domingo, 23 de maio de 2021

A minha relação com as drogas

 


     No último dia 16 de maio, "o cantor"mc kevin morreu ao cair do 11º andar* de um prédio na zona oeste do Rio de Janeiro.   Até hoje muitas contradições sobre a causa da queda ainda existem. Afinal, o que leva uma pessoa a tentar algo em uma altura tão grande?  

     A versão inicial era de que o funkeiro estava trancado em um quarto com várias mulheres e que ficou sabendo que sua mulher havia descoberto a traição e que estava batendo na porta do apartamento.  Mas a versão mais recente é que ele estava com uma modelo e que havia cobrado 2 mil reais para um programa sexual. 

    Também se fala que ele havia consumido drogas sintéticas, o que não duvido, pois o mesmo já foi preso em Belo Horizonte por estar portando entorpecentes. 

     Enfim, não quero entrar em detalhes sobre o ocorrido pois até o dia de hoje não se fala em outra coisa a não ser na morte desse funkeiro. Morrem milhares de pessoas no país por causa da pandemia, assassinatos bárbaros e covardes e só se fala na morte de um cantor de funk.

     Como relatei, testemunhas afirmaram que o funkeiro ficou sabendo que sua esposa estaria batendo na porta do apartamento. Então, com medo de ser pego no flagrante de traição, resolveu tentar ir para outro apartamento. 

    Mas isso é justificativa para arriscar a própria vida? Obviamente que não, acredito mais que kevin estava sob o efeito de drogas sintéticas, que são as mais perigosas, pois são fabricadas em laboratórios e atingem o cérebro com maior velocidade e potência, causando alucinações e delírios. 

    Essas drogas sintéticas, principalmente o ecstasy deixam o individuo eufórico, fora da realidade.

"Os usuários dessa droga sentem aumento do estado de alerta, maior interesse sexual, sensação de bem-estar, grande capacidade física e mental, euforia e aumento da sociabilização e extroversão."

Fonte:  https://brasilescola.uol.com.br/drogas/ecstasy.htm

    A euforia, a falta de contato com a realidade, a sensação de grande capacidade física e mental provavelmente fizeram o cantor a cometer tal imprudência. Talvez tenha imaginado que fosse o homem aranha e tentado escalar o apartamento. 

     Enfim, não irei entrar em detalhes sobre o ocorrido, pois o que não faltam são notícias sobre a morte do cantor. 

A minha relação com as drogas

    Se falam em várias causas da esquizofrenia: genética, stress, desequilíbrio químico do cérebro e também o uso de drogas. 

     Mas o motivo da postagem é falar sobre a minha curta e não muito íntima relação com as drogas. 

    Me lembro bem da primeira vez que usei uma droga. Tinha com 17 anos e estava em um show de heavy metal, aqui em Belo Horizonte. No meio do show meu amigo me diz que se eu misturar cachaça com um certo xarope iria ver tudo colorido. Apesar de estar quase completando a maioridade, ainda era um cara bem inocente. É que naquela época era tudo um pouco demorado: éramos crianças até os 15 anos de idade e começava a adolescência por volta dos 16 anos. Idade adulta mesmo era por volta dos vinte anos. 

sou roqueiro mas sou careta, no máximo uma cervejinha ou um vinho...


     Fiquei curioso para ver tudo colorido. No fundo achava minha vida um pouco sem graça e monótona. Aliás, até hoje acho, a música "Tédio" , da banda Biquini Cavadão, tem tudo a ver comigo. Fui até a farmácia mais próximo e comprei o tal xarope. Voltei para o local do show e tomei quase todo o vidro de xarope com meio copo de cachaça. Na verdade não gostava muito de beber, mas imaginava que para ser roqueiro de verdade tinha que ter cabelo comprido e "tomar todas"....

     O tempo foi passando e nada de ver algo diferente ou colorido. O show acabou e voltei a pé para casa. No meio do caminho fui parado por dois policiais que encontraram o vidro do xarope em meu bolso ( não te disse que era meio inocente? ou burro mesmo?)

    Os dois policiais ficaram mais de uma hora me fazendo ameaças e me pressionando psicologicamente. Por fim chamaram a rotan, a polícia mais perigosa e violenta de Belo Horizonte na época. Fui agredido com um porrete na cabeça, me colocaram dentro da viatura com os vidros fechados e soltaram spray de pimenta em mim. Fui levado ao juizado de menores e fiquei lá até ser liberado quando minha irmã apareceu, pois disse que minha mãe tinha problemas de coração. 

       Apanhei um pouquinho dos outros menores, pois minhas roupas e outras "cositas" mais. Não conseguiram, mas apanhei um pouquinho e por sorte fui literalmente salvo por um sino. Era seis horas da manhã e o funcionário do juizado de menores apareceu no corredor acordando a galera com o tilintar de um sininho....

     Meus colegas ficaram revoltados com o ocorrido, e um deles disse que poderia me ajudar, pois seu pai era advogado. Pensei um pouco e não aceitei, pois havia chegado à conclusão de que havia um lado positivo naquela história toda: fora a minha primeira experiência com as drogas e já fui levando uma lição, que, no meu caso, teve que ser daquele jeito, pois não tive pai e minha mãe tinha problemas auditivos e quase não conversava comigo. 

     Depois dessa experiência, experimente a maconha 3 vezes, mas não tenho certeza se a inalei  corretamente, pois não gosto de nenhum tipo de fumaça. E a verdade é que nunca precisei de drogas para fugir da realidade ou para diminuir a ansiedade ou outros fins. Era uma pessoa pacata e tranquila, um cara bem distraído mesmo e que não reparava nada em sua volta. 

     Hoje continuo achando que o abuso da polícia no meu caso em particular foi benéfico, era também meio cabeça dura e acho que se não acontecesse nada naquele dia iria continuar a usar mais drogas e hoje poderia estar trilhando um outro caminho. Não sou a favor desse tipo de abordagem violenta, principalmente pelo motivo de estar portando um vidro de xarope, é que naquela época as coisas eram assim em relação as drogas. Já a polícia continua a mesma, ou até pior em relação à violência, claro que existem os bons policiais e espero que não se sintam ofendidos, é apenas constatação da realidade, é só ler um pouco ou assistir tv. 

     Atualmente continuo o mesmo em relação as drogas: não preciso delas, talvez consiga ir para outros mundos somente com a minha maluquice mesmo, ou o meu mundo já seja uma loucura?

      Não quero saber das drogas, nem das lícitas.  Loucura é estragar seu cérebro para tentar ser feliz. 


*Há controvérsias sobre qual andar ele estava, até o momento em que digitei este texto a informação era de que o funkeiro estava no 11º andar, mas últimas notícias afirmam que o andar correto era o 5º