sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Divagações Esquizofrênicas-14

Estrada real: lá vou eu!!!

saudades dos marcos da estrada real....
    Depois de três anos e alguns meses irei voltar a pôr os pés novamente nos caminhos da estrada real. Isso mesmo! Disse pôr os pês, pois as lembranças dessa minha aventura nunca saíram de minha mente aventureira desde que conheci o caminho, em meados de 2012. Antes de conhecê-la realmente, fiquei um ano viajando virtualmente na internet, em busca de informações e dicas sobre como percorrê-la. E, claro, tomando coragem também, pois hoje em dia o mundo está muito violento.  E a gota d'água para abdicar do conforto do meu quartinho e sair viajando por aí foi o inferno que se transformou o local onde eu morava, em Ipatinga, devido à "expansão" do crack. Apesar de pagar um aluguel relativamente barato e ter um quarto razoável, não tive dúvidas em comprar a mochila e a barraca e cair na estrada. E foi paixão à primeira vista pelos vales e montes da minha querida Minas Gerais.
    Gostei demais das minhas andanças pelos estados do Espírito Santo e São Paulo, mas a simplicidade e a receptividade do povo do interior de Minas Gerais não tem igual. E pão de queijo também né? O problema no dedão do meu pé esquerdo ainda continua, mas já deu uma boa melhorada depois que comecei a usar um tênis super macio e com a numeração um pouco maior do que a uso costumeiramente (uso o número 41, mas o vendedor me passou um tênis de número 43 e ficou muito bom, não apertando o dedão que está com problemas).
    Então passei a pesquisar no "Dr. Google" alguns exercícios de fisioterapia para os joelhos que é a articulação que está mais sofrendo no momento pelo fato de ter que andar sem forçar o dedão problemático. A cada dia que passou estou sentindo menos pressão no joelho e também menos dores musculares quando vou almoçar no restaurante popular, aqui "pertim" de casa. Deve dar quase 4km na ida e volta, mas como todo bom mineiro que sou... 
    Infelizmente a realidade está sendo essa: estou conseguindo melhores resultados com o “Dr Google” (com letras maiúsculas mesmo) do que com o próprio sus (merece letra minúscula). E o engraçado é que quando vou consultar com esses médicos tenho que ouvir que não é para acreditar em tudo o que vejo na internet.... Oras, se os próprios médicos não nos dão atenção e não dialogam com a gente... É um pouco contraditória esses dizeres dos médicos do sus. Quando vou consultar, a impressão que tenho é que a consulta é um grande favor, e que estou ganhando e não a pagando com os impostos do dia a dia. Claro que existem bons profissionais no sus, mas infelizmente estão cada vez em menor número. Me lembro bem quando consegui a minha primeira consulta com o ortopedista em razão do meu problema no dedão do pé, e foi uma grande frustração:
    - Isso é coisa da idade mesmo... - me disse o maledito, ao ouvir o meu breve relato sobre a situação do meu dedão,  sem ao menos dar uma olhada no meu pé... E olha que naquele dia usei meia limpa e caprichei no banho de manhã.
    Assim como não me entreguei e não me entrego na luta pela minha saúde mental, também não irei me entregar na luta pela minha saúde física e pelo simples direito de ir e vir. Confesso que tentei o pior quando o meu tornozelo ficou bastante inchado pelo fato de estar andando incorretamente. Me lembro daquele dia, foi um domingo e o meu tornozelo doía muito, mal dava para andar. Supliquei uma muleta nos grupos do facebook e fui para a UPA por volta das onze horas da manhã. Fui transferido para um hospital e voltei sem nenhuma melhora por volta da meia noite. Havia saído do hospital com a agulha do soro “milagroso” ainda no braço, sem o pessoal da segurança perceber, pois estava com blusa de frio. Mas, para o meu azar ou sorte, quando cheguei em casa o sangue havia coagulado e não seria mais possível deixar o sangue se esvair até a última gota. Acho que não iria estar aqui escrevendo estas linhas se o sangue não tivesse coagulado.
     Mas deixemos as coisas tristes para trás. Estou fazendo a minha fisioterapia e confesso que está dando melhores resultados do que a que fiz com as “profissionais” no centro da cidade. Lá o atendimento é padronizado em dois modelos: quem estava imobilizado devido à uma cirurgia ou fratura e a fisioterapia dos idosos. Somente isso. Os exercícios eram passados e as profissionais ficavam no zap zap boa parte do tempo. E nada de diálogo e atendimento individualizado. O jeito então é seguir a minha fisioterapia, ouço o que o meu corpo está querendo me dizer e ai vou dosando a carga.
     Depois da fisioterapia, irei começar a fazer alguns exercícios mais leves com aqueles aparelhos coloridos que a prefeitura de Belo Horizonte coloca nos parques, praças e outras áreas. A maior parte das pessoas que fazem estes exercícios são da terceira idade, me sinto um pouco estranho no meio deles, mas o bom que já vou me acostumando e aí não será um impacto tão grande assim que chegar a hora de ficar somente nesses aparelhos.
    Assim que começar a fazer os exercícios com certa fluidez, passarei a correr, ou melhor, a trotar e depois sim a correr. E ai logo depois irei fazer os exercícios um pouco mais puxados, para estar em forma para pegar a mochila (11kg) e pôr os pés na estrada.
cachoeira Tabuleiro, no caminho dos Diamantes, com 273m de altura, é a segunda maior do Brasil...

    Creio que em dois meses estarei pronto para percorrer sem sofreguidão os belos caminhos do meu estado. Claro que tem um pouco de sofreguidão sim, afinal estamos em Minas e são muitas serras. Além das intermináveis subidas e descidas, tem o calor, o frio, a chuva, as trilhas... Mas confesso que foram os melhores perrengues que já enfrentei em toda a minha vida. Quero suar, correr, andar, pular na água (não sei nadar), Quero ganhar água gelada quando estiver sedento no caminho e avistar uma simples casinha na beira da estrada de terra e "trocar dois depois de prosa" com o povo do interior das minhas Minas Gerais. Me lembro das minhas risadas quando me perguntavam se eu estava pagando promessa ou fazendo penitência ao me verem com a mochila nas costas....
    Missão dada é missão cumprida! Fiz apenas dois dos quatro caminhos da Estrada Real. O tempo é implacável e, se bobear, não vai dar tempo de terminá-los. Já inventaram um quinto caminho, chamado de "Caminho religioso", que é basicamente o Caminho Velho, só que incluíram algumas cidades, começando na "devotíssima" cidade de Caeté-MG e terminando em Aparecida do Norte, em território paulista. Sei que estou correndo um risco do meu pé piorar ainda mais no caminho, mas estou sentindo que pelo sus não irei conseguir nada. Não sei se irei me acostumar a conviver com essa dor no pé, mas vamos lutar.
    Então é isso pessoal, acredito que em alguns meses estarei postando não mais nesse quarto onde estou morando atualmente e sim em uma lan house em uma cidadezinha ou povoado do interior de Minas Gerais.
    Irei fazer os dois caminhos restantes de uma vez só. O Caminho dos Diamantes, (395km) que começa em Diamantina e termina em Ouro Preto, e o Caminho Novo (515km) que começa em Ouro Preto e termina em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Claro que irei dar uma parada de alguns dias em uma pacata cidade qualquer para descansar minhas canelas, pois não sou maratonista e a minha intenção não é chegar logo "nos finalmente"* e sim  ter esse contato maior com a mãe natureza. Vou sentir saudades da minha caminha, do meu home theather, do notebook, do ventilador que ameniza o calor da tarde, de poder tomar banho na hora que der vontade, de poder usar o banheiro assim que der vontade também. Sentirei também muitas saudades dos filminhos que assistia pela internet na TV, graças ao bendito cabo HDMI, que, para mim, é a maior invenção do século...
Só espero que o meu anjo da guarda não peça aposentadoria depois que resolvi voltar as minhas andanças....

* estou começando a falar como o Odorico Paraguaçu, estou assistindo a novela "O Bem Amado"de 1973. Me lembro que era bem pequeno, mas não perdia um capítulo.

A consulta com o ortopedista consegui gratuita com um particular. E ele recomendou usar uma palmilha especial para proteger o dedo com problema. Ela custa 200 reais. E, caso não o problema não seja resolvido, a solução definitiva será a cirurgia mesmo.

o halux está mais do que rigidus, está detonado mesmo, e o jeito vai ser entrar na faca mesmo. Mas com halux ou sem halux, vou fazer o caminho da estrada real. Esses médicos que me atenderam não sabem o que é andar mais de dois anos com dores do dedão do pé e na musculatura toda e articulações. 
    Essa é a situação do meu halux rigido. Infelizmente só o halux que anda rígido ultimamente por aqui, pois estou numa pasmaceira danada. Mas com halux ou sem halux vou terminar de fazer os quatro caminhos da estrada real. Esses médicos do sus não sabem o que é andar por mais de dois anos com dores no dedão do pé, na musculatura e nas articulações e vendo sua saúde ir por água abaixo lenta e gradativamente.
   Pode parecer um simples problema, mas não é. O problema é o local onde está o problema, que é uma importante articulação, sempre a usamos ao dar um passo. E então ando de uma forma errada, para não sobrecarregar e detonar ainda mais a articulação. E ai o corpo cobra:a musculatura da perna dói um bocado e as articulações também. No começo não era visível o problema, mas com o tempo as coisas foram piorando e o dedão está um pouco deformado, como se pode ver na imagem acima.
E é literalmente uma bola de neve, pois engordei três quilos  e meio devido ao sedentarismo. E com o aumento de peso, as articulações sofrem ainda mais.
Algumas pessoas se ofereceram para ajudar no pagamento da consulta, mas já retirei a postagem em que pedia ajuda, pois, como já relatei, consegui uma consulta gratuita com um especialista dos pés super gente boa. Quem ainda estiver em condições de me ajudar entrem em contato comigo pelo email ou pelos comentários do blog.
juliocesar-555@hotmail.com

sábado, 14 de janeiro de 2017

Ser rockeiro e a violência de hoje em dia

Todo dia é dia de rock!!!

  Este é um blog sem fins lucrativos, didáticos, ou outro motivo parecido qualquer. Se estou ajudando as pessoas com as minhas divagações, me sinto muito feliz por causa disso e isso me motiva a continuar nessa luta para que um dia esse distúrbio chamado esquizofrenia seja visto com outros olhos pela sociedade. 
   Há alguns anos atrás, uma pessoa me enviou um email com uma proposta para que eu escrevesse algo para ela, (talvez artigos) sobre vários temas Recusei e agradeci. Recusei, pois desde pequeno sempre gostei da liberdade. A liberdade de pensar, de agir, enfim, de ser eu mesmo. E de poder escrever o que tenho vontade de escrever, é claro. Tudo isso, além de tudo, é uma ótima terapia para mim. Todo mundo deveria experimentar fazer um tipo de terapia que lhe agrade, independentemente ou não de ter algum tipo de transtorno mental. 
   Então esse blog não tem muitas regras, os títulos podem parecer um pouco estranhos, as postagens mais ainda. Não me preocupo muito com os títulos e os motores de busca do google. Posto o título que aparece logo em minha mente. Assim também são as postagens, parece que baixa um espírito em mim e eu saio "psicografando" tudo no caderno. Faço apenas uma ou duas pequenas revisões para ver se o texto está "entendível" e depois jogo no word para corrigir alguns erros de português. Até hoje me espanto quando alguém me diz que escrevo bem. 
    Mas então por que esse título desta postagem? Qual a relação de ser rockeiro com a violência de hoje em dia? Na minha opinião, nenhuma, mas talvez para alguns isso possa ter tenha alguma relação meio que surpreendente. 
    Vou tentar explicar. Na década de 80, com o “advento” do primeiro Rock in Rio, as pessoas que curtiam um som pesado passaram a serem conhecidas por “metaleiros”, graças a influência midiática da poderosa rede globo. Oras, metaleiro é quem trabalha na usina siderúrgica, ou quem trabalha com panelas de aço, etc.... Mas, depois daquele Rock in Rio no Rio de Janeiro tudo mudou. Digo Rock in Rio na cidade maravilhosa por que o evento foi um sucesso tão grande que agora tem rock in rio até em Portugal (não duvido que já tenha até na China!). 
    Então, depois disso tudo, os rockeiros passaram a serem conhecidos como metaleiros e rotulados como pessoas que não eram muito chegadas ao “furadinho” (chuveiro), que andavam sempre sujos, com roupas rasgadas e que também eram chegadas nas coisas do “tinhoso”. 
     Metaleiro, naquela época, era sinônimo de cachaceiro, drogado, pervertido, etc...  
    Comecei a virar rockeiro por influência de um amigo de escola, que era muito inteligente. Não éramos os nerds da sala, nem os mais comunicativos e engraçados, na verdade não nos encaixávamos em nenhuma  tribo da turma: a dos mais inteligentes, a dos mais bagunceiros ou a dos mais comportados. Enfim eram uns quatro ou cinco caras que só sabiam falar de rock e outros assuntos diferentes do resto da turma. Ele me apresentou o som pesado das bandas daquela época: Scorpions, AC DC, Black Sabbath, etc...
     Então passei a adolescência curtindo esse som visceral, e, para me sentir um “metaleiro” de verdade,  comecei a deixar o cabelo crescer, a andar com calças jeans rasgadas e com aqueles braceletes que mais pareciam coleiras de cachorro cheia de espetos. E, claro, não podia deixar de andar com camisa preta com caveira estampada. Sempre pensava que, para ser considerado no meio da turma dos rockeiros, tinha que necessariamente ter cabelo grande. Me sentia um intruso na turma quando tinha cabelo curto e ficava no meio da galera rockeira aqui de Belo Horizonte.
na minha cabeça todo rockeiro tinha que ter necessariamente cabelos grandes
     E comecei a beber também, ou melhor, a fingir que bebia e também a fingir que estava bêbado. Na minha cabeça metaleiro para ser metaleiro de verdade tinha que beber, e muito.. Tinha que ser muito doido, esses lances ai, né? Mas meu estômago não era muito forte para bebidas destiladas e quase sempre devolvia tudo o que bebia. Ficava arrepiado só de sentir o cheiro daquelas cachaças baratas de supermercado. Acho que a única coisa que a bebida fez de bom em mim foi expulsar uma lombriga enorme que habitava o meu intestino. A cachaça que serviam aos metaleiros na Savassi era tão ruim, mas tão ruim que vomitava tudo em pouco tempo e nem a lombriga aguentou e resolveu dar o fora do meu estômago, dando um salto mortal assim que abri a boca depois de beber uma cachaça bem amarga de um barzinho na Savassi, o bairro onde a noite é bem agitada aqui na capital mineira.
Na verdade nem sei se esse fato é verídico ou não, pois, das poucas vezes em que consegui beber muito, tive uma espécie de amnésia e não conseguia me lembrar de nenhum fato da noite anterior.
    - Nossa, ontem você estava doido demais cara!-me falavam...
    - É que eu tava "chapado" demais...- tentava explicar.
    E essa desculpa de estar chapado eu também dava quando fazia um teatrinho e fingia estar bêbado, assim tinha um pretexto para extravasar e colocar todas as minhas "loucuras" para fora. Me lembro que ganhei dois pares de ingresso de uma produtora de teatro, pois havia feito um discurso em prol da cultura, me fingindo de bêbado, é claro. Mas, ela, acho que por entender de teatro, sabia que eu estava "de cara", mas gostou tanto da minha atuação que resolveu me contemplar com o par de ingressos. 
    O movimento heavy metal em Belo Horizonte na década de 80 e 90 foi muito forte mesmo, uma referência nacional. Dizem que esse movimento foi o mais influente de todo o país. Algumas bandas aqui da capital mineira fizeram e ainda fazem  muito sucesso no exterior. Vide a banda Sepultura, que é mais conhecida lá fora do que em nosso próprio país. 
    Me lembro como se fosse hoje  daquele tempo, da turma do rock que se encontrava na Savassi, aqui em Beuzonte. A Savassi era o point dos mauricinhos e patricinhas de BH, só caras com roupas de marca, lindas garotas, carros luxuosos, etc. E aquela galera de preto no meio. Não éramos bem recebidos nos bares, um ou outro que aceitavam nos vender alguma bebida. Mas a verdade é que não consumíamos quase nada, sempre fazíamos uma vaquinha para comprar umas garrafas de cachaça barata no supermercado e ai íamos ao bar para tomar com coca cola. Era muito ruim, mas eu tomava, para fazer parte da turma e não ser chamado de careta. 
    Já chapados, pegávamos um ônibus até o alto da avenida Afonso Pena, para escalar a serra do curral, o ponto mais alto da capital mineira. Só tentei fazer isso uma vez, mas, como estava um pouco bêbado e escorreguei,  tive que voltar, pois alguns trechos são perigosos para se escalar de noite. 
   Éramos temidos e um pouco rejeitados pela sociedade na época. Imaginavam que éramos satanistas, pervertidos, etc. Mas posso dizer que os caras eram pessoas comuns, adotavam aquele visual mais como uma maneira de protesto mesmo, sei lá. No meu caso foi uma forma de dizer que era diferente mesmo da maioria das pessoas. Claro que existem bandas que se dizem satanistas, com letras dedicadas ao "tinhoso", mas creio que isso seja mais uma estratégia de marketing. Quem é realmente chegado no “demo” prefere manter o anonimato. Aliás até hoje não vi coisa mais demoníaca do que um baile funk... 
   Esse documentário abaixo fala um pouco como foi o movimento metal aqui em BH. Alguns vídeos podem ter algum tipo de problema e não serem visualizados aqui no blog. Caso este problema aconteça, é só clicar no link abaixo do vídeo que poderá assisti-lo no youtube.

      Resolvi ser rockeiro não por influência da mídia. O som das guitarras distorcidas, ao contrário do que a maioria pode pensar, me acalma e me dá energia na hora de fazer uma caminhada ou uma pequena corrida. O nome já fala tudo, guitarra elétrica, nos dá energia. No meu caso em particular só não me sinto bem ouvindo rock quando estou andando no meio da multidão e com mania de perseguição, ai, nesse caso, procuro escutar algo mais relaxante mesmo. 
   Também acho que desde pequeno tenho essa mania de não seguir as tendências, sou da turma do só para contrariar mesmo. Na época o que rolava nas rádios era o som do Michael Jackson que estava no auge. Não adiantava fugir, em qualquer lugar se ouvia as músicas dele, apesar de ainda não haver esses carros com sons superpotentes. Era no bar, na escola, no vizinho, sempre tinha alguém ouvindo no radinho ou naqueles sons 3x1 o som do rei do pop. O engraçado é que, hoje em dia tenho algumas músicas dele no meu cartão de memória e ouço numa boa. 
    Mas, voltando ao título da postagem, o que o rock tem a ver com a violência dos dias atuais?
Hoje em dia, no Brasil, quando menos “emperiquitado” você andar, melhor é. Nas grandes cidades não se pode nem mais acessar o celular no centro. Até andar com réplicas está sendo perigoso, já que são bem parecidas com os produtos originais. 
    Me lembro que, quando tinha uns 17 anos, quase sofri um assalto. Não passou de uma simples tentativa de assalto graças ao meu visual de “metaleiro” que adotava naquela época. Quando os quatro carinhas me abordaram “pedindo” uma grana, não tive dúvidas em mostrar a minha velha calça jeans rasgada e o meu velho tênis. 
    - Olha a minha situação cara...
    Os meliantes, ao olharem minhas vestimentas demostraram um olhar de desânimo e piedade, só faltando me dar uns trocados para tomar umas cachacinhas...
    Estou morando há quase dois anos aqui em Belo Horizonte. Procuro andar da melhor maneira possível, dentro das minhas possibilidades, é claro. E já notei que alguns caras tentaram se aproximar de mim de uma forma estranha, já que geralmente ando distraído pelas ruas ouvindo músicas no fone de ouvido na maior altura. Isso serve para me desconectar do mundo, diminuindo assim as minhas paranoias e as chances de pensar que estou ouvindo alguma voz. Com certeza tentaram se aproveitar da minha distração para levar o meu celular, mas, não sei o que acontece, geralmente sinto a presença de alguém se aproximando e assim o meliante fica sem reação. 
    Por falar em celular, detesto os modernos, esses de toque: a bateria acaba rapidamente, não pode cair no chão, a tela arranha, e é difícil pra caramba para digitar. E sem contar o medo que adquirimos de ser assaltado quando andamos com um celular desses no bolso. 
    Por causa dessa situação é que me lembrei do meu visual de metaleiro que adotei na minha adolescência. É uma boa tática para não ser importunado por esses meliantes. Dá vontade até de deixar crescer não só o cabelo, mas a barba também, para ficar com cara de mau. E, claro, voltar a andar com as velhas calças jeans rasgadas. Ah! E a camisa preta, de preferência com uma enorme caveira estampada na frente. 
     Infelizmente hoje em dia está sendo melhor ser confundido com um meliante e correr o risco de levar uma geral da polícia do que ser “abordado” pelos bandidos que estão infestando as ruas das grandes cidades. Ser confundido com um meliante faz com que o próprio meliante nos reconheça como um concorrente e não como uma vítima em potencial. 
   Mas, como disse no início, o blog é um blog estranho, despretensioso, sem fins didáticos. Essa foi apenas mais uma de minhas postagens malucas, que começa com um tema e vai passando por outros. Mas ser rockeiro não é uma moda, não é um modo de se vestir. É sim um estado de espírito, é ter atitude e personalidade. É saber sentir a música, pois o rock tem notas musicais sim, ao contrário de “alguns estilos” E, além das notas, tem conteúdo sim, basta olhar e analisar algumas letras das principais bandas desse estilo que marcou e ainda marca gerações inteiras. 
    Dizem que os rockeiros são mais inteligentes, várias pesquisas apontam isso. E quem sou eu para duvidar dessas pesquisas.... 

vocalista do Metallica no show e durante um passeio no shopping...
E dando uma canja na apresentação de sua filha....
   E ser rockeiro não quer dizer ser radical, o rockeiro também ouve outros estilos, tem sua maneira de ser vestir e tem personalidade própria e única. Rótulos são criados para desunir as pessoas, 
classificando-as, assim como fizeram com os metaleiros. 
   O dia do rock é comemorado oficialmente  no dia 13 de julho. Mas é apenas uma data simbólica, sendo comemorado mesmo no Brasil. Afinal todo dia é dia de rock, de música, independente de estilo, mas desde que tenha notas musicais e letras que te fazem pensar ou refletir, e, por que não, simplesmente nos divertir.
    Abaixo o som de uma das minhas bandas prediletas, Dream Thater, que é um metal progressivo, com sons de teclado misturados com os de guitarras distorcidas. Mas tem metal e rock para todos os estilos: o próprio heavy metal, o speed metal, o black metal, o power metal, e tem até as músicas românticas também, falando de amor, pois rockeiro também ama e namora como qualquer ser humano...
tem até igreja evangélica que usa o heavy metal durante os cultos
http://musica.uol.com.br/noticias/efe/2017/01/12/crash-church-a-igreja-que-passa-a-palavra-de-deus-ao-som-de-heavy-metal.htm




Dream Theater - The Eneny Inside

Eu fecho meus olhos pra não aproveitar
Três dias de dor sem dormir
Desejo que essas folhas poderiam me sufocar enquanto espero
Eu amo os cortes que fazem linhas
Organizados em bonitos desings
Eu luto com o lado afiado de uma navalha
Isso não é certo eu não posso escapar da escolha que fiz

Última chance de me pegar através da noite
Última dança com a mulher de vestido branco
Eu me perdi eu perdi minha alibis
Última chance de alimentar meu inimigo interior

Está ficando mais difícil de inalar
Uma solução rápida para limpar meus segredos
Olho morrendo aos poucos e parando de enrolar a segunda mão
Isso vira horas em dias
Atrás da luz do sol minha vida some em cinzas
Sozinho novamente com uma navalha
Isso não é certo eu não posso escapar da escolha que fiz

Última chance de me pegar através da noite
Última dança com a mulher de vestido branco
Eu me perdi eu perdi minha alibis
Última chance de alimentar meu inimigo interior

Está quieto agora
Como os momentos depois do assassinato
O mais jovem dentro de mim
Não pode acreditar nas coisas que ele viu hoje a noite
Cara a cara eu estou gritando para mim
Cara a cara e estou gritando para mim por ajuda

A noite
A noite
A noite
A noite
A noite
A noite
A noite

Última chance de me pegar através da noite
Última dança com a mulher de vestido branco
Eu me perdi eu perdi minha alibis
Última chance de alimentar meu inimigo interior
Dentro de mim

Última chance de me pegar através da noite

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Agradecimentos

     Quem acompanha o blog sabe do perrengue que estou passando por causa de uma lesão no dedão do meu pé esquerdo (hallux rigidus) O texto do link está em inglês, mas é só usar o navegador google chrome para traduzir. E quem tem estômago fraco não veja a última imagem da página.
   Estão sendo os anos mais difíceis de minha vida. Mais complicado até do que em certos momentos quando estava surtado, quando a esquizofrenia apareceu de vez em minha vida, por volta do ano de 2002, quando estava com 32 anos de idade e prestes a completar 33 (seria o complexo messiânico?)
     Muitos podem se assustar com essa afirmação, mas vou tentar explicar. Quando estava surtado, fora da realidade, passei por muitos perrengues, mas, como mesmo acabei de afirmar, estava fora da realidade, parecia que o meu cérebro havia "desligado" alguma região relacionada à dor física, pois não recordo de sentir muitas dores quando estava surtado, apesar de ficar vários dias perambulando pelas estradas aqui de Minas Gerais. E o mais estranho de tudo isso é que estava sem me alimentar. E, nas poucas vezes em que o fiz, logo vomitava tudo o que havia comido, pois sempre ouvia uma voz dizendo que o alimento estava envenenado. E o fato de estar fora da realidade não nos deixa pensar e nos preocupar com coisas que geralmente preocupamos quando estamos "normais": horários, higiene, alimentação, o que os outros estão pensando da gente, etc... Afinal, quem iria pensar nessas coisas tendo a certeza em sua mente que apenas o mundo inteiro está te perseguindo?
    O que estou passando no momento é pior do que aqueles dias de surtos e sustos.  O que estou passando nos postos de saúde e nos hospitais é pior do que qualquer perrengue que já passei nas ruas. Tudo começou pelo primeiro "atendimento" que tive logo depois que "trupiquei" em uma raiz de uma árvore em um parque ecológico. O local ficou inchado e me preocupou bastante, apesar da dor ser suportável. Mas o médico sequer examinou o  meu pé e apenas recomendou passar água morna no local. Saí do posto de saúde desolado, sem saber o que fazer. Consulta particular, nem pensar... O jeito foi esperar o tempo resolver mais esta dor que estava sentindo. Sempre fui de praticar esportes, jogar o meu futebolzinho, e contusão não era novidade para mim.
    Só que desta vez o senhor tempo não curou esta dor, que foi piorando com o passar dos meses. A minha qualidade de vida estava caindo bruscamente e então resolvi tentar o atendimento em um outro posto de saúde. Desta vez o clínico geral foi muito atencioso e me encaminhou para o ortopedista.
    Depois de dois meses de espera, a consulta finalmente havia sido marcada. Estava entusiasmado, afinal seria atendido por um especialista e meu problema seria finalmente resolvido. Mas, que nada, o atendimento foi o pior possível. Para começar, o ortopedista nem examinou o meu pé, e nem me deixou explicar muito o que estava acontecendo comigo. Ele foi logo dizendo que aquilo era coisa da idade mesmo e que não havia muita coisa para se fazer. Me receitou um suplemento para as articulações e fisioterapia.
    A fisioterapia também foi frustrante. Fiz exatamente os mesmos exercícios que as pessoas recém operadas ou imobilizadas (fraturas) estavam fazendo. E não era o meu caso, pois, apesar da dificuldade, sempre fazia um pouco de exercício em casa mesmo, justamente para não atrofiar a musculação. Diálogo com as "profissionais" da fisioterapia, nem pensar. Elas eram monossilábicas, apenas se comprometendo a dizer sim ou não para qualquer pergunta que eu fazia, além de ficarem no zap zap boa parte do horário de trabalho. Na minha opinião, o atendimento tem que ser individualizado, se os problemas são diferentes, o tratamento obviamente também deve ser.
    Então resolvi dar um tempo na insistência e mendicância com o sus até sentir que as coisas estavam piorando, principalmente na perna direita, onde a carga do corpo inteiro se apoia durante a caminhada, já que a perna esquerda, por causa da dor no dedão, está servindo apenas como um apoio.
   E voltei no posto de saúde, desta vez sendo um pouco mais "incisivo" (chato mesmo).  E assim depois de mais alguns meses, consegui uma consulta no hospital da Baleia, aqui em Belo Horizonte. O atendimento também foi decepcionante. . Somos atendidos e entrevistados pelo médico residente, mas quem dá a palavra final é o médico chefe, um senhor de uns 80 anos de idade, que aparenta estar debilitado para exercer essa profissão. Os médicos residentes são atenciosos, mas o médico chefe não leva em conta a opinião deles, e então foi me passado apenas anti-inflamatórios e uma pomada, além de uma tornozeleira. Isso depois de dois anos após a lesão. Ou seja, não surtiu resultado nenhum, apenas um alívio durante o uso dos medicamentos. Um mês depois, voltei para o retorno desta primeira consulta e a situação não mudou: o médico me aconselhou a passar água morna e também a seguir com o tratamento psiquiátrico. Me pergunto o motivo dele ter me aconselhado o tratamento com o psiquiatra, já que em nenhum momento fui hostil ou o tratei de uma maneira grosseira. O que ele não sabe é que, pelo menos no meu caso, o melhor antipsicótico é a atividade física, aquela sensação de bem estar que uma boa caminhada nos proporciona, sem contar que o stress e a ansiedade vão embora depois de uma boa pelada de meio de semana e de final de semana também. Mas nem pude dizer isso à ele, pois o diálogo por ali não é muito praticado.
    Desisti desse hospital e tentei aqui no blog uma consulta com um especialista particular. A consulta custa 500 reais, mas consegui um desconto de 200.
     Cheguei a postar aqui no blog pedindo ajuda, com o número da minha conta e tudo mais. Mas o resultado não foi satisfatório e achei melhor excluir a postagem. Consegui apenas duas doações. Uma anônima, de 50 reais, e uma outra de dez reais. Queria aqui agradecer de coração essas duas pessoas que me ajudaram financeiramente, ainda mais em uma crise como essa em que estamos vivendo. Gostaria de deixar bem claro que ninguém é obrigado a ajudar em nada, pois escrevo este blog e tento ajudar as pessoas por prazer mesmo. Se não fica parecendo criança, quando pede um doce para o colega e não ganha:
    - "Te dei bala né, cê vai ver"...- era assim que eu falava na infância quando um colega não me dava um pedaço da guloseima que ele estava comendo.
     Mas a verdade é que não expliquei bem a postagem. A ajuda não precisava ser de um valor de 50 reais. Calculei o número de seguidores do blog e de visualizações, e, se, cada um contribuísse com 3 reais, rapidamente iria conseguir o valor da consulta e posteriormente o da operação.
     Mas não foi possível, e então voltei a insistir com o sus mesmo. Não posso aqui explicar detalhes, mas espero que dessa vez dê certo. Acho que existe muita gente mandando energia boa para que tudo volte ao normal comigo, mas também acredito que o oposto também ocorra. Caso esta tentativa também não dê certo, vou morar nas ruas novamente, só para economizar o dinheiro do aluguel e assim conseguir a grana para fazer o procedimento cirúrgico. Sei quando a minha qualidade de vida está diminuindo por causa da idade e quando está sendo prejudicada por esta lesão. Mas, para finalizar, gostaria de agradecer a essas duas pessoas que contribuíram e gostaria de dizer que o dinheiro me ajudou a comprar um calçado mais confortável para pode caminhar melhor.
esse tênis é muito bom para caminhadas...

    Foi um perrengue danado achar um calçado legal para esse meu pé com problemas. Na verdade, por causa da deformação no osso, eu teria que comprar o número 42 para o pé machucado e o número 41 (o normal) para o meu pé que está bem. Fiquei na sapataria quase uma hora testando as botas de trilha que estava pensando em comprar. Mas de todas que experimentei, apenas uma me proporcionou uma passada sem muita dor. Fiquei super feliz com o achado, mas, quando o vendedor voltou do estoque, me deu a triste notícia:
     - Essa bota do mostruário não temos no estoque, só temos o pé esquerdo dela...
     O vendedor já não estava mais com aquela cara de vendedor, dava para notar que ele já estava apoquentado com um cliente tão exigente. Então ele me sugeriu um tênis da marca que sempre gostei de usar.  E, para minha surpresa, ficou muito confortável e macio. Quando fui olhar a numeração levei um susto:43!!! Por isso ficou tão aconchegante. Mas, apesar daquele tênis tão grande não combinar muito com as minhas canelas finas, resolvi comprar assim mesmo, para amenizar um pouco a caminhada. O importante no momento é o conforto. E vida que segue... Ainda vou terminar os quatro caminhos da estrada real, nem que seja de muleta... Será uma frustração enorme ficar pela metade.
    Abraços à todos e até a próxima postagem.