quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

4º dia pedalanças Belo Horizonte São Mateus-ES

Nossa Senhora do Porto - Guanhães 25km
    Ontem tive uma razoável noite de sono no clube desativado de Nossa Senhora do Porto, pois às vezes passava alguém  mas não foi importunado. O local ficava muito escuro de noite, mas foi uma noite tranquila, como foram todas até hoje nessa primeira fase de minhas pedalanças 2019. 
    Acordei com o nascer do sol, o celular quase não estou usando pois, além de gastar muita bateria pode estragar também com essa viagem meio maluca. De madrugada choveu bastante o que deixou o céu bem limpo na parte da manhã, renovando minhas energias para mais um dia de pedal. Mas antes aproveitei a queda d'água do clube para tomar um bom banho e lavar minhas roupas. Tinha acordado um pouco detonado, mas uma água geladinha é muito bom para despertar. 
    Além do sol, tive outra boa notícia pela manhã: a estrada para Guanhães era de asfalto e muito boa!
estrada para Guanhães muito boa e bonita
    Mas antes de chegar na estrada tive que subir as escadas do clube com a bike. E sem ter tomado café da manhã...  Foi difícil, mas não tem muito o que escolhermos neste tipo de viagem com parcos recursos financeiros. Acredito que conseguiria andar bem mais quilômetros se dormisse em hotéis. Mas faz parte da aventura todos esses perrengues.
Tomei um bom café da manhã na única padaria que encontrei no lugar. Também poucas pessoas encontrei pelas ruas. Pensei de que viviam os moradores daquele distrito. 
    Apesar da estrada não ter acostamento consigo andar em um bom ritmo. Estou pedalando com muito cuidado e até o momento não tive problemas em relação ao trânsito. Os motoristas tanto de carros como de caminhões foram muito educados até o dia de hoje. Vejo várias cruzes pelo caminho, em homenagem aos motoristas que morreram nas estradas. Mas não quero fazer parte desta estatística, andando em velocidade média e com muita concentração. 

a estrada para Guanhães é muito boa.
     Chego em Guanhães por volta das dez horas da manhã. Minha média está sendo de cerca de 11km por hora. Não tenho pressa de chegar, não estou apostando corrida. Se bem que na descida é muito bom imprimir uma certa velocidade e sentir o vento bater em nosso rosto.
    Na cidade tive a sorte de encontrar uma boa oficina de bike e o mecânico, além de fazer um preço super bacana, deixou a bike tinindo, com freios, marchas e rodas funcionando super bem. O eixo tinha ficado detonado com a buraqueira da viagem do dia anterior. 

Guanhães
    Achei um rango super gostoso e por um preço bacana por dez reais. Depois fiquei perambulando pela cidade, algumas pessoas paravam para conversar comigo, quando viam a bike com as mochilas na garupa. 
     Encontrei uma lan house para matar a saudade das redes sociais e atualizar as pedalanças aqui no blog. Na próxima viagem irei comprar um notebook baratinho, pois as lan houses estão ficando escassas. Hoje os tempos mudaram e boa parte das lojas, postos e lanchonetes tem WIFI grátis.
     Decidi que a parte da tarde seria para o meu descanso e então fiquei em Guanhães. A estrada de Dom Joaquim para Nossa Senhora do Porto havia me detonado por completo. De noite fui para o ginásio coberto da cidade para tomar um bom banho e montar a minha barraca. Passei boa parte da noite assistindo os jogos de vôlei que é um esporte bastante praticado na região.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

3º dia pedalanças-Belo Horizonte São Mateus-ES

Conceição do Mato Dentro-Dom Joaquim-Nossa Senhora do Porto  60km
    O resto da tarde anterior em Conceição do Mato Dentro passei descansando na pracinha central e deixando a roupa lavada secar na grama do canteiro do jardim. 
    Queria dormir no coreto da praça, mas o lugar é um pouco movimentado. É legal dormir em um coreto. Dá uma certa sensação de segurança. Dormi em vários na minha andança pela estrada real. Mas agora são as pedalanças, e também tenho que cuidar de deixar a bike presa na corrente. 
    Dei umas voltas pela cidade e acabei encontrando um posto de gasolina, onde consegui também tomar um bom banho, que lavou até a minha alma e me fez sentir um pouco mais leve. 
    Por volta das dez horas da noite montei a minha humilde residência a fim de descansar minhas canelas para o dia seguinte. Não sou um cara muito de hábitos noturnos e logo peguei no sono. 
    A noite foi tranquila até por volta das quatro horas da madrugada, quando chegou um cara chato buzinando sem parar, pensando que o posto ficasse aberto 24 horas por dia. 
     O cara era bem insistente e quando percebeu que não havia ninguém começou a me chamar:
    - Ô do a barraca!....
     Claro que não atendi e continuei a fingir que estava dormindo. Depois de muita insistência o cara finalmente resolveu encostar o carro e esperar o posto abrir. Parecia que ele estava apertado e querendo ir no banheiro ocupado.... 
    Por volta das cinco e meia já estava acordado, por causa da claridade que se fazia no local, pois o horário de verão já havia acabado finalmente. 
    Após o café segui para a cidade de Dom Joaquim, distante 25km de CMD. 
    A estrada estava muito boa, quase sem carros pela frente. Foi uma delicia ter aquele caminho só parar mim. Descer na velocidade máxima que a bike conseguia imprimir me dava uma sensação de liberdade que há muito tempo não sentia. O céu estava nublado e por volta das dez horas da manhã já estava em São Joaquim. Era domingo e quase não se via pessoas pelas ruas daquele lugar, a não ser na praça central, onde fica a igreja matriz. 
    Por sorte encontrei uma tomada que estava energizada no coreto da praça. Claro que aproveitei para carregar o celular, a câmera e a lanterninha. Nunca me passou pela cabeça ter um celular bom para essas viagens, com certeza iria estragar nos primeiros dias. 
    Onze horas já estava almoçando no único restaurante daquele lugar. Me assustei com a quantidade de pessoas que estavam almoçando, pois não havia visto tanta gente andando pela cidade. 
     Sempre quando paro em algum lugar as pessoas me perguntam de onde venho e para onde vou. Quando respondo que sou de BH e que vou para o Espírito Santo as pessoas sempre demonstram muita surpresa. 
    - Você está pagando promessa?- um deles me perguntou. 
    Outros não falavam nada, apenas ficavam olhando para o alto admirados e surpresos. 
 
A pequena e pacata Dom Joaquim
    Depois do almoço começou a chuviscar, mas nem pensei em esperar o tempo melhorar. Depois da torrencial chuva que enfrentei na Serra do Cipó já estava me sentindo um ser meio que aquático, e não seria qualquer chuvinha que iria me parar no caminho. 
    Mas, na saída da cidade, uma surpresa nada agradável: a estrada para Nossa Senhora do Porto era de terra!!!
    Chuva e estrada de terra é a pior combinação possível em uma viagem maluca como essa. E era uma péssima estrada de terra: buracos, pedras e a famosa costeleta que faz a bike e o nosso esqueleto trepidarem até não aguentarmos mais. O caminho todo não tinha refresco, ou você escolhia os buracos, a lama ou a costeleta. Com o tempo o chuvisco acabou virando uma forte chuva e encontrei duas "lagoas" pelo caminho. 
    Era arriscado demais passar com a bike nessas lagoas. O jeito foi tirar o chinelo e andar no lago para dar uma examinada e ver por onde passar. Se escorregar poderia perder os documentos, o dinheiro e os cartões do banco. Ou seja, merda total logo no terceiro dia de viagem. 
     Por alguns momentos penso em desistir, é muita sofrência para um dia só essa estrada, pois a bike não é preparada para esse tipo de terreno. Se soubesse teria escolhido passar pela cidade do Serro, o que aumentaria em mais 40km o percurso, mas não teria que passar esse perrengue todo. 
    Mas de antemão já sabia que o caminho teria perrengues e missão dada é missão cumprida pelo esquizo.
    Depois da lagoa vi pelo segundo dia seguido um carro sport tipo jeep. O engraçado é que ele passou quase no mesmo horário do dia anterior. E depois voltava pelo mesmo caminho depois de cerca de umas duas horas. Será que ele está me seguindo ou os carros eram apenas parecidos? 
     Logo a minha paranoica mente imaginou que o motorista sabia de minha viagem e que estava me difamando pelo caminho. Quando ele passou de volta decorei o nome que estava pintado na porta. Se ele aparecer amanhã vou parar o carro e tirar satisfações...
    Quando estava morando em BH um vizinho que está doente e que vivia implicando comigo premeditadamente me provocou para gravar no celular minhas reações. Provavelmente ele deve ter espalhando para seus amigos.  Muito difícil eu reagir as provocações, nem ligo quando acontece nas ruas, mas todo dia ficar ouvindo vizinho me provocar é complicado e uma vez ou outra eu reagia e ele gravou as minhas reações. Claro que o xinguei e o ofendi, falei umas besteiras, mas apenas me rebaixei ao nível dele. Talvez ele tenha algum tipo de inveja de mim, pois procuro sempre cuidar de minha saúde e acredito estar bem para meus 50 anos de idade. Ele está com 60 e mal consegue ficar em pé. O cara é chegado numa cachacinha e ainda por cima tem diabetes. Ou seja, o cara não se cuida e ainda vem descontar em cima de mim....
    Mas vamos falar de coisa boa. Depois da chuva e da péssima estrada chego detonado à Nossa Senhora do Porto. A bike está toda enlameada e o eixo traseiro está empenado de tanto passar pelas buraqueiras do caminho.A magrela estava fazendo um nhéc nhéc na roda traseira, o que me deixou na dúvida se conseguiria chegar em Guanhães no dia seguinte para achar uma oficina de bike. 
Nossa Senhora do Porto
a bike chegou detonada e eu também com "zóio" de zumbi. Estava no limite físico...
    Se em Dom Joaquim havia poucas pessoas nas ruas, em Nossa Senhora do Porto dava para se contar os habitantes que tinha avistado. É uma cidade simpática, mas a impressão que se dá é que foi abandonada por um ataque de zumbis e que poucos haviam escapado e a maioria tinha saído do lugar à procura de cérebros.
    Consegui encontrar duas senhoras que estavam enfeitando a igreja para a missa dominical e fiquei proseando um pouco esperando o tempo passar. Como havia poucas pessoas naquele lugar resolvi que iria dormir no coreto da pracinha.
    Esperei umas duas horas minhas roupas secarem em uma barraca que estava montada ao lado da igreja. E também é claro, estava descansando, pois o dia não foi nada bom para meus músculos. Estava mais cansado do que no primeiro dia, quando andei 100km.
    Quando finalmente resolvo subir para o coreto, a decepção: o chão estava todo sujo de fezes de pássaros. Pensei em dar uma limpada no lugar, mas o cheiro também não estava bom e não seria qualquer limpeza que iria deixar aquele coreto habitável. Nessa hora bateu um desânimo daqueles. Pensava que finalmente poderia dar uma cochilada. Não havia encontrado nenhum outro lugar coberto para montar a minha barraca, que não aguenta muita chuva. O coreto parecia abandonado, assim como a cidade. 
     Encontrei um senhor e pergunto onde poderia encontrar papelão para forrar o piso da barraca e ele me disse que eu poderia dormir no "clube". Perguntei se teria que pagar alguma coisa e ele me disse que não era necessário.
    Juntei as poucas forças que tinha e voltei para a entrada da cidade, na tentativa de achar o tal clube. Quando finalmente o encontro, a decepção: .os banheiros estão desativados, o bar fechado, só tem dois garotos tomando banho na piscina, apesar da chuva que insiste em cair naquela tarde. 
     O clube é bem bacana e agradável, é cercado pela natureza e tem uma piscina de água que vinha de uma montanha..
    Escolhi um local para montar a minha barraca antes que escurecesse, afinal o clube também está abandonado... 

     E dito e feito, por volta das sete horas a escuridão toma conta do lugar. Acho bom e ruim. Bom por que poderia ficar sozinho um tempo. E ruim pois poderia ser perigoso.
    Entro para a minha barraca e confesso que fiquei com um pouco de medo. Não vi nenhum policial naquela cidade enquanto estive no centro. 
    Ouço passos do lado de fora da barraca. O cara vinha de alguma outra entrada do clube. Ele passou direto e foi em direção à entrada. Logo deduzi que o clube servia de ligação entre a cidade e um outro local qualquer. 
    Mas me sentia bem naquele lugar, sozinho e escutando o barulho da chuva.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Falsidade

    Uma pessoa premeditadamente me provocou várias vezes quando morava no endereço antes de sair para viajar. Digo premeditadamente pois ela gravava as minhas reações. Na maioria das vezes não respondia, mas nem sempre estamos bem para relevar provocações, mesmo sendo de uma pessoa doente.
E me parece que essa pessoa está espalhando as minhas respostas à suas provocações.
Nunca pensei em gravar nenhuma das provocações dele, até mesmo por que seria difícil, pois ele falava em tom baixo e eu teria que andar sempre com o celular na mão.
Em algumas vezes eu me excedi, mas apenas me rebaixei ao nível dessa pessoa, que até chegou a me pedir dinheiro emprestado indiretamente por outra pessoa. (queria 2400 reais, para pagar oito meses de aluguel atrasado. Como também passo por algumas dificuldades, obviamente não emprestei, e parece que essa pessoa ficou ressentida por isso também.
Mas vida que segue e consciência tranquila,99% das provocações não respondo pois estou em paz comigo mesmo e apenas cuido da minha saúde. Antes de viajar meus exames apontaram que está tudo bem comigo, só preciso diminuir a pizza pois o colesterol estava em 240mg.
Essa pessoa que me provoca infelizmente parece querer cuidar mais da vida alheia do que da própria, e atualmente parece não estar em boas condições físicas, mal conseguindo andar aos 60 anos de idade.
Desejo de coração melhoras à sua saúde e que também melhore como ser humano e tenha mais caráter e parar de provocar outras pessoas para ficar gravando no celular as reações.

Poderia até fazer uma postagem maior sobre esse assunto e essa situação em específico, mas seria perda de tempo. Como já relatei, prefiro cuidar de minha saúde e continuar com os exames em dia. 
Obrigado à todos que estão sempre acompanhando o blog e a página lá no face.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

2º dia-Pedalanças Belo Horizonte-MG à São Mateus-ES

Serra do Cipó-Conceição do Mato Dentro-75 km
    Dormi na casa da Ângela, que conheci quando estava procurando algum lugar para dormir na Serra do Cipó. Ela fez um  preço bacana e deu para tomar um bom banho e montar a barraca na varanda de sua casa. 
    Às sete horas já estava no caminho, que de antemão sabia que seria a parte mais difícil dessa primeira etapa da viagem. Serra das brabas, parecia que eu estava subindo para o céu e tive que empurrar a bike pela primeira vez. 
    Estive em Conceição do Mato Dentro no ano de 2001, quando estava surtado e morando nas ruas. Havia procurado o  dono da firma de sonorização que havia trabalhando há alguns anos atrás. Quando procurei o dono da firma ainda estava surtado, procurando entender tudo aquilo que havia me acontecido e ainda estava pesando 60 kg, 25kg a menos do meu peso normal. 
    Ele me ofereceu alimentação e "aparentemente" eu dei uma melhorada pouco tempo depois, após dormir por umas duas horas. 
    Estava me sentindo melhor e até pedi para trabalhar. Como era véspera de carnaval fomos então para Conceição do Mato Dentro e trabalhei mais ou menos bem como operador de som. 
    Mas, voltando a viagem, a sofrência nesse dia foi ao nível 9.5, principalmente nos 15km iniciais. Acredito que a altitude em CDM deve ser de quase 1500 metros ou mais. 
    No meio da subida da serra o céu fechou de repente e caiu uma forte chuva que molhou parte de minha bagagem. O tênis também ficou bastante molhado e, para não ficar com muito chulé resolvi continuar a viagem de chinelo. 
chuvinha para refrescar a subida da serra
    No início a chuva foi desagradável, com fortes ventos e trovoadas. Mas com o tempo o corpo se acostuma e até agradeci aos céus por aquela refrescância que ajudou a subir a serra com menos cansaço. Não tenho a ideia de quantas horas encontrei um restaurante para matar a fome, pois o carregador do celular que fiz acoplado a bike não funcionou muito bem. O jeito era carregar nas paradas para dormir e almoçar. 
    De tarde a chuva deu uma parada e o tempo melhorou e as descidas fortes começaram a tomar conta do caminho. "Depois da serra vem a descida". Esse eu criei. 
     E que descida boa!!! Pouco carro na estrada  e fui na velocidade máxima que a bike conseguia atingir. A sensação do vento no rosto, a liberdade.... 
    Freava muito nas curvas, pois qualquer descuido poderia causar graves danos se eu caísse naquela velocidade. Quando estava nas minhas andanças ficava admirado quando via algum ciclista andando tão rápido. O segredo é se concentrar o máximo na estrada, para não passar por cima de algum graveto e desequilibrar. 
    O sol começou a aparecer com mais intensidade e outras serras íngremes apareceram pelo caminho. E eu não havia enchido as garrafinhas de água, por causa do tempo que estava bom. O sol forte, a subida forte e a falta de água... Fiquei detonado, subindo a serra empurrando a bike até conseguir encontrar uma casa na beira da estrada. 
   
    A água estava deliciosamente gelada. O restante do caminho até CDM foi de serras com subidas e descidas fortes e poucas retas. Cheguei detonado na cidade, fiz um lanche e procurei uma pracinha para descansar e deixar secar a minha bagagem. 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Pedalanças Belo Horizonte -MG à São Mateus-ES

1°dia-Belo Horizonte - Serra do Cipó 100km
16/02/2019
      Acordei pontualmente às cinco da manhã. Seria a minha última noite no conforto do meu colchão toraflex. Mas já havia pesado os prós e os contras de uma aventura como essa. Se por um lado perderia o conforto de um local fixo para morar, por outro ganharia a liberdade de conhecer novos lugares e pessoas. Na verdade pessoas nem tanto é o objetivo da viagem, se bem que gosto muito da receptividade ímpar do povo de Minas Gerais. Sou uma pessoa bastante antisocial e já tentei mudar, mas percebi que era uma grande forçação de barra querer mudar a minha essência. 
    Arrumei minhas mochilas e as amarrei bem nos bagageiros da bike Entreguei as chaves do quarto para a proprietária e fui comecei a pedalar. Estava um pouco tenso e ansioso, coisa normal para o primeiro dia de viagem. No início tive algumas dificuldades em andar com o peso no bagageiro frontal. Mas com o tempo fui adquirindo confiança.
    Foi um pouco complicado andar pelo congestionado trânsito da avenida Cristiano Machado. Muitos motoristas apressados e aquele barulho irritante de carros passando à toda velocidade.
MG-010

      Depois peguei a MG-010 e com o acostamento pude pedalar mais descontraidamente. 
    A bike estava andando bem, havia comprado um quadro super leve de alumínio e por volta das nove e meia cheguei em Lagoa Santa, cidade distante 30km da capital  mineira. Minha intenção inicial era parar nesta cidade, mas, como estava indo bem fisicamente, decidi continuar. A verdade é que não havia planejado muito essa viagem. 
Lagoa Santa

     Aos poucos o cenário foi mudando O verde começou a predominar na paisagem, e o barulho intenso de veículos passou  a ser um rangido na roda de trás da minha bike, o que me deixou um pouco preocupado. Aprendi a consertar quase todos os defeitos da bicicleta, vendo os vídeos no youtube, mas mesmo assim era complicado fazer a manutenção durante a viagem, devido ao cansaço da mesma. 
    O caminho não tem um nível de dificuldade elevado, uma ou outra subida íngreme, mas a maioria era reta e algumas descidas. E o tempo nublado estava ajudando muito.
   Estava pedalando em um distrito depois de Lagoa Santa quando senti um delicioso aroma de abacaxi maduro. Não resisti e comi um generoso pedaço desta fruta. Estava no ponto!
Vai um abacaxi aí?
    Sigo o caminho em um bom ritmo, bem melhor do que esperava para um primeiro dia de pedalanças. Por volta do meio dia paro para almoçar. Quase que passo direto, pois o restaurante era bem simples. Mas o rango estava uma delícia, comida simples mas muito bem temperada. Carne de porco, tutu de feijão, salada. A verdade é que nas estradas os estabelecimentos mais simplórios tem uma comida mais caseira, com aquele temperinho gostoso... 
    Já havia andado 50km e ainda estava com disposição para mais neste primeiro dia. Com o passar do tempo o rangido na roda traseira foi aumentando e me deixando cada vez mais preocupado. Não parei de andar e decidi só verificar o que estava acontecendo quando chegasse em Serra do Cipó. 
    Por minha sorte havia uma oficina de bikes logo na entrada da cidade. Estava sentindo orgulho de mim mesmo. Havia conseguido andar 100km  logo no primeiro dia com uma bike aro 26 simples!
     Havia muitas bikes para alugar, a Serra do Cipó é uma cidade turística muito conhecida pelas suas belezas naturais, principalmente as cachoeiras. 
    Conserto parcialmente o defeito na roda e sigo o caminho A cidade tem muitas pousadas e percebo pelos carros que a maioria dos frequentadores é de alto poder aquisitivo, o que me deixa um pouco constrangido, pois não irei e nem posso gastar muito. 
   Dei algumas voltas , à procura de algum lugar coberto para dormir. Por fim desisti e combinei com uma moradora do local de montar a barraca no seu quintal.
    Teria que descansar bastante, pois o caminho para Conceição do Mato Dentro é serra pura. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Partiu pedalanças!!!!

     
Partiu pedalanças!!!!
Comecei a viajar na sexta feira, infelizmente não estou encontrando lan house pelo caminho, mas vou postando o diário e as fotos da viagem lá no blog.
Obrigado à todos que ajudaram a montar a bike. Ela está indo bem, e eu até que estou aguentando o ritmo e os perrengues do caminho.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Pedalanças: início adiado

  
      Pedalanças do Esquizo                                                                   

    Após muito pensar resolvi adiar as minhas viagens pelo Brasil para o início de fevereiro, por três motivos:
    1- A bike ainda não está totalmente pronta:
    Falta ainda instalar o bagageiro dianteiro. Resolvi instalar um bagageiro dianteiro para aliviar um pouco o peso na roda traseira, já que irei carregar a mochila maior no bagageiro traseiro. O restante está pronto, não é uma bike própria para andar na estrada, mas como não tenho pressa irá me servir. 
    2- Chuvas. Esse mês está chovendo muito por aqui em Belo Horizonte e é quase impossível viajar pela estrada real com chuvas. Acredito que irei seguir uma outra viagem para depois fazer o caminho da estrada real, no outono.
    3- "As coisas" ficam muito caras no período de férias nas cidades turísticas e o meu orçamento não é grandes coisas.

    Por esses motivos irei viajar no início de fevereiro, o carnaval também começará no início do mês, então estarei ainda na estrada antes de chegar nas cidades. Gostaria de agradecer à todos que me ajudaram na manutenção da bicicleta e também os que estão torcendo para o meu sucesso em mais esta jornada. 
    Obrigado a quem adquiriu os meus livros e quem fez doações. Qualquer ajuda é benvinda. 
    Estou aqui em Belo Horizonte me preparando fisicamente, praticamente todos os dias ando um pouquinho, para não passar muitos perrengues nas viagens. E também para ter uma noção do meu limite, quantos quilômetros poderei andar em um dia, etc...
    Comprar uma bike foi o melhor investimento que poderia ter feito. Gostaria de ter comprado uma melhor, mas hoje em dia as bikes estão sendo muito visadas pelos meliantes.
    Tive que vender minha TV, mas não me arrependo. Ganhei em saúde, emagreci dois quilos e estou me sentindo bem melhor fisicamente e mentalmente. E na TV aberta infelizmente a programação não está nada saudável... Claro que tudo tem sua exceção, mas o controle remoto da TV estava estragando de tanto "caçar" algo de bom nessa tal de TV aberta. 
    Mas essas coisas a gente compra de novo, o importante é ser feliz e ter a liberdade para ir e vir e de sermos quem somos realmente.
 Qualquer ajuda é benvinda, entre em contato pelo chat ou então pelo email:
memoriasdeumesquizofrenico555@gmail.com
Obs: existe um email semelhante, sem os números 555, mas que não me pertence e não possui nenhum vínculo com a página ou o blog. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Pessoa com esquizofrenia desenha alucinações para lidar com a esquizofrenia

  Pessoa com esquizofrenia desenha alucinações para lidar com a esquizofrenia. 
     
    Depois que me recuperei do meu primeiro surto grave comecei a entrar no mundo digital e conhecer várias pessoas com os mesmos problemas que eu. Saber que existem outras pessoas passando pela mesmas dificuldades que você ajuda um pouco. Saber que não é a única pessoa do mundo a padecer desse mal chamado esquizofrenia infelizmente é um pouco reconfortante, sem querer dar a impressão que o sofrimento alheio seja benéfico de alguma maneira. 
    Conheci e conheço pessoas com esquizofrenia muito inteligentes, outras com talento para as artes e por aí vai. Como sempre costumo dizer não existe "o esquizofrênico" e sim uma pessoa que sofre de um transtorno mental que a ciência resolveu chamar de esquizofrenia, que vem do grego e quer dizer mente fragmentada. 
    Uma dessas pessoa que conheci é o Fernando (nome fictício). Ele entrou em contato comigo nas redes sociais e pediu que publicasse seu texto e seus desenhos que ele faz quando tem alucinações auditivas. Algumas imagens são legais, tem até um gatinho aparentemente inofensivo, mas também tem imagens assustadoras, obviamente. Se esquizofrenia fosse somente enxergar coisas inofensivas e bonitas, como mulheres, provavelmente ninguém iria querer tomar antpsicótico. Dizem que na Índia as alucinações auditivas são meio zombeteiras e ficam meio que zoando o portador. Já no ocidente as vozes são mais ameaçadoras. 

    "Meu nome é Fernando e vejo as imagens e desenho as vezes meio da noite uma vez eu ia pra escola e apareceu na frente do portão da minha casa um morcego e fui pra escola e nem liguei as visões foram aumentando e quando desenho não volta mais uma vez tomei remédio e vi na minha frente um cavalo vermelho fogo incandescente já vi tecnologia computador e Jesus veio ler o itinerário para mim só que não lembro mais o que ele falou eu gosto muito de pintar e estudo artes como graduação uns parentes do meu padrasto quando falei que via as imagens ficaram com medo e me excluíram do zapp deles tive uma paralisia do sono que eu dizia para um morcego dizendo que ele não era Deus a voz que eu ouvia dizia coisas boas mas não acreditei e tomo toda vez remédio eu faço parte do grupo da igreja é muito legal aqui na minha universidade tem um grupo de acessibilidade que sempre me ajudam com exercícios físicos eu serei professor de artes e ensinarei sobre desenho e pintura e também vou ser monitor no próximo período de pintura tenho dificuldade na escultura mas é só práticar  eu tenho fé em Deus que ele vai me curar dessa doença e arranjarei trabalho eu sempre quis fazer bacharelado em artes plásticas só que acesso é quase impossível e não posso viajar devido a doença pois não posso viver sozinho mas estou feliz com o curso que tenho e agradeço as pessoas que me ajudam todos os dias"

Obs: O blog é de todos vocês. Quem quiser ajudar com algum conteúdo entre em contato comigo. Pode ser uma matéria, uma música, um poema, desenhos, pinturas, etc. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Paranoias diárias do dia a dia-6 O exame de HIV

    Hoje fiz mais um exame de hiv. Como sempre os resultados deram negativo. Nunca peguei essas doenças venéreas brabas.
    Antes do resultado estava super tranquilo, afinal atualmente não estou arrumando nem confusão.         Foi apenas um exame de rotina, mas nem sempre foi assim.
    Por volta do ano de 2001 eu estava com a certeza plena e absoluta de que estava com aids, mais por causa dos boatos que circulavam na cidade onde eu morava do que por causa da minha vida sexual, afinal sempre me precavia e usava o preservativo. Hoje em dia os meus preservativos estão até com a validade vencida por falta de uso. Desconfio daqueles senhores de idade que vão no posto de saúde e enchem a mão de camisinhas. 
    Mas, voltando ao assunto, quando estava naquele boato de que tinha aids, tive a infelicidade de acreditar e dar crédito ao que os outros pensavam. Resultado: acabei acreditando que estava com aids, entrei em depressão e fiquei sem energia e motivação. Era um círculo vicioso, pois eu ficava pensando que estava com aids e entrava em depressão, e essa falta de energia da depressão me fazia acreditar que era por conta do HIV. 
    Não queria fazer o exame nessa época pois acreditava realmente estar com aids e estava somente esperando os primeiros sintomas aparecerem para dar um fim à minha existência nesse planeta. 
    Tive poucos relacionamentos sem preservativo em minha vida, e imaginei que tinha contraído o HiV na primeira relação e que então teria passado o vírus para outras pessoas. Isso me deu um tremendo sentimento de culpa exagerado, e, quando surtei até cheguei a pedir para um policial me prender, afirmando que era um réu confesso e que havia matado algumas pessoas. Sim, eu cheguei à esse ponto. 
    Depois de cinco meses morando nas ruas nesse surto acabei conseguindo me recuperar e voltar a trabalhar. Tinha feito o exame quando estava morando nas ruas e havia dado negativo. Estava esperando que desse negativo para que eu pudesse enfim a fazer  o tratamento tomando as medicações. 
    Mas o resultado deu negativo e foi uma felicidade tremenda, deveria ser algo parecido com a carta de alforria que um negro recebia durante o período de escravidão do Brasil.
    Voltei a trabalhar mas tudo voltou o surtei outras vezes. E aí a situação piorou, pois quando fazia os exames e via o resultado dando negativo não ficava aliviado e sim imaginando que os laboratórios também estavam no complô contra a minha pessoa, falsificando os resultados para que eu não pudesse tomar os medicamentos e tivesse uma morte mais dolorosa e rápida. 
    Esses pensamentos duraram até por volta do ano de 2006. Havia conseguido o auxílio doença e finalmente pude ficar um tempo sozinho, pois na época que surtei ainda tive que trabalhar por muito tempo sem condições. Talvez isso tenha prejudicado a o tratamento da minha esquizofrenia. Ficando sozinho não estou curado, mas assim evito maiores situações de stress e a agitação do dia a dia. 
    Então, depois de um ano morando no meu cantinho resolvo fazer o exame do HIV para tirar de uma vez por todas essa dúvida que estava me atormentando nos últimos quatro anos de minha vida.         E, como sempre, o resultado foi negativo, a diferença é que o pensamento de que os laboratórios de exames não estavam mais contra a minha pessoa. E aí foi uma comemoração dupla, pois o meu time havia sido campeão da copa do Brasil e tomei uma cidra e fui para a cidade onde o boato havia se espalhado e aí fui eu que espalhei cartazes nos postes com o xérox da impressão do exame. E o mais curioso é que encontrei na papelaria para fazer a impressão uma pessoa que vivia dizendo que eu estava com aids quando eu ficava um pouco magro. E aproveitei para dar uma folha com o resultado para ela. 
    Enfim, é mais ou menos isso que pode acontecer na mente de um paranoico quando está surtado.         Cada um reage de uma maneira diferente, e a minha reação foi apenas fugir e fugir. 
    E me considero um vitorioso, pois hoje em dia se não posso dizer que estou totalmente recuperado, pelo menos estou cuidando de minha vida e em paz comigo mesmo.
    Não me considero uma pessoa que venceu a esquizofrenia, pois a minha vida não está como antigamente, não estou trabalhando e sou um aposentado. Mas poderia ser bem pior e hoje em dia tenho muito mais a agradecer do que reclamar.