17 de maio de 2013-Sexta feira
São Sebastião da Vitória-Caquende-Capela do Saco
Saio de São Sebastião por volta das oito horas, depois de tomar um bom café da manhã e comprar algumas frutas, pois no caminho não tem restaurante para almoçar. O dia está nublado, cinzento, com muitas nuvens, ao contrário de ontem. Foram 23km de estrada de terra, até o povoado de Caquende. O caminho é legal de se percorrer, com poucas subidas e descidas fortes.
Aos poucos, nuvens cinzentas escuras começaram a tomar conta do céu. Olho para o horizonte e a impressão que tenho é que está chovendo nas proximidades. Quando o vento forte começou a bater em meu rosto, resolvi me precaver contra uma eventual chuva. Afinal, até que eu podia me molhar, mas a mochila não. Tem o cartão do banco em que recebo o meu salário, o celular, a câmera, documentos, etc. Se o cartão do banco estragar, estou ferrado. Pego um plástico(de colchão novo) e forro a mochila. Tiro a barraca da mochila e a carrego nos braços, para estar pronto para a chuva, pois a barraca será a minha capa de chuva nessa viagem.
Caminhei um bom tempo olhando para o céu. Não queria de jeito nenhum que caísse uma chuva, estava fazendo um pouco de frio no caminho. Com o tempo e a distância percorrida, tons de cinza claro começaram a tomar conta do céu, e o sol às vezes dava o ar de sua graça. Havia me preparado psicologicamente para tudo: frio, dias quentes, dores musculares, etc. Mas a chuva, por mais que nos preparemos, sempre é desagradável.
O caminho até Caquende é tranquilo de se percorrer. Só em uma bifurcação em que não tinha marco é que fiquei na dúvida. Tive que dar uma de Sherlock Holmes e, após analisar o solo dos dois caminhos, constatei que o caminho da direita tinha o traçado de carros mais forte do que o da esquerda e por ali prossegui. Ao encontrar um marco a um quilômetro de distância, vi que tomei a decisão correta. A estrada real é assim mesmo. Tem trechos em que os marcos estão muito próximos um do outro, sem muita necessidade e existem bifurcações que nos deixam na dúvida.
o caminho até Caquende é bem agradável |
será que vai chover? |
Rio São Francisco |
avançando... |
Ao contrário de ontem, procuro seguir o caminho com tranquilidade, e vou de chinelo, para que a bolha de água do meu pé esquerdo seque. Procuro não ficar olhando as horas com frequencia como fiz ontem, em que cometi uma incoerência: estava querendo chegar o mais rápido possível ao destino do dia, para ter mais tempo para descansar, mas na hora não percebi que, fazendo isso, iria me desgastar mais ainda, ou seja, estaria mais cansado para ter mais tempo para descansar. Irei prestar mais atenção aos sinais que o meu corpo dá, e vou parar sempre que estiver cansado.
Chego em Caquende por volta das duas da tarde, um pouco cansado, mas em boas condições. Recupero um pouco da confiança que havia perdido no dia de ontem, em que cheguei bastante desgastado ao meu destino traçado do dia, e me perguntei se aguentaria aquele ritmo até o final.
Além de muito frio, um vento mais frio ainda não parava de soprar no povoado, quase que congelando os dedos dos meus pés. Penso em pegar uma carona até Carrancas, distante 28km, mas logo descarto a ideia, pois me propus a fazer o caminho a pé mesmo, só aceitando uma eventual carona na BR, que pode ser um pouco perigoso de se caminhar se a mesma não tiver acostamento.
Estava na beira do Rio São Francisco, descansando, e resolvo pegar a balsa para o outro lado, onde fica o povoado de Capela do Saco. Assim, não tenho que depender da balsa amanhã, pois a balsa não tem horários definidos de saída e chegada. Ela vai e vem pelo São Franciso de acordo com o movimento de carros e tripulantes.
O preço é bem acessível(1 real) e demora cerca de dez minutos para fazer a travessia. Tenho um pouco de medo e constato que não há bote salva vidas na balsa. Eu sou meio estranho mesmo, tenho medo de coisas que a maioria das pessoas não tem, e o inverso também ocorre, ou seja, não tenho medo de certas coisas que a maioria das pessoas tem medo.
O povoado de Capela do Saco também é bem pequeno, só tem um bar e não tem como conseguir papelão para esquentar a minha barraca nessa provavel noite de muito frio na beira do velho Chico. Se a noite vai ser fria ou não para mim, só no próximo post pessoal.
se parece com o que? |
Julio, estou acompanhando sua odisséia! sou mineiro de Divinópolis e me interesso muito por mochilões assim. parabéns pela coragem e iniciativa. muitos sucesso e sorte!
ResponderExcluirObrigado por visitar o blog. Tem um site, não sei se você conhece, é o www.mochileiros.com. Lá tem muitas dicas de viagens, e também dicas de como viajar melhor. Depois dê uma visita por lá.
ExcluirDepois de acompanhe sua pedalança pela região Sudeste estou lendo sua aventura pelo Caminho Velho da Estrada Real! Parabéns!
ResponderExcluirSó uma correção, esse rio não é o São Francisco é o Rio Grande.
Abs!
Olá
ExcluirRealmente me enganei. Fiquei com o nome do rio São Francisco pois havia pesquisado sobre como chegar em uma cidade chamada Delfinópolis.
Acho que o nome dessa represa ou lago é Camargos.
Obrigado pela visita ao blog.