sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Blog eclético


Dicas para o seu PC 
    Bem pessoal, hoje não irei falar especificamente sobre a esquizofrenia. Digo especificamente, pois, mesmo querendo falar sobre outros assuntos, essa patologia sempre acaba se intrometendo nos posts e acabo falando um pouco sobre ela, pois, infelizmente, não tem simplesmente deletá-la do meu HD. 
    Mas este post é mais para quem não tem muita intimidade com informática, PC's e notes. Às vezes, do nada, o computador dá uma travada, fica lento e ocorrem outros problemas que não sabemos de onde vieram. Então, o que fazemos? Sem saber o que fazer, levamos o nosso querido aparelho à um técnico(tem gente que prefere dar uma porrada nele). E ai temos que contar com a sorte de encontrarmos um profissioanl e uma loja honesta, pois o aparelho pode estar com um simples problema, mas, infelizmente muitos caras inventam defeitos e cobram uma fortuna. Estudei eletrônica e sei como é isso. Certo dia resolvi testar um técnico desses. Na época tinha uns 22 anos. O meu radinho estava com o transformador queimado, e então pedi para o cara fazer um orçamento e ele inventou alguns defeitos e o preço que ele cobrou dava para comprar um novo... 
   Mas, felizmente existem as lojas inteligentes e honestas, pois a honestidade acaba gerando a confiança e assim se conquista um cliente. 

Avast
       Ano passado, fui para a biblioteca do parque da juventude, em São Paulo, para passar o dia acessando a internet.  Quando liguei o note, um susto. O tempo foi passando e nada da tela inicial aparecer, apenas a tela preta...
    - Pronto! Os caras me venderam um notebook estragado!... foi o que pensei, pois comprei o produto de segunda mão, ou terceira, sei lá... 
    Depois do susto e irritação inicial, consegui me acalmar um pouco e desliguei o note na tecla de liga e desligar mesmo, o que não é muito recomendável, mas não tive outra opção. Liguei o aparelho novamente e, para a minha alegria, o sistema se reiniciou e o querido note estava funcionando normalmente. Resolvi então consultar o Dr. Google digitando no campo de pesquisa:
    - Windows 8 tela preta. 
    Apareceram vários resultados, sendo que a maioria relatava que o problema poderia ser uma incompatibilidade entre o antivírus avast e o sistema operacional da microsoft. Descobri que tinha que fazer algumas configurações específicas na hora da instalação deste antivírus. Resolvi então procurar um outro programa para a proteção do note e, depois de muitas buscas e pesquisas, acabei achando o Panda Cloud Antivírus.
    
    Ele é um antivírus leve e exige menos do PC do que os outros antivírus, pois o sistema dele é cloud, ou seja, "as coisas" desse programa ficam armazenadas nas nuvens. Brincadeiras à parte, esse termo nas nuvens é usado por que o acesso ao programa é feito pela internet, não precisando ocupar tanto espaço no computador e não usando tantos recursos do mesmo, como acontece com outros programas. Hoje em dia nem precisamos instalar programas de edição de fotos, por exemplo. Existem vários sites que fazem isso, usando a tecnologia cloud. Creio que muitos leitores já salvaram alguns arquivos "nas nuvens" através dos serviços de seus emails. Por exemplo, o outlook usa um serviço chamado de onedrive. É a melhor forma de guardar os seus arquivos. Já pensou se o HD de seu note estraga ou então o mesmo é roubado? Como fazer para recuperar as fotos dos melhores momentos de sua vida? Não é difícil usar estes serviços, basta ter uma boa conexão com a internet, e um pouco de paciência, pois o processo é um pouco demorado. Não estamos baixando arquivos, e sim o oposto, estamos enviando os arquivos para serem hospedados nestes serviços. 
    Já pensei em saber como funciona esse esquema de "nas nuvens". As coisas devem estar armazenadas em algum lugar, sei lá. Não tem como ficar nas nuvens. Seria um HD gigante? Afinal, muita gente usa esse serviço, não tem como os arquivos estarem flutuando por ai no espaço...
Mas resolvi deixar de lado essa questão, acho que essa mania de querer saber de tudo sobre tudo é que me ajudou  ficar meio pirado. O meu HD acabou ficando meio danificado pelo de informação e creio que a minha memória RAM também esteja falhando...
   O antivírus Panda, além de ser leve, é bom. Após instalá-lo, fiz uma varredura no note e o programa encontrou quatro vírus que o avast não havia detectado. É um antivírus discreto, é para instalar e esquecer, pois ele faz o resto. O único problema é que no início ele ficava exibindo na tela do note uma propaganda para se adquirir  a versão completa do programa, que é paga, por conter mais ferramentas. Não adianta clicar no x, depois de um minuto a propaganda voltava, mas, felizmente, depois de vários dias, ela parou de incomodar e não voltou mais. 
    E não foi somente a tela preta que me fez desistir do avast. A verdade é que esse antivírus é mais hipocondríaco do que eu, relatando vários arquivos "falso positivo"
    E, para piorar as coisas, ainda tem os sustos que a mulher do avast me dava quando as atualizações de vírus eram atualizadas. Oras, e precisa ficar avisando isso toda hora? Não tem como fazer isso e ficar calada? Será que ela não acha que assusta as pessoas, principalmente quando estamos escutando ou música, ou simplesmente no maior silêncio lendo algo no pc?

    Então, apesar do avast ser quase uma unanimidade entre os técnicos de informática, resolvi baixar e usar o Panda que está até hoje funcionando muito bem aqui no meu note. Não é difícil instalar um programa, só é preciso de um pouco de atenção, pois a maioria deles querem que você instale um monte de outros programas junto. É só ler com bastante atenção e ir desmarcando as caixinhas...
cuidado na hora de instalar programas...


    Na hora de desinstalar os programas, também é necessário um cuidado especial. Se você usar o próprio windows para desinstalar um programa, o que vai acontecer é que o sistema irá acionar o desinstalador do próprio programa, e isso não é nada bom, pois o mesmo irá deixar um monte de coisas e sobras do programa que, juntamente com as sobras dos outros programas irão se juntando e com o tempo podem deixar o seu pc lento. Esses programas às vezes se comportam como nós, seres humanos, ficam magoados quando os desinstalamos e parecem nos dizer; "Ah é né? Eu vou embora, mas você não vai se esquecer de mim nunca mais!" E então deixam em nossos pc's um monte de arquivos inúteis. Mas existe uma solução para esse tipo de problema:  o poderoso removedor de programas Revo uninstaller! Basta baixar e usá-lo, clicando no link(palavras azuis). Esse desinstalador sim resolve o problema, não deixando vestígios do software que foi removido do computador.
    Para finalizar este assunto, vale ressaltar que o melhor antivírus é o próprio usuário. Não podemos sair clicando  em qualquer link de emails suspeitos, que pedem para acessarmos certas fotos, ou então que nos induzem a acreditar que poderemos ganhar algum prêmio ou dinheiro de maneira fácil. Ainda tem as mensagens de "bancos", que, a maioria sabe, são falsas, pois os próprios bancos afirmam que não enviam emails para os seus clientes para fazer qualquer alteração, cadastro, etc. 
quem nunca recebeu email de banco, mesmo não sendo cliente dele? 

    Problemas como esse mostrada na figura acima não tem como resolver de imediato, mas podemos contribuir para que diminuam. Acho que a maioria das pessoas, quando abrem o lixo eletrônico dos emails, fazem o que é mais fácil: esvaziar. Com um úmico clique esvaziam o lixo dos emails. Mas, depois saem reclamando quando no outro dia os mesmos emails aparecem em sua caixa. O que se pode fazer? Bem, existem duas soluções: a primeira é clicar na setinha ao lado de "não é lixo eletrônico> e depois clicar em "tentativa de phishing". 
    Mas é se você estiver recebendo emails indesejáveis, que não sejam tentativas de phishing( do inglês, pescar) você pode simplesmente bloquear e assim não receberá mais o email do endereço citado. Já recebi email de "mim  mesmo", e não tive como bloquear, afinal como nós mesmos vamos nos bloquear? Então é só marcar o email e clicar em tentativa de phishing.
você já recebeu email de você mesmo?



Como converter vídeos do youtube para mp3
    Muitas pessoas não tem intimidades com certos programas e também não sabem como baixá-los. E ás vezes querem baixar aquela música que viu no youtube para colocar em seu celular ou simplesmente armazená-la em seu pc. Um dos programas mais usados para converter vídeos do youtube é o atube cather
   Realmente, esse programa é excelente quando o assunto é baixar e converter vídeos, mas não é a opção mais simples e rápida quando queremos só a música e não o vídeo propriamente dito. 
    Eu uso o youtube to mp3. Não é um programa, é um site que faz todo esse trabalho de uma forma simples e bem mais rápida do que a maioria dos programas indicados para esta ocasião. O procedimento é bem simples: 
1- Abra o vídeo do youtube que você quer converter para mp3
2-Abra uma página em branco do seu navegador e cole o seguinte link do site:
3-Agora, copie a url do vídeo e cole na barra do site youtubemp3 e clique em "convert video". Depois da conversão, é só clicar em download e pronto! Agora você já pode passar a música para seu celular.
obs: já deixo salvo na barra de favoritos o link do youtube e do site para a conversão, então tudo fica bem mais rápido, como podemos conferir no vídeo abaixo:



Navegador: qual o melhor?
    
Opera é um bom navegador
    Bem essa é uma discussão um tanto o quanto complicada, por isso não vou entrar em detalhes, ressaltando que as dicas são para os usuários menos experientes. 
    O mais conhecido é o internet explorer, é óbvio, pois ele já vem instalado no pacote do windows, afinal quem o criou o sistema foi o tio Bil né?
    Mas muitos usuários reclamam que esse navegador da microsoft é um pouco lento e então migram para o google chrome. Mas o navegador da google, com o tempo e as atualizações, foi ficando cada vez mais pesado e passou a consumir muita memória ram, segundo alguns relatos. A alternativa para esse segundo problema pode ser o navegador mozilla firefox que usa um pouco menor a memória ram do pc, mas que infelizmente trava com frequência e não tem a velocidade do chrome. 
    Então, será que existe uma solução alternativa para esses problemas? Um navegador que não se destaque apenas por um quesito, e deixando a desejar em outros itens? Um navegador, podemos dizer, equilibrado?
    A resposta é sim! E o nome do navegador deve ser um pouco estranho para a maioria dos usuários inexperientes: Opera. Apesar de não ser muito famoso, esse navegador não decepciona. Tem um visual legal e moderno, não consome tanta memória do PC e, ainda por cima é veloz, quase se aproximando do chrome nos vários testes realizados. É preciso ressaltar que o teste mais recente do link que coloquei foi o de 2014, e os navegadores estão sempre se atualizando, e podem trazer melhorias, e, em alguns casos, podem até piorar em alguns quesitos. 
    Estou usando o Opera há uns vinte dias e estou satisfeito com o desempenho. A única coisa que me causou estranheza foi o fato dos favoritos e as ferramentas estarem do lado esquerdo da tela, mas, com o tempo acabei me acostumando. Aliás, os favoritos neste navegador recebem o nome de marcadores. 
podemos personalizar a página inicial do Opera

    Mas, e quem não tem muita experiência, como fazer para baixar estes programas? Eu uso e confio no baixaki, que dá todas as indicações de como usar o programa a ser baixado. Uma dica. na hora de baixar: não use o instalador do site baixaki, baixe sem o instalador mesmo, é só prestar atenção nos programas que tentam adicionar outros softwares em seu pc. É só ter atenção e ir desmarcando as caixinhas. Mas o principal atrativo deste site é que os usuários podem postar seus comentários sobre os programas, o que é uma ajuda e tanto para se escolher qual o melhor para as nossas necessidades.
   Para instalar os programas, nunca use a "instalação padrão" e sim a instalação personalizada ou customizada, onde você poderá escolher o que baixar em seu pc. Quem nunca se deparou com um programa ou um ícone estranho em sua área de trabalho? Já ouvi relatos de que um certo programa se "auto instala" do nada. Isso mesmo, de uma hora para outra, ele aparece e é aquela dificuldade de tirá-lo do pc. Sem contar as páginas iniciais que são alteradas...
essa página inicial é uma das mais "intrometidas"...

    Bem pessoal, é isso. Esse é o blog do esquizo, o mais eclético do Brasil. Esquizofrenia, dicas de saúde, curiosidades, dicas de saúde e informática, viagens, conversa fiada, etc. Tudo isto você encontra em um só lugar!
Parece até propaganda de algum produto, shasuahsuashas Mas a verdade é que não ganho dinheiro nenhum com o blog e quase nada com os livros que vendo. Faço isso por prazer, por que gosto de escrever, sempre gostei de ler e escrevo desde os 20 anos de idade. Foi uma pena ter rasgado o que havia escrito antes de surtar, pois só registrava coisas bacanas e engraçadas, mas, infelizmente tive que me  desfazer dos cadernos. Na cidade onde tive os meus surtos, haviam pessoas curiosas que viviam fuçando os meus escritos, e, infelizmente alguns indivíduos que queriam o meu mal acabaram descobrindo o que era um dos meus pontos fracos: a palavra. A verdade é que preferia receber uma porrada no meio do focinho do que ouvir certas coisas. Preferia, por que surtar e passar por certas dificuldades me tornaram uma pessoa mais forte. 
   Como ia dizendo, o blog se chama Memórias de um esquizofrênico e não memórias esquizofrênicas, então, me sinto à vontade de postar outros assuntos. Espero que tenham gostado de minhas dicas de informática para iniciantes e os que não são iniciantes por não levarem jeito pra coisa mesmo. Isso acontece com todo mundo, tem coisas que, mesmo se estudarmos muito e  por muito tempo, não iremos adquirir conhecimentos mais profundos, simplesmente por não gostar ou por não levar jeito mesmo para a coisa. 
    Qualquer dúvida sobre o que foi postado, é só me perguntar nos comentários. Se estiver ao meu alcance responderei com o maior prazer. 
pra tudo se tem uma solução...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Evolução?



Museu da loucura

    Ontem, no meu estado atual de tédio extremo, estava mexendo no controle remoto, procurando algo para assistir no TV. Ia pulando de canal para canal, se nada me satisfazia. O tédio não deixa acharmos graça em nada... Mas, de repente me deparei com a reportagem acima, que relata o sofrimento dos portadores de transtornos mentais nos hospícios, há algumas décadas atrás.
    Realmente o que acontecia naqueles lugares não tinha nada a haver com tratamento. Era uma condenação, uma pena, para quem não se adaptava à realidade daquela época. Impotentes e sem saber o que fazer, os alienistas cometiam verdadeiras barbáries em nome do "progresso" da ciência. 
    Os alienistas do passado até chegaram ao ponto de tentar criar uma lei em que os considerados loucos fossem impedidos  de constituírem famílias. (fonte: "Os delírios da razão"- autora: Magali Gouveia Engel). Mais antigamente ainda, alguns chegaram a pensar que a esquizofrenia era nada mais senão do que um acúmulo de sangue no cérebro. O tratamento consistia apenas em tirar o excesso desse sangue na cabeça. Era comum também colocar os portadores em água gelada...
    Hoje, sinceramente, como portador e estudioso do assunto, posso dizer sim que houve uma boa evolução, mas que não foi tão grande assim.
    Da lobotomia física passamos para a lobotomia química, menos agressiva e reversível. Os medicamentos atuais até que conseguem controlar a esquizofrenia, mas o preço a se pagar é alto demais, fazendo com que muitos desistam do tratamento. Aumento de peso, movimentos involuntários dos músculos, fadiga, sonolência, aumento da taxa de colesterol, glicose e triglicerídeos, são alguns dos efeitos colaterais mais relatados.  Sem contar algo que acho que seja o pior de todos, que é a anulação de nossos sentimentos, a chamada lobotomia química. Assistir os jogos de seu time de coração e não achar graça nenhuma quando ele ganha é terrível.... 
    
reclamações como esta são muito comuns...


    Os antipsicóticos são tão complicados que as reações adversas podem ser confundidas com os próprios sintomas da doença.(li isso em uma bula de um remédio que não me lembro o nome, mas depois vou descobrir para completar o post, pois sempre gosto de citar a fonte). 
    O que fazer então? Não sou a pessoa mais indicada para responder a essa pergunta. Talvez nem exista essa ser na terra. Postei sobre esse assunto em "Remédios: tomá-los ou não tomá-los?. Na minha opinião, isso vai de cada um. Conheço esquizofrênicos que, apesar das paranoias, conseguem ir levando a vida, mas, por outro lado, conheço portadores que, mesmo tomando os medicamentos, às vezes tem os seus surtos e precisam ser hospitalizados.
    Não estou aqui querendo desmotivar ninguém a iniciar ou a parar o tratamento. Conheço também portadores que no início da patologia precisaram tomar doses fortes de antipsicóticos e, que, com o decorrer do tempo, foram diminuindo gradativamente a dose à medida em que se estabilizavam. Isso depende muito do psiquiatra, da equipe que atende a pessoa e, principalmente do portador. Mas, no Brasil, na maioria das cidades, estamos longe de se ter um atendimento digno que possa melhorar um quadro de esquizofrenia. 
    Como não existe uma causa única e definida pra o surgimento da esquizofrenia, também não há um tratamento único para a situação. Cada caso é um caso. Cabe a cada um, juntamente com os familiares, tentar achar um caminho. Na minha opinião, mais importante do que os medicamentos  é o apoio dos parentes e amigos, a ocupação da mente com algo agradável e produtivo, a tentativa de se achar um sentido para a vida, o autoconhecimento, a disciplina e também conhecer a patologia, o que não é uma tarefa fácil. Participo de vários grupos no facebook sobre transtornos mentais, e vejo cada coisa, principalmente de psicólogos(as) que acabaram de se formar e entram para esses grupos a fim de pesquisar e estudar o assunto. Só por que estudaram a teoria por alguns anos se acham os donos da verdade, e não é raro as discussões tolas e improdutivas nesses grupos. Me desculpem os psicólogos, não tenho nada contra a classe, é que, como em todas as áreas, existem os maus profissionais, e, neste caso em específico, esses são orgulhosos e não aceitam a opinião de quem passa por estes problemas, ou seja, o paciente. Na minha humilde opinião, o bom psiquiatra é aquele que se coloca em pé de igualdade com o portador. Depois irei postar sobre o que é uma consulta de via de mão dupla. 
    Já ouvi na net dois psiquiatras afirmarem que a esquizofrenia é como a diabetes: não tem cura, mas se tem o controle. Quem me dera se as coisas fossem tão simples assim na patologia da mente dividida. Não estou querendo dizer que a diabetes seja algo simples, menos dramático. Conheci pessoas com esse problema e sei o quanto é complicado conviver com esta doença. Mas a esquizofrenia, além de ser difícil de se lidar, como já disse, ainda não se tem ainda a descoberta da causa, o que dificulta a solução para uma provável cura. Além de tudo. ainda tem o preconceito da sociedade e o estigma que a esquizofrenia carrega, o que só piora a situação. 
    Os medicamentos não são uma maravilha, como muitos médicos costumam dizer por ai. Creio que o melhor a se dizer a esse respeito seria:
    - É o que temos no momento...
    Assim como atualmente achamos uma barbárie os hospícios de antigamente, torço e espero que em um futuro não muito distante, pensemos o mesmo sobre os medicamentos atuais. No momento, ainda estamos muito longe de se ter um medicamento que controle a esquizofrenia sem ter que se pagar um certo preço para isso. 
    Me desculpem se não agradei a todos neste post. Mas é o que penso e sinto, e também o que passei e ainda passo tentando achar um medicamento que me faça ser como era antes dos surtos, mas que não me faça me sentir um robô. 
    Gostaria de dizer que não faço parte da antipsiquiatria, mas também não faço parte da psiquiatria, simplesmente a minha tribo sou eu...

sábado, 24 de janeiro de 2015

Quarto, doce quarto


Meu cantinho
    Depois de cerca de um mês em meu cantinho, pude chegar à conclusão de que tomei a decisão correta para a situação em que me encontrava (no abrigo e nas ruas).
    Estar em um abrigo, sair por ai viajando tem suas vantagens. A principal delas é a de não ter que pagar aluguel, que come praticamente metade do meu salarinho de aposentado. Sobra mais grana, mas falta privacidade, segurança, conforto, e uma séria de outras coisas. E privacidade é um item essencial para um pacato esquizofrênico. Creio que a maioria dos leitores do blog não devam saber como é ruim e desgastante(mentalmente falando) ter que ficar o tempo inteiro vigiando o celular enquanto o mesmo recarregue suas energias (a bateria). No parque ecológico onde eu ficava a maior parte do dia havia um tomada de energia perto do banheiro. E, quando a bateria estava totalmente descarregada, tinha que ficar cerca de três horas olhando para o telefone.
   A primeira coisa que fiz ao chegar ao meu novo quarto foi instalar a antena de TV. Nem foi preciso ficar ajustando a posição da antena para a recepção dos canais. A imagem ficou ótima em todas as emissoras! E fiquei todo bobo, admirando a imagem digital e conhecendo todas as funções do controle remoto. Nos primeiros dias, estava assistindo a tudo o que aparecia pela frente. Quer dizer, quase tudo né? Alguns programas são tão ruins que nem pagando consigo assistir. Mas esse entusiasmo por um simples aparelho é justificável. Fiquei dois anos andando por ai, sem muito conforto. Sou apaixonado por filmes, documentários, shows, etc. E, afinal, era a minha primeira TV digital né? Se é complicado ir à um cinema, então nada mais natural do que ter uma tela razoável para ver os filmes que mais gosto...
    Nesses dois anos de andanças, sempre quando via uma TV, me imaginava confortavelmente deitado na minha cama assistindo um belo filme. Consegui realizar este desejo, e até consegui realizar um outro, que tinha desde criança, que era de me ver na TV. Conectei o cado HDMI do notebook na TV e acessei o meu canal no youtube. Apesar de não ter gostado muito dos meus vídeos, fiquei me vendo pela TV e realizei mais este sonho. rsrsrsrs
    Também tenho um outro desejo, meio bobo, mas tenho: jogar fórmula 1 na TV. Primeiro tenho que comprar o jogo na versão de 2008, pois o note não tem configurações poderosas. Também tenho que comprar um cabo HDMI de uns seis metros, mais ou menos. E ainda tenho que torcer para que o jogo rode no windows 8.1, pois pode aparecer uma incompatibilidade entre o windows e o jogo. Ah! Que saudades do velho e bom windows xp! Esse pessoal da microsoft poderia inventar um sistema operacional idêntico ao xp, só que com o visual renovado. Essa sim seria a versão ideal do windows!
    O aluguel do quarto é um pouco salgado para mim, mas esses e outros "confortos" são necessários: um banheiro mais ou menos limpo, acordar na minha hora biológica e não às quatro da manhã, estar um pouco mais longe do mundo das drogas(nesse mundo em que vivemos, acho que só nas montanhas do Tibet é que não veremos drogas..).  Já estava com saudades de fazer coisas simples como ouvir música, lavar  roupas na hora que quiser sem ter que ficar vigiando-as até que sequem.,tomar a minha vitamina de matinal (leite de soja, gérmen de trigo, aveia, fibras, linhaça). É uma mistureba que não fica muito gostosa não. Bato todos os ingredientes no liquidificador e tomo tudo em uma golada só. Não adianta colocar leite condensado, frutas, etc.., o negócio é ruim de qualquer jeito. Essa vitamina é outra mania que tenho, mas é uma mania saudável. Creio que, se ficar muito tempo sem ela, poderei ter algum problema de saúde qualquer.
    Também me faz bem ficar longe das conversas sobre crimes e assassinatos, que me parece ser o tema preferido de grande parte do pessoal do abrigo em que estava. Mas, o mais importante de tudo, é o fato de estar sozinho em meu canto. Como "bom esquizofrênico" que sou, isso uma necessidade básica. A paz que a solidão me proporciona não tem preço e vale o sacrifício de ter que desembolsar metade do salário em aluguel. Muitos me aconselharam a morar na favela, pois o aluguel é mais barato. Realmente é um pouco mais em conta, tem quartos bons, etc. Mas, sem querer dar uma de preconceituoso, todo mundo sabe que a droga rola solto nas favelas. Não quero generalizar, pois sei que a maioria das pessoas que moram nas favelas são trabalhadoras, e não teria vergonha nenhuma de assumir se morasse em uma. Mas só quero estar um pouco mais longe desse universo das drogas. Não sou uma pessoa sociável, e, talvez os traficantes do lugar poderiam não ir com a minha cara. E também detesto as gírias do mundo das drogas: "cabuloso, caguete, sinistro, papo reto, boi(banheiro), entre outros. Gostaria de salientar que as drogas estão em todas as classe sociais, basta olhar o meu penúltimo post, sobre o brasileiro que morreu no México por mistura drogas com álcool. Essa é a pior maluquice: o cara tinha boas condições financeiras, tinha família, um trabalho, mas precisava das drogas para se divertir. Esse mundo ainda é muito bonito para precisarmos de drogas.

A paz

    Eu encontrava a paz viajando solitariamente pela estrada real e pelo interior de Minas Gerais. Estradas de terra, ar puro, gente simples e hospitaleiro desse estado tão bacana. Mas, apesar de considerar a vida uma viagem sem passagem de volta, não poderia passar o resto dos meus dias nas andanças. A mochila é pesada, e o colchonete não é muito confortável para se dormir. Apesar desses contratempos, dá uma vontade enorme de continuar a jornada pela estrada real. Não saber como será dia seguinte me dá uma energia e alegria de viver fora do comum. Não sei o que acontece, mas acho que isso explica o fato de conseguir andar cerca de 30km com cerca de 11kg nas costas, ora debaixo de chuva, ora debaixo de um forte sol escaldante. Enfim, é um perrengue bom.
    Mas, não bastou um mês em meu cantinho para que o tédio novamente se instalasse em minha vida. Nada de conhecer lugares novos e diferentes, só saio do meu quartel general para almoçar e já volto correndo. Hoje mesmo(sábado 24/11) aconteceu algo simples, mas que foi meio que trágico para mim. Por volta do meio dia, sai para pegar o marmitex e um bolo. Quando estou bem, não ouço vozes, mas tenho a chata sensação de que todos estão olhando para mim. Então ando apressado e, quando estou há um quarteirão de casa, a sacola de plástico rasga e o marmitex cai no chão, espalhando a comida pela rua. Ai fiquei num dilema: volto ou não volto? Poderia pegar um salgadinho no bar perto de casa e assim voltar para o quarto. Mas penso na minha saúde e então decido voltar ao restaurante e pegar um outro marmitex. O dono do estabelecimento foi compreensivo e me deixou pegar um outro sem pagar, ao ver a sacola rasgada(essas sacolas de hoje em dia não aguentam nada).
    Mas esse simples acontecimento foi quase uma tragédia para mim, estava quase no meu porto seguro, e tinha que voltar ao contato com a humanidade novamente. Juro que a última coisa que pensei foi no fato de ter que pagar um outro marmitex...
    Minha vida agora se resume em assistir TV, ficar no PC, escrever alguma coisa, e não muito mais do que isso. No meu quarto consigo relaxar todos os meus músculos e respirar com tranquilidade. Esses pensamentos de perseguição acabam se refletindo no corpo, ficamos tensos, com a musculatura travada. É um alívio e tanto quando chego ao meu cantinho. Chego á pensar em fazer alguma atividade, até email para a cruz vermelha eu mandei. Quero ocupar a minha mente, pois sei que essa é uma das melhores terapias para várias situações de quem tem algum tipo de transtorno mental. Mas a passagem de ônibus é cara, não dá para ficar quase todo dia passeando de ônibus pela cidade. Queria tentar algo, ser voluntário na cruz vermelha, fazer alguns cursos, sei lá... Mas, já fiz as contas, e o meu orçamento não dá para fazer essas coisas que penso em realizar.
    Infelizmente na capital mineira os portadores de esquizofrenia dificilmente conseguem o passe livre. Em São Paulo percebi que muitos portadores conseguem o bilhete único especial. Quando morei em Ipatinga, consegui esse direito sem maiores burocracias.
    Não sei o motivo, mas percebo que poucas pessoas se preocupam com esse fato aqui em Belo Horizonte. Creio que o passe livre é uma ajuda e tanto para melhorar a qualidade de vida do portador de esquizofrenia. Os "Cersam's" fornecem o vale transporte para quem está fazendo o tratamento nestes locais. Mas a terapia e o tratamento consiste somente em ir à esses lugares, tomar os remédios, almoçar e ficar por lá o dia inteiro, sem fazer nada? Quais são as chances de melhora?
    Mas é isso, talvez alguém possa ter sugerido: " por que esse cara não arruma um serviço e não para de ficar reclamando da vida?" Infelizmente as coisas não são tão simples assim, se estivesse em  condições de trabalhar, eu estaria fazendo isso numa boa. A minha esquizofrenia não tem meio termo: ou são as alucinações, surtos etc, ou então são os sintomas negativos. Um ou outro momento eu me sinto bem fisicamente e mais animado. Mas, no geral, neste momento da minha vida, a apatia e o desânimo tomam conta da minha mente. Se pudesse, estaria trabalhando como operador de som, viajando e trabalhando nas festas. Era isso o que eu mais gostava, e não era somente um trabalho, era a minha diversão e alegria também.
    Como disse, o que pesa hoje são os sintomas negativos. Garanto que ninguém irá me ver em um show, me divertindo e dançando. Já tentei alguns antidepressivos, mas sem muito sucesso. Já até tentei usar a canela para tentar curar uma possível depressão, mas também em vão. O que aconteceu é que fiquei nervoso pra caramba com a ingestão desse condimento. Acho que a canela acelera o metabolismo, ou aumenta a pressão, sei lá.
    Em São Paulo, o médico me convenceu a usar a risperidona para esse caso. Até que nos dois primeiros dias fiquei bem mais animado e alegre, chegando a pensar que se tratava de um milagre da medicina contemporânea. Comecei a fazer musculação com prazer e até pensei em jogar futebol no abrigo arsenal da esperança. Mas, no terceiro dia, a moleza e o desânimo voltaram. Analisei a situação, e cheguei à conclusão de que o ânimo inicial foi motivado pelo excesso no consumo de carboidratos, devido a imensa sensação de fome que a risperidona nos dá. Engordei dois quilos e menos de uma semana e desisti de continuar com este medicamento, apesar de estar meio agitado por ainda não ter me adaptado à capital paulista. Se tivesse continuado, nunca iria conseguir comprar o TV, nem o note  e nem o home theather, pois gastaria todo o meu pagamento com besteiras.
    Mas, voltando à minha vidinha atual, é isso. Cada dia é uma luta, apesar de não aparentar ser. Às vezes chego a cogitar a nem ir almoçar e ir no barzinho em frente e comer qualquer coisa. Mas sei que, se fizer isso, poderei entrar em um caminho sem volta, pois poderei ficar debilitado e com o ânimo cada vez menor para realizar as atividades, como, por exemplo, voltar a fazer exercícios físicos. Todo dia, de manhã, tenho que encontrar forças e motivação para seguir em frente, à procura de algo que, se pelo menos não acabe, diminua significativamente esses sintomas negativos. Não tenho muito esperança na ciência à curto prazo. Talvez surja um medicamento com promessas, mas, os efeitos colaterais são sempre complicados.
    Confesso que já cheguei a pensar a fazer sessões de ECT. "Quem sabe se eu levar alguns "choquinhos" na caixola eu não fique mais animado?" - é o que chego a me perguntar algumas vezes.
Mas, não entendo nada desse tipo de tratamento, mas dizem que atualmente ele é menos agressivo. O máximo que fiz foi perguntar  a quem fez esse tratamento sobre os efeitos, e alguns relataram que se sentiram bem, em relação às paranoias e pensamentos, mas que tiveram a memória um pouco prejudicada. Ai é complicado... Creio que o maior desafio dos pesquisadores não seja controlar os sintomas da esquizofrenia, e sim criar tratamentos que não causem tantos danos, principalmente na parte física e biológica do ser humano.
    Penso em voltar a tomar a sertralina novamente, mas o atendimento no Cersam é tão complicado e dificultam tanto as coisas que já fico mais desanimado ainda só de pensar que tenho que voltar naquele lugar. Demorei cerca de um mês para apenas trocar uma medicação, pois o clínico geral que consulto regularmente não se acha na condição para tal coisa. E acho essa atitude louvável a do clínico, ter a humildade e reconhecer que não tem o conhecimento suficiente para receitar medicamentos para um psicótico, mesmo que este esteja apresentando um certo grau de lucidez. Talvez eu devesse mudar o nome do blog para Reclamações de um esquizofrênico, mas o que eu só quero é um simples diálogo com os psiquiatras quando vou conversar quando mais preciso. Já tive a oportunidade de me consultar com psiquiatras que são bons ouvintes, mas, na hora que mais precisava, nos momentos em que estava prestes a entrar em uma crise, infelizmente esses bons psiquiatras não apareciam. Infelizmente grande parte desses profissionais criam uma distância enorme entre eles e o paciente, e  pensam que a consulta é uma via de mão única, ou seja, quem dita as regras do tratamento são eles, de nada adiantando a opinião de quem está sendo atendido.
    Assim está a minha vida. Não fico parado, sentado, à espera de um milagre, e que, de uma hora para outra os cientistas apareçam com a cura da esquizofrenia em sua totalidade, ou seja, a cura dos sintomas positivos como dos negativos. Procuro pesquisar, testar alimentos, atividades, qualquer coisa que me faça ter um sentido para a vida, o que é de vital importância para uma melhora em uma possível depressão.
 
-obs: está chovendo enquanto escrevo o post. Esse é um conforto que queria desfrutar desde o dia em que me mudei(25/12/2014). Como era ruim quando chovia quando estava na rua! A primeira coisa que pensava era em um quartinho e em uma TV. Mas, depois que me mudei para o quarto, não choveu mais em Belo Horizonte(pelo menos na minha região). Cheguei até a pensar que o Criador também estava me perseguindo...

sábado, 17 de janeiro de 2015

Que droga de droga!!!

o brasileiro que foi encontrado morto no México
    Creio que a maioria dos leitores do blog estão por dentro do assunto que irei tratar neste post, que é sobre o brasileiro que foi encontrado morto no último dia 11 de janeiro, no México.
    O cara da foto é o paranaense Dealberto Jorge Silva, engenheiro e que foi até o país da tequila para o casamento de um amigo e se divertir. Depois ficou por lá para assistir um festival de música e tomar umas tequilas e mais "algumas coisas".
    A princípio, a suspeita era de sequestro, devido à última mensagem que ele passou. Vejam e ouçam a reportagem com o diálogo dele no vídeo abaixo:

    Dias depois, uma russa, que estava em sua companhia na noite do seu desaparecimento, afirmou que o cara havia feito uso de drogas e álcool. Bem, se observamos o diálogo em sua última mensagem, dá para perceber que ele estava bem agitado e ofegante. E o seu diálogo parecia um pouco confuso:
    - "Está todo mundo me olhando...".
    - Estou sendo seguido pela irmã da russa..."
    - "Deu coisa estranha, muito estranha..."
    Ele pediu para chamar a polícia federal e em uma outra mensagem para uma outra pessoa, afirmou que ou seria preso ou seria morto.
    Bem, se observarmos as mensagens, podemos, não com muita dificuldade, constatar que o cara estava muito agitado, mas não por causa de um possível sequestro. Como ela havia usado ecstasy com álcool, provavelmente teve paranoias e mania de perseguição, causadas por essas substâncias.
    Posso dizer isso com certa propriedade, pois, infelizmente sou expert em mania de perseguição e paranoias. A diferença para o cara que morreu no México é que não uso drogas e tampouco pedi para ser assim. Mas isto é um outro assunto. Logo constatei que o cara estava paranoico quando disse: "Está todo mundo olhando para mim."
    Era isso o que eu sentia nos surtos. Ainda sinto isso, mas posso dizer que já me acostumei com esta situação. Mas, nos primeiros surtos e na fase aguda, quase tive o mesmo fim do paranaense. Também cheguei a pedir a proteção da polícia. Fui até uma delegacia e disse para um policial que havia um monte de gente querendo me pegar. O "homem da lei" não deu muita importância ao que havia dito e continuou  sentado na cadeira lendo o seu jornal. E então tive que prosseguir a minha desesperada fuga dos meus inimigos imaginários que só estavam em minha mente.
    Acho que 99% das pessoas adultas sabem que as drogas causam paranoias e outros transtornos mentais. Até um "simples baseado" pode causar esses sintomas. Muitas pessoas argumentam:
" A maconha relaxa, como uma erva natural pode fazer mal à saúde?" Bem, o que não falta por ai são plantas e ervas venenosas e letais. Até a água mata. Se uma pessoa usa o ecstasy, ela fica eufórica e não para um minuto sequer de dançar, e ainda ocorre algumas reações no organismo que leva a pessoa a se desidratar rapidamente. Então o usuário ingere muita água, e, como o ecstasy retem  líquidos no organismo. a pessoa pode morrer por intoxicação por água.
    Conheço pessoas que hoje em dia tomam antipsicóticos e que afirmaram que começaram a ter os sintomas da esquizofrenia depois que passaram a usar a maconha. Mas também conheço pessoas que usam a erva e que aparentemente estão normais. Os hippies são um exemplo disso. Digo os verdadeiros hippies, e não simples artesãos.  Não me lembro de ter visto algum hippie roubando por causa do vício em maconha. Eles se sustentam e sustentam o vício com o próprio trabalho. Talvez isso varie de pessoa para pessoa, você quer provar para comprovar se tem a tendência ou não a desenvolver paranoias com o uso da erva?
   Eu não quero, e também não preciso de drogas. Não tenho vergonha de dizer que sou um careta. Nesses últimos anos, convivi com muitos usuários de drogas, quando passei a ficar um tempo em abrigos. Grande parte dos albergados são usuários de drogas, que não conseguem se livrar do vício. Outros já não ligam para nada mesmo e não querem nem saber de trabalhar: "Pra que trabalhar? Gasto tudo nas drogas mesmo..." Já cheguei a ouvir este argumento de um usuário de crack.
    Os caras que usam drogas chegam a ridicularizar quem é careta. A verdade é que eles precisam de algo para escapar deste mundo, por pelo menos alguns segundos. Eu não preciso disso, sou careta e procuro enfrentar o mundo de cara mesmo, se bem que atualmente prefiro ficar no meu quarto mesmo.
    As drogas estão em todas as classes sociais, o cara que morreu no México é um exemplo. Engenheiro, empresário, tinha grana para se divertir em lugares bacanas. Mas o que essas pessoas querem, afinal? Sinceramente não sei o motivo desse vazio interior, essa busca por algo que não sei explicar o que é, pois nunca tive vontade de usar essas drogas.
 
Consequências do ecstasy 

    -O ecstasy também pode desencadear problemas psiquiátricos, como quadros esquizofreniformes (formas de loucura), pânico (estados de alerta intenso, com medo e agitação) e depressão. Esses problemas têm maior ou menor probabilidade de ocorrer, dependendo das características da pessoa, do momento de sua vida, da frequência e do contexto de uso

    -Os efeitos positivos são as sensações de descontração, de proximidade do outro. O uso esporádico não teria problema, em princípio, não fossem as reações físicas de desidratação e hiperatividade, que podem levar à morte súbita mesmo o usuário ocasional. É como se o organismo passasse a funcionar em velocidade acelerada, daí a desidratação intensa de que o indivíduo não se dá conta por não sentir sede. Do ponto de vista dos efeitos psíquicos, no usuário ocasional (frequência menor do que uma vez por semana), eles não estão presentes. Quanto mais aumenta a frequência de uso, surgem os efeitos negativos que vão de um quadro de ansiedade ou pânico à depressão; algumas pessoas têm paranoia, insônia.

    -Estudos realizados em humanos consumidores dessa droga comprovam a perda da atividade serotoninérgica, que leva seu usuário a apresentar perturbações mentais e comportamentais, como dificuldade de memória, tanto verbal como visual, dificuldade de tomar decisões, ataques de pânico, depressão profunda, paranoias, alucinações, despersonalização, impulsividade, perda do autocontrole e morte súbita por colapso cardiovascular.
   
     Depois de constatar os malefícios do ecstasy, não fica difícil de se chegar à conclusão de que o que aconteceu com o brasileiro no México foi um lamentável acidente causado pelo uso de drogas e álcool. Podemos descartar a tentativa de sequestro e alguma possível desavença com algum traficante, apesar de que no México a situação também está complicada nesta questão. 
    Confesso que às vezes agradeço por ter nascido "meio maluquinho" e não precisar de drogas para aguentar as pancadas que a vida nos dá.

-obs: acabo de escrever este post,  sábado, dia 17. Quando olho para o relógio do pc, vejo que são cinco horas em ponto. Exatamente à 26 minutos atrás, é noticiado que um brasileiro foi executado na Indonésia por causa do tráfico de drogas. Não estou querendo entra no mérito da questão, se essa condenação é justa ou não, mas que a droga é uma droga, todo mundo já sabe...




-Música: "O careta"
- Artista: Roberto Carlos

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Esquizofrenia não é só esquizofrenia

    Antes de começar o post, gostaria de esclarecer novamente que não tenho aqui e em lugar nenhum de definir o que é esquizofrenia e tampouco mostrar o caminho para se livrar desse transtorno.
    Não sou formado em psicologia e nem em psiquiatria, mas o que vivi e passei acredito que me  credenciam para escrever algo sobre o assunto. Além de estudá-lo, infelizmente (ou felizmente?) tenho experiência e prática com a esquizofrenia. Só quem passou e passa por isso sabe do que estou falando.
   Não tenho a solução, apenas posto o que penso e sinto, e creio que isso ajuda de certa forma quem está lidando pela primeira vez com essa questão, seja direta(portador) ou indiretamente (familiares, namorados, patrões, etc).
    Nos grupos do facebook sobre os vários transtornos mentais, pude perceber uma enorme preocupação das pessoas no fato de acharem que tenham esquizofrenia. Vou tentar exemplificar:
    Uma pessoa, em um local público, "cisma" que está sendo observada. De vez em quando ela olha para os lados para tentar constatar se isso realmente corresponde à realidade ou não. Ao perceber que a galera está "pouco se lixando" para ela, continua a fazer normalmente o que estava fazendo antes. Isso é uma cisma, incomoda, é claro, mas não chega a impedir que a pessoa realize algo, como, por exemplo, ir à um shopping ou ao cinema.
    Agora, se a pessoa se incomoda e muito com esse pensamento de que está sendo observada, chegando a ficar tensa, isso já pode ser uma neurose. Por exemplo, o cara está sozinho, comendo uma bela pizza quatro queijos em um shopping. O local está relativamente vazio e ele se sente confortável naquele ambiente. Mas, de repente, as mesas começam a ficam ocupadas por casais e grupos de amigos. A musculatura vai se contraindo, a respiração já não é tão tranquila e serena. A pizza já não está tão atraente e a cerveja já não está descendo redonda. O cara evita olhar para os lados e come apressadamente a pizza. Isso já é uma neurose, é um distúrbio, mas não interfere na atividade do indivíduo e nem o seu raciocínio lógico.
    Agora, outra situação parecida, mas com reação um pouco diferente:
    A pessoa está em um local comendo a mesma pizza deliciosa de quatro queijos e, quando chegam várias pessoas ela começa a ficar tensa, e já começa a cogitar em ir embora. Olha para os lados, e, quando vê as pessoas rindo, tem a certeza absoluta de que o alvo da gozação é ela. Acredita firmemente que estão falando dela, e sua autoestima vai lá pra baixo. Ela tem duas saídas: ou deixa a pizza no prato ou vai embora, pois não sabe quanto tempo vai aguentar aquela situação, correndo o risco de mandar alguém "tomar suco de caju". Ou seja, ela teve a certeza em sua mente de que estavam falando dela, a sua neurose acabou virando realidade e virou uma psicose. Se o indivíduo ouvir comentários a seu respeito e que não foram reais, ai a chance de ser uma esquizofrenia é alta.
    Resolvi falar um pouco sobre isso, pois, devido a falta de informação e ao estigma que a esquizofrenia carrega, muitas pessoas ficam simplesmente apavoradas só de imaginarem que tem a possibilidade de serem esquizofrênicas.
esquiSofrenia?
Nas redes sociais várias pessoas postam perguntas como a da imagem acima. Mas as coisas não são bem assim. Muita gente tem mana de perseguição, às vezes se sentem o salvador da pátria, outras chegam a conversar sozinhas. O que o esquizofrênico tem, os "os ditos normais" também podem ter, só que em menor grau. ou seja, isso não chega a atrapalhar muito a qualidade de vida do indivíduo, e nem o seu raciocínio e nem a perda do contato com a realidade.

Esquizofrenia não é só "esquizofrenia"
    Antes dos surtos, eu me definia como um cara muito tímido, retraído e com muitos complexos, principalmente de inferioridade. Nada muito além disso. Ia à shows e não reparava em nada além de quem estava se apresentando. Não conseguia me aproximar das garotas, mas saia de casa e me divertia com os meus amigos, principalmente os rockeiros, para demonstrar um pouco da minha rebeldia, pois desde criança já me sentia diferente dos demais. 
    Depois dos surtos e da esquizofrenia ter saído do estado de latência, as coisas começaram a ficar um pouco tensas pro meu lado. 
    Na imagem acima uma pessoa com TOC indaga se esse distúrbio possa ser um indício de esquizofrenia. Não sou psiquiatra para poder dar um diagnóstico, mas, poso dizer que as chances são mínimas, pois ela não relata os sintomas clássicos da patologia da mente dividida que são as alucinações e a mania de perseguição. Mas é sempre bom alertar os pais estarem sempre atentos aos seus filhos, pois a esquizofrenia também é comportamento e pensamento. Hoje em dia quando se vê uma criança agitada logo se fala em hiperatividade e já se fala em medicação. Creio que devem se preocupar mais quando uma criança é por demasia quieta e calada. Eu era assim quando ia na casa de desconhecidos, e isso era confundido com bom comportamento e educação. 
    Mas resolvi criar este post para comentar os diversos comportamentos que adquiri depois dos surtos, e creio que alguns portadores também tenham adquirido. É como se a esquizofrenia levasse a pessoa a ter outros distúrbios mentais. Esses outros distúrbios não são incapacitantes, mas incomodam e muito a vida de quem os tem. 

TOC
    Depois dos surtos fiquei com alguns comportamentos meio chatos. Para resumir, TOC são manias e rituais que uma pessoa acredita que são obrigadas a realizarem, caso contrário, poderá acontecer uma catástrofe ou então "as coisas" não irão dar certo.
    Isso acontece comigo, principalmente no futebol quando acompanho o meu time, seja pela TV ou pelo rádio. Na verdade, não sei nem se posso acompanhar o meu time. Se ele ganha e estou assistindo o jogo, chego à conclusão que ele ganhou por minha causa e então fico confiante para a próxima partida. Mas quando ele não ganha o próximo jogo vem a sensação de ser o pé frio e o causador da derrota, que a minha influência não foi boa para os jogadores. Então resolvo não assistir o próximo jogo. E se ele perde novamente o jogo e eu não estou assistindo, volto a assistir, pois ele perdeu por que eu não estava emitindo as minhas vibrações positivas. Não sei se deu para entender, o negócio é meio complicado mesmo. Até hoje não cheguei à conclusão se devo ou não acompanhar os jogos do meu time (não vou falar qual é). Quem adivinhar o time que eu torço vai ganhar um livro no formato PDF. Não vale dizer quem eu já revelei.
    Essa mania se estende para outros setores da minha vida. Se algo deu certo e funcionou bem, procuro fazer exatamente igual na próxima oportunidade, chegando a ser um ritual mesmo. Não é o fato de fazer algo com cuidado e dedicação, é fazer a coisa com os mesmos mínimos e insignificantes detalhes da vez anterior que deu certo. Chega a ser um sofrimento.


Hipocondria
    Antes dos surtos, não tinha a mínima preocupação com as bactérias, germes, e outros microrganismos nocivos à saúde. Dá até para contar às vezes em que fui parar no hospital. Só acidente mesmo. Me lembro que fui parar na farmácia todo sangrando quando era criança. Havia desmontado o velocípede e jogado o guidão para o alto. Fiquei olhando o objeto voando e ai... caiu bem em cima da minha testa. 
    Cheguei a comer uma lata de brigadeiro da nestlé com o prazo de validade vencido há um ano. "Confio nas defesas naturais do meu organismo!" - era o que eu costumava dizer quando alguém me pedia para não fazer essas estrepolias alimentares. Quase não usava o merthiolate, além de arder, não me preocupava realmente com as bactérias mesmo.
     Mas, depois dos surtos, tudo mudou. Penso nas bactérias quando entro no ônibus e tenho que me apoiar naqueles canos de ferro quando não acho um assento vazio. Quando entro no banheiro, quando vou ao posto de saúde, quando pego em dinheiro, imediatamente pensa nas bactérias. Chego a pensar a lavar as mãos antes e depois de urinar. 
     Quando estive em São Paulo fiquei chateado quando fui ao posto de saúde e não me deram a vacina para a gripe, por não estar na faixa etária indicada. Até que cheguei a insistir, mas não obtive sucesso. Já em Ipatinga-MG, por volta do ano de 2008 consegui tomar uma dose da vacina contra a gripe suína, que na época era somente administrada aos idosos e as crianças. Essa gripe estava virando uma epidemia no mundo e podia até matar. Fiquei desesperado. Mas, por sorte que conhecia uma enfermeira de um posto de saúde que entendeu a minha situação. Combinamos um horário de pouco movimento e, apesar de não gostar de agulhas, foi com o maior prazer que tomei a injeção contendo os anticorpos daquela doença. 
     No mesmo albergue em São Paulo, o pessoal do posto de saúde apareceu por lá certo dia para colher o material para fazer o exame de tuberculose para quem estivesse apresentando os sintomas, como tosse por mais de não sei quantas semanas. Claro que eu queria fazer o exame, apesar de não ter sintoma nenhum. Tive que insistir, mas consegui fazer o exame. Poucos abrigados quiseram fazer o exame, e isso não entrou na minha cabeça. Como pode? Um exame gratuito, a pessoa vem até ela, e o cara não quer? 
    A funcionária do posto de saúde disse que, depois dos exames feitos, quem tivesse tuberculose seria avisado para receber o devido tratamento.
    - Mas e quem não tem, deve ser avisado também né? Tão importante saber que tem é saber que não tem a tuberculose né? - reclamei. Como é bom receber um exame e ver que está tudo em ordem...
    Quando uma pessoa tosse ou espirra perto de mim, já fico tenso. Se esta pessoa não coloca a mão no rosto e faz essas coisas para baixo, tenho que me conter para não ser chato e não pedir que ela não espalhe suas bactérias pelo ambiente. 
    Houve uma época em que tomava antibióticos sem apresentar nenhum sintoma de que estava acontecendo algo de errado com o meu organismo. Era como se fosse uma forma de prevenção, pelo menos era isso o que se passava na minha cabeça. Era para matar uma eventual bactéria que estivesse passeando pelo meu corpo... Ainda bem que hoje em dia as farmácias hoje em dia só vendem esses medicamentos com receita médica.
    Uma vez por ano, costumo fazer a cura do limão. Muito tenso, tenho que tomar cerca de 120 limões em jejum em vinte dias. No décimo dia, são dez limões, de uma vez só. Dá uma tontura nesses dias, mas, no final, sinto que isso funciona e fico mais revigorado. 

Fobia social
     A fobia social já praticamente faz parte da esquizofrenia, nem é preciso entrar em detalhes. Evitamos a vida social por medo de sermos julgados, comentados, difamados, etc. De pensarmos que estamos sendo observados, de termos uma crise, sei lá Não é exatamente a fobia social, o tratamento provavelmente é diferente da esquizofrenia, mas é uma fobia social: 
-fobia= medo 
-social= do latim, que quer dizer "associação amistosa com outros".
    Às vezes não nos socializamos por tristeza mesmo, pois não é fácil receber um diagnóstico de esquizofrenia, de tão grande que é o estigma que cerca essa patologia. Deve ser algo parecido quando alguém recebe o resultado do exame de HIV. Não sei qual o procedimento para revelar esse diagnóstico para o paciente, mas sei que deve ser dado com muito cuidado e cautela. Eu mesmo, acho que pelo fato de trocar constantemente de psicólogas devido às minhas mudanças, nunca me falaram na cara que eu tinha esquizofrenia, somente fiquei sabendo mesmo quando fui fazer a minha primeira perícia e li o laudo. 
    Mas voltando ao assunto fobia social, creio que 80% dos portadores de esquizofrenia se isolam do mundo, tem imensa dificuldade de fazer novas amizades e até de manter as antigas. Foi o que aconteceu comigo. Hoje passo 23 horas por dia no meu quarto, não tenho amigos, nem me lembro da última namorada. Meu mundo é o meu quarto, por isso fiz tanta questão de comprar uma TV LCD, um notebook e um home theather. É o cinema em casa mesmo...
    Saio para almoçar e volto apressadamente. Não há o que fazer. Às vezes dou uma passada no centro de convivência, mas nem lá me sinto à vontade. Também, às vezes, vou ao parque ecológico, me exercitar um pouco naqueles aparelhos coloridos para o pessoal da terceira idade e também curtir um pouco a natureza. 

Depressão     
A esquizofrenia tem o seu lado parecido com a depressão: falta de ânimo, apatia, embotamento afetivo, etc. São os chamados sintomas negativos. E eles são tão prejudiciais quanto os positivos. 
Até hoje não tenho isso resolvido em minha mente. Não sei se é algum problema de saúde, ou se preciso voltar a tomar a sertralina que não me deu muitos efeitos colaterais. Aliás, deu um sim, e bem estranho. Depois que passei a tomar este medicamento comecei a achar graça na programação dominical da TV aberta. Quando me peguei dando gargalhada vendo um certo programa, resolvi por conta própria parar com a medicação, pois o "abestamento" é uma reação adversa um pouco grave. 
    Bem, pessoal, é isso o que tenho a dizer. A esquizofrenia é tão complexa que engloba outros transtornos mentais, sendo até confundida às vezes com a bipolaridade: meu humor oscila bastante, de um dia para outro, ou melhor, de uma hora para outra, o que me faz evitar de marcar encontros, por não saber como estarei no dia marcado. Mas não penso em remédios para controlar isso, pois, como bom hipocondríaco que sou, já fico doente só de ler a bula dos remédios... 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Zyprexa

    Continuando a minha saga sobre as minhas frustradas e decepcionantes experiências com os antipsicóticos, irei descrever neste post a minha curta relação com o medicamento mais caro que já usei: o zyprexa, também conhecido como olanzapina.
    Devia ser o ano de 2008. Após várias tentativas frustradas com vários medicamentos, a psiquiatra sugeriu que eu experimentasse um novo antipsicótico que poderia me ajudar a resolver um pouco as minhas paranoias e outros pensamentos e comportamentos relacionados à esquizofrenia.
    Os surtos já haviam cessado, mas, infelizmente a esquizofrenia não é somente isso: é também a sacana da mania de perseguição, os delírios e o isolamento proveniente de acharmos que ninguém gosta da gente.
    E, para piorar, ainda tem os chamados sintomas negativos, que até hoje não sei dizer se são menos ruins do que os positivos. Nos sintomas positivos, surtamos, caímos e vamos para o fundo do poço, mas temos força para levantar e continuar a jornada. Confesso que os delírios de grandeza já me ajudaram a enfrentar diversos obstáculos e dificuldades em minha vida. Pensamos que podemos fazer tudo, que somos imbatíveis, que nada nos atingirá e que somos protegidos por uma força sobrenatural. Eu sempre costumava dizer que o meu anjo da guarda era muito forte. Até hoje eu acredito em anjos e creio que tem um que me protege dia e noite, mas acho que ele está querendo pedir aposentadoria, alegando stress e excesso de trabalho. Mas hoje estou mais quietinho e a minha fé não é a fé cega e irracional.
    Já nos sintomas negativos, tudo fica mais difícil. Qualquer coisinha se torna um enorme obstáculo para realizarmos qualquer tarefa. A falta de energia e motivação nos fazem pensar que estamos com depressão ou uma doença física mesmo. Ainda tem o embotamento afetivo, que não nos deixa achar graça em nada.
era assim que eu me sentia nos delírios de grandeza
    Era mais ou menos assim em que me encontrava naquele ano. Não tinha surtos, mas as paranoias me faziam um prisioneiro de mim mesmo,  vivendo trancado em meu quarto. Algumas vozes comentaristas ainda davam as suas caras. Por exemplo: certo dia, ao me pesar, notei que havia emagrecido dois quilos. Naquele mesmo instante me lembrei de experiências passadas em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde rolava um boato de que eu tinha o vírus da aids. Então, ao sair da farmácia, a voz me disse:
    - Ele está com aids! - a voz desta vez falou em um tom mais exaltado, por isso coloquei a exclamação. Geralmente as minhas vozes comentaristas são calmas.Na hora, claro, pensei que fosse um funcionário da farmácia que havia dito aquilo, mas hoje, analisando a situação, sei que foi apenas mais uma alucinação auditiva.
     Então a psiquiatra, que foi uma das mais atenciosas com quem já consultei, preencheu um enorme formulário e pediu que eu o levasse para a cidade vizinha de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais.
O remédio seria fornecido gratuitamente pelo governo, já que cada caixa custava 800 reais na época. Até fiquei me sentindo uma pessoa importante. A princípio fiquei assustado com o valor do medicamento, mas depois me animei, imaginando que se tratava de algo muito bom e diferente de tudo o que eu já havia experimentado (melleril, haldol, stellazine, orap, etc).
    Depois de quase um mês, o medicamento chegou no lugar onde eu fazia as minhas consultas. Minhas esperanças se reacenderam, estava cansado e triste de não conseguir mais andar pelas ruas sem que a mania de perseguição me perseguisse. Também queria voltar a frequentar lugares que antes gostava de ir: shows, parques, e às vezes igrejas.
    Em 2007, o time do meu coração(não vou falar qual é) jogou em Ipatinga pelo campeonato brasileiro daquele ano. O estádio municipal ficava à cerca de 300 metros de onde eu morava, e o ingresso ainda não era tão caro naquela época. Mas, mesmo assim, não fui, apenas escutei pelo rádio, e dava para escutar os gritos da torcida vindos do estádio quando alguém marcava um gol. Foi ai que percebi que o caso ainda era grave, o que havia mudado eram os sintomas.
    Voltando ao zyprexa, me lembro muito bem de quando o experimentei pela primeira vez. Era uma sexta feira e realmente estava muito esperançoso. Então, todo contente engoli aquele comprimido que custava cerca de 26 reais cada um. Não demorou muito e apaguei. No dia seguinte continuei apagado, simplesmente não tenho recordações do sábado. Acho que dormi o dia todo, só acordando no domingo de manhã, eu acho. Acordar até que não é difícil quando tomamos antipsicóticos fortes e doses grandes, o problema é levantar. Simplesmente não tinha forças para sair da cama e então continuei a minha soneca. De tarde, como se estivesse com dengue e bêbado ao mesmo tempo, fui me arrastando até a mercearia para comprar um "lideleite" e um bolo para dar uma enganada no estômago, pois não estava com muita fome, a única coisa que queria era voltar para os braços de Morfeu (clica no link para saber o significado da frase, para não pensar outras coisas rsrsrs).
 
esse é o único efeito colateral do zyprexa que tive...

    Na segunda feira acordei por volta do meio dia. Estava lento, mas já estava bem melhor. Consegui me deslocar até o restaurante popular da cidade e, aos poucos, a ressaca do medicamento foi passando. Não tive coragem e nem vontade de tomar mais um comprimido daquele verdadeiro sossega leão. Fico assustado e incrédulo quando ouço uma pessoa dizer que toma esse medicamento e está bem na minha frente, falando normalmente e sem cara de sono! Eu nunca iria me "adaptar"(ou viciar mesmo) ao medicamento. Provavelmente iria morrer de inanição, pois, como moro sozinho, tenho que me virar e fazer as minhas coisas. E também tinha que ser acordado para tomar o remédio na hora certa...
    Talvez eu seja do grupo de pessoas mais sensíveis aos medicamentos. Já vi nos comentários do blog uma pessoa dizer que existem pessoas com o metabolismo lento e que precisam de doses menores de antipsicóticos para se estabilizarem. Na minha cabeça paranoica e hipocondríaca, eu tenho um problema de saúde qualquer que me impede de tomar esses remédios. Penso que tenho um troço qualquer no coração, sei lá. Já fiz alguns eletrocardiogramas, vários hemogramas e tudo está sempre normal, com exceção dos triglicerídeos. Costumo comer muito doce, confeitos de padaria e massas para ficar mais animado e aumentar os níveis de serotonina e outras 'inas' no cérebro.
   Então, depois de mais uma frustrada tentativa, devolvi a caixa para a psiquiatra, para repassá-la a quem precisasse e aguentasse tomar esse antipsicótico tão caro e que me havia deixado tão esperançoso. Até hoje me pergunto como um comprimido possa melhorar esses meus pensamentos que creio que foram resultado de muitas experiências negativas ao longo da vida...
   Bem, o que acabei de relatar foi apenas a minha experiência com mais um medicamento. Não deu certo para mim, mas isso não quer dizer que isso vá acontecer com todo mundo. A única coisa que tenho certeza é de que falta muito para encontrar se não a cura, pelo menos um melhor controle dos sintomas da esquizofrenia, sem interferir muito na qualidade de vida dos portadores.