segunda-feira, 1 de julho de 2013

Estrada Real: Último dia


30 de maio de 2013-quinta feira
Cunha-Paraty

    Tive uma ótima noite de sono na rodoviária de Cunha. Não fez o frio que eu estava esperando. O site da FIEMG diz que, em Cunha, a temperatura costuma variar entre 3°C à 14°C no inverno. Caprichei no papelão, e o frio foi legal para dormir, não foi preciso me encolher para espantar o frio. 
    Dormi cedo, por volta das sete horas da noite já havia tomado o meu remedinho para dormir. Às três horas da madruga já estava acordado, dava para ouvir o toque do sino da igreja, que tocava de hora em hora, que, convenhamos, é o ideal. Até hoje não consegui entender por que o sino da igreja de São João Del Rei tem que tocar de quinze em quinze minutos. Nem o google explica!
    Começa a cair uma forte chuva de madrugada. Eu, que já estava decidido a ir para Paraty de qualquer maneira, começo a ficar em dúvidas novamente. É complicado começar a caminhada debaixo de chuva e logo assim de manhãzinha.
saída de Cunha
     A minha parte racional tenta me convencer que o melhor que tenho a fazer é pegar um ônibus e chegar confortavelmente à Paraty. O argumento é de que não irei ganhar nada ao cruzar o último marco da estrada real. Mas, a sensação era de que o meu cérebro estivesse dividido ao meio, pois a parte das emoções me diz que seria covardia(um bundão mesmo) se eu não chegasse à Paraty do jeito que eu havia começado, ou seja, caminhando, por causa de uma simples chuvinha. Não teria graça nenhuma chegar a Paraty de ônibus. Não ia lá fazer turismo, o meu barato era a caminhada mesmo, o trajeto. 
    A minha relação com as chuvas, depois da esquizofrenia não tem sido das melhores. Eu penso que é um castigo do céu, sei lá. 
    Essa chuva de madrugada me fez lembrar do meu primeiro surto, em que fiquei escondido no meio do mato por uns sete dias. Estava fugindo dos inimigos, que só estavam em minha mente. Era janeiro, mês de muita chuva em BH, e só estava de calça e camiseta. Até hoje não sei explicar como aguentei ficar naquele lugar por tanto tempo, apenas tomando água.
    O restante da madrugada passei nesse dilema, pensando no que fazer, nesse duelo entre as partes emocional e racional de minha mente.
     Já quase de manhãzinha, nesse conflito interior, a minha parte emocional acabou me convencendo de que o melhor a ser feito seria percorrer o restante do caminho a pé mesmo, independente das condições do tempo. Como já disse no poste anterior, eu nunca iria me perdoar se fosse de ônibus. Eu me conheço o suficiente para saber que essa desistência ficaria para sempre martelando minhas ideias.
    Pensei também em todos vocês, leitores do blog. Essa história merecia um final melhor do que um simples passeio de ônibus né? Já pensou, depois de 600km de caminhada e no final postar: peguei um busão e finalmente cheguei em  Paraty?
   Então, às sete horas da manhã já estava na loja de materias de construção, para comprar lona, a fim de proteger a minha barraca em caso de uma chuva no meio da noite. Como serão 57km de estrada de terra e asfalto, planejo parar perto do quilômetro trinta para dormir. O vendedor da barraca foi sincero na hora da venda, ao dizer que ela só aguentava chuviscos mesmo. Quer dizer, sincero até que ele foi, mas na verdade ele queria que eu comprasse uma mais cara. Vendedor só é sincero nessas ocasiões. E, como sou um M.O.A,(mochileiro de orçamento apertado), comprei a barraca mais baratinha mesmo, e agora tenho que me virar quando chove.
   Depois vou ao supermercado e compro sacos de lixo de cem litros. Pego uma tesoura emprestada, e faço três aberturas em um saco de lixo, para passar a minha cabeça e os braços. Ficou perfeito, até parecia que foi feito sob medida. Melhor, só uma capa de chuva mesmo. Não estava chovendo, mas já deixo a mochila e o colchonete protegidos com os sacos de lixo, em caso de uma eventual chuva. Estava pronto para o que der e vier!

    Logo no ínicio da caminhada descubro que o maior problema não seria a chuva, e sim a serra. Teria que subir até os 1450 metros de altitude na divisa dos estados do Rio e de São Paulo.
    Na saída de Cunha tem uma bifurarcação e, como não havia nenhum marco, pergunto a um morador da cidade o caminho da estrada real até Paraty. O cara, sem demonstrar dúvidas, me informa que era só seguir em frente. Depois de andar cerca de 2km sem avistar os marcos, começo a ficar desconfiado de que poderia estar seguindo o caminho errado, que é somente de asfalto. Por volta do quilômetro cinco, passo a ter certeza. Fico furioso, e falo um monte de palavrões. Tinha tomado dois generosos copos de café e comido um biscoito recheado(de Nescau) e mais uma barra de chocolate(suflair) logo de manhã. Estava elétrico, era como se fosse um dopping. Aliás, foi um dopping, legal, dentro da lei e tudo, mas foi um dopping.
    Queria chegar a Paraty seguindo os marcos da estrada real, e não pelo asfalto. Estava decepcionado, não tinha como voltar a Cunha e começar tudo de novo. Essa raiva, misturada com os efeitos do café com o chocolate, fizeram com que eu subisse a serra numa velocidade incrível, até encontrar uma lanchonete e pedir informações sobre o caminho.

    A proprietária foi muito atenciosa comigo. Me deu todas as informações que eu precisava, o que me deixou mais aliviado. Ela me explicou que, seguindo em frente, iria encontrar novamente os marcos da estrada real e que chegaria à Paraty conforme a planilha explica. O que aconteceu é que, na saída de Cunha, eu peguei o caminho errado, seguindo as orientações do bendito morador da cidade, que nem devia saber o que é a estrada real. Ele disse para seguir o asfalto para Paraty, fazendo com que eu perdesse cerca de uns 20km de estrada real. . Se seguisse todos os marcos da planilha, teria que percorrer ao todo, 57km. Pelo asfalto são apenas 44km.
   Mas só o fato de chegar à Paraty em meio a natureza já me deixa mais aliviado e a raiva vai embora. Então mudo os meus planos e penso em chegar ao final hoje mesmo, imprimindo um ritmo mais forte. Acho que chegarei ao último marco de noite, se andar sem parar muito para descansar. O risco é que escureça na descida da serra da Bocaina,  que não tem iluminação nenhuma. É uma área de preservação ambiental, e é proibido as intervenções do homem.
    Continuo então subindo a serra, em boa velocidade. A dor na canela esquerda havia sumido há algum tempo, graças aos dias em que fiquei parado, por causa da chuva. Quando paro para fotografar uma paisagem, ouço alguém me chamar:
    - Ô mineirão!
    Olho para trás e vejo o paulista que estava no albergue em Aparecida do Norte. Ele vinha caminhando desde a cidade da padroeira, e debaixo de chuva. O engraçado é que ele apareceu assim do nada, em uma curva. Era para ele ter me visto em uma reta. Seguimos o caminho conversando, o que é bem legal, ajuda um pouco a distrair a mente e parece que cansamos menos.
    Logo encontramos um restaurante. Segundo a planilha, era o único que havia pelo caminho, não tinha como escolher. Restaurante de grã-fino, carros luxuosos no estacionamento. Comida cara, o prato mais simples saia por quinze reais, e pedi então dois, um para mim e outro para o paulista, que estava sem grana.
    O rango estava demorando a sair, tive que ir duas vezes na entrada da cozinha para apressar o chef. Disse-lhe que precisava caminhar para sair da serra da Bocaina antes de escurecer. A atendente disse que a demora era por que tudo era feito na hora.
   O céu já estava começando a dar indícios de que poderia chover. Já estava quase perdendo a paciência, quando, depois de uma hora, o rango chegou: uma pequena porção de arroz, um filé de frango, e alguns legumes. Tudo montadinho, bonititnho, tinha até uma flor em cima do arroz. Apesar da fome, não ataquei a comida, esperando o feijão e o macarrão ou batatas fritas. Como o restante do almoço demorava a chegar, fui até o balcão reclamar e a atendente disse que a refeição que eu havia pedido era só aquilo que estava no prato mesmo. Fiquei pé da vida! Quinze reais por um pouquinho de arroz, com um filé de frango e um pouco de legumes e uma flor? Não fui grosseiro, mas deselegante, estava nervoso, ainda era o efeito do café com chocolate que havia tomado no café da manhã. Disse para ela que estava caminhando e que não tinha carro, e que não precisava de comer flor e sim feijão e carboidratos e de outros nutrientes.  O paulista ficou meio sem graça e resolvi dar uma maneirada nas reclamações. Tive que pagar mais dez reais por uma porção de feijão. Ainda bem que um leitor do blog comprou um livro e depositou uma quantia generosa na minha conta, muito maior do que o valor pedido. Valeu pela ajuda cara, essa grana ajudou muito nesse final de viagem, que é um pouco desgastante, e, sem um feijão, as coisas iriam ficar mais difíceis.
    Depois do rango, sem descanso, continuamos a subir a serra. Até me surpreendi com a minha resistência, já que o paulista, sete anos menos velho do que eu,  teve que parar algumas vezes para dar uma respirada. E olha que ele carregava apenas algumas roupas na pequena mochila, e eu tinha que carregar dez quilos nas costas. Chegamos a divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro por volta das duas horas da tarde. O tempo não poderia ser melhor: nublado, mas sem chuvas.

    A descida da serra para Paraty é bem acentuada, e exige muito das articulações, principalmente do joelho. A musculatura também é muito exigida, temos que descer meio que freando, para não sairmos rolando, pois o terreno é cheio de buracos e pedras escorregadias. Não tem essa de que para descer todo santo ajuda.
    Meus pés começaram a doer um pouco, mas combinamos de não parar para descansar, pois poderíamos correr o risco de ficarmos na serra quando escurecesse. Havia muita neblina, e não deu para tirar muitas fotos. O trecho é um pouco complicado para carros sem tração 4x4, mas, por causa do feriado prolongado, muitas pessoas desciam a serra com seus carros comuns de passeio.
    Por volta das cinco horas da tarde chegamos ao fim da serra, para o nosso alívio. Um hippie estava tranquilamente sentado em uma pedra, com seus cachorros. Nos ofereceu algumas bananas, havia vários pés dessa fruta na região. Parecia que ele morava na serra, no maior sossego, longe da confusão das grandes cidades.
    Apesar do cansaço e de algumas dores, continuamos o caminho sem parar. É a ansiedade do fim do caminho, parece que conseguimos uma energia extra na reta final. Algo semelhante ocorreu no caminho do padre Anchieta.
    O restante do caminho até o litoral é em retas. Esse sobe e desce da serra foi bem puxado, estava até surpreso por ter conseguido andar os 44km. Claro que o tempo ajudou e muito, se o sol estivesse forte, não sei se chegaríamos a tempo. Mas, no final, estava caminhando somente nas ruas, já que estava até difícil de levantar as pernas para subir nas calçadas.
último marco final

    Com muito esforço e luta, chegamos ao último marco da estrada real exatamente às 18:56m. Era véspera de feriado, e os barzinhos estavam lotados de turistas. Não estava exausto, apenas cansado e com os pés doendo. Como no caminho do padre Anchieta, não tive vontade de sair gritando e pulando de alegria. Essa caminhada, para mim, não é um desafio, como escalar o monte Everest, é mais uma curtição mesmo, como já havia dito em posts anteriores, sendo que a parte mais legal é o próprio caminho, e não a chegada ao destino propriamente dito.
    Sentei no passeio e o filme da viagem começou a se passar em minha cabeça. O início, em Ouro Preto, as dificuldades do caminho, as pessoas que conheci, as paisagens...
    Foi um pouco sofrido, só dormindo em minha barraca, mas valeu a pena, e muito. As dificuldades, como os dias quentes, as noites frias, as dores, não foram chegaram nem perto da parte positiva do caminho, que é o contato com a natureza, com as pessoas simples e hospitaleiras do interior de Minas Gerais.
    Agradeço a Deus por estar comigo no caminho, do início até o fim. Não sou louco e nem corajoso demais, apenas acredito em meu anjo da guarda, enviado por Deus, e, que até hoje, não pediu aposentadoria por receber a missão de proteger o maluquinho aqui.
    Agradeço também a todas as pessoas que me ajudaram pelo caminho, e também aos leitores do blog, é claro. Vocês fizeram com que eu me sentisse uma pessoa melhor, e foram de fundamental importância, principalmente durante as chuvas, quando pensei em desistir.


    Na madrugada em Cunha, prometi a Deus que colocaria essa música do Casting Crowns no post, caso não chovesse no último dia de caminhada. A tenho no meu celular e, apesar de não ser evangélico, a curto muito. Gosto de boa música, independente de religião, credo, raça, etc.



Voz da Verdade

Oh, o que eu faria para ter
O tipo de Fé necessária
Para sair desse barco que estou?
De encontro às ondas

Dar um passo para fora da minha zona de conforto
Para dentro do mundo desconhecido onde Jesus está
E Ele esta estendendo sua mão

Mas as ondas estão gritando meu nome
E rindo de mim
Lembrando-me de todas as vezes
Que eu tentei antes e falhei
As ondas continuam dizendo-me
Repetidamente: "Menino, você nunca vencerá",
"Você nunca vencerá".

Refrão:
Mas a voz da verdade me conta uma diferente história
A Voz da Verdade diz: "Não tenha medo"
E a Voz da Verdade diz: "Isto é para minha Glória"
De todas as vozes que me falam
Eu escolherei obedecer e acreditar na Voz da Verdade

Oh, que eu farei para ter
O tipo de força necessária para sustentar-me diante de um gigante
Com apenas um estilingue e uma pedra
Cercado pelo som de mil soldados
Sacudindo suas armaduras
Desejando que eles tivessem a força para agüentar firme

Mas o gigante grita meu nome
E ri de mim
Lembrando-me de todas as vezes
Que eu tentei antes e falhei
Os gigantes continuam dizendo-me
Repetidamente: "Menino, você nunca vencerá",
"Você nunca vencerá".

Mas a pedra era exatamente do tamanho certo
Para colocar o gigante do chão
E as ondas elas não parecem tão altas
Olhando de cima delas para baixo
Vou voar com asas de Águia
Quando eu parar e escutar o som da voz de Jesus
Chamando-me

Eu escolherei escutar e acreditar na Voz da Verdade



   Não sei bem o que fazer da vida neste momento. Acho que o melhor que tenho a fazer é "deixar a vida me levar", como nos ensina a música do Zeca Pagodinho, que gosto tanto de cantar, quando estou sozinho, é claro, ninguém pecou tanto no mundo para ouvir a minha desafinação. Talvez eu fique andando por ai, nas minhas andanças, como o personagem Zé Araújo, do filme O homem que desafiou o diabo, que andava pelo sertão nordestino, a procura de uma cidade onde as montanhas são feitas de rapadura e os rios de leite. Como bom mineiro que sou, a minha terra dos sonhos tem montanhas de broa de fubá e pão de queijo dá em abundância nas árvores. As vacas têm uma delícia diferente em cada teta: em uma sai leite, em outra café com leite, em outra yakult, e em outra, doce de leite purinho. As goiabas não tem semente, e não existem manifestações, simplesmente por não haver motivo por qual protestar.

14 comentários:

  1. Parabens mocinho... Na nossa vida temos que ter determinacao e vc tem... Entao como diz o programa de tv Tiro o chapeu para vc.... Desejo td maravilhoso em sua vida .... Abcos

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    1. Obrigado, realmente temos que ter determinação, a vida é feita de desafios ou não, se nos trancarmos a vida não terá desafios, mas também não será uma vida de verdade.
      Abraços

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  2. Grande Julio,

    É com muita alegria e emoção que leio sua chegada triunfante à Paraty. Foram muitos percalços e desafios pelo caminho, mas você foi corajoso, um grande homem, e chegou até o fim! Estou muito orgulhoso de você, meu caro. Meus parabéns por mais essa conquista! E que a força do feijão esteja com você!!

    Qual será o próximo destino?

    Por acaso, estarei em Paraty com minha esposa agora nesse sábado. Se estiver por lá, seria um prazer almoçar com você. Grande abraço, fique com Deus, até mais!

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    1. Obrigado por acompanhar a viagem Wendell. Realmente os desafios foram grandes, e isso que motiva a continuar a viajar por ai. Eu já estou em BH, infelizmente não vai dar para almoçar com vc e sua esposa. Já recuperei o meu peso e agora estou planejando a próxima viagem, mas acho que vai ser depois do inverno rsrsrs

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  3. Muito legal cara, parabéns pela conquista!

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    1. Obrigado Carlos, agora vou me equipar melhor, para enfrentar o frio e a chuva, vou comprar um bom saco de dormir e outra barraca, essa viagem foi muito boa em todos os sentidos, principalmente para adquirir experiência.

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  4. Poxa que legal parabéns por esta vitoria fico feliz.Ana

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    1. Obrigado Ana,não foi bem uma vitória, para falar a verdade, foi uma grande curtição mesmo, aprendi muitas coisas e mesmo com poucos recursos,valeu cada metro percorrido.

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  5. Grande Julio,

    Li essa sua jornada toda de uma vez, ficava curioso pra saber qual seria o próximo perrengue, não que eu queria que se desse mal, mas para saber a sua reação que sempre bem engraçada a frentes dessas ocasiões.

    E mesmo lendo sua aventura muito tempo depois de terminado, me sinto feliz por você ter conseguido curtir o caminho, mesmo com tantas dificuldades que acho ate que foram boas experiencias, isso nos torna mais fortes para seguir em frete.
    Também planejo uma viagem dessas, e pra falar a verdade nao me passava pela cabeça em fazer a estrada real, mas depois do seu relato vou estudar essa rota, pra quem sabe faze-la primeiro. penso em fazer o caminho dos diamante primeiro.

    Parabéns cara você foi um guerreiro, grande abraço, força pra próxima aventura no aguardo !!!

    PS: espero que tenha tido contato com a lais. - Irineu

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    1. Olá, realmente tive alguns perrengues neste caminho, mais por falta de experiência mesmo. O início, pela falta de ritmo e preparação física, a falta de grana para dormir em hotéis( mas acho isso o melhor, ter que se virar para arrumar um lugar para dormir). Gostei tanto desse caminho que, quando cheguei à Paraty não fiquei tão entusiasmado por ter concluído o caminho, como se estivesse escalado o monte Everest, por exemplo. Me sentei na praça perto do último marco e acabei chegando à conclusão de que o grande barato do caminho não é a sua conclusão, e sim o próprio caminho, as paisagens, as aventuras, as pessoas que conhecemos no caminho. E sem contar a parte espiritual e mental, caminhar nos faz refletir sobre nossas vidas, é algo que não sei explicar bem.
      Eu não tive contato com a Lais não, mas peça a ela que entre em contato comigo, apesar de não saber exatamente quem seja. Obrigado pela visita e qualquer coisa estamos ai para te dar as dicas sobre o caminho. Eu também pretendo fazer este ano o caminho dos diamantes, que me parece ser o mais bonito e mais tranquilo, por não ter muitas subidas íngremes.

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    2. Caro Júlio
      Desculpe a pergunta.
      Não é por curiosidade, mas por um incômodo, preocupação...
      Voltou a ter notícia da Laís?

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    3. Qual Laís? Uma que postou afirmando não estar bem? Até hoje não tive notícia dela não.

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  6. Cara, que história! Fascinante, vi sua publicação no face, entrei no blog sem muita esperança de ler alguma coisa legal, mas, comecei a ler e não consegui parar. Eu sempre tive vontade de fazer algo assim, nunca tive coragem.
    Parabéns, que coisa de " louco " eu queria muito ter essa " loucura ".
    Abraços

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    1. Olá
      Sinceramente foi uma das melhores coisas que fiz em minha vida. Quando finalmente cheguei no último marco da estrada real, em Paraty, fiquei com um vazio enorme. Não era como um desafio essa viagem, com o tempo aprendi que o melhor desse caminho é o próprio caminho, o dia a dia, os perrengues, as paisagens, a simplicidade e a hospitalidade do povo do interior de Minas Gerais. O último dia foi um pouco triste, mas a vida é um caminho.
      Você é jovem, ainda é tempo de fazer esse tipo de caminhada, já vi na internet muita gente viajando até sem grana pela América do Sul. Isso eu não faria, mas dou o maior valor para essas pessoas.
      Obrigado pela visita ao blog.

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