quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

O dia da pessoa peculiar

10 de janeiro 
O dia da pessoa peculiar

Origem

    Todo dia 10 de janeiro é comemorado o dia da pessoa peculiar. É uma data  comemorada nos Estados Unidos, mas que infelizmente passa sempre desapercebida aqui em nosso país, apesar de termos tantas tribos diferentes. 
    A origem e quem criou esse dia são desconhecidos. Mas o termo "povo peculiar" vem da frase "povo escolhido" do livro bíblico Deuteronômio. Significa "separados" ou pessoas preciosas". Também o termo peculiar está citado em outro livro da bíblia "“Sereis a Minha Propriedade Peculiar” Êxodo 15–20; 32–34
    Outra passagem da bíblia que gosto bastante de citar está no livro de 1 Coríntios 3:19
"Porquanto a sabedoria deste mundo é loucura aos olhos de Deus"
 "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem"  
Resumindo: Os homens acham loucura os ensinamentos de Deus e vice versa. 
   Até na questão religiosa sou uma pessoa peculiar. Não sou católico e nem evangélico. Nasci em uma família católica, frequentei igrejas evangélicas, já fui em templo Hare Khrisna, espírita e outras. Hoje acredito em um Deus criador  e que não te cobra nenhum centavo para ir a qualquer lugar depois de nossa passagem por este planeta. Também acredito que Deus não seja esse ser castigador e vingativo que muitos líderes religiosos insistem em propagar por aí, talvez numa tentativa de manter sob controle os seus fiéis. 

Mas, afinal, o que é ser peculiar?

   Mas, voltando ao dia das pessoas peculiares, o que afinal vem a ser esse termo nos dias de hoje?
    Peculiar para mim são pessoas questionadoras, pessoas que não aceitam imposições sobre o que é normal ou o que não é. Questionam o que a maioria acredita ser o certo e errado. São pessoas corajosas e que não tem medo de ser o que realmente são. Pessoas peculiares são pessoas verdadeiras e que enfrentam consequências por tal ato, por não acharem graça nenhuma em ser o que os outros querem que elas sejam. 
    Os grandes inventores eram pessoas peculiares. Sem essas pessoas "estranhas" e "esquisitas" talvez o mundo seria bem diferente. Sem dúvidas eram pessoas inteligentíssimas também, mas, acima de tudo, peculiares, vivendo em sua maioria isoladas e mergulhadas em seus estudos e descobertas. 
Santos Dumont foi considerado louco por muitas pessoas da época

Por que não comemorar o dia da pessoa peculiar no Brasil?

   Seria uma boa que essa data fosse comemorada em nosso país. Seria um dia para celebrar as diferenças. Diferenças de ser, estar, agir e pensar. Não falo de supostas minorias, falo sim de peculiaridade, que é algo totalmente diferente. Mas é quase uma utopia ver essa data ser celebrada em uma nação  que atualmente está tão polarizada e violenta. Ideologias sócio políticas iriam impedir a união e comemoração  de um ato que é tão legal, que é exteriorizar o nosso interior. Acredito que a maioria das pessoas têm suas peculiaridades, mas as crenças limitantes e estereótipos impostas pela sociedade acabam por tirar a nossa liberdade de sermos nós mesmos. 
    Algumas pessoas são bem mais peculiares do que as outras. E isso gera piadas de mau gosto, desprezo e preconceito. Não considero o termo peculiar uma ofensa e sim uma grande qualidade, ser normal em um mundo cada vez mais violento e materialista  não é algo tão positivo assim. 
    Podemos ser o que quisermos ser, desde que isso não prejudique o próximo. 

"Mas Deus escolheu o que para o mundo é loucura para envergonhar os sábios e escolheu o que para o mundo é fraqueza para envergonhar o que é forte."
1 Coríntios 1:27


Minhas peculiaridades

     Se eu fosse citar todas as minhas peculiaridades nesta postagem, acredito que iria ser do tamanho de uma bíblia, tamanha a minha peculiaridade. 
    Agora mesmo fiz uma peculiaridade. Coloquei uma sacola de supermercado na cabeça para tomar banho, pois não gosto de dormir com os cabelos molhados. Noto que alguns vizinhos acham bem estranha essa atitude (e confesso que fico meio esquisito mesmo com a sacola na cabeça)
    E desde pequeno fui sempre peculiar. Não gostava que comemorassem o meu aniversário. Tenho uma vaga lembrança da única vez que fizeram festa para comemorar a data do meu nascimento. Estava na mesa, com a cara emburrada e os meus colegas cantando o parabéns. Estava de braços cruzados e com um olhar nada amigável, apesar da mesa estar repleta de doces e com um bolo de aniversário, que adoro, mas na festa dos outros. Acho que até eu mesmo não sei por que não gosto de comemorar o meu aniversário. Só sei que desde aquele dia nunca mais fizeram festa para mim. 
     Quando criança gostava muito de conversar com os adultos e eles se surpreendiam com o meu jeito de falar de igual para igual. Sempre fui muito observador e curioso e aprendia muita coisa assistindo televisão, coisa que hoje em dia não é possível. Aliás, é possível sim, só não sei dizer se o conteúdo é tão interessante assim, se estimula os nossos neurônios... Na escola não era raro eu frequentar as outras salas de aula. 
    Na adolescência, para ficar ainda mais peculiar comecei a curtir heavy metal. Mas até entre os roqueiros não me sentia totalmente em uma tribo. Não gostava de beber e os caras bebiam muito, até cachaça bem amarga. Gostava do Phill Collins, Lionel Ritchie, mas não ouvia Michael Jackson, o grande sucesso da época. Aliás, ouvia, meio sem querer, pois a música dele tocava em todos os lugares. Hoje em dia gosto das músicas dele. 
    E assim que fui crescendo minhas peculiaridades também cresceram. Não raramente minhas namoradas me achavam estranho, esquisito, e sempre me perguntavam por que eu era tão calado.
    -Fala alguma coisa!- me pediam.
    -Alguma coisa... - eu dizia. 
    Já adulto minhas peculiaridades meio que me isolaram do mundo. Não achava nenhuma pessoa peculiar para conversar, achava tudo muito monótono e entediante. Queria que um disco voador aparecesse na minha frente para ter alguém para conversar e dar uma voltinhas por aí em lugares diferentes... 
    Hoje, mais maduro, continuo com as minhas peculiaridades, mas me aceitando melhor do que no início de minha vida. Fico bem no meu cantinho, ouvindo minhas músicas peculiares que não são tão ouvidas assim pela maioria das pessoas. Não assisto os filmes campeões de bilheteria (até hoje não vi Titanic). 
    Para terminar, não poderia de postar esse vídeo com essa música com uma letra tão singela mas que fala muita coisa. 





11 comentários:

  1. Nós somos assim mesmo. Desejo vida longa vida. Te desejo a sorte de tudo que é bom.

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    1. Olá. Não sou muito de generalizar, acredito que cada pessoa tem suas peculiaridades, mas que infelizmente preferem seguir os padrões impostos pela sociedade. Como disse, cada um tem a liberdade de ser e fazer o que quiser, desde que não prejudique o próximo.
      Vida longa à todos nós.
      Obrigado pela visita ao blog e pela participação.

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  2. Gostei! Aproveitando o embalo do Raul: --eu dedico o vídeo abaixo para mim, para vc que lê e Paranóia:
    https://www.youtube.com/watch?v=DNhZ4HvCrA8

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  3. Lembrei de tu (na verdade eu lembro de tu de vez em quando de forma aleatória) agora pouco perto da hora de ir pela milésima vez pra psicóloga no CAPS aqui da cidade. Só que dessa vez eu vou lá pra chutar as bundas com criatividade. Escrevi uns textos com meu estilo "peculiar" de escrever, produzi e imprimi uma espécie de "livrinho" com eles e vou mostrar lá pro pessoal saber como é o ponto de vista de um bipolar que tomou haldol, lítio e depakene por 11 anos.

    E pegando embalo no Raul:
    https://www.youtube.com/watch?v=DNhZ4HvCrA8

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    1. Obrigado pela visita ao blog.Escrever é uma ótima terapia, no meu caso funciona meio como uma psicóloga mesmo (só que di grátis). Depois me conte o que o pessoal achou dos seus textos. No CAPS acho os pacientes um pouco robotizados e um pouco sem vontade de criar coisas novas.
      Tudo de bom para você por aí.
      Não conhecia essa música do Raul Seixas. Será que ele era bipolar?

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    2. Cara não sei se tu lembra de mim (pelo nome ai de usuário), mas uma vez eu te falei que eu descobri um jeito de controlar e estabilizar o humor bipolar sem medicação, no caso, eu te falei até sobre o "açafrão da terra" e uma boa alimentação, te indiquei de fazer um teste. Eu uso açafrão há anos (desde 2019), praticamente todo dia eu como ele no almoço e/ou jantar.

      Então, ai um belo dia de agosto do ano passado, eu tive a ideia de abandonar o tratamento do CAPS, já que, desde 2019 quando eu abandonei o uso do depakene e lítio, eu pensei porque não eliminar de vez o vilão principal, né? E ai, tomei a injeção de agosto, depois de uns dias abandonei a psicologia porque ela me pressionava mesmo sem querer fazer, acho que é ai onde o inconsciente se mostra e não há como esconder o ser humano que todos somos, caem as máscaras.

      Certo, abandonei haldol e continuei cuidando da alimentação, dessa vez mais focada em alimentos que repõe a flora intestinal (o açafrão é ujm desses). E assim foi. E desde então to do mesmo jeito com muita saúde, levando a vida como se nunca tivesse sido bipolar, mesmo tendo surtado por dias, tendo tido mania/depressão, etc, agora mais não, adios velhos amigos!

      E ai nesse mês de janeiro, eu notei que minha vontade pra escrever, inspiração no caso, veio aumentando e passei escrever os anos que fui mentalmente castrado pelo haldol, lítio, depakene. E também os momentos onde fingiram me ouvir mas na verdade apenas usaram as máscaras pra encobrir o que realmente querem pensar.

      No dia que era pra eu levar os textos e mostrar a psicóloga ela não veio (ou não quis vir) só me atender naquela tarde, creio que devido eu ter dispensado ajuda dela em agosto rsrsrs E me remarcaram pro dia 26/02 pra receber alta. E ai eu pensei: tudo bem, é um sinal de que devo me esforçar mais e fazer outros textos.

      E tô ai na parada fazendo textos com o que eu vi, senti e vivi.

      Só acho que quando entregar não vou poder ver a reação do pessoal lá, já que não vou mais ter o auxilio do caps devido a alta. E sim, eu também notei isso que tu disse dos pacientes serem robotizados, inclusive eu percebi que no caps os pacientes gostam de ser tratados como coitados, uma pessoa indefesa, um sujeito incapaz de cuidar de si mesmo, enfim, um inútil. Até fiz um dos textos baseados nessa ideia.

      Quando eu entregar lá os textos, e receber algum feedback de algum jeito (por que vai que aconteça, né?), eu falo aqui sobre isso.

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    3. Olá
      Sim o açafrão é um bom alimento para a saúde mental. Mas fico na dúvida se o açafrão vendido na maioria dos supermercados é o verdadeiro.
      Esses antipsicóticos realmente tiram a vontade de fazer qualquer coisa, pois diminuem a dopamina. Então na opinião dos profissionais estamos estabilizados. Alguns realmente ficam bem, mas outros sofrem com terríveis efeitos colaterais. E os que não sofrem com os efeitos colaterais a curto prazo provavelmente irão ter alguma sequela a longo prazo.
      A robotização é o que chamam de controle da doença. Infelizmente a maioria dos profissionais da saúde mental no Brasil acham esse tipo de tratamento muito satisfatório, mas é triste ver pessoas conhecidas ficarem desse jeito depois de tomarem as medicações.
      Espero que continue bem e é sempre bom analisar como foi o seu dia, se não ficou muito agitado, se não está tendo muitas paranoias e se não ficou muito eufórico. Parar de uma vez com a medicação pode causar surtos, mais pela abstinência do que pela própria esquizofrenia. Falo isso por que tive um surto pela falta de diazepan. Na época pensava que era um medicamento caro e fiquei esperando chegar no posto de saúde. Não demorou umas três semanas e surtei.
      Obrigado pela visita ao blog e pela participação.

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    4. Cara, eu vim te dar um feedback aqui sobre o que falei que ia fazer.
      Eu não tive coragem de fazer o que eu me propus a fazer!

      Inclusive, só pra vc ter ideia, eu AGRADEÇO a psicóloga ter recusado vir me atender EXATAMENTE no dia em que eu levei todos o textos lá pra entregar a ela, sim, eu levei e ia entregar sem medo!

      Acontece meu caro, no dia eu não reparei na OPORTUNIDADE IMENSA DE NÃO MATAR ALGUÉM que eu tive ali quando cheguei no caps depois de caminhar 20 min pra ir receber a alta sob sol quente do Ceará.

      Véi, cê não tem noção de como eu tava realmente prestes a pular num abismo, ou pior, jogar algum paciente lá. Ainda mais eu, um dos pacientes mantando outro paciente falando merda pra uma pessoa que trabalha ajudando tanta gente que um cara que nem eu naquele momento nem mesmo tinha a mínima noção do Todo geral.

      Po, isso não significa que eu não ia levar nenhum texto, eu levei, mas levei apenas uns dois em tom mais "sério" e menos crítico. E chegando lá com os textos no bolso vendo ela trabalhando tanto e cansada, desgastando a própria saúde pra fazer o trabalho dela. Fiquei e pensei: --po cara, que direito eu tenho de chegar lá e fazer ela ter sentimentos negativos sobre mim? Ainda mais eu que um dia ela chamou de "diamante bruto".

      --Ah vai me lascar!

      Levei os texto mas não dei nenhum a ela, cheguei em casa, coloquei eles ali jogados nos livros e deixei, até que chegou hoje, eu vi que não há necessidade NENHUMA de eu ser dono da verdade!

      E daí se o açafrão funciona? E daí se o haldol me estragou o sentido até o último dia de uso?
      Ah que se dane! Se eu soubesse que eu chegaria hoje aqui com a inetnção sincera de dar meu couro aqui pra qualquer um vim e me chicotear, eu faria com prazer!

      Mas po, nem uma chicotada nos lombos eu aguento, e nem mesmo me sinto digno de dizer que quero ser como Jesus!
      Véi vcs não tem noção da cagada que o Universo me tirou de fazer!

      Eu até pensei em pedir o cara aqui dono do blog pra apagar meu email pra minha ex-psicóloga não ver, mas eu faço é deixar ai com meu nome real e quando ela ver, saberá que sou eu.

      Eu posso falar um tanto exagerado nas palavras, mas eu falo sério mesmo, tanto que decidi vim aqui falar disso abertamente ao invés de fugir da chicotada virtual.

      Obrigado ai cara marido da margarida (desculpa esqueci teu nome e não lembro de jeito nenhum), por ter me dado a oportunidade de mostrar que devo assumir responsabilidade por meus erros e até erros que nem aconteceram.

      Obrigado!

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    5. Olá.
      Lendo o seu texto realmente você tem razão. Existe muita coisa que não concordo no tratamento dos transtornos mentais no Brasil. Mas direcionar nossa insatisfação para uma pessoa acredito que não deva ser o correto. Ela trabalha com o que tem e com o que pode fazer. Infelizmente isso vem lá de cima, dos políticos que não tem muita intenção de ajudar as pessoas com transtornos mentais. Só para você ter uma ideia, tem uma lei que pode ajudar as pessoas com transtornos mentais que está no congresso há, pelo menos uns 12 anos. Sequer entrou em votação.
      Claro que existem profissionais que visam somente o lucro e pouco estão se importando com a saúde do paciente, mas não são todos.
      Mas continue na luta pela sanidade, é uma luta diária que não devemos e não podemos desistir.
      Ah, pode me chamar de marido da Margarida, ela é como se fosse minha companheira mesmo.
      Eu que agradeço a sua participação e visita ao blog.

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  4. Olá, tudo bem?
    faz algum tempo que acompanho o seu blog e gostaria de te perguntar se por acaso você ja teve algum indicio ou desconfiou de poder estar dentro do espectro autista. Eu tenho TEA grau 1 e me identifico com algumas coisa que você relata em relação ao seu comportamento, minha psiquiatra falou que estudos recentes estão tentando descobrir a relação que o autismo pode ter com esquizofrenia e bipolaridade.

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    1. Olá. Fico feliz em saber que acompanha o blog. Sim, de uns anos para cá, estudando o autismo, notei que tenho alguns elementos do autismo. As cores me influenciam muito, gosto muito da cor azul. não suporto barulhos, parece que sou como o cachorro, que tem uma audição aprimorada e qualquer som pode irritar. Vi uma série sobre autismo chamada Atypical e me identifiquei muito com o personagem principal.
      Hoje já não me preocupo tanto com o diagnóstico, pois pelo que pesquisei para o autismo não tem medicação indicada específica, somente para diminuir os sintomas,, como estresse, nervosismo, agitação. Ou seja, aqueles que são usados na esquizofrenia também, como risperidona e outros. Então procuro evitar ambientes e situações que me estressam. Outro dia fiquei agitado na fila do supermercado e não usava a fila de prioridade, mas agora vou passar a usar e a andar com documentos que comprovam que tenho esquizofrenia, e, quem, sabe, autismo também.
      Mas acredito que deve ter sim alguma relação entre o autismo e a esquizofrenia, pois tem muitos comportamentos semelhantes.

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