Em primeiro lugar, e antes de começar esta postagem um pouco polêmica, gostaria de dizer que não sou da antipsiquiatria, mas também não sou um fã ardoroso dos medicamentos usados no tratamento da esquizofrenia, os chamados antipsicóticos.
Para quem ainda não conhece, antipsiquiatria é um movimento que, basicamente se opõe a quase tudo ou a tudo o que os psiquiatras pregam e fazem. Mas as principais bandeiras da galera da antipsiquiatria é a de que as doenças mentais são invenção dos psiquiatras para que a indústria farmacêutica saia lucrando com a criação dos medicamentos para esses males. Afirmam também que muitos psiquiatras possuem vínculos com a indústria farmacêutica e que os medicamentos não curam, apenas controlam a doença, deixando os pacientes dopados.
Infelizmente hoje em dia tudo está polarizado, e com as doenças mentais não poderia ser diferente. É uma discussão intensa entre os psiquiatras e o pessoal da antipsiquiatria.
Que os bons e bem intencionados profissionais da saúde mental não se sintam ofendidos com esta minha postagem...
Não sou de ficar em cima do muro, sempre gosto de dar a minha opinião, mesmo que ela me traga alguns prejuízos, pois às vezes a falsidade pode levar à algum ganho ou lucro. Prefiro deixar de ganhar certas coisas e ter a minha consciência tranquila e não ter o rabo preso com ninguém.
Na minha opinião existe sim algumas doenças mentais, afinal o cérebro é um órgão do nosso corpo, e, como tal está sujeito a ter problemas como está o restante do nosso organismo, principalmente se não for bem cuidado. Quem toma muita cachaça provavelmente vai correr o risco de ter uma cirrose, e o mesmo acontece com o cérebro e com a mente. O cérebro precisa ser bem alimentado, principalmente com vitamina B e ômega 3. A mente precisa estar em um ambiente tranquilo e com energias positivas, devemos evitar o stress, ter boas noites de sono e por aí vai....
Acredito também que os antipsicóticos e tranquilizantes devam ser usados em alguns casos, mas por um determinado tempo e não em doses tão altas como acontece por aqui em nosso país e nos Estados Unidos, por exemplo. Afinal, não resta muita coisa a fazer quando um paciente chega à uma emergência de um hospital apresentando um quadro perigoso de agressividade.
Mas, por outro lado acredito que o pessoal da psiquiatria sempre pegou pesado demais, querendo classificar à tudo e a todos como doentes. Hoje em dia qualquer pessoa que não esteja nos padrões é considerado anormal. A cada edição o CID, que é o Código Internacional de Doenças, vem aumentando o número de páginas e de novas doenças classificadas.
Daqui a pouco quem não for classificado será classificado como anormal, já que o normal é ser classificado com algum comportamento não adequado.
Também acredito que os psiquiatras exageram tanto na quantidade como também na dosagem dos medicamentos. Geralmente no início vão logo receitando doses dopantes, o que desestimula o paciente a continuar o tratamento. Não seria melhor ir começando com dosagens menores e ir adequando gradativamente e aumentando se for necessário? Geralmente fazem o contrário, receitam doses fortes e vão diminuindo caso o paciente se queixe muito de sonolência e lentidão.
Conheço pessoas que chegam a tomar cerca de dez medicamentos por dia. Não são dez comprimidos, são dez tipos de remédios, a receita mais parece uma escalação de um time de futebol.
Minha primeira consulta
Só para ilustrar a postagem, minha primeira consulta psiquiátrica demorou menos do que dez minutos. Isso foi ano de 2002. Estava desesperado, pulando de igreja em igreja, pensando que o meu problema poderia ser de origem espiritual. Ia na frente do altar quando o pastor fazia o chamado, mas mil caiam a minha direita e dez mil a minha esquerda, mas eu não caia. Aí pensava que o demônio que estava em mim era muito teimoso e que não iria sair com muita facilidade...
Em menos de dez minutos na minha primeira consulta sai com a receita de melleril e do diazepan. Também saí praticamente diagnosticado com esquizofrenia paranoide, F 20.
Mas não obtive nenhum tipo de informação sobre o que eu tinha, o psiquiatra mal olhou para mim, parecia estar cansado da profissão. É um trabalho estressante, mas acho que foi ele mesmo que escolheu né?
Na consulta com a psicóloga nada de conversa sobre o que eu poderia ter. Ela ficava me encarando e sorrindo, me deixando um pouquinho sem graça e pouco à vontade. No final ela sugeriu frequentar alguma oficina de percussão ou outra coisa qualquer. Mas o que eu queria mesmo era saber o que eu tinha, o que era aquela loucura toda, se outras pessoas também tinham esse problema ou se eu era a única pessoa do mundo a ter aquelas alucinações malucas.
A importância do primeiro atendimento
A primeira consulta é a mais importante de todas na vida de uma pessoa com esquizofrenia. Afinal estamos muito assustados, sem ter a mínima noção do que é um transtorno mental, pois a falta de informação ainda é muito grande e a esquizofrenia ainda é cercada de muitos mistérios e mitos.
Mas na maioria dos casos os profissionais da saúde mental tratam a primeira consulta de uma pessoa com esquizofrenia com a mesma atenção do que atendem uma pessoa com depressão e que se consulta há um ano, por exemplo. Falo isso por experiência própria, não recebi nenhum cuidado especial na primeira consulta, digo até mais, foi uma das piores que tive.
Foi muito difícil conseguir esse primeiro atendimento, estava morando nas ruas por causa dos surtos que tive. Não queriam me atender pois não tinha um endereço fixo. Tive que ser muito insistente para que me ouvissem e me dessem a devida atenção. O psiquiatra queria que eu tivesse um endereço fixo, ou seja, teria que melhorar sozinho para sair daquela situação para aí sim ser atendido....
Depois do piti que dei o pessoal do posto de saúde me passou o endereço do Cersam, que é referência no atendimento público da saúde mental aqui em BH. Lá mais uma decepção: a enfermeira logo na entrada me olhou e disse que ali não era o meu lugar. Ela fez aquele diagnóstico maluco talvez por eu já estar andando com roupas limpas e ter cortado o cabelo e estar com a barba feita.
É um erro muito grave diagnosticar uma pessoa apenas pela aparência física, afinal uma pessoa pode estar se cuidando mesmo estando mal mentalmente.
Depois do piti que dei o pessoal do posto de saúde me passou o endereço do Cersam, que é referência no atendimento público da saúde mental aqui em BH. Lá mais uma decepção: a enfermeira logo na entrada me olhou e disse que ali não era o meu lugar. Ela fez aquele diagnóstico maluco talvez por eu já estar andando com roupas limpas e ter cortado o cabelo e estar com a barba feita.
É um erro muito grave diagnosticar uma pessoa apenas pela aparência física, afinal uma pessoa pode estar se cuidando mesmo estando mal mentalmente.
Facilidade em conseguir medicamentos
Pela facilidade com que são receitados esses antipsicóticos acredito sim que alguns psiquiatras saiam ganhando com essa situação. Existem maus profissionais em todas as áreas, e na psiquiatria não é diferente. Já vi representante de laboratórios farmacêuticos nas clínicas psiquiátricas e até nos centros de atendimento do SUS. Alguns psiquiatras ganham amostra grátis e provavelmente comissão para receitar determinado medicamento de certos laboratórios. Gostaria de ressaltar que não são todos, mas como disse, em todos os lugares existem pessoas que querem tirar proveito de tudo.
Certa vez, quando estava na fila para pegar os meus medicamentos, vi uma conhecida vibrar de alegria por ter conseguido a receita da fluoxetina sem ter nenhum sintoma de depressão. Ela apenas queria usar esse antidepressivo pelo simples fato de ter como uma reação adversa o emagrecimento. Ela estava com uma aparência muito boa e muito feliz pela oportunidade de emagrecer usando um medicamento que também prometia trazer a felicidade...
Nessa facilidade toda quem sai perdendo é o próprio paciente, principalmente quando recebe no início o medicamento de graça. O psiquiatra oferece a amostra grátis, e, depois de um certo tempo, quando o paciente já está viciado no medicamento, informa que terão que comprar ou então conseguir pelo SUS. E nessa migração da amostra grátis para o medicamento genérico muitos até chegam a surtar, pois existem algumas diferenças entre o medicamento genérico e os chamados originais. Existe uma lei que determina o mínimo de princípio ativo que um genérico deve ter. Os genéricos, por serem mais baratos, acabam usando a lei para colocar o mínimo autorizado. Já vi muitos relatos, e inclusive tenho amigos que, mesmo com a situação financeira não muito favorável preferem comprar o medicamento do que pegar no posto de saúde. Eu mesmo sinto esta diferença no diazepan. Como estou tomando apenas 5mg, resolvi comprar na farmácia, para não ter que ficar dividindo o de 10mg, que é a única opção que tem no SUS. E senti muita diferença, o da farmácia de 5mg me dá mais sono do que os de 10mg do posto de saúde.
Enfim, os antipsicóticos foram necessários no meu caso em alguns momentos difíceis da minha vida. Mas acredito que a informação seja tão ou mais importante do que comprimidos. É como um jogo de futebol, onde temos que conhecer o nosso inimigo para termos uma estratégia de jogo para obter um bom resultado. Jogar contra um adversário desconhecido pode nos trazer muitas surpresas. Mas, depois que a tempestade passou consigo levar a vida, não tenho o que gostaria de ter, que é aquela velha tranquilidade e paz que tinha antes, quando conseguia sair na rua, ir ao um show e me divertir sem pensar que as pessoas estão me olhando ou tramando algo contra a minha pessoa. Não acredito que um medicamento irá conseguir fazer esta cura sem me deixar dopado. Vencer a esquizofrenia é estar curado, ou seja, a cura é a remissão de todos os sintomas ao ponto da pessoa não precisar mais de medicamentos. Se ainda precisa de remédios é por que não houve cura ou vitória, e sim apenas um “controle” nos sintomas diminuindo os níveis de dopamina, que é um neurotransmissor necessário ao nosso bem estar.
Já vi psiquaitra comparando a esquizofrenia à diabetes. Uma comparação infeliz, pois são doenças totalmente distintas. A esquizofrenia é na mente e no cérebro, diabetes é no fígado, o que não deixa de ser também muito dramático, por causa das complicações que a diabetes causa. Mas essa comparação só reforça a minha convicção de que querem simplificar a esquizofrenia à um simples desequilíbrio químico do cérebro, que seria facilmente resolvido com os antipsicóticos. Estão retirando as causas psicológicas desse transtorno, o que é algo extremamente prejudicial ao verdadeiro tratamento, que não é somente à base de medicamentos.
E não é só eu que acho isso, o prêmio nobel de medicina também tem essa opinião.Vejam um trecho de uma entrevista dele:
"Sir Richard, em entrevista, denuncia o que parece evidente para todos, mas raramente é dito em alto e bom som por uma autoridade: é a própria indústria quem detêm o progresso científico. Sua principal questão é o quão ético e correto pode ser uma indústria com a importância da farmacêutica ser regida pelos mesmos princípios e valores que o mercado capitalista. O hábito de gastar centenas de milhões de dólares anualmente para em pagamentos à médicos para que promovam seus medicamentos torna a prática da indústria algo semelhante às práticas da máfia."
Fonte: https://www.hypeness.com.br/2016/08/medicamentos-que-curam-nao-sao-rentaveis-e-portanto-nao-sao-desenvolvidos-diz-nobel-de-medicina/
Outra referência interessante sobre esse tema tão polêmico é o documentário "DIÁLOGO ABERTO: FINLÂNDIA, que aborda o tratamento da esquizofrenia neste país, onde são obtidos os melhores resultados do mundo. E lá apenas 15% usam antipsicóticos, sendo que metade com o tempo acaba parando devido à melhora. No Brasil os psiquiatras afirmam categoricamente que esses medicamentos terão que ser usado pelo restante de nossas vidas, como podem ver na imagem abaixo:
E não é só eu que acho isso, o prêmio nobel de medicina também tem essa opinião.Vejam um trecho de uma entrevista dele:
Prêmio nobel de medicina afirma que medicamentos que curam não são produzidos pois não geral lucros |
"Sir Richard, em entrevista, denuncia o que parece evidente para todos, mas raramente é dito em alto e bom som por uma autoridade: é a própria indústria quem detêm o progresso científico. Sua principal questão é o quão ético e correto pode ser uma indústria com a importância da farmacêutica ser regida pelos mesmos princípios e valores que o mercado capitalista. O hábito de gastar centenas de milhões de dólares anualmente para em pagamentos à médicos para que promovam seus medicamentos torna a prática da indústria algo semelhante às práticas da máfia."
Fonte: https://www.hypeness.com.br/2016/08/medicamentos-que-curam-nao-sao-rentaveis-e-portanto-nao-sao-desenvolvidos-diz-nobel-de-medicina/
Outra referência interessante sobre esse tema tão polêmico é o documentário "DIÁLOGO ABERTO: FINLÂNDIA, que aborda o tratamento da esquizofrenia neste país, onde são obtidos os melhores resultados do mundo. E lá apenas 15% usam antipsicóticos, sendo que metade com o tempo acaba parando devido à melhora. No Brasil os psiquiatras afirmam categoricamente que esses medicamentos terão que ser usado pelo restante de nossas vidas, como podem ver na imagem abaixo: