quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Super poderes

Esquizofrenia e a mania de grandeza


   Bem, essa semana vou falar de um dos sintomas da esquizofrenia, que, apesar de não ser  um dos mais comentados, é bem interessante. Acho que isso não ocorre com todos os portadores, mas comigo isso aconteceu e de uma certa maneira engraçada.
    Trata-se dos delírios, mais especificamente da mania de grandeza, em que pensamos ter dons ou poderes especiais. Fazem parte dos sintomas positivos, que até hoje não sei por que classificaram essa classe de sintomas como positivos, pois não vejo nada de legal nessa história. Acho que mudando até o nome da patologia já ajudaria bastante.
    No meu caso, eu acreditava ter superpoderes, que era imbatível e que nada de mal poderia me acontecer. Não tinha medo de praticamente nada e dizia que o meu anjo da guarda era forte. Cheguei a testar isso perigosamente uma vez, ao entrar em um dos lugares mais perigosos de Ipatinga, há uns vinte anos atrás. Era uma rua super apertada, e todos diziam que era um lugar bastante perigoso e não tinha saída para outro lugar quando já se entrava por essa rua. Mas, eu, como tinha essa crença no meu anjo da guarda, resolvi fazer o teste. Logo na entrada da rua ouvi os comentários dos moradores: "Nossa" Esse menino é doido!". Caminhei até o final da rua sem ser incomodado, sem olhar para os lados e confesso que não estava com muito medo. No fundo, até sentia um pouco de prazer com esse tipo de emoção. Depois resolvi voltar e de repente um cara gritou:
- "Ô" cabeludo!
    Confesso que na hora fiquei um pouco com medo, mas, quando olhei para o lado, vi que era um cara com quem eu jogava bola no parque Ipanema, onde havia uns campinhos de terra. Se o cara era barra pesada, não sei. Só sei que eu, nas peladas no parque dava uns "chega pra lá" nele quando ele vinha fazer gracinha comigo querendo dar uma de Neymar.
    Hoje, não sei se o anjo da guarda ainda me protege, provavelmente deve ter pedido aposentadoria também, pois ficar protegendo o maluquinho aqui era uma tarefa um pouco desgastante. Não que eu fosse um cara brigão e que gostasse de me meter em confusões, mas a crença de que nada poderia me acontecer era bem maior do que o normal e por esse fato não temia nada e ninguém.
    Me lembro da época em que era metaleiro, na adolescência. Nos finais de semana ia para a Savassi, bairro onde a night em Belo Horizonte é mais agitada. Óbvio que não ia à boate ou para me misturar com os mauricinhos e patricinhas daquela época. Ia para o point dos metaleiros, que era uma galeria de lojas, que não funcionava a noite. Os barzinhos do bairro em sua maioria não nos aceitavam, e até com uma certa razão, pois não consumíamos quase nada, só ficávamos tomando cachaça barata que comprávamos no supermercado. Na verdade eu nem bebia cachaça, mas, para me enturmar com os metaleiros, fingia que bebia e que ficava bêbado, não precisa de nada para mostrar minhas maluquices. Não me dava bem com bebidas destiladas, dava vexame e esquecia de tudo o que havia feito no dia anterior. Sabe quando você toma um porre e a pessoa no outro dia comenta que você tava maluco e que fez alguma coisa bem maluca mas você não sem lembra daquilo? Isso acontecia sempre quando eu bebia, e era bem pouco o que eu conseguia beber sem vomitar.
    Mas sinceramente acho que havia um preconceito dos donos de barzinhos em relação aos metaleiros. Acho que éramos julgados pelo nossa maneira de vestir, calças jeans rasgadas, botinas parecidas com as do exército, camisas pretas com caveira e, claro, cabelos grandes. Cheguei a perder dois estágios no curso de eletrônica por causa do cabelo grande, achava que, para ouvir metal, tinha que ter cabelo grande. Mas éramos julgados erradamente, pois não gostávamos de brigas, a maioria não usava drogas, e o visual era mais uma forma de rebeldia mesmo, coisa de aborrecente e tals. Podem ter certeza que tem mais drogas e baixarias em um baile funk e em uma rave do que em um show de metal.
    Então, voltando ao assunto dos super poderes, certo dia eu estava na galeria com a turma, quando, de repente, um japa metaleiro que mais parecia um lutador de sumô, começou a sair distribuindo pancada para todos os lados. Cadeiras voaram, foi um corre corre danado, pois o cara parecia saber lutar kung fu ou uma outra luta marcial. Mas eu não fugi, mantive a calma e fiquei em pé na entrada do bar. De repente o japa veio em minha direção mas não esbocei nenhuma reação, apesar de japa ser bem mais forte do que eu. Apenas cruzei meus braços e olhei fixamente para os olhos dele. A convicção que eu tinha superpoderes era tão grande que acho que até o japa acabou acreditando nisso, que apenas me ameaçou:
- Amanhã no show você não me escapa!
    E saiu correndo para pegar outros caras. Eu ainda peguei uma cadeira e tentei acertar as costas dele, mas, para minha sorte, não consegui acertá-lo.
    Falando em superpoderes, fica fascinado quando via filmes em que os personagens faziam coisas sobrenaturais. Queria ser um mágico, ou mago, queria ter o poder de fazer coisas como fazer a chuva cair, dominar a natureza, fazer coisas aparecem e desaparecem.
       Cheguei a ler alguns livros sobre magia e até me interessei por alquimia quando o Paulo Coelho começou a fazer sucesso com seus livros. Acreditava realmente que o homem poderia transformar qualquer metal em ouro. Queria fazer isso, não para ficar rico e sair por ai desfilando com carrões e sim para não depender das pessoas e morar sozinho, sem depender de ninguém. Ai já tinha alguns elementos da esquizofrenia, apesar de ainda não ter surtado. Mas, depois descobri que transformar metal em ouro é apenas uma metáfora na alquimia, era usada para simbolizar a transformação interior da pessoa. Cheguei até a mandar uma carta para o Paulo Coelho, pedindo para que me ensinasse como ser um bom alquimista. Generosamente uma pessoa que trabalhava com ele na época me enviou uma carta dizendo que ele estava viajando.
    Fiquei muito triste quando em Timóteo, cheguei a ser caluniado por pessoas que não tem um pingo de cultura, que disseram que eu era macumbeiro, pembeiro, etc, só por me interessar por magia, tarot, horóscopo, etc. Na verdade eu me interessava por tudo, era sócio da biblioteca municipal e estava sempre lendo, inclusive a bíblia. Não foi a toa que comecei a surtar nessa cidade, que me desculpem as pessoas de bem que lá moram, mas que existem muitas pessoas por lá que, por  não terem o que fazer, vivem dando pitacos na vida alheia, por falta de assunto também.
    Envolvi em várias situações complicadas por acreditar que eu era superprotegido por forças sobrenaturais e de que nada de mal iria me acontecer. Por volta dos 25 anos, criei uma inimizade com um policial civil, que não devolveu a bola de futebol para o pessoal que jogava pelada em frente ao barracão onde eu e ele morávamos. A partir daquele dia, criei uma antipatia por ele, pois achei que foi abuso de poder, ainda mais contra crianças que estavam apenas jogando bola.
    Eu sentia que havia algo de errado com ele, me parecia ser um cara falso, fazia muito esforço para ser uma pessoa gentil com a esposa do dono da firma onde eu trabalhava na época. Certo dia, começamos a discutir e então eu disse para ele:
- Aí cara, você só é homem com esse revólver ai na sua cintura!
    O policial ficou uma fera, quis tirar o revólver e deixá-lo na mesa para partir para cima de mim. Mas, como aconteceu no caso do japa, não perdi a calma e apenas fiquei encarando o policial. Felizmente, apareceu a turma do "deixa disso" e não houve nenhum confronto. Ainda bem, pois o policial era um pouco mais forte do que eu, e com certeza mais preparado para brigas.
    Dias depois, ele sumiu do nada, sem dar notícias. Disseram que ele foi transferido para outra cidade. Mas, meses depois, me deparo com uma foto dele no jornal, e a notícia dava conta que ele havia matado uma pessoa em troca de dinheiro. Bem que estranhei o fato dele aparecer de uma hora para outra com um fusca super bacana e conservado, e notei que havia algo de diferente em seu olhar.
     Uma situação parecida ocorreu quando estava vendo um jogo de futebol em um bar, pois, como era meio cigano naquela época, não pensava em comprar televisão, pois logo tinha que vendê-la por um preço bem abaixo para me mudar. No final do jogo, o cara começou a falar mal do meu time e eu comecei a discutir com ele, coisa boba mesmo. Mas ele queria partir pra briga e eu não afinei, fiquei apenas olhando para o cara que era bem mais forte do que eu. Ele me mandava calar a boca e eu continuava a falar, e, se não fosse de novo a turma do "deixa disso"  iria rolar uma briga ali.
    Durante os surtos, também não tive medo, quer dizer tive sim um pouco, mas sempre mantive a calma, apesar de todas aquelas alucinações auditivas e visuais. Não expressava o que se passava em minha mente, e acho que esse foi um dos fatores que contribuíram para que eu não fosse internado. Eu apenas fugia dos meus inimigos, pulando de cidade em cidade, até depois de algum tempo descobrir que eles estavam em minha mente. Mesmo pensando que  praticamente o mundo inteiro queria me ver morto, não perdia a calma. Me lembro de um dia, na época em que ainda morava nas ruas, em que estava me preparando para dormir, quando vi um cara passando na calçada com a camisa de um time rival do que eu torço. Até hoje não sei se isso foi real ou não, mas, se foi alucinação, foi a alucinação mais real que já vi até hoje. O cara parecia o colhada, um dos personagens do Chico Anysio. Tanto é que resolvi sair dali imediatamente, pois na hora cheguei a imaginar que a torcida desse time estaria atrás de mim para me matar.
    Quando já estava melhor fisicamente e psicologicamente, mas ainda morando nas ruas de Belo Horizonte, me lembro que, certo dia, estava na calçada de um bar vendo um jogo de futebol, quando, de repente, um cara tentou pegar a minha carteira que havia ganho do vigia do prédio onde eu costumava dormir na calçada. O cara era mais forte do que eu, e estava acompanhado de um bando que fazia arrastão pelo centro da cidade. Mas, como das outras vezes não tive medo, coloquei a carteira dentro da minha cueca e cruzei os braços e encarei o bandido de frente. Ele ficou imóvel e, depois de algum tempo, foi embora. Os outros moradores de rua ficaram impressionados por eu ter enfrentado o bandido, que era bem conhecido e diziam que era perigoso. Mas, a minha crença de que eu era protegido era tão forte que acabava passando isso para a outra pessoa, que ficava meio sem reação.
 
      Bem, se eu ficar aqui contando todas as situações perigosas que passei por causa dessa minha crença, iria dar um livro. Aliás, grande parte dessas situações está no meu livro. Já perdi as contas de quantas vezes vi uma pessoa apontando uma arma para mim, mas, mesmo nessas horas, não perdi a calma, por acreditar no meu anjo da guarda. Me lembro de alguns nesse momento, em que tiraram a arma, a apontaram para mim, e, depois de alguns segundos, desistiram. Durante o meu primeiro surto, foi uma sorte muito grande não ter sido atropelado, pois eu ainda estava fora da realidade e andava distraído pelas ruas e avenidas de Belo Horizonte, mas, os motoristas sempre foram atenciosos e desviavam ou então apertavam o freio de seus carro em cima de mim. 
    O pastor psicólogo que me atendeu gratuitamente durante o período em que estava morando nas ruas me disse que passei pelo vale da sombra da morte. 
     Bem, se foi sorte, destino, proteção divina ou de meu anjo da guarda não sei. O fato de eu ainda estar vivo já considero uma grande vitória para mim, apesar de não levar uma vida que gostaria. Como disse no outro post, depender do sus é muito complicado. Mas, pesando os prós e os contras, tenho mais que agradecer do que reclamar e assim vou levando a vida, e também deixando ela me levar, como diz a música do Zeca Pagodinho. Hoje ainda acredito em anjo da guarda, mas é uma fé e crença que tenho, mas procuro não abusar tanto dos serviços dele, acho que ele já trabalhou muito por mim e procuro ser um pacato cidadão. Aliás, sempre fui um pacato cidadão, é que eu entrava em situações complicadas por não temer nada e não por gostar de confusões. 

obs: a enquete sobre o SUS agora está normal, os votos não estão mais sendo zerados, então podem votar que seu voto  valerá para sabermos como anda a situação da saúde pública no Brasil. Se bem que isso todo mundo já sabe né? Mas não custa nada votar na enquete né?

18 comentários:

  1. Muito interessante esse seu relato.
    Me lembrei agora de um caso de um pai de uma conhecida minha que acreditava que era o super-man , a crença dele era tanta que ele pulou de um viaduto , não por tentativa de suicídio mas por acreditar que tinha poderes e que poderia voar mas acabou morrendo infelizmente.A família tem que estar muito atenta quando um familiar que sofre de esquizofrenia está em surto pois o mesmo pode fazer mal a sí mesmo.

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  2. Obrigado Danielle pelo seu relato, ajuda e muito as pessoas a entenderem o que pode se passar na cabeça de um portador de esquizofrenia. Realmente alguns podem chegar a esse ponto, eu cheguei a pensar por alguns momentos durante os surtos que era outras pessoas realmente.

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  3. Também já me senti como super homem Júlio e fico pensando, será que esse sintoma de mania de grandeza não tem a ver com trantorno bipolar do humor, já que muitas pessoas em estado de "mania" ou "exaltação" se sentem exatamente assim, e fico pensando se realmente existe uma relação entre transtorno bipolar e esquizofrenia. Sei também que existe o transtorno esquizoafetivo que é uma mistura da esquizofrenia com transtornos de humor (bipolaridade)Fico pensando, será que o que temos não é transtorno esquizoafetivo em vez de esquizofrenia? Bom para se pensar...um forte abraço kra! se cuida

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    1. Alguns sintomas são bem parecidos da esquizofrenia e bipolaridade, tanto que alguns psiquiatras dão diagnósticos diferentes para as pessoas. Eu às vezes ainda tenho um pouco de oscilação no estado de humor, que prefiro de chamar de estado de ânimo, pois, quando falamos em humor, as pessoas pensam que, somos mal humorados. Às vezes fico muito animado, querendo fazer várias coisas, dá até vontade de sair cantando, outras, já fico sem ânimo até para falar, mas não fico mal humorado. Depois vou dar uma olhada sobre transtorno esquizoafetivo para ver se os sintomas se enquadram. Abraços

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  4. Parabens pelo blog, gostei muito, sua força e franqueza são exemplares. A proposito, sou bipolar e há mais ou menos um ano atras sofri um surto psicotico muito doloroso. Inicialmente recebi o diagnostico de esquizofrenia, que logo foi mudado após uma terrivel crise de mania, durante a qual acreditei mesmo possuir super poderes . Por muito pouco não saí as ruas pregando verdades divinas, movido pela crença maluca de ser um profeta. Confesso que achei vc mais lucido do que eu e fiquei feliz em constatar que não tem te faltado serinadade na administração da doença. Parabens e passarei de agora em diante a acompanhar seu blog.
    Juizo e sabedoria para nós.
    Apenas uma pergunta: Vc faz uso de antipsicoticos atualmente?

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    1. Obrigado por visitar o blog
      É bastante comum uma mesma pessoa ser diagnosticada como esquizofrênica e depois como bipolar ou vice versa, pois existem alguns sintomas um pouco parecidos. É preciso tempo e paciência para se dar um diagnóstico exato, o que na rede pública geralmente não acontece. Também tive algo parecido com o seu em relação a sair por ai pregando pelas ruas. Procuro manter a serenidade sempre, às vezes perco a calma como qualquer pessoa normal(os vizinhos que trocam o dia pela noite, etc). Mas, no geral, tirando a questão do silêncio durante a madrugada, raramente me envolvo em discussão. Infelizmente é onde tenho condições de morar, mas poderia ser pior se não fosse a ajuda de algumas pessoas, pois poderia ainda estar morando nas ruas. Em relação a acompanhar o blog, estou pensando em parar de postar, pois sinto que já disse o que tinha que dizer, e, também ultimamente não tenho dormido bem e isso me atrapalha muito, fica difícil até de escrever, pois se não durmo bem por causa do barulho de madrugada, fico o dia inteiro sem ânimo. Espero que isso seja passageiro, e que a paz volte a reinar aqui onde moro. Pessoas que não precisam acordar cedo e que trocam o dia pela noite pensam que os outros tem que fazer isso também.
      Em relação a sua última pergunta, atualmente eu só estou tomando o diazepan, pois não me adaptei a nenhum antipsicótico, e também estou tomando o ômega 3, e parece que estou menos ansioso tomando esse produto. Quando o ômega 3 terminar, vou postar falando sobre os resultados.

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  5. Muito bom! Só corrigindo uma coisa, vc tem uma idéia meio distorcida sobre as raves... Pode até rolar drogas, mas não tem "pegação" e nem baixaria nenhuma... É um lugar muito feliz, onde todos dançam, pulam, brincam como crianças... Sem apelo sexual nenhum e nem brigas ou violência =)

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  6. Obrigado por visitar o blog. Em relação as raves não é uma ideia que tenho delas, e sim uma constatação ao ver as notícias sobre essas festas. E posso dizer que existe menos violência e drogas em um show de heavy metal do que em bailes funk e raves. As mortes são causadas principalmente pelas substâncias usadas pelas pessoas para dançarem, pularem e brincarem durante noites e dias sem parar. Muitos já morreram por desidratação, pois a pessoa perde muito líquido com a agitação mas ela nem sente no momento que precisa de repor o líquido. Veja os fatos:
    http://www.youtube.com/watch?v=Kovjnbixi98
    http://www.youtube.com/watch?v=5x2lqWsC8C8
    http://www.youtube.com/watch?v=II4Ve1YnoD4
    http://www.youtube.com/watch?v=Jg1wgKRpuvU
    Exemplos não faltam, e as raves não tem estrutura para dar atendimento médico, já que algumas vezes os participantes tem overdose e, como se pode ver no último video, ninguém sabe como proceder numa hora dessas.

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  7. Acho seu blog genial, suas experiências , pois também compactuo com você da mesma. Eu tenho a sindrome do super-homem, onde em meus delirios creio que ajudo pessoas, a fugir de uma casa pegando fogo e outras coisas.Já me passou muito pela cabeça que pode ser alguma coisa espiritual, mas n sei como começar a procurar sobre isso. Mas lendo seu relato nesse, me identifiquei muito. O você usou de remedios ou psicologia para lidar com isso? Meus delirios visuais são poucos, sofro com os auditivos mesmo.

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    1. Eu não uso muitos medicamentos não, e nem usei, apesar de experimentar vários. Como moro sozinho, não dá para tomar os medicamentos dopantes que se tem hoje em dia. Também as alucinações visuais são em menor quantidade do que as auditivas. Mas você já tentou quais medicamentos? Não se deu bem com nenhum?

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    2. Bom, eu já troquei de medicamentos mais de seis vezes, passando pelo Haldol, Haloperidol, Qiuetiapina, Rivortril, Dormonid, Carbamazepina entre outros. No momento eu uso Ziprasidona, Mas mesmo com essa medicação, hoje tive uma crise :/, São muito desconfortaveis, eu estava com um amigo, comecei na chorar e falar coisas sem sentido, mas que fazem sentido, entende? É complicado. Preciso de ajuda, para driblar essas dificuldades, novas taticas de defesa.

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  8. eu me achava a reencarnação de Jesus que tudo q acontecia no mundo era por minha causa rsrs adorei seu blog abs.

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    1. Também sentia que tudo o que acontecia era por minha causa. Aliás, até hoje sinto isso, principalmente em relação ao futebol, quando meu time perde e eu estou ouvindo, penso que é por minha causa. Ai no jogo seguinte nem ouço o jogo. É complicado mas o jeito é ir levando. Vlw pela visita ao blog

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  9. É um blog antigo, me deparei hoje com as postagens.
    Achei interessante a sua colocação sobre os sintomas "positivos", então vou tentar esclarecer:
    Os termos positivo e negativo não se referem ao sintoma ser bom ("positivo") ou ruim ("negativo"). Positivo (+) se refere aos sintomas que somam ou acrescentam na mente do indivíduo coisas que não estão presentes de forma usual na psicologia humana. Exemplo disso são os delírios e as alucinações (todo mundo tem isso em algum momento da vida, mas não com a duração e a intensidade de um esquizofrênico ou um bipolar). Já o negativo (-) se refere a uma diminuição, subtração ou ausência. São exemplos de sintomas negativos a falta de iniciativa, a falta de emoção, a falta de prazer, enfim, ausências em geral.
    Não sei se vocE continua ativo no blog, mas gostei da iniciativa. Abraços

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  10. Olá.

    Tenho um irmão portador de esquizofrenia.
    Ele tomava Haldol, mas não toma mais porque ele sofre terríveis efeitos colaterais.
    Ele já chegou quebrar as coisas dele, devido a um surto de raiva, por conta dos efeitos colaterais.
    Minha mãe consultou outro psiquiatra, e o mesmo disse que não tirava a razão do meu irmão surtar, pois os efeitos são terríveis mesmo, e que a pessoa se sente presa dentro dela mesma, depois ele receitou comprimidos. Mas meu irmão reluta em tomar.
    Então ela levou ele em um neurologista e ele receitou inverga Sustenna, e disse que se minha mãe não tivesse condições de pagar, o estado era obrigado a bancar a medicação.
    Ele já tomou até agora 4 injeções, que são uma vez por mês, mas a psiquiatra recomendou que desse de 20 em 20 dias.
    O problema é que quando ele começa a ficar bom, não quer mais a medicação e acha que está curado. Ele também tem delírios sobre fé, bíblia.
    A mente dele distorce tudo, e ele acha que é pecado tomar o remédio, pois ele quer ser curado por milagre, e o remédio vai atrapalhar isso, como se ele tivesse traindo a fé dele.
    E tem vezes que ele não fala coisa com coisa, diz que não acredita em Deus, mas volta e meia Fala sobre demônios, que ele está sendo perseguido.
    O que dificulta mais, é que ele é surto, então então já difícil a comunicação com ele.
    Sei que preciso aprender libras para me comunicar melhor com ele.
    Mas tem vezes que ele não deixa nem nós dizermos nada.
    Se eu escrevo alguma coisa, tento dizer, gesticular, ele simplesmente ignora.
    Mas quando está em tratamento, ele é um amor de pessoa, ele é bem inteligente, dirige bem e até vai pagar contas para minha mãe no banco.

    Como lidar com ele durante as crises e o que fazer quando ele usa a doença como desculpa para qualquer coisa?

    Uma outra dúvida: Ele pode dirigir, estando em tratamento, estável?. Ele dirige super bem.

    Desde já obrigada.

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    1. Sim, os efeitos dos medicamentos são complicados mesmo, no meu caso particular tive que parar de tomar pois moro sozinho e tenho que ter disposição para resolver meus problemas. Para você ter uma ideia, boa parte dos medicamentos nos faz sentir que estamos com uma espécie de dengue permanente.
      Gostaria de ter um manual com todos os procedimentos e dicas de como se lidar com uma pessoa com esquizofrenia, apesar de acreditar que não somos todos iguais, cada um tem sua maneira de ser e pensar e agir.
      Mas algo que aprendi me analisando é de que não é muito legal ficar dizendo "ah, isso é coisa de sua cabeça" na tentativa de ajudar na questão dos delírios. Tente passar confiança, dizendo que está ao lado dele.
      Existe um livro chamado "Entendendo a esquizofrenia" que dá para baixar no link abaixo. Ele foi feito especialmente para os familiares das pessoas com esquizofrenia.
      Na questão da possibilidade de dirigir ou não, sinceramente nãos sei como é a legislação, provavelmente deve haver restrições parciais ou totais quando o assunto é esquizofrenia. Mas na minha opinião particular se o paciente está estável ninguém melhor do que o próprio para responder a essa questão da possibilidade de dirigir um veiculo.
      Eu que agradeço a visita ao blog e a confiança.
      https://drive.google.com/drive/folders/0B1dxTb_oy7qweEIzMnpvN2tWemc

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