segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Loucuras e manias...

   
    Ontem(02/110), do nada, ouviu-se um estrondo enorme, daqueles em que a gente pensa que é o mundo que está se acabando de vez, por que aos poucos nós já estamos acabando com ele. Mas era apenas um raio que fez a energia elétrica acabar no bairro inteiro.
    Estava assistindo o jogo do meu time pelo campeonato brasileiro. O jogo estava duro, mas duro de ver de tão ruim que estava... 
   O placar também era a nota da partida: 0 para ambos os lados. Nenhum lance de perigo, aquela monotonia que não faz dormir somente os fanáticos por futebol. O silêncio predominava no meu humilde quartinho. Aí os pensamentos e paranoias invadiram a minha mente: "será que alguém irá fazer gol enquanto eu não estiver assistindo? Se o meu time fizer gol é por que sou pé frio mesmo, mas se acabar sofrendo um gol é por que não posso deixar de assistir o jogo, caso contrário meu time acabará perdendo a partida".  
 A energia voltou. E não é que o meu time acabou levando um gol? Por um momento cheguei a pensar que era pé quente realmente e que não poderia deixar de assistir os outros jogos no restante do campeonato. Cheguei na loucura de pensar que os jogadores ouviam o que eu estava pensando e que precisavam do meu apoio. 
   Mas como nos últimos anos meu time anda sempre dando vexame, o meu sentimento atual de que sou realmente o pé frio e responsável pela má fase. Quase todo jogo que assisto o time empata ou perde. Fico o tempo todo ligado na tela, às vezes me pego dando um chute quando o atacante está na cara do gol. No final da partida parece que estou até mais cansado do que alguns jogadores... 
    Mas e os jogos que assisti e ele foi campeão? Essa dúvida cruel vive em minha mente, mas me lembro que no início nem era uma dúvida, tinha a plena convicção de que não poderia deixar de jeito nenhum de assistir ou ouvir um jogo do meu time. 
      E isso vem desde pequeno. Por isso que digo que meio que nasci com a esquizofrenia, pois esse transtorno não é somente surto psicótico. Ela é formada por inúmeros componentes, e algumas manias, delírios e pensamentos fazem parte dessa maledita esquizofrenia. 
    Lembro-me que, quando tinha uns 11 anos de idade fui ao Mineirão, para assistir um jogo do atlético-MG, a convite de um colega meu. Não queria ir, pois o jogo do meu time (ninguém sabe qual é) também iria ser no mesmo horário. Iria ouvir pelo rádio antigo valvulado que tinha lá em casa. Sempre fui uma criança curiosa, e um dia comecei a fuçar naquele rádio enorme de madeira para tentar achar alguma emissora de rádio do Rio de Janeiro. O rádio tinha sete faixas, pegava rádio dos Estados Unidos, do Japão, dava para ouvir gente falando algo parecido com árabe... Então por que não pegaria rádio do Rio? Fiquei mexendo naqueles botões até conseguir achar uma emissora do Rio de Janeiro e assim poder ouvir os jogos do meu time. 
    De dia tinha que ficar com a mão segurando o cabinho da antena, para pegar melhor. Pois AM tem essas dificuldades, como montanhas, clima, etc... Só sei que de noite pegava que era uma beleza...
    Mas, voltando ao jogo no Mineirão, resolvi aceitar o convite, afinal jogo no rádio tem quase todo dia... E também iria sair um pouco de casa, me divertir. 
ouvia os jogos do meu time em um rádio igual à esse..
    O mineirão estava lotado, todo mundo espremido, na época não havia as cadeiras nas arquibancadas. Era tudo cimento mesmo. E o atlético ganhando o jogo, todo mundo feliz, menos eu, que estava de ouvidos atentos. De repente, o serviço de auto falantes do estádio anuncia que o meu time estava perdendo o jogo por 2x0... Fiquei surpreso no início, pois nem haviam anunciado o primeiro gol do time adversário... Mas logo comecei a chorar. Chorei tanto que o pessoal do lado ficou preocupado e perguntou o motivo daquele chororô todo...
     E a besta do meu colega disse a verdade, apesar de saber que o meu time é um grande rival do atlético MG. Falou com todas as palavras o nome do time, mas, ainda bem que naquela época as coisas eram mais brandas e não me expulsaram do estádio. Alguns até acharam engraçado. O mais engraçado é que, segundos depois, o locutor do estádio se retratou e disse que era o meu time que estava ganhando de 2x0. Senti um alivio enorme e a minha consciência ficou mais leve, não iria sofrer o castigo por ter abandonado o meu time, justo em um clássico importante. Mas entendi que aquele erro do locutor era um aviso para nunca mais deixar de acompanhar o meu time, seja pelo rádio ou pela televisão... 
    E por uma época o time passou por uma fase boa, ganhando vários campeonatos, inclusive um mundial... Mas ultimamente as derrotas e os empates são mais frequentes e a dúvida às vezes chega a ser uma certeza de que sou o pé frio mesmo. 
  E fico nesse debate interno que parece não ter fim, mas  futebol é assim mesmo: um dia ganha outro perde. Seria muito sem graça se somente o nosso time ganhasse tudo né? 
   
alguém poderia me dizer que golpe é esse?
    E alguns jogadores do meu time não são muito bons (só do meu time?), apesar do alto salário que recebem. Alguns jogam apenas com o nome, sendo que o principal deles chega a receber 950 mil reais por mês... 
   Antigamente chegava a chorar com a derrota, mas hoje em dia nem ligo tanto, acho que por causa do embotamento afetivo. Pelo menos para uma coisa me serviu essa maledita esquizofrenia. Meu time perdeu a final da copa do Brasil deste ano (estava assistindo até os penaltys, apesar de achar que sou o pé frio e culpado de tudo...). Mas no dia seguinte segui a minha vida normalmente, pois os jogadores foram descansar e dormir no melhor hotel de Belo Horizonte e eu aqui continuo na minha humilde residência. Fico triste pelos outros torcedores, mas nem tanto pelos jogadores, que beijam o escudo de um time e depois do outro no mês seguinte.
   Mas almocei normalmente, ao contrário de antigamente, que dava vontade até de sumir deste mundo quando perdia um campeonato. E vida que segue, me sentindo cada vez mais uma pessoa normal, ao ver essa loucura toda em que se transformou nosso mundo... 

-Obs: gostaria de agradecer uma pessoa que me ajudou mas não se identificou. Geralmente quando as pessoas me ajudam me enviam um email. Mas como essa pessoa preferiu não se identificar resolvi agradecer aqui pelo blog. 

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Como abaixar os triglicerídeos de 653mg para 145mg em cinco meses!!!

   
    24/02/2017   Lá estava eu, as seis e meia da manhã na fila do posto de saúde do bairro para fazer a coleta de sangue para descobrir a quantas andam as gorduras no meu sangue. Já sabia que as taxas não seriam das mais baixas, devido ao meu sedentarismo provocado pelo meu hálux rigidus (o dedão do pé detonado). Ultimamente a única coisa que andava rígida em mim era o dedão do pé mesmo, já o resto prefiro nem comentar...
    E, aliando-se ao meu sedentarismo, a comilança desenfreada de chocolate, torta de chocolate, sorvete de chocolate, pudim e outras besteiradas mais. Se tivesse exame para detectar a taxa de chocolate no sangue... Já fiquei um mês sem comer chocolate, quando estava internado em uma clínica de recuperação. Naquele local haviam pessoas tentando se livrar do vício das drogas, do álcool, e eu do vício do chocolate. 
     Estava mais cansado do que de costume naquela manhã e quase dormi na fila. Depois de quase três horas saí do posto de saúde e em uma semana o resultado saiu e não poderia ter sido outro: 653mg de triglicerídeos e o colesterol também estava bem alto.
    A tristeza (não vou mencionar o termo depressão..) por não poder fazer o que mais gosto na minha vida me empurrava cada vez mais para o empanturramento descontrolado. Andar para mim é sagrado, o direito de ir e vir está entre os primeiros da minha lista. É só ver o relato de minhas andanças pelo nosso Brasil. Andar pela estrada real é um cansaço gostoso, um perrengue muito mais do que desejado e que pretendo volta a fazer ano que vem, caso meu pé tenha o problema solucionado.
    Então, a partir daquele dia me dei mais essa missão: abaixar os triglicerídeos para o nível normal e tentar terminar os outros dois caminhos da estrada real. Esse objetivo foi traçado obviamente também para melhorar a minha qualidade de vida. 
    Então diminui os doces, as massas, comecei bem de leve a fazer alguns exercícios físicos e passei a tomar três cápsulas de 1000mg de ômega 3 por dia. É uma gordura que pode vir de várias fontes: peixes de águas geladas, linhaça e outros mais. Mas, nessa quantidade, teria que comer quase uma dezena de salmão por dia. Então, a solução foi tomar o ômega 3 em cápsulas mesmo.  Quem acompanha o blog sabe o quanto aprecio esse tipo de gordura, faz bem a saúde física e mental. 
    Passei a consumir ovo cozido, já que meio que recentemente ele foi absolvido pela comunidade médica e não aumenta mais o colesterol. Quando era criança tinha medo de comer ovo, pois todo mundo afirmava que a gema dele continha colesterol para mais de dois dias!!!

    Aos poucos, fui emagrecendo e voltando ao meu peso normal. Comecei a ficar mais ágil, a andar com mais facilidade, e a raciocinar melhor também. Passei até a publicar mais postagens com menor intervalo de tempo, apesar da falta de assunto. 
    Com a ajuda de leitores do blog, consegui comprar um tênis super macio, o que ajudou ainda mais na minha parcial recuperação. Fico andando meio capengando, só a cirurgia para aliviar a dor do meu dedão do pé esquerdo. Mas com esse tênis a dor é bem controlada e dá para ir levando, sem ter aquela vontade enorme de falar um palavrão, pois é o que me dá na cabeça quando sinto dor. Que me desculpem os puritanos, mas falar um "bom palavrão" na hora da lesão alivia e muito a dor.
dedão do pé detonado..
     E passei até a jogar um futebolzinho de leve, que para mim também faz um efeito devastador na tristeza. O stress e os pensamentos negativos vão  embora juntamente com o suor. Passei até a treinar para o campeonato de futebol que é realizado todo ano entre todos os centros de convivência aqui de Belo Horizonte. Não é para contar vantagem, mas meu time foi campeão invicto  e  fui o artilheiro da competição. Improvisei um tênis cheio de borracha macia como solado para poder correr meio de lado sem detonar muito o tornozelo e outras articulações. O tênis me fazia chutar meio esquisito, não dava para pegar por debaixo da bola, o jeito então foi fazer gol de bicudo mesmo. 
peguei um tênis velho e colei um solado de borracha para não doer o dedão

   O campeonato é disputado todo ano na primavera entre todos os usuários do serviço de saúde mental da capital mineira. Haviam alguns jogadores lentos nos times, devido a medicação. Mas outros eram bem mais jovens do que eu e não pareciam estar sob o efeito dos antipsicóticos, principalmente o time que enfrentamos na final do campeonato. Foi muito difícil, pois na final e na semifinal eu estava também sob o efeito de medicamentos, havia tomado na noite anterior a clorpromazina e o fenergan, pois não estava conseguindo dormir. Passei boa parte da noite imaginando como seria o jogo da final. Me via marcando gols, roubando a bola, dando passes. Se continuasse daquele jeito, iria acordar mais cansado do que se estivesse correndo a maratona da lagoa da pampulha.  
   E o jogo da final foi complicado. Em cinco minutos já estávamos perdendo de 2x0. Fui tentar enfeitar e acabei dando a bola pro adversário fazer o segundo gol. Mas não sei como mantive a calma, mas também estava sentindo que iríamos levar uma goleada. De repente, em um lance meio despretencioso, me deram um passe um pouco a frente do meu alcance, e eu, sem titubear escorreguei pela quadra de cimento e dei um carrinho na bola para diminuir o placar. 
   Era o que precisávamos para readquirir a confiança. Não comemorei o gol e já fui logo para a barreira para impedir o chute do time adversário no meio de campo. O jogo foi mudando de figura e passamos a tocar melhor a bola. Ficamos mais calmos e numa boa tabela deixei o atacante na cara do gol: 2x2. E fim de primeiro tempo.
    Estava muito cansado, queria tomar uma ducha para relaxar a musculatura, mas o banheiro estava fechado. A clorpromazina deixa meus músculos endurecidos e também estava com um torcicolo brabo, que me impedia de jogar normalmente. Estava à beira de um colapso físico, mas disfarcei da melhor maneira possível, para não ser substituído pelo treinador. É, no campeonato a coisa fica séria, todos os times tem o seu técnico e tudo mais. 
   Segundo tempo e fomos logo virando o placar: sinceramente não me lembro como foi o o gol. Foi de um cara magrinho mas que sabia tocar a bola, só não tinha força física. Comemorei mais o gol dele do que os que eu fiz em todo o campeonato. Mas a alegria durou pouco. O goleiro do time adversário lançou a bola para o campo adversário e de cabeça, o atacante deles fez um gol em nosso goleiro que estava um pouco adiantado. E, também por causa das dores não fiz uma pressão no atacante, que teve tempo e espaço para pensar onde iria cabecear a bola.
    Mas estava concentrado e determinado. Já estou com 49 anos de idade e sabia que seria um dos últimos campeonatos de minha vida. Não perdi a calma e fui jogar mais atrás, na defesa, pois minhas pernas não mais obedeciam aos meus comandos. É, não deveria ter tomado a clorpromazina...
    Nosso time continuou jogando bem e, faltando cinco minutos para terminar a partida, o zagueiro do time adversário cometeu uma falta em nosso atacante. Na cobrança, tocaram a bola para mim, que estava no meio de campo. Chutei sem muita força, mas bem colocado no canto direito do goleiro. Mas, antes da bola entrar o nosso outro jogador entrou e fez o gol da vitória e do titulo.  Não importa o autor, o importante é que conseguimos a vitória e tirarmos a hegemonia de vários anos do centro de convivência do Barreiro, um bairro aqui de Beuzonte. Nos minutos finais só seguramos o placar, e caí duas vezes por desgaste muscular. No apito final desabei e nem consegui dar  a volta olímpica. Mas a verdade é que quem me incentivou a jogar bola foram meus companheiros de time. Eles estavam treinando para o campeonato em uma quadra não muito boa, com o piso áspero, e, para piorar, ela não é coberta. E o treinamento era uma e meia da tarde. Vê-los treinando naquelas condições me encheu de vontade também de participar, apesar do problema no pé. Então, nada mais justo do que deixá-los darem a volta olímpica, dei o meu máximo para a conquista do título, mas eles fizeram algo muito mais valioso por mim, que é de não desistir da luta, apesar das condições adversas. 
    Mas o mais importante nesse campeonato foi a participação de todos os jogadores, que fizeram um jogo limpo em todas as partidas e não houve nenhuma briga ou confusão, ao contrário de outros jogos que vemos por aí...
   Mas voltando a minha taxa de triglicerídeos, ai está ela, depois de cinco meses de ômega 3, exercícios físicos e uma maneirada nas guloseimas: 145mg. 
    A psiquiatra não queria me passar um segundo exame, quando relatei que tive uma melhora. Ela só iria me passar o exame caso tomasse o medicamento prescrito por ela. Mas eu recusei, e apesar dela não ter me incentivado, parti para esse tratamento alternativo que indico para todos. Além de baixar os triglicerídeos, me deixou melhor fisicamente e mentalmente. Essa psiquiatra até que me ouve, mas com muito esforço. Mas não adianta só ouvir, é preciso relevar e levar em consideração o que o paciente tem a dizer. Acredito que no SUS a maioria dos profissionais sejam assim. Claro que tem exceções, e gostaria muito de agradecer os profissionais da saúde mental que me ajudaram nessa minha caminhada. Em São Paulo fui muito bem atendido pela rede de saúde mental nos CAPS e sempre fui muito bem recebido na PROESQ, quando ia lá para conversar com o pessoal e ficar usando a internet do local.
    Acho que só fui uma vez em um médico particular. Deveria ter uns seis anos no máximo. O consultório era muito confortável. A minha avó estava preocupada com o tamanho do meu bilauzinho e me levou neste local Me lembro que a médica pediu para me deitar em uma maca, ficou mexendo no meu brinquedinho até ele dar sinal de vida e disse que estava tudo bem, que era da idade mesmo. Mas será que o que ela estava pensando era isso mesmo? 
      Na minha humilde opinião, o médico tem a função também de aconselhar os seus pacientes, e não de apenas um mero "preenchedor" de receitas... Pelo menos é isso o que sinto na maioria das minhas consultas pelo SUS... 
    Abaixo as medalhas que ganhei com o time campeão e a artilharia do campeonato. Mas o mais importante é não perdemos para nós mesmos no jogo da vida... 
não é de ouro, mas essas medalhas  para mim valem muito mais....
o antes e o depois, sem medicamentos...

uma caixa de bombom para comemorar a baixa dos triglicerídeos por que não sou de ferro...

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Postagem especial do dia das crianças

    Como já fiz duas postagens sobre  o dia dos namorados, resolvi, assim de sopetão, fazer esta postagem sobre o dia das crianças Não irei guardar para tentar melhorá-la depois. É mais uma de minhas publicações malucas e inesperadas, como quase sempre foi tudo em minha vida. Se postei sobre o dia dos namorados sem ter uma namorada (qui dó qui dó...) por que não postar sobre algo que está dentro de todos nós?
    A maioria das minhas postagens é assim mesmo. Parece que baixa um santo em mim e vou meio que psicografando a coisa, com caneta e caderninho. Sinto que fico mais inspirado escrevendo mesmo, quando uso o PC não consigo recordar dos fatos com tanta clareza.O difícil  é entender o meu garrancho, para jogar no word depois e dar uma revisão em possíveis erros de português. Dessa vez nem no word poderei jogar, pois instalo e desinstalo tantos programas no meu pc que ele ficou tão bugado que nem o word está aceitando mais e terei que confiar no meu parco conhecimento da nossa língua pátria 
     Às vezes bate uma ou outra ideia para complementar a postagem também. Outras já nem cheguei a publicar, guardando-as ou então excluindo-as. E foram as postagens em que mais tempo dispensei para fazê-las. Muitas vezes cheguei a me surpreender ao reler algumas postagens que fiz de sopetão, de tão interessantes que ficaram. Já as que gastei mais tempo normalmente não achei muito legal não. Acho que nem vou curti muito esta publicação, mas não poderia deixar aqui de falar sobre o dia das crianças, nesse momento em que vivemos, onde o ódio está dominando tudo, não somente o mundo virtual como o real mesmo. Considero o mundo virtual apenas uma extensão da própria pessoa, pois não é a internet que faz as pessoas ficarem ruins ou boas, são as próprias pessoas que acabam tornando a web um mundo hostil. O que pode acontecer é ficarmos contaminados com o ódio e o preconceito que está rolando nas redes sociais. Já entrei em muita discussão boba, mas hoje em dia estou sabendo filtrar melhor o meu conteúdo da timeline. 
minha única recordação em papel de minha infância, perdi as minhas fotos no meu primeiro surto psicótico.

    Mas o que seria essa criança interior? Será que teríamos que sair por aí brincando de esconde esconde para ressuscitá-la de dentro de nós? Não é bem assim, falo criança no sentido de nos livrarmos de todo o mal que está presente nesse mundo conturbado em que vivemos. Falo das boas qualidades da criança, como a sinceridade, a alma leve, a espontaneidade. 
    É difícil, chegando quase a ser impossível termos esse nível de não maldade em nossos corações. Se somos inocentes e bonzinhos, certamente que não faltarão espertalhões querendo se aproveitar de nossa bondade. Então sejamos uma criança esperta, sabendo distinguir quem está querendo se aproveitar de nossa criança interior.  Sejamos uma criança madura, sabendo o momento de se divertir e brincar, e também o momento de levar as coisas a sério. Tem muita criança de idade cronológica mais madura do que muitos adultos por aí.
    Não poderia de mencionar o termo esquizofrenia, é claro. Já ouvi dizer por ai que a esquizofrenia é a negação da realidade. Talvez essa negação seja sim um componente em algumas esquizofrenias, pois geralmente ela acontece durante a transição do mundo adolescente para o mundo adulto. E não é fácil começarmos a conhecer a pesada realidade do mundo adulto. Confesso que no meu caso demorou bastante até conhecer bem a maldade humana. Mais vale um joelho ralado do que um coração partido...
    Não foi e acho que não será raro o momento em que me vejo relembrando minha infância, e em muito desses momentos me bateu uma imensa vontade de que o tempo parasse exatamente naquela época, entre os oito e doze anos de idade, em que a minha preocupação principal era saber quem levaria a bola para a rua, para podemos dividir os times e começar a brincadeira. 
    De uma hora para outra veio em minha mente essa música, Até a tinha esquecido por completo. Não baixei e transferi para o meu celular e nem para o notebook, pois confesso que ela toca a gente lá no fundo do coração.Dá uma nostalgia que nem sempre é bom ter. Parece que a autora da letra sabia exatamente o que se passava em minha mente quando relembrava e relembro ainda os bons momentos da minha infância.
   Queria escrever mais algumas linhas, mas a letra dessa música já diz tudo...

Era uma vez

O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto das nuvens
Serem feitas de algodão
Dava pra ser herói no mesmo dia
Em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche
Um banho quente e talvez um arranhão
Dava pra ver, a ingenuidade a inocência
Cantando no tom
Milhões de mundos e os universos tão reais
Quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho
E o remédio era beijo e proteção
Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupação

É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mau
É só não permitir que a maldade do mundo
Te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real
E entender que ela mora no caminho e não no final
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

Era uma vez

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Missão dada é missão cumprida!


    Sempre tive um leve complexo messiânico, até mesmo antes de surtar gravemente pela primeira vez no ano de 2002. Achava que era de alguma forma um ser especial com uma missão especial para ser realizada aqui neste planeta. E também achava que era protegido por uma força superior, que eu costumava chamar de anjo da guarda. Esses pequenos delírios retrato na minha postagem "Complexo messiânico", por isso não estenderei sobre o que sentia e pensava antes de surtar.
   Já durante o surto tudo tomou uma proporção absurda e cheguei por algum momento a acreditar que era o próprio Messias, pois as iniciais do meu nome também são o J e o C. E na época do surto eu tinha 32 anos de idade e acreditava que não iria passar dos 33...
    Essa fase foi muito complicada e difícil. Quando estava peranbulando pelas BR's achava que seria morto de uma forma bem cruel, assim como Jesus também morreu. As vozes só falavam em me matar, aonde quer que eu fosse. A mania de perseguição me perseguia além das fronteiras municipais de Minas Gerais. Não adiantava mudar de cidade, haviam inimigos imaginários por toda a parte. Muita gente pensa que a pessoa que tem esquizofrenia fica pensando que tem um amigo imaginário, quando na verdade, acreditamos ter vários inimigos imaginários, mas que são reais em nossa mente, principalmente quando estamos surtados.
    Imaginava que seria arrastado pela multidão, que iriam furar meus olhos e quebrar as minhas duas pernas, como forma de castigo por tudo de ruim que pensava ter feito em meus 32 anos de vida. Imaginei todos os tipos de morte e castigo, menos as rápidas, como um tiro na cabeça, por exemplo. Tinha que ser tudo lento e bem sofrido para compensar os meus pecados. O sentimento de culpa exagerado também pode ser um dos sintomas da esquizofrenia...
    Certo dia, ou melhor, certa noite, quando estava peranbulando pelas BR's, cheguei a ter uma alucinação visual bem interessante e horripilante: vi algo bem parecido com a sombra da morte andando pela estrada. Mas como eu sei que o que vi era uma alucinação? É que analisando friamente hoje em dia dá para relembrar que a suposta sombra da morte não andava pela br, e sim deslizava suavemente e bem lentamente também. Parecia com a sombra da morte, e andava com a cabeça curvada para baixo e com aquele manto, parecendo também um monge beneditino, só que com a cabeça coberta.
tive uma alucinação visual bem parecida com essa... 

   Na primeira vez que a vi, senti um forte calafrio na nuca, até parecia que estava saindo eletricidade dessa região do meu corpo. Algo me fez olhar para trás e lá estava ela, desfilando elegantemente pela estrada, sem ao menos me olhar. Confesso que tive um pouco de medo, mas não saí correndo ou gritei. Sempre achei a minha vida um tédio e torcia para que acontecesse algo de sobrenatural. Poderia ser um espírito, um et, um duende, fada, sei lá, qualquer coisa, mas tinha que ser sobrenatural.
    Quando a sombra desapareceu no final da estrada, continuei a minha caminhada. Prentedia ir para o Rio de Janeiro a pé, para tentar fugir dos inimigos imaginários que só estavam em minha mente. Resolvi ir de noite para dificultar o reconhecimento desses inimigos.
    Mas não demorou muito e a sombra apareceu novamente, desta vez caminhando em direção contrária à minha. Estava com o mesmo aspecto e aparência e deslizava lentamente pela br assim como da sua primeira aparição.
   Mas desta vez não tive medo, queria até conversar com ela, perguntar se estava procurando por minha pessoa. Queria saber por que não conseguia tirar a minha própria vida, ou então por que a dona morte não vinha me buscar, depois de várias tentativas frustradas de encontrá-la. E também confesso que passei por situações complicadas por se achar superprotegido pelo meu anjo da guarda, e o fato de não ter morrido por causa dessas situações também me deixava bastante intrigado naquele período de pico do surto psicótico que tive. E. para piorar tudo, uma voz havia falado que eu já havia me transformado em uma alma penada e que não precisaria mais me preocupar com nada, nem com alimentação, nem com o frio, nem com o calor e nem mais com as roupas. Confesso que quando ouvi essa voz não fiquei triste e sim aliviado, pois, como alma penada não poderia mais ser visto pelos meus inimigos imaginários. Bem, essa é uma história que conto por completo no meu livro "Mente Dividida, Memórias de um esquizofrênico", distribuído por mim mesmo, pois como não sou fã dos medicamentos, dificilmente irei encontrar algum apoio no meio da saúde mental para publicar essas minhas aventuras. Mas não ligo, não quero ter que perder a minha liberdade apenas por ter algo publicado ou ter apoio, fico completamente satisfeito em ter o meu espaço aqui neste humilde blog e escrever as coisas da maneira que gosto e da maneira que gosto de escrever.
No link abaixo tem todas as informações sobre como adquirir o meu livro:
http://memoriasdeumesquizofrenico.blogspot.com.br/2012/08/mente-divida-memorias-de-um.html
    Mas, voltando ao encontro com a dona morte, não falei nada com ela, mas queria que ela me levasse naquele dia. E em outros dias também, confesso. Principalmente antes de surtar, quando não me conhecia e nem me compreendia totalmente.
    Acredito sim que a dona morte quisesse me levar naquela noite, mas acho que alguém lá em cima resolveu intervir, e disse para a dona morte ir embora e me deixar quieto, pois teria algo para me dar para fazer. E creio que seja exatamente isso o que estou fazendo aqui neste blog ao longo desses cinco anos de postagens e mais postagens. Algumas boas, outras mais ou menos, e outras que nem dá vontade de rele. (Ando revisando minhas postagens, acredito que melhorei um pouco a minha escrita com a prática ao longo desses anos). 
    Acho que alguém lá em cima pediu para a dona morte me dar mais um tempinho aqui na terra e tentar levar uma mensagem positiva e de esperança, de que a esquizofrenia é sim complicada de se lidar, mas também não é o fim. Existem dias sim que estamos mal pra caramba, pensando que é o fim de tudo. Às vezes fico tão desanimado, com tanta falta de energia por causa dos sintomas negativos da esquizofrenia, que passo a acreditar que tenho uma doença grave, que tenho algum problema no coração, ou algo parecido. Quando entrei em depressão pela primeira vez fiquei tão mal que emagreci cerca de 12kg, e estava tendo diarreias frequentes e sentindo muita fraqueza e passei então a acreditar no boato de que estava com aids... Aí foi quase o fundo do poço. Boa parte da cidade onde eu morava na época e até eu mesmo já havia decretado o meu fim...
   Mas, não sei por que, tudo pode mudar. Pode demorar, mas muda. Talvez seja as variações de humor que podemos ter. Elas não são sintomas exclusivos da bipolaridade, quem tem esquizofrenia também pode viver nessa roda gigante.

Passei e ainda passo por maus momentos, e tudo levo como aprendizado. Não ligo para as indiretas que algumas pessoas fazem, afirmando que tenho uma vida boa só por ser aposentado. Ganho um salário mínimo e não gasto com drogas ou álcool. Então se sobra algum dinheirinho para fazer uma pequena extravagância (comprar um doce, por exemplo) é por que consigo de alguma forma administrar o pouco que ganho. Se hoje de alguma forma me tornei uma pessoa melhor é por que aprendi algo que só a escola da vida pode nos ensinar.  
E não é algo sobre a vida dos outros, sobre como se comportar ou como ser em nossas vidas... É o duro e difícil aprendizado de nós mesmos... Ainda tenho muito que aprender sobre como lidar com as pessoas. Mas o primeiro passo já foi dado.
   Então hoje, sem delírios e complexos, acredito que tenho uma missão. Uma missão que podemos dar a nós mesmos e não aquela que só os "escolhidos" e santos as têm.
 Podemos sim de alguma forma ajudar a nós mesmos e aos outros. Me tornei uma pessoa melhor ao saber através dos comentários aqui no blog e por email que de alguma forma ajudo as pessoas a entenderem um pouco esse mistério chamado esquizofrenia.
Eu me dei uma missão, e você, já deu a sua para si mesmo?