Logo veio em minha mente a imagem do Colégio Nossa Senhora do Monte Calvário, onde havia estudado do maternal até a primeira série do segundo grau. " A parte de trás do colégio é bem tranquila, não passa carro e nem gente, vai dar para descansar", pensei.
Então, depois do almoço e do banho no centro de referência, me desloquei para o colégio de freiras onde aprendi o beabá. A minha surpresa foi maior do que a decepção de não encontrar um lugar tranquilo. Na rua de trás do colégio haviam carros estacionados dos dois lados da rua, restando poucas vagas para outros veículos. A rua fora asfaltada e o movimento de veiculos era intenso. O de pedestres também. Olhei então para mais adiante, e, no lugar do antigo supermercado municipal está sendo construído um enorme prédio. O jeito foi me acomodar na rua de trás do colégio mesmo, apesar do ir e vir dos pedestres.
Um vento frio soprava sem parar, e trazia consigo um pouco da poeira da construção no antigo mercado. Como estava próximo a casa onde havia passado os meus primeiros dezessete anos de vida, resolvi então levantar-me e recordar um pouco da minha infância.
Mas, chegando ao local, não consegui enxergar o menino arteiro e engraçado que fazia suas peraltices pelas ruas do bairro. Tudo estava mudado, inclusive a casa onde havia morado, que deu lugar a um prédio de cinco andares. As casas de alguns colegas meus também haviam se transformado em prédios. As casas que restaram ganharam grades, cercas e portões reforçados. Não havia nenhum menino brincando na rua, provavelmente estavam jogando video game ou navegando pela internet.
Com algum esforço me lembrei do Julinho, um menino que aprontava e muito pela vizinhança. Qualquer vidraça que aparecesse quebrada na velha rua Sertões e adjacências, os vizinhos já sabiam onde reclamar. Já era meio maluquinho por natureza e, para completar, não havia ninguém para me ensinar a me comportar e me impor limites. Tinha que dar nisso né? Meu pai não cheguei a conhecer e minha mãe praticamente não falava nada com ninguém. Me diziam que ela tinha problemas auditivos, mas hoje sei, por experiência própria, que ela tinha algum transtorno mental, e que eu havia herdado um pouco disso ai.
Mas ri muito ao me lembrar das minhas "brincadeiras". Adorava me vestir de preto e usar a máscara de lobisomen de um colega meu. A máscara era importada dos Estados Unidos e era bem próxima do real, o que assustava e muito as pessoas, principalmente as mulheres. Teve uma que chegou a desmaiar, e corri desesperado de medo, pensando que ela havia morrido. A sorte que meus colegas acudiram a mulher, que era idosa. Outra quase foi atropelada, ao sair assustada pela avenida gritando:
- Socorro! É o lobisomen estrupador!
Me divertia muito com aquilo. Ainda não tinha completa noção das coisas que fazia. Confesso que brincava de esconde esconde até os quinze anos de idade. Era um crianção mesmo. Não vou entrar em detalhes sobre o que eu aprontava, pois o post assim iria ficar por demais extenso.
Minha avó não conversava muito comigo sobre as minhas peraltices, e então segui aprontando por um bom tempo. Mas quando a mãe de um amigo meu qualquer me chamava a atenção, dizendo que era errado fazer determinada coisa, eu refletia e acabava concordando, não repetindo "as coisas erradas" que uma criança de família não poderia fazer.
Depois de andar pela velha rua Sertões, resolvi voltar para o centro da cidade, refazendo o caminho que eu fazia todos os dias para ir a escola. Quase tudo estava mudado, não deu para me lembrar de muita coisa da minha infância, a não ser a maternidade Odete Valadares, que fica ao lado do colégio. Me lembrei de um dia em que a professora chamou a atenção da classe, dizendo que os funcionários da maternidade foram ao colégio reclamar que alunos da esola estavam em volta da maternidade, espiando pelas janelas os atendimentos. Adivinhem quem estava no comando dessa invasão? O engraçado é que dava para ver pelas janelas abertas as grávidas nas salas, deitadas. Não sei se estavam em trabalho de parto, mas é um pouco estranho uma maternidade deixar as janelas abertas durante o atendimento.
Para falar a verdade, eu merecia, além de muitos conselhos, umas boas palmadas, de leve, mas merecia. Só assim eu iria me aquietar. Sou contra a violência com as crianças, mas, em alguns casos, acho que uma palmadinha de leve pode ajudar.
Depois da maternidade, avistei a portaria do colégio. Estava pouco mudado, até a cor era a mesma. Me lembrei então do Vicente, o baleiro que sempre estava na esquina do colégio, com seu super carrinho de guloseimas que tinha quase tudo o que uma criança gosta: sorvete, chocolates, doces, pipoca, chicletes, balas, etc. Não me recordo o dia em que o Vicente havia faltado. Sempre esteve ali. Se faltou, foi no dia em que também faltei. Mas hoje ele não estava mais lá. As crianças estavam lá, mas o Vicente, não.
É o tempo.
-obs: estarei começando o caminho da estrada real no próximo dia sete, então não sei onde estarei no próximo post. Só o tempo dirá.
Música: The best of times
Banda: Dream Theater
Os Melhores dos Tempos
Lembre-se dos dias passados
Como eles voaram tão rápido...
Os dois contagem e o ano que tivemos
Eu pensei que sempre duraria
Os dias de verão e os sonhos na Costa Oeste
Eu queria que eles nunca acabassem
Um garoto jovem e seu pai
Ídolo e melhor amigo
Eu vou me lembrar pra sempre
Aqueles foram os melhores dos tempos
O tempo de uma vida juntos
Eu nunca vou esquecer
A manhã mostra no rádio
O caso do cachorro perdido
Deitado nos travesseiros de Odeon Twelve
Assistindo "Harold and Maude"
As lojas de discos, os campos de críquete
Minha casa longe de casa
Quando nós não estávamos juntos
As horas no telefone
Eu vou me lembrar pra sempre
estes foram os melhores dos tempos
Eu nutrirei isso eternamente
Os melhores dos tempos
Mas então veio o chamado
Nossas vidas mudaram pra sempre
Você pode rezar por uma mudança
Mas prepare-se para o fim
[instrumental]
As asas passageiras do tempo
Voando através de cada dia
Todas as coisas que eu deveria ter feito
Mas o tempo simplesmente escapou
Lembre-se "Aproveite o dia"
A vida passa num piscar de olhos
Com muito restando a dizer
Esses foram os melhores dos tempos
Eu vou sentir falta desses dias
Seu espírito conduz minha vida a cada dia
Obrigado pela inspiração
Obrigado pelos sorrisos
Todo o amor incondicional
Que me carregou por milhas
Me carregou por milhas
Mas mais do que tudo
Obrigado pela minha vida
Esses foram os melhores dos tempos
Eu vou sentir falta desses dias
Seu espírito conduz minha vida a cada dia
Meu coração está sangrando
Mas eu ficarei bem
Seu espírito guia minha vida cada dia
A viagem
Bem, segunda feira irei providenciar o que está faltando para a viagem.
O bepantriz, que é uma pomada que regenera a pele, serve para um monte de coisa, inclusive assaduras. No caminho do Padre Anchieta não tive problemas relacionados à pele. O protetor solar também não pode faltar.
O bepantriz é a mesma coisa que o bepantol, a fórmula é a mesma, só que é um pouco mais barato. É legal misturar um pouco de óleo de amêndoas, para ficar mais fácil de tirar o produto na hora do banho. Muita gente deve estar pensando que isso é bichisse, ficar passando creminho na virilha, mas não tem nada pior do que caminhar no sol quente com assaduras. E no meu caso, são apenas 700 km.
Também não poderei deixar de comprar um bom repelente, que faltou na viagem lá no Espírito Santo. No primeiro dia resolvi caminhar até à noite e, quando cansei, não deu para parar, pois o local estava infestado de mosquitos e pernilongos gigantes(olha o trocadilho!) que quase me comeram vivo! Os mosquitos não picavam, pareciam que mordiam. Tive que andar bastante até me ver livre deles e então poder descansar e dormir um pouco.
a pior gordura localizada é a no olho |
De resto é só rezar e pedir proteção. Peço a ajuda de todos vocês, cada um com sua fé, crença e religião. Orem, rezem, meditem, conversem com Deus para pedir proteção e saúde para o esquizo aqui. Desde que comecei a escrever o blog, aconteceram algumas coisas estranhas na minha vida, parece coisa de gente que não gosta de ver o próximo em paz. Mas não são vocês leitores do blog, acho que são pessoas com quem convivi em uma cidade onde tive muitas inimizades, inclusive fui alertado por uma pessoa sobre esse fato, mas não acreditei que uma pessoa que quase não fala nada pudesse arranjar inimizades. Mas, basta sermos feliz e estarmos em paz, que somos alvos em potencial de pessoas más, que não gostam de ver a felicidade dos outros. Mas, com olho gordo ou não, não desistirei. Sou brasileiro, sou mineiro, sou blogueiro, sou mochileiro, e acima de tudo sou muito grato a todos vocês pela força e carinho que têm demonstrado comigo ao longo destes meses.
Espero ter mais sorte desta vez, fazia mais de dez anos que não viajava e no primeiro dia que estava curtindo uma praia, machuco o meu pé lá em Vila Velha. Vai ser azarado lá nos quinto! Espero não me machucar desta vez, para curtir melhor as montanhas e cachoeiras de Minas Gerais. Sempre que encontrar uma lan house pelo caminho, irei postando as minhas aventuras.
-Obs: as palavras destacadas na cor azul são links, que direcionará você para uma outra página, é apenas uma explicação, ou algo que tenha a haver com o assunto. Não sou muito fã do control V+ control C, por isso coloco os links. A última palavra explica a origem expressão " lá nos quinto dos inferno". É, o blog do esquizo também é cultura!