sexta-feira, 21 de julho de 2023

Vou casar com a Margarida!!!

 O meu amor atual



    Hoje (21/07/2023) não foi um bom dia para mim. Acordei por volta das oito horas, escovei meus dentes, tomei quase um litro de água em jejum e esperei exatos 40 minutos navegando na internet para tomar o meu café da manhã. É um hábito que tenho desde a adolescência, para ajudar a manter a boa saúde dos rins e do aparelho digestivo. 
    Ontem desmontei a Margarida (minha bike) para uma pintura eletrostática de algumas peças, a fim de embelezá-la ainda mais. Acho a Margarida linda, apesar do seu esqueleto (o quadro) ter mais de 20 anos. Já tive alguns amores, mas o meu amor atual é a Magá. 
    Já estava me dando uma agonia danada vê-la desmontada na minha frente, pois ela fica no meu quartinho, ou seja, praticamente o dia inteiro comigo. Na hora do almoço a agonia aumentou ainda mais: não iria fazer a minha pedalada diária até o restaurante popular, onde o rango é bom e bem mais barato do que os restaurantes aqui perto de onde moro. 
    Fiquei tão desanimado que não fui a pé para o restaurante, que fica a 3km de distância de onde moro. Não é uma grande distância para quem já foi de Ouro Preto-MG à Paraty -RJ a pé com uma mochila de 13kg nas costas. Fiz esta andança no ano de 2012, percorrendo o caminho velho da estrada real. Abaixo o link com o diário e as fotos desta maravilhosa viagem que tive oportunidade de fazer. Se não dá para ir de avião ou de carro, vou a pé mesmo...
    Mas hoje o desânimo tomou conta de mim. Que saudades da Margarida! O ciclismo se tornou um vício em minha vida e não fico um dia sem pelo menos pedalar 6 km. Para compensar me empanturrei de doces e besteiras na hora do almoço. Uma inquietação danada tomou conta do meu ser. Estou tão agoniado que nem os filmes baixados na internet estavam me agradando. Enfim, nada está sendo legal sem a Margarida, parece que está faltando algo em mim. Até o sono parece que não está querendo vir, e justamente por isso resolvi escrever estas linhas... 
    Conheci a Margarida no no de 2018 em um site de vendas de produtos usados. Ela estava jogada no quintal do seu dono, tomando chuva e exposta ao relento. Foi paixão a primeira vista e a levei para casa, na minha antiga bike, que era um pouco mais pesada por ser de ferro. 
    Fiz o transplante das peças da bike de ferro para a Margarida e, com o passar dos anos fui colocando peças melhores e ela ficou bem agradável de se pedalar. Não é uma bike top, mas me atende muito bem e não tenho do que reclamar. 
    
Minha primeira viagem com a Margarida


    No ano de 2019 fizemos uma longa viagem pela região sudeste, onde percorremos cerca de 3050km. Conheci lugares lindos e algumas pessoas bacanas, já que  socializar não é o meu forte. Mas pedalar solitariamente nas Brs dá uma sensação que é difícil de descrever. Só quem faz cicloviagens sabe do que estou falando. Fui até São Mateus no Espírito Santo. Quase subi para a Bahia, mas o calor estava muito forte por aquelas bandas. Os 37Cº daquela região estavam mais fortes do que os 45Cº que encontrei em algumas cidades do interior de Minas Gerais. Deve ser a tal da sensação térmica... 
    Então desci o litoral do Espírito Santo até a divisa com o Rio de Janeiro. E depois saí pedalando pelo interior do Espírito Santo e Minas Gerais. Foram dois meses incríveis e que tenho muitas saudades. 
Desta vez registrei tudo em vídeo também. 
    Gostava de fazer este tipo de viagem a pé, curtindo a natureza pelas estradas de terra da estrada real. Mas em 2014 quebrei o dedão do meu pé esquerdo e as coisas ficaram complicadas com essa nova condição. Caminhar estava sendo um martírio, coisa que antes era um prazer, um vício benéfico que não sei de quem havia herdado.
    Os primeiros anos foram muito difíceis, tentando algum atendimento pelo SUS, mas em vão. Aos poucos os ossos quebrados foram se calcificando. Comecei também  a fazer fisioterapia para fortalecer alguns músculos para compensar o fato de não poder usar o pé esquerdo por completo na hora de andar. 
     Após várias tentativas consegui achar um bom tênis que amortecia um pouco o impacto no dedão e comecei a tomar também cloreto de magnésio, que é um ótimo mineral para os ossos e articulações, que, na verdade são ossos, só que mais macios e moles. 
     Comecei a voltar a praticar esportes e até a jogar futebol Mas o ciclismo se tornou a minha atividade física predileta. Agora todo dia é dia de pedalança!
      Mas, durante uma semana não irei pedalar até a pintura eletrostática estar pronta na Magá. Um dia sem ela me deixou um pouco irritado, não gosto muito de fazer caminhadas a pé, por causa do dedão quebrado. 
       Também é uma terapia muito saudável cuidar da bike, fazer a manutenção tanto preventiva como a corretiva. Ocupar o cérebro e a mente com coisas saudáveis é uma das melhores coisas que as pessoas com transtornos mentais pode fazer. Meu lema é: "Mais terapias e menos remédios!" Saúde não é tomar medicamentos e sim medidas e hábitos que evitem a necessidade de visitas aos médicos. 
Medicamento é o principal agente tóxico que causa intoxicação em seres humanos no Brasil

    Não sabia que gostava tanto assim da Margarida e que ela me fazia tanta falta! Acho que irei telefonar para os pintores e implorar que pintem o mais rápido possível a minha bike, pois não sei se irei aguentar tantos dias sem sair por aí com a Magá. Ela representa para mim a liberdade, é tão bom ficar pensando em onde ir, onde passear, só pelo simples prazer de pedalar e sentir o ventinho no rosto. 
     Já me ofereceram dinheiro mas não a vendo de jeito nenhum. Ela tem um valor sentimental tão grande que acho que ela é como se fosse um ser humano..

Será que posso me casar com a Magá?



    Hoje em dia o mundo está tão maluco e tem pessoas casando com si mesmas, casando com bonecas infláveis, casando com estação de trem e até com pedaço de pizza! (no meu caso acho que esse último casamento não iria durar nem um dia, pois o meu par iria parar no meu estômago). Veja abaixo alguns casamentos muito estranhos. 
    Por que não posso casar com a Magá? Ela não fala nada, não reclama de nada, não reclama que fico calado o tempo todo... E também não me acha um cara esquisito... 
    Não sou contra a união de humano com humanos, mas o meu peculiar jeito de ser fez com que meus relacionamentos não durassem mais do que três encontros. A maioria das vezes eu terminei ou simplesmente parei de entrar em contato com elas. Outras vezes elas terminavam, pois acabam se cansando de ficar ao lado. Quando saímos íamos ao cinema, ríamos das comédias e ficamos em silêncio. Fico feliz no meu cantinho e convivo bem com meus pensamentos. Gosto da minha companhia. 
    As perguntas que minhas namoradas mais faziam eram:
    - Por que você é tão calado?
    - Por que você é tão esquisito?
    -Você tem um segredo?
    -Por que você é tão misterioso?
    -Minha companhia não está lhe agradando?
     E o que elas mais me pediam não era um beijo ou um presente, era sempre a mesma coisa:
     -Fala alguma coisa.
     E eu respondia:
    -Alguma coisa!
    Nunca pensei em me casar, como iria de repente falar com minha companheira que iria sair por aí algum tempo com uma mochila e uma barraca nas costas? 
   Como explicar que gosto do som do silêncio? 
                                              esta mulher se casou com um pedaço de pizza

    Acho que semana que vem irei ao cartório para ver se consigo oficializar esta longa e linda relação que tenho com a Margarida. Ela faz bem ao meu coração (tanto no sentido figurado como no literal), faz bem á minha saúde mental, combatendo o stress, a depressão e a ansiedade. Hoje terei que tomar um diazepan, pois o ciclismo foi e está sendo fundamental para que eu consiga ficar longe dessa droga de droga que é uma das mais viciantes que existe. 
    Ela me faz tão bem e eu cuido dela. Não é uma boa relação?
A seguir cenas dos próximos capítulos...