quinta-feira, 29 de março de 2018

900.000 visualizações!!!

 
    Este humilde blog foi fundado no dia 19 de maio do ano de 2012, com quase ou nenhuma pretensão além de virtualizar um antigo hábito que tenho, que é escrever. 
     Na época estava entusiasmado por que havia acabado de comprar um computador  CCE em 12 suaves prestações nas casas Bahia. Mas a verdade é que nada é suave para quem ganha um salário mínimo e ainda tem que pagar aluguel...
    Havia acabado de aprender a usar um PC. Cheguei até a gravar alguns vídeos, que não ficaram muito bons, pois falar não é o meu forte. O curso de informática que fiz aos 40 anos de idade foi um teste que resolvi fazer para descobrir se a esquizofrenia havia atrapalhado em alguma coisa a minha capacidade de aprender coisas boas e novas, pois coisa ruim a gente aprende com facilidade né? 
    O blog no início até que foi bem recebido e em pouco tempo conseguiu um bom número de visualizações. E também com o tempo acabou mudando sua finalidade que era quase que ser exclusivamente uma terapia individual. Muitas pessoas se identificavam com os meus escritos, e muitos afirmaram que o conteúdo do blog as ajudava de alguma maneira. 
    A minha experiência prática com os medicamentos, juntamente com a minha curiosidade e os meus estudos meio que me tornaram um "consultor virtual de medicamentos", especialmente os antipsicóticos. 
    Confesso que fiquei muito lisonjeado com os elogios e palavras de incentivo. Mas, claro, alguns grupos e pessoas não ficaram muito satisfeitos com as minhas publicações, o que acho absolutamente normal, pois agradar à todos ninguém ainda conseguiu neste mundo. Nunca fui de mudar o meu jeito de ser para agradar à todos, e não será nesta altura do campeonato que irei tentar ser outra pessoa para conseguir aprovação e outras vantagens que só os falsos conseguem obter. Não existe coisa melhor no mundo de sermos verdadeiros, de sermos nós mesmos, sem máscaras e fingimentos. 
    Voltando ao blog, confesso que no início ficava maravilhado com o crescente número de visualizações, e que até um dia poderia ficar famoso com o que escrevia. Mas o que seria um reconhecimento de um trabalho na verdade era apenas o reflexo do cenário da saúde mental no Brasil e em vários países do mundo. 
    Não estou afirmando que tudo é ruim, mas ainda falta muita coisa para considerarmos o atendimento na saúde mental no Brasil como satisfatório. Apenas uma parcela mínima da população tem acesso a um bom atendimento e aos bons medicamentos, os mais modernos, chamados de segunda geração. Quem acompanha o blog e leu o meu livro sabe como é difícil um bom atendimento na saúde mental através do Sistema Único de Saúde. 
    Existem bons e bem intencionados profissionais no SUS, mas falta estrutura e condições de trabalho. E ainda tem que ser levado em conta as condições financeiras do paciente, pois o tratamento não consiste apenas em medicamentos. Uma boa condição de vida pode ajudar e muito na recuperação do paciente. Mas ter dinheiro não necessariamente significa boa recuperação, pois um lar sem estrutura e sem diálogo tudo fica mais difícil. Melhor ter uma condição financeira um pouco menor e ter uma família bem estruturada. Dinheiro ajuda, mas nem sempre é tudo né?
    E posso dizer que no Brasil ainda falta o diálogo aberto entre o paciente e o profissional da área da saúde. A consulta geralmente consiste em um monólogo protagonizado pelo psiquiatra. Falo isso baseado em minha experiência no contato em várias consultas ao longo dos anos. Claro que encontrei profissionais que tinham um certo diálogo, mas a maioria infelizmente, não sei por qual motivo, apenas se vêem na obrigação de ouvir as queixas para logo preencher o receituário. 
    Na Finlândia, onde se tem obtido os melhores resultados no tratamento da esquizofrenia, a primeira consulta da primeira crise tem um atendimento especial. O paciente pode até escolher onde quer ser atendido: em casa, na clínica ou um outro local qualquer. Ele pode até escolher se quer dormir na clínica, caso seja necessário tomar um tranquilizante, visto que o uso de antipsicóticos é feito somente em último caso.
    Citei o caso da Finlândia para ilustrar que, se no Brasil o tratamento fosse um sucesso como muitos dizem por aí, pouco ou nada eu teria que dizer sobre o assunto. E muito menos os leitores teriam motivos para acessar um blog feito por um paciente, já que todos estão obtendo ótimos resultados no tratamento. 
    Creio que a  falta de informação sobre o assunto também contribui para as visualizações do blog. E E quando a informação é dada por boa parte da mídia, ela chega distorcida no público em geral, contribuindo e muito para o preconceito e o estigma que cerca a esquizofrenia. Se uma pessoa com esquizofrenia comete um crime, vira assunto para todos as capas de jornais e também ocupam boa parte dos jornais nacionais da vida. Mas, se o contrário acontece, quando uma pessoa com esquizofrenia é agredida ou é assassinada, pouco se fala no assunto. Há muitos anos atrás fiquei impressionado com um crime que aconteceu no sul do país. Uma pessoa com esquizofrenia teria que ser internada compulsoriamente (contra sua própria vontade). A polícia foi chamada, o paciente acabou fugindo, levou alguns disparos de arma de choque que não surtiram efeito pois o rapaz estava com camisa de manga cumprida. No final o cara pegou uma barra de ferro e acabou levando um tiro de arma letal  e veio a falecer. E foram chamados seis policiais para resolverem o assunto. Não estou pedindo para passarem a mão na cabeça das pessoas com esquizofrenia. Caso representem perigo que seja tomadas providências, para que o pior não ocorra. Mas acredito que seis policiais e o Samu já seriam mais do que suficientes para conter uma pessoa em crise sem precisar matá-la...
Digitei sobre o ocorrido no google e o único resultado que encontrei foi no site abaixo:
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/07/25/durante-internacao-compulsoria-pm-mata-paciente-com-esquizofrenia-em-sc.htm

    E a realidade também parece que não pode ser dada na mídia em geral, que são os casos de tentativa de suicídio. Não achei estatísticas, mas um número considerável de pessoas com esquizofrenia comentem ou tentam o suicídio. Fazem mais mal a si mesmos do que aos outros, mas isso a mídia não mostra. Por esses e outros motivos, a internet tem suas vantagens. A realidade nua e crua podemos  mostrar aqui para todos vocês. A internet é democrática, cada um é livre para acessar o que achar o que lhe faz bem. 
    Outro fator que ajuda nas visualizações é que as pessoas querem ver o ponto de vista de quem sofre o transtorno, e não de quem trata. Só quem sente na pele o dia a dia de todas essas paranoias e crises é que pode dizer com precisão o que é tudo isso. 
    Mas ultimamente muita coisa se tem mudado, existem bons programas de tv que começaram a falar sobre o assunto, e algumas novelas infelizmente só atrapalham quando tentam abordar o assunto. Mas já é um passo importante que deram ao pelo menos abordar o assunto.

    Então, por esses motivos hoje em dia não fico tão feliz assim com o número de visualizações do blog. Preferiria viver em um país onde o tratamento fosse mais eficaz e os resultados bem melhores do que os que estão por aí sendo divulgados. 
   Mas, mesmo assim gostaria de agradecer com carinho à todos os leitores do blog. Se não fossem vocês já teria parado de escrever logo no início. Também não poderia de deixar de agradecer aos grupos do facebook que sempre publicam as minhas postagens, ajudando na divulgação do meu trabalho.
    Gostaria também de dizer que não sou de nenhum movimento, já que tudo hoje em dia está polarizado. Não sou da psiquiatria, mas também não sou do movimento da antipsiquiatria. 
     Para quem não conhece, a antipsiquiatria, de uma forma resumida, acredita que não existem as doenças mentais e que tudo é invenção da indústria farmacêutica, que só visa o lucro. 
    Acredito que o cérebro, assim como qualquer órgão, pode sim ter os seus problemas e vir a adoecer. O fígado não tem problemas e a pessoa não fica com diabetes? E a insulina não é aplicada para amenizar a situação?
    Mas também acredito que boa parte da psiquiatria está pegando pesado, querendo classificar à tudo e a todos. Estão medicalizando os sentimentos. Mas isso é um assunto para uma outra postagem, e que até já falei sobre isso aqui. 
    Então vida que segue e rumo à um milhão de visualizações!!! 

quarta-feira, 28 de março de 2018

Novo email para contato

      Olá à todos os leitores do blog.
   Por motivos de navegação mais segura resolvi mudar o email para contato com as pessoas envolvendo assuntos relacionados ao blog.
   O outro email já estava recebendo muito spam, pois foi o primeiro que criei, e, no início não navegava por ondas seguras na internet, por falta de experiência no assunto, afinal fui encostar um dedo em um teclado de PC somente aos 40 anos de idade. E acreditava em quase tudo o que via, tipo aqueles anúncios afirmando que eu teria o direito à um prêmio por ter sido o milésimo visitante do site. Mas juro que não naveguei naqueles sites não...
   E esse email será única e exclusivamente para o blog, facilitando assim o dia a dia e os contatos. Sempre procuro ajudar as pessoas, sendo com alguma dica ou conselho ou até mesmo uma palavra amiga de quem já passou por alguns perrengues com esse transtorno chamado esquizofrenia. Obviamente terá dias e fases que não estarei bem, mas procurarei responder à todos com o maior carinho possível, assim como faço nos comentários aqui do blog.
    Caso tenha alguma dúvida sobre como adquirir os meus livros o email também é o canal.
    Seria uma boa que continuassem a participar pelos comentários mesmo, para que mais pessoas possam visualizar, pois a participação dos leitores enriquece e muito as postagens. Aconselho a postarem como anônimos, caso queira manter o sigilo. Hoje em dia as empresas estão vasculhando a internet em busca de informações sobre o candidato à uma vaga de trabalho. Mas caso queiram, sintam-se à vontade postando com o seu nome verdadeiro ou até mesmo apelido.
   No mais um obrigado à todos os leitores por estarem prestigiando o blog durante esses anos todos, muita paz e saúde, tanto física como mental
memoriasdeumesquizofrenico555@gmail.com
Obs: já existe um email com o nome memoriasdeumesquizofrenico, que não tem nenhum vínculo com o blog.Por isso coloquei o número 555 para diferenciar na hora da criação da conta.

segunda-feira, 12 de março de 2018

A esquizofrenia melhora com a idade?


A esquizofrenia melhora ou piora com o passar dos anos?

    Primeiramente gostaria de dizer que a intenção desta postagem não é definir o que é e quando começa a velhice, visto que, na minha humilde opinião, tudo depende muito de nossos hábitos alimentares, físicos e principalmente de nossa mente, que pode estar ou não envelhecida muito mais do que o nosso corpo físico. Confesso que às vezes me sinto envergonhado ao ver pessoas com mais idade do que eu esbanjando saúde, bom humor e disposição para realizar as tarefas do dia a dia.
    Meu humor é bastante instável, tem dias que acordo me sentindo um jovenzinho, dá até vontade de vender "tudo" o que tenho (uma TV LCD, um frigobar, um notebook CCE e um home theather da LG) e sair por aí viajando pelos caminhos da estrada real.
    Mas tem dias que acordo tão mal que penso logo em ir ao posto de saúde e marcar uma consulta com o clínico geral para agendar o maior número de exames possível. Teve época que cismava que tinha algum problema no coração, outra que tinha aids, e atualmente ando cismado que tenho algum tipo de câncer qualquer.  (neste momento pensei em câncer de próstata, mas não quero fazer o exame não, existe um exame de sangue preliminar que, dependendo do resultado, consegue descartar o exame do dedão). Essa cisma de câncer começou a aparecer depois que o apresentador Marcelo Resende faleceu no ano passado devido à complicações no pâncreas. 
    Mas, como a postagem se refere à relação esquizofrenia x velhice, gostaria de começar com um texto publicado na Scientific American sobre o ícone da superação da esquizofrenia, que é o nosso querido John Nash. Infelizmente ele nos deixou no ano de 2015, devido à um acidente automobilístico. 
   John Nash foi diagnosticado com esquizofrenia por volta dos 30 anos, tendo passado por inúmeros tratamentos e internações. A partir desse momento sua vida não foi mais a mesma, só voltando ao convívio social aos 50 anos de idade. 
     Mas o que aconteceu para que sua condição melhorasse a ponto de ter o seu casamento reatado no ano de 2001? A esquizofrenia realmente melhora com o passar dos anos? Seria o amadurecimento? Uma experiência prática com o transtorno? 
    Como sempre costumo dizer, não sou muito fã do Control V + Control C, mas às vezes isto se torna necessário para ilustrar e melhorar o entendimento da postagem. Abaixo na íntegra o texto que conta um pouco sobre essa fase da vida de John Nash. 

John Nash
  "O matemático norte-americano John Forbes Nash, que morreu em 23 de maio em um acidente de carro, era conhecido por suas décadas de batalha contra a esquizofrenia.
   Sua árdua luta foi retratada primorosamente no filme “Uma Mente Brilhante”, de 2001, premiado com quatro Oscars no ano seguinte.
    Mais tarde na vida, Nash aparentemente tinha se recuperado da doença; o que, segundo ele, havia acontecido sem medicação.
    Mas com que frequência pessoas se recuperam de esquizofrenia, e como uma doença tão destrutiva desaparece?
    Nash desenvolveu sintomas esquizofrênicos no final da década de 50, quando tinha cerca de 30 anos, e depois de ter feito contribuições pioneiras para o campo da matemática, inclusive a extensão da teoria dos jogos, ou a matemática de tomada de decisões.
    Segundo o jornal The New York Times, foi nessa época que ele começou a exibir um comportamento bizarro e a experimentar episódios de paranoia e delírios.
    Ao longo das décadas seguintes, ele foi hospitalizado várias vezes e vivia tomando medicamentos antipsicóticos intermitentemente.
Mas na década de 80, quando Nash estava na casa dos 50 anos, sua condição começou a melhorar.
    De acordo com o New York Times, em meados da década de 90, ele escreveu a um colega em um e-mail que: “Em última instância, emergi do pensamento irracional sem outros remédios, exceto as mudanças hormonais naturais do envelhecimento”.
    Nash e sua esposa Alicia morreram aos 86 e 82 anos, respectivamente, em um acidente na New Jersey Turnpike, uma rodovia pedagiada, quando estavam a caminho de casa voltando de uma viagem em que Nash tinha recebido um prestigiado prêmio por seu trabalho.
    Estudos realizados na década de 30, antes que medicações para esquizofrenia estivessem disponíveis, constataram que cerca de 20% dos pacientes se recuperavam por conta própria, enquanto 80% não conseguiam fazer isso, explicou Gilda Moreno, psicóloga clínica no Hospital Infantil Nicklaus, em Miami.
    Estudos mais recentes constataram que, com tratamento, até 60% dos pacientes com esquizofrenia podem alcançar remissão, o que pesquisadores definem como tendo sintomas mínimos por pelo menos seis meses de acordo com um estudo de revisão, de 2010, no periódico especializado Advances in Psychiatric Treatment (em inglês).
    Não está claro por que apenas alguns pacientes esquizofrênicos melhoram, mas pesquisadores sabem que diversos fatores estão associados a resultados melhores.
    Nash parece ter tido muitos desses fatores a seu favor, observou Gilda Moreno. [Consulte “Cinco tratamentos controversos de saúde mental”, em inglês.]
    Pessoas que têm um início mais tardio da doença tendem a ter um quadro de recuperação melhor que aquelas que experimentam seu primeiro episódio de psicose na adolescência, explicou Moreno. (“Psicose”, no caso, se refere a perder contato com a realidade, o que se manifesta por sintomas como delírios.)
    Nash tinha 30 anos quando começou a apresentar sintomas de esquizofrenia, que incluem alucinações e delírios.
    Além disso, fatores sociais, como ter um emprego, uma comunidade de suporte e uma família capaz de ajudar com tarefas cotidianas, também estão ligados a resultados melhores para pacientes com esquizofrenia, salientou Moreno.
    Nash teve colegas que o apoiaram e o ajudaram a encontrar empregos onde pessoas o protegiam. Também teve uma esposa que cuidou dele e o levou para sua casa mesmo depois de o casal se divorciar, o que pode tê-lo impedido de se tornar um sem-teto, de acordo com um episódio do programa da PBS “American Experience”. 
   “Ele tinha todos esses fatores de proteção”, resumiu Moreno.
   Alguns pesquisadores observaram que pacientes com esquizofrenia tendem a melhorar à medida que  envelhecem.
    “Sabemos que, como regra geral e com exceções, à medida que pessoas com esquizofrenia envelhecem, elas apresentam menos sintomas, como delírios e alucinações”, declarou o doutor E. Fuller Torrey, psiquiatra especializado em esquizofrenia, em uma entrevista ao programa  “American Experience”, com foco em Nash.
    No entanto, Moreno salientou que muitos pacientes piorarão com o tempo, se não tiverem acesso a cuidados médicos adequados e não estiverem em um ambiente de suporte.
    “Quando você tem um esquizofrênico que teve vários episódios/colapsos psicóticos, existe um caminho descendente, de declínio”, explicou Moreno.
    De acordo com ela, pacientes sofrem financeiramente porque não podem trabalhar, fisicamente porque não conseguem cuidar de si mesmos, e socialmente porque seus comportamentos bizarros os distanciam de outros.
    Pode ser que pessoas que têm ambientes de suporte adequados sejam as que são capazes de viver até uma idade mais avançada, e ter um resultado melhor, acrescentou ela.
    Ainda assim, não há nenhuma garantia de que alguém vá se recuperar de esquizofrenia: um paciente pode ter todos os fatores de proteção, mas não se recuperar, salientou Moreno.
    A maioria dos pacientes lida com seus sintomas por toda a vida, mas muitos também são capazes de desfrutar uma existência gratificante, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH)."
Futuras pesquisas sobre as causas da doença podem levar a melhores formas de prevenir e tratar a doença, avalia o NIMH.
Publicado em Scientific American em 4 de junho de 2015.

O meu ponto de vista
    Gostaria, antes de tudo, de dizer que não me acho o dono da verdade e tampouco o "sabe tudo". O blog é apenas um relato de minha experiência com a esquizofrenia, os meus estudos e o convívio com outras pessoas que têm algo semelhante ao que tenho. 
    No meu caso em particular, sinto que a esquizofrenia, com o passar do tempo e com a chegada da velhice (estou com 49), melhorou em alguns pontos, mas piorou em outros. Obviamente a experiência prática no assunto me fez evitar situações que poderia desencadear um provável surto psicótico: stress, discussões, maus hábitos, pessoas que querem o nosso mal, etc... Procuro sempre aprender com os meus erros, e também com as situações difíceis, para que não ocorram novamente. Procuro também me conhecer o melhor possível, para identificar todos os meus pontos fracos
   Para ajudar, tive a “sorte” de me aposentar e assim evitar as várias noites que ficava sem dormir, devido a minha profissão ser a de operador de som. É uma profissão que eu adorava, mas, que, depois do surgimento da esquizofrenia passou a ser algo quase que inviável de se fazer, pois ultimamente não estou mais tolerando sons acima de certos decibéis, além de ter que conviver e trabalhar no meio de uma multidão de pessoas. 
o operador de som controla o áudio no meio do povão....

     Alguns profissionais da saúde mental afirmam que a esquizofrenia seja somente o aumento da dopamina no cérebro, e por isso receitam os antipsicóticos que tem como função básica abaixar os níveis desses neurotransmissores em nosso organismo. Na minha "humildissíssima" opinião  o aumento da dopamina seria apenas uma consequência da esquizofrenia e não a própria patologia. A dopamina é necessária, mas na quantidade certa, pois ela é responsável pela vontade de realizar as tarefas, assim como a serotonina tem a ver com a sensação de bem estar. 
    Infelizmente faz parte do processo de envelhecimento a diminuição de vários neurotransmissores, como a dopamina, a serotonina, etc.. A dopamina dizem que é a que mais se tem queda, por isso os problemas motores... O metabolismo também fica lento, e outras coisas também, que prefiro não comentar... 
   Resumindo, os sintomas positivos podem sim diminuir com a idade, devido aos fatores que descrevi: amadurecimento, experiência prática no assunto que ajuda a evitar situações desencadeadoras de surtos e crises, e a baixa produção de dopamina que o organismo apresenta com o decorrer da idade. 
    Mas, se por um lado os sintomas positivos tendem a diminuir com a idade, o mesmo não se pode dizer em relação aos sintomas negativos....
    No meu caso em particular os sintomas negativos aumentaram e muito com o passar do tempo e principalmente depois dos 40 anos de idade... Quem acompanha o blog pode notar que as postagens não são publicadas com a mesma frequência do que no início... E algumas postagens não são tão alegres como antigamente. Antigamente parecia que abaixava um santo em mim e em poucos minutos escrevia no meu caderninho uma postagem inteira.. Tenho o costume de deixar perto da cama uma caneta e um caderno para, quando surgir inspiração possa anotar tudo. Hoje geralmente escrevo um pouco, guardo no caderno, e espero o ânimo chegar para passar tudo para o blog.... 
     Parece que vem algo como uma depressãozinha ao descobrirmos e termos a consciência de temos uma patologia que é cercada de muitos estigmas e preconceitos. Passamos a analisar a nossa vida e chegamos à conclusão de que muitas situações poderiam ser evitadas se não tivéssemos essa doença. 
    E com a diminuição da dopamina diminui a vontade de realizar as tarefas, de descobrir o mundo que nos cerca. Por isso que muitos pacientes são chegados à um cafezinho bem forte. No meu caso compro o café extra forte e faço ele forte shasahsashausas Mas não tem adiantado muito não. 
    Como disse, os sintomas negativos são bem parecidos com uma depressão: aquela moleza que toma conta do corpo da gente, passamos a não achar mais graça nas coisas que nos arrancava sorrisos antigamente. As emoções parecem ter sumido, e isso é o chamado embotamento afetivo. No meu caso ainda tem um pouco de emoção, talvez pelo fato de ter sido uma pessoa muito emotiva até antes de surtar. 
    Passamos a ficar trancados em nossos quartos, em nossos mundos, e talvez esse isolamento ajude um pouco a não surtar, a não termos tanto contato com esse louco mundo em que vivemos. Afinal, a realidade é dura e pode sim ajudar a pirar. 
    Me lembro que, na época dos sintomas positivos pirava, andava que nem um louco pelas Brs, ficava muito mal fisicamente, mas, quando retornava à realidade tinha forças para lutar por tudo novamente. Hoje em dia ainda sinto que posso surtar, e acho que até surto, mas fico meio que acostumado à essas crises  e hoje não é qualquer coisa que me assusta. Tenho os mesmos sintomas persecutórios de antigamente, e ainda ouço algumas vozes, mas, como disse, pelo fato de não ser uma novidade essas situações não me assustam mais como antes. 
    Outro dia, do nada,  ouvi o seguinte comentário vindo de uma mulher que vi no centro da cidade, dias depois de ter publicado a postagem sobre dicas de como não engordar tomando os antipsicóticos... 
    “Vai engordar tudo de novo”...
    Estava andando na rua tranquilamente quando ouvi este comentário. Nenhuma situação de stress estava tendo naquele momento. Pelo contrário,  estava comendo um belo pedaço de pudim de leite. Na hora foi muito nítido, e não respondi, afinal se nos preocuparmos com a opinião alheia estamos perdidos... Usei a terapia do foda-se sashaushasuas
   Mas, dias depois analisei a situação e acredito que foi apenas uma alucinação auditiva, afinal o meu blog não é tão conhecido assim para uma estranha fazer um comentário somente por que postei dicas de como manter o peso. E, naquele momento estava, como sempre, ouvido música no celular na maior altura possível.  Ou seja, a pessoa teria que falar em voz alta, e a voz que escutei naquele momento estava em um tom normal. 
    Devido à essas situações fico na dúvida se qual sintoma seria “menos ruim”: os positivos ou os negativos? Seria melhor viver com energia e com a propensão de surtar a qualquer momento? Ou viver em um mundo cinza, entediado, mas com uma certa lucidez?
Confesso que tenho uma queda para os sintomas positivos... 

Obs: gostaria de dizer que cada caso é um caso, principalmente quando o assunto é esquizofrenia. O que aconteceu e acontece comigo não quer dizer que vá acontecer com todas as pessoas que têm esquizofrenia. Tenho conhecimento que muitas pessoas com mais idade surtam, e ainda existe a esquizofrenia simples, que é uma esquizofrenia sem as alucinações, ou seja, seria mais na questão dos pensamentos e sentimentos mesmo, deixando o indivíduo mais nos sintomas negativos do que positivos.