenia. Por isso entendo um pouco a reação deles. A diferença é que eu não pedi para ter esse tipo de transtorno, só experimentei maconha três vezes em toda a minha vida. Mas os usuários de crack chegam a pensar que estamos telefonando para a polícia, caso nos vejam usando um celular perto deles.
o lixo e o mato tomaram conta do local... |
Sei que a culpa de tudo isso não é minha. Como disse, é uma paranoia coletiva, todo mundo está com medo de todo mundo. Até que se eu cortasse o cabelo, fizesse a barba com frequência e andasse de terno e gravata e segurando uma bela pasta de couro legítimo, as mulheres talvez pensassem que eu não seja um ladrão. Mas ai surgiria um outro problema: andar tão elegantemente assim chamaria a atenção dos meliantes e eu seria uma potencial vítima dessas pessoas que fazem de tudo para manter os seus vícios ou simplesmente querem comprar roupas de marca.
Às vezes chego à pensar em morar em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, na roça mesmo. Montar uma casa de madeira perto de uma cachoeira e comprar uma bicicleta para comprar as "coisas de comê" na cidade...
Fico triste à cada vez que uma mulher segura uma bolsa ao me ver, é como ser confundido com um ladrão. Trabalhei 17 anos de minha vida como operador de som, sempre paguei as minhas contas e hoje só devo para um banco. Afinal é isso que essas instituições querem: nos endividar para cobrar juros altíssimos.... Mas não gosto de ficar devendo às pessoas.
Um certo banco faz com que os aposentados assinem cerca de sete folhas, quando vão pegar o primeiro pagamento e fazer o cartão da conta salário. Eu cai nesse golpe. Não por que estava com preguiça de ler, é que o meu vocabulário jurídico não é dos melhores... Depois de um mês é que fiquei sabendo que havia contratado um seguro de vida e aberto uma conta corrente. O seguro de vida cancelei no primeiro mês, depois de inúmeras ligações. Já a conta corrente só fui descobrir três meses depois, pois na época tinha vários empréstimos pequenos e não percebi a diferença na hora de receber o pagamento. Menor que os empréstimos era a letra que mostrava a mensalidade da conta corrente.
Fui no Procon, mas perdi a causa, pelo simples fato de ter assinado aquelas malditas folhas. E ainda tive que ver o advogado do banco dar um sorrisinho sarcástico. Foi complicada aquela audiência, o advogado que me defendia me avisou que eu não poderia falar nada, e que não me exaltasse. Tive que me segurar ao máximo, pois o advogado também poderia ser preso...
Mas, voltando à limpeza da área da futura rodoviária, espero que não só limpem o lixo e o mato, como também melhorem o policiamento no local. Queremos que apenas o progresso avance, e não a violência....
Tenho consciência de que esse medo da população é generalizado, e não é especifico sobre a minha pessoa. Mas confesso que muitas vezes chego a pensar que colocaram na televisão a minha foto afirmando que, pelo fato de ser esquizofrênico, eu seja uma pessoa perigosa... É a mente dividida entre a realidade e a fantasia... Também o fato de andar um pouco mais rápido do que o restante da população pode causar um pouco esse medo.
Mas, como já disse várias vezes, ter consciência da situação problemática ajuda muito, mas não resolve. Se pudesse fazer uma limpeza na minha mente, como em um HD, seria ótimo: removeria os arquivos e lembranças inúteis, tudo de negativo que aconteceu em minha vida e só manteria as lembranças boas. Mas não somos máquinas, e, para esquecer a realidade as pessoas geralmente tomam "umas" ou então apelam para as drogas, tantos as ilícitas como as lícitas....
As ilícitas, nem cogito em usar, já me ofereceram algumas vezes, principalmente nesses dois anos de andanças, Já chegaram a falar que o crack não vicia, que podemos parar quando quisermos. Mas não aceitei e nunca irei experimentar. A maconha, apesar de muitos a defenderem, também não penso em usar. Já vi usuários dessa droga que não tem nenhum tipo de transtorno mental, mas conheço portadores de esquizofrenia que relataram que os surtos começaram após o uso dessa erva. Na minha humilde opinião, acho que essa droga em si não causa as paranoias, só nas pessoas que tem a tendência a ter algum tipo de transtorno mental. Essa é a única explicação que encontrei para o fato de alguns não terem nenhum problema ao consumir a erva e já outras pessoas terem desenvolvido a esquizofrenia e outros transtornos mentais, principalmente a esquizofrenia. Por meio das dúvidas, prefiro não experimentar, quero preservar os poucos neurônios que me restam...
Já as drogas lícitas (antipsicóticos) experimentei várias, e no meu caso em particular, não adiantaram muita coisa. Se por um lado as paranoias sumiram, também com elas se foram a vontade de viver e até mesmo de acordar para almoçar. Difícil de achar um caminho do meio, um equilíbrio nesta situação. Mas não desisto, ainda irei encontrar uma solução para viver em paz....
Cloreto de magnésio
Outro dia recebi um email em que uma pessoa me pedia mais informações sobre o "remédio" contra a esquizofrenia chamado cloreto de magnésio. Como já disse em outros posts, o blog não é somente sobre esquizofrenia. É sobre o que se passa na mente de um cara que tem o problema. Costumo dizer que não sou esquizofrênico, e sim um portador de esquizofrenia, que tem o seu jeito de ser e pensar únicos. Cada portador tem a sua individualidade, claro que alguns sintomas nos fazem parecer iguais, mas não é bem assim. Mas o cloreto de magnésio, como expliquei nos posts não é para a esquizofrenia, se bem que senti uma melhora nos sintomas negativos. Mas as paranoias continuam. Postei links e passei o maior número de informação possível sobre este mineral, que é essencial em nossas vidas e, devido aos agrotóxicos, as frutas e verduras atualmente não estão sendo boas fontes de magnésio. Já o ômega 3 é bem recomendado, tanto para quem tem esquizofrenia como para os "ditos normais"....
Confesso que já desisti dos medicamentos antipsicóticos. Sinto que eles tratam apenas os sintomas, e não a causa da esquizofrenia, se é que existe uma única causa.... É algo parecido que ocorre na dengue. Quando somos infectados, tomamos paracetamol, que é para aliviar as dores de cabeça e as dores que sentimos pelo corpo. O paracetamol não trata e não mata os vírus da dengue, apenas aliviam os sintomas. Os antipsicóticos apenas diminuem a dopamina no organismo da pessoa, o que as deixam dopadas, sonolentas e sem motivação. A dopamina é necessária, mas na medida certa. Ela é a substância da motivação, da vontade de realizar coisas. Confira no link abaixo:
Para que estejamos bem, todas essas substâncias tem que estar na medida certa em nossos organismos. Mas vou tentar me exercitar, me alimentar bem, ter hábitos saudáveis, enfim, alternativas. Não quero depender de medicamentos para o resto de minha vida. Talvez uma dessas alternativas funcione como um placebo, assim como aconteceu na primeira vez que usei a fluoxetina (prozac) que na época era considerada a pílula da felicidade. Realmente eu estava acreditando que estava tomando uma pílula milagrosa e me senti muito eufórico nos primeiros dias. Era só tomar e pronto... Mas depois de algum tempo as coisas voltaram ao normal....
CDE - Central de Downloads do Esquizo
Esta semana estou disponibilizando o livro "Feliz Ano Velho", que li na década de 80. É sobre a vida de um cara, que, por uma cagada, resolveu dar um mergulho em uma cachoeira rasa e acabou ficando tetraplégico. O cara relatou todo o seu sofrimento e angústia depois do acidente de uma maneira simples e até bem humorada, o que influenciou um pouco a minha maneira de escrever e ser também. Estudava na época em um colégio de freiras, tinha uns treze anos, mais ou menos. Antes só havia lido Machado de Assim e companhia. Confesso que até fiquei assustado ao ler e saber que era permitido escrever pequenos palavrões em livros. O colégio tinha suas normas, me lembro que até cheguei a passar mal no dia da minha primeira comunhão. Os meus colegas de classe ficavam falando que quem não contasse todos os pecados para o padre, a hóstia iria se transformar em sangue dentro de nossas bocas. Fiquei com febre, suei frio naquele dia, quase caguei nas calças para falar a verdade. Eram muitos pecados para serem contados, pensei até em anotar tudo em uma folha de papel, tamanho era o meu medo. Mas, no final acabei apenas contando uns pecadinhos para o padre, que me mandou rezar dez ave marias e dez pai nossos.
Livro: Feliz ano velho
Autor: Marcelo Rubens Paiva
Publicado originalmente em 1982, esse livro é um relato do acidente que deixou Marcelo Rubens Paiva tetraplégico, poucos dias antes do natal de 1979. Jovem paulista de classe média alta, vida boa, muitas namoradas, ele vê sua vida se transformar num pesadelo em questão de segundos. Durante um passeio com um grupo de amigos, Marcelo resolve dar um mergulho em um lago. Meio metro de profundidade. Uma vértebra quebrada. O corpo não responde. Começa ali, naquele mergulho, a história de "Feliz Ano Velho." Apesar do tema trágico, o livro tem momentos de humor, ternura e erotismo. Marcelo se encarrega de colocar em palavras a relação de amor e respeito à mãe, o carinho das irmãs, a camaradagem e o encorajamento da turma, as festas e fantasias sexuais.
Até hoje, com três anos de blog e quase 250 postagens, confesso que recebi praticamente só elogios. Poucas críticas. Algumas delas procurei tirar proveito e lições, outras nem dei atenção, pois não é difícil descobrir quando a pessoa só quer te deixar para baixo. Já cheguei a receber críticas no facebook de algumas pessoas por fingir que tenho esquizofrenia, por brincar com algo tão sério que é esse transtorno. Realmente concordo, a esquizofrenia é um transtorno complicado, incapacitante até em alguns casos. Mas aprendi na vida que não vale a pena ficar só se lamentando pelo ocorrido. Claro que temos que ficar tristes pelo ocorrido, frustrados, revoltados até. Mas também devemos tentar levar as coisas de uma maneira mais leve e tirar lições que a vida nos ensina. No meu caso, chego até à brincar, dizendo que irei processar a baygon por propaganda enganosa, pois o veneno que tomei deste laboratório não adiantou em nada, como podem ver.
Brinco com outras situações também pelas quais passei, afinal, o pior passou, claro que ainda os sintomas negativos e as paranoias atrapalham e muito, mas poderia ter sido muito pior.
Para acessar a CDE e baixar este e outros livros é só clicar na imagem no lado direito da página (parte de cima).
Para acessar a CDE e baixar este e outros livros é só clicar na imagem no lado direito da página (parte de cima).
Postagem crentofóbica?
Por falar em polêmica e falta de compreensão, gostaria de dizer que a minha intenção no último post não foi ofender de nenhuma forma os verdadeiros evangélicos. A postagem foi simples, como sempre costumo fazer. Só tentei dizer, que existem os crentes fanáticos que se acham melhores do que todos, e que existem os evangélicos, que, à exemplo de Cristo, procuram da melhor maneira possível ajudar as pessoas e levar o que elas acreditam à um maior número de pessoas, mas sem serem irritantes ou insistentes. Muitas pessoas me criticaram no facebook, sem ao menos ler a postagem. Fui excluído de alguns grupos e até tive que bloquear algumas pessoas que criticavam com insistência. Mas felizmente a maioria entendeu e o facebook está se tornando uma rede social que está polarizando demais as pessoas.
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