domingo, 24 de outubro de 2021

Ciclismo e saúde mental

 O ciclismo ajuda no tratamento dos transtornos mentais?


Como o ciclismo apareceu em minha vida

 Quem acompanha o blog e o meu canal no youtube sabe que há algum tempo atrás passei a adotar a bicicleta como o meu meio de transporte principal. E não é somente isso, a magrela, é, além de tudo, uma ótima  terapia que me ajuda tanto no aspecto físico como mental. 
    Além da óbvia economia de dinheiro, com a bike ganhei mais saúde, disposição, um pouquinho mais de músculos e um pouquinho menos de gordura. Não sou obcecado em ter um corpo perfeito, apenas o necessário para me locomover por aí sem tanto esforço. Dizem que saco vazio não para em pé, mas também saco muito cheio também fica difícil de sair do lugar. Por isso que tenho um pouco de obsessão em manter o mesmo peso de quando tinha 22 anos. Havia época em que engordava um pouco, devido à comilança causada um pouco pela ansiedade. Aí a galera caía em cima achando que não estava legal e tudo mais. Então eu emagrecia novamente e falavam que eu estava com aids. A verdade é que se prestarmos atenção demais no que os outros pensam à nosso respeito acabamos pirando de verdade. 
    Minha principal atividade era correr e jogar um futebolzinho, não somente nos finais de semana. Desde criança que corro atrás da bola e é um dos bons vícios que adquiri ao longo de minha vida. Sou da época em que a molecada jogava futebol nas ruas, e os gols eram geralmente marcados por pedras. 
    Mas, em 2014 tive uma lesão no dedão do pé esquerdo e, devido ao não devido tratamento acabou virando uma fratura por stress. Passei por dois longos anos atrás de uma solução,  mas em vão. Consulta com ortopedista particular é muito cara e a cirurgia então nem se fala. 
    Foi complicado assimilar que de uma hora para outra já não podia mais correr, andar e me movimentar como antes. Gosto tanto de andar que já fiz algumas viagens a pé, com a minha mochila e a barraca nas costas. A mais longa foi a viagem pelo Caminho velho da estrada real, que liga os municípios de Outro Preto-MG á Paraty, no Rio de Janeiro. Foram 710km em 23 dias de muitas alegrias e alguns perrengues que me fazem rir até os dias de hoje. Não sei explicar isso: desde pequeno tenho essa vontade de andar por aí e conhecer novos lugares. Me lembro que, saía meio sem rumo por Belo Horizonte quando tinha uns 10 anos e às vezes ficava perdido de tanto andar. Certa vez tive que pedir para uma senhora a grana da passagem de ônibus até a praça da liberdade, pois estava em um bairro totalmente desconhecido para mim naquela época. 
andanças pela estrada real em Minas Gerais

    Passei dois anos pós fratura bem complicados. Cheguei a pensar em tirar a minha vida, ao sair dos hospital com a seringa do soro ainda em minhas veias. Estava usando blusas de mangas compridas.  Havia pesquisado na internet sobre meios de tirar a minha vida sem muitas dores. Não estava mais conseguindo viver daquela maneira, sem poder andar e correr como antigamente. Então fui até um local afastado e a minha intenção era deixar o sangue sair até o fim,  mas, para o meu azar naquela época e sorte nos dias atuais  ele já estava coagulado e seco no caninho do soro. Sentia muitas dores no local da fratura e também em outras partes do corpo, pois não estava andando corretamente e tampouco me exercitando como antes. Para piorar, nessa fase de tristeza comecei a comer muito e engordei um pouco. 
    Com o não atendimento adequado, passei a consultar o Dr Google. Comecei a tomar o cloreto de magnésio, que é um ótimo mineral para as articulações. Aos poucos fui sentindo alguma melhora, a fratura também foi se calcificando e a dor diminuindo. Dei uma maneirada na comilança  e voltei ao meu peso normal. Também comecei a fazer atividades físicas e após muitas experiências consegui achar um tênis super confortável e macio que me ajuda bastante a andar sem forçar a articulação do dedão. Os médicos me haviam indicado sapatos de solado duro, mas doía muito a região da fratura, pois o couro iria demorar muito para amaciar. 

Essa é a minha companheira Margarida

O começo do ciclismo

      O início no ciclismo não foi muito agradável, pois havia comprado uma bicicleta bem simples e o quadro dela não era do tamanho indicado para a minha altura. Quando pedalava por mais de uma hora sentia muitas dores na nuca e muito cansaço muscular. Na verdade estava reaprendendo a pedalar, pois só tive bikes durante a minha infância. Com o passar do tempo fui adquirindo conhecimento de certas práticas que deixam a pedalança mais agradável: o tamanho do quadro, a regulagem e o tipo de selim, roupas apropriadas e alguns componentes razoáveis. Aproveito esse trecho da postagem para agradecer à todos que me ajudaram e ainda ajudam a montar e a manter a bike funcionando. 
   Aliás, neste caso, não é uma bike, é a Margarida, a minha companheira fiel e inseparável desde o ano de 2019. Eu a achei em um classificado de vendas de bikes. Era só o quadro. Quando a encontrei, estava jogada em um quintal e o proprietário queria mais era desocupar o espaço de sua residência do que ganhar dinheiro. Então me vendeu dois quadros por 40 reais. Não poderia comprar um, tinha que comprar os dois quadros que estavam em seu quintal.  
    Depois de uma breve inspeção, amarrei os dois quadros na garupa de minha bike antiga e voltei para casa. A Margarida era maior, o tamanho adequado para a minha altura. O outro quadro dei para o mecânico, em troca da montagem da bike. Pode parecer insanidade, mas só quem é ciclista sabe a relação que temos com as nossas magrelas. São tantos benefícios que elas nos proporciona que não tem como não adotá-la meio como uma amiga e então batizá-la.
    A bicicleta ficou bem melhor e mais leve, já que a Magá é de alumínio. O pedal começou a ficar bem mais prazeiroso e comecei a pedalar por distâncias bem mais longas sem ficar muito detonado. Mas, quando me sentia exausto, era um cansaço gostoso que relaxava meus músculos depois de um bom banho morno após a pedalança. Era o cansaço causado pela quantidade de km percorrido e não pelo esforço  por ter pedalado em uma bike  não muito bem equipada. 
    Então, em 2019 fiz a minha primeira cicloviagem Pedalei 3050km entre os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Foram muitas alegrias e perrengues que nunca irei esquecer até os últimos dias de minha vida. Não imaginava que iria conseguir pedalar por tanto tempo seguido e por tantos quilômetros. Ficava cansado só de ver os vídeos de cicloviagens no youtube.  Mas, quando estamos na estrada uma energia que não sei de onde vem vai tomando conta da gente e, quando nos damos conta, estamos pedalando por volta de 100km por dia na maior alegria e disposição. Se bem que minha intenção em uma viagem de bike não é a  velocidade e nem os Kms percorridos,  quero mais é curtir o caminho, sentir aquele ventinho batendo em meu rosto sem me preocupar com nada. 
     Durante os dois meses de viagem em nenhum dia tive a vontade de usar o fone de ouvido para curtir uma música durante a pedalança, queria mesmo era ouvir os sons do caminho: pássaros, o vento, as pessoas nos cumprimentando. Não sou muito comunicativo e sou de ficar mais na minha mesmo, apesar de que durante uma viagem quanto mais amigos fizer melhor. Mas também não posso mudar o meu jeito de ser, soaria um pouco falsa a minha aproximação. As amizades que fiz ocorreram de maneira natural e casual. 
    Voltei para casa e, em menos de dois meses já queria pegar a estrada de novo. Estava me preparando para ir para o Uruguai, mas o coronavírus chegou e tive que adiar meus planos. 

Benefícios do ciclismo 

    Depois que descobri que o que atormentava a minha mente era um transtorno mental chamado esquizofrenia, procurei ajuda médica e passei a tomar os medicamentos indicados para esse tipo de doença. Mas me sentia muito cansado, sem libido e com muitos outros efeitos colaterais. Me sentia um robô, tanto fisicamente como emocionalmente. Esses antipsicóticos parecem cortar nossas emoções, e não achava graça em nada, nem mesmo nos gols que o meu time do coração fazia. E também não ficava com raiva quando ele perdia. Enfim, nada mais me importava e  não acho isso um bom conceito de paz. Paz para mim é estar bem consigo mesmo, ter a consciência tranquila e saber se proteger de energias e ambientes negativos. 
    Depois que comprei o meu primeiro computador, por volta dos 42 anos comecei a estudar o transtorno e também a procurar alternativas para ter uma vida com qualidade sem muitos sustos e surtos psicóticos. E descobri que a atividade física deve ser parte indispensável no tratamento de qualquer tipo de transtorno mental. 


    Muito se fala sobre a melhora na parte física na prática de algum esporte. O que poucos falam é sobre a melhora também na saúde mental.... 
    A atividade física nos dá aquela sensação de prazer, causada pela liberação da endorfina, serotonina e outras inas mais. Ajuda a diminuir a ansiedade, o stress e nos faz esquecer dos problemas do dia a dia.Ajuda também na qualidade do sono, que é imprescindível para recuperar nossas energias para o dia seguinte.
      Outro benefício na saúde mental que a bike nos proporciona é na questão da respiração. Melhoramos o nosso fôlego e  respiramos melhor. Uma respiração correta ajuda a oxigenar melhor nosso cérebro. 
       Pedalar em meio à natureza parece ter um efeito ainda maior: a qualidade do ar, a paisagem, o som dos pássaros cantando... E se tiver uma bela cachoeira para se refrescar melhor ainda. 
     Além de tudo isso, cuidar de uma bike é uma ótima terapia. Deixá-la limpa e lustrada é um excelente passatempo. Aprender a mecânica de uma magrela ocupa a nossa mente com algo positivo, afinal estamos exercitando nosso cérebro. Eu, que havia estudado eletrônica e detestava mecânica agora meto a mão na graxa para manter a Margarida em forma para novos desafios. 
O ciclismo também ajuda na socialização das pessoas.


     O ciclismo pode ajudar e muito na socialização, pois sempre encontramos alguém durante o pedal. Seja durante o percurso ou quando  paramos  para comer alguma coisa em uma lanchonete para repor as energias. Até eu que sou um pouco (na verdade muito) fechado, consigo fazer algumas amizades. Acho que falei mais na minha cicloviagem de dois meses do que no ano anterior inteirinho...
     Também existem os grupos de pedal, que se reúnem nas redes sociais e combinam trechos para percorrer. Reunir a turma para um pedal no final de semana é uma excelente diversão. Curtir a vida não quer dizer necessariamente cair na night e frequentar um barzinho e "tomar todas"... 
    Aliás, quem pedala nos finais de semana costuma acordar bem cedo, então nada dos embalos de sábado à noite... 
    E também tem os benefícios na parte física: ajuda a manter o peso, mantém os músculos em ordem, ajuda no combate aos problemas do coração, pressão arterial, diabetes, etc. Enfim, não irei me estender muito para a postagem não ficar muito longa, pois é chover no molhado falar sobre as melhoras no organismo de uma pessoa ao praticar uma atividade física.  Nos grupos do facebook de ciclismo o que não falta são relatos de pessoas que afirmam ter melhorado sua vida depois do ciclismo. 
    O que pouco se fala é sobre o ganho de qualidade na saúde mental na prática de esportes. E por esta razão fiz esta postagem.  Os médicos orientais procuram separar o indivíduo, o físico é uma coisa, a parte mental é outra. Na minha humilde opinião e sem muita filosofia não tem como se sentir bem na totalidade se estamos mal em uma das partes. E também tem a parte espiritual, mas isso é assunto para outras postagens. 

E a luta continua...

      Não me considero um vencedor nesta luta contra a esquizofrenia. É uma luta diária, que parece não ter fim. Mas hoje aprendi a melhor conviver com ela e posso me considerar um sobrevivente, ao analisar por tudo o que passei em minha vida. Graças à ajuda de pessoas de bom coração hoje eu estou digitando estas linhas e ajudando as pessoas que estão passando hoje o que passei há alguns anos atrás. 
       Por volta do ano de 2003 não conseguia sair de casa sem uma cartela de diazepan no bolso. Em dias de muito estresse chegava a tomar cinco comprimidos de 10mg por dia. Sim, tinha que tomar durante o dia também, para não surtar de vez. Cheguei a tomar vários antipsicóticos fortes, como o haldol, que nos deixava meio como zumbis. 
     Hoje não tomo mais antipsicóticos e consigo sair de casa sem as cartelas de diazepan. Aliás, só tomo quatro comprimidos de 10mg por mês, pois meu organismo infelizmente ficou viciado nessa droga de droga de ansiolítico. 
     Enfim, a luta contra esquizofrenia é como um jogo em que você precisa conhecer bem o adversário para descobrir os seus pontos fortes e fracos. E cada dia é como se fosse uma nova partida, se no jogo anterior ela te venceu, no dia seguinte você tem a chance de melhorar e se sair melhor nessa luta. 
     Espero ter ajudado com o meu relato sobre a prática do ciclismo. Recomendo de coração que  pratiquem alguma atividade física. Não precisa ser necessariamente o ciclismo, cada um tem a sua maneira de ser e então tem suas preferências particulares esportivas.  Não adianta muito se exercitar fazendo algo que não gostamos muito, a atividade física tem que ser um prazer e não uma obrigação. 


Sugestão de leitura

Ciência explica como o ciclismo muda o seu cérebro e te faz mais forte mentalmente

domingo, 10 de outubro de 2021

Problemas na bike

 Olá pessoal. 

    Sou aposentado e estou com problemas no meu meio de transporte, que é a bicicleta. Em maio paguei 120 reais para fazer a manutenção nela e no entanto o problema novamente apareceu em menos de dois meses. O mecânico infelizmente disse que não poderia dar garantia. 

    No momento estou com dificuldades financeiras pois por causa da pandemia não estou conseguindo pagar os empréstimos que fiz antes dela chegar. 

    Uso a bicicleta para tudo, pois tenho o dedão do pé esquerdo quebrado, e a cirurgia é muito cara. 

    O conserto fica por volta de noventa reais, mas desta vez quero comprar as chaves que são específicas, para assim não ficar dependendo muito dos mecânicos. No youtube tem vários vídeos explicando como se faz o conserto, e não é muito difícil. É a única parte da bicicleta que não aprendi a arrumar, por causa do preço das chaves específicas. 

    Precisarei de comprar duas chaves e provavelmente a peça que se chama movimento central. Tirei a foto e print de tudo para melhor explicar e provar a situação. 

    Sou aposentado pelo CID F20 como podem ver na imagem, espero que não me julguem, pois sei que tem pessoas em situação até pior do que a minha. Mas é com a bicicleta que saio para almoçar no restaurante popular e resolver os meus problemas.

Qualquer ajuda é bem vinda: dois reais, cinco reais. O número da conta é esse, caso prefira fazer PIX mande mensagem nos comentários que passo o meu número.

Ou se preferir envie um email para: memoriasdeumesquizofrenico555@gmail.com

Julio Cesar dos Santos

   Agência 2332 Ipatinga MG

   Caixa Econômica Federal

   Operação 023

   Conta 000.834.123.454-6



Esse é o laudo do meu dedão quebrado

nota fiscal do conserto da bike em abril deste ano



as peças que terei que comprar, aqui em Belo Horizonte é um pouco mais caro, pois o frete não foi calculado

Este é o meu dedão quebrado

Os meus empréstimos que não estou conseguindo pagar