Conceição do Mato Dentro-Tapera
Dormi muito bem no posto de gasolina em CDM por já conhecer o local e também por estar bem cansado da viagem de ontem. Além do desgaste físico, essa estrada real também está me desgastando um pouco psicologicamente. Não é nada fácil viajar em uma bike não própria para o tipo de terreno mais comum neste percurso. E ainda tem a bagagem para dificultar ainda mais.
Por alguns instantes na viagem pensei em desistir, com receio de que a bike continuasse a dar problemas por causa dos buracos e pedras do caminho. Mas sabia que nunca iria me perdoar se não completasse os 4 caminhos da estrada real. Já havia feito o caminho velho e o caminho de sabarabuçu a pé, nos anos de 2012 e 2013 respectivamente. Em 2014 fraturei o dedão esquerdo do meu pé e passei por um período muito difícil.
Passei por uma forte depressão por não poder fazer o que fazia antigamente, que era andar, viajar, praticar esportes. Não foi fácil aceitar essa lesão e a falta de atendimento pelo SUS. Hoje ando com alguma dificuldade e com algumas dores, então o jeito foi viajar de bike mesmo. Não sabia que era tão bom viajar de bicicleta, sentir o vento no rosto. Se soubesse teria "redescoberto" a bike muito antes de meus 50 anos de idade.
Esses anos todos depois da lesão do dedão a estrada real não saía de minha cabeça. Ficava imaginando um jeito de percorrê-la.
De manhã tive que ir procurar um mecânico que soubesse alinhar a nova roda traseira. O cara, ao contrário do mecânico de ontem era bem humorado e demonstrava ter boa experiência em fazer esse tipo de serviço. A bike ficou excelente. Por sorte uma leitora do blog me ajudou na compra da roda e foi possível prosseguir a viagem.
Como o próximo destino fica a 30km de distância e a planilha informa que o nível de dificuldade não é tão grande, deixo para pedalar somente depois do almoço. Aproveito para descansar e atualizar o diário da viagem aqui no blog.
Resolvi diminuir o ritmo da pedalança por estar viajando em estrada de terra, para me poupar e também poupar a bike. Afinal são 50 dias de viagem e estava um pouco estressado com tanta buraqueira e pedra no caminho.
Estava estressado e um pouco surtado, acho que pelo fato de estar tomando comprimidos de diazepan vencidos, pois eles estavam com uma aparência estranha, estavam esfarelando com muita facilidade. Tenho um bom estoque desse ansiolítico pois consegui me livrar desse vício, só usando em situações de emergência ou então como nesta viagem, em que não estava conseguindo relaxar quando me deitava na barraca. Estava tomando cloreto de magnésio que me ajuda muito a conciliar o sono, mas não levei este mineral para a viagem, com receio de que tivesse algum problema de armazenamento.
Mas depois que resolvi tomar os comprimidos que havia pego no posto de saúde de Ressaquinha comecei a me sentir melhor e mais aliviado e menos estressado.
Mas, voltando à viagem, depois do rango sigo 22km até o distrito de Córregos. E mais da metade do percurso é em estrada de terra, o que me ajudou bastante na questão física. E a parte de estrada de terra é boa, sem muita serra e buracos. E estou pedalando com mais calma, com mais paradas para descansar.
Córregos é um distrito bem simpático. Os moradores são bem cordiais, parece que o tempo não passa naquele lugar tão tranquilo. Quando pedi água para um senhor, ele me convidou para entrar, algo que quase não se vê mais hoje em dia por causa da questão da segurança. Recusei meio sem graça a visita na casa e apenas bebi água.
Aproveitei para descansar em frente de um barzinho que estava fechado. Logo o dono apareceu e outras pessoas também, e ficamos conversando por um bom tempo. De manhã já havia conversado bastante com o mecânico e seus amigos em Conceição do Mato Dentro sobre essas minhas viagens. Como já relatei várias vezes, acho que conversei mais nessa pedalança do que o ano passado inteiro...
Distrito de Córregos |
Depois do descanso vem aquela moleza e dificuldade de pegar no ritmo novamente. Dizem que é por que o corpo 'tá frio"... O caminho para o distrito de Tapera já é um pouco mais complicado, com muitas serras íngremes. Mas eram apenas 15km e segui em um ritmo tranquilo e sem stress. E o caminho é muito bem sinalizado, tanto pelos marcos como pelas placas colocadas pelos municípios.
Chego em Tapera por volta das cinco horas da tarde. É um distrito bem pequeno, com alguns bares e um hotel. Casas bem simples e poucas pessoas nas ruas. Um morador da cidade foi bem legal comigo, me deixando acessar a net em seu computador. E depois me indicou um riacho onde eu pude tomar um delicioso banho. Já havia me acostumado com a água fria desde o início da viagem. Até que não estava tão fria assim. Geralmente água de cachoeira e rio fica muito fria em Minas Gerias no outono e no inverno.
Distrito de Tapera-MG |
Depois do banho dou uma volta pela cidade, na intenção de achar um lugarzinho para montar a minha barraca. Vou e volto até o início do distrito e não encontro nenhum lugar coberto. Já estava escurecendo quando um morador da cidade me informou que ao lado da igreja havia uma barraquinha para as festas e quermesses....
Para a minha alegria a barraquinha estava vazia. Não era grande, mas era coberta. O tempo estava um pouco nublado e não iria conseguir dormir nunca na dúvida se iria ou não cair água de noite.
Olá acompanho seu blog e suas andanças a muito tempo.Gosto muito da sua maneira de escrever.
ResponderExcluirConsigo viajar junto. Entendo perfeitamente como se senti em relação à sua doença pois tenho um familiar esquizo. Continue a fazer suas viagens pois te ajudará muito em relaçâo à doença. Quando puder farei um depósito na sua conta pra te ajudar. Boas andanças!!!
Olá
ResponderExcluirObrigado por acompanhar o blog e pela participação.
A viagem me ajudou e ajuda bastante, consigo me sentir mais livre. Pena que não dá para viver viajando assim por questões físicas mesmo, pois emagreci um bocado. Mas vou viajar mais ainda, mas tenho que reformar a bike.